Ensaio Kauai Hybrid ameaça Kauai Diesel. Ainda restam argumentos ao Diesel?

B-SUV

Kauai Hybrid ameaça Kauai Diesel. Ainda restam argumentos ao Diesel?

A maior ameaça à existência do Hyundai Kauai 1.6 CRDi é o… Kauai Hybrid. Que argumentos ainda tem o motor Diesel contra o seu irmão eletrificado?

Hyundai Kauai 1.6 CRDI
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Apesar de estarmos a testar um “comum” Hyundai Kauai 1.6 CRDi (Diesel), parece haver um Kauai para todos os gostos e feitios. É talvez, entre os B-SUV, aquele que mais variedade tem na sua gama.

Tens à escolha motores a gasolina e gasóleo, com caixa manual ou automática (DCT), com tração dianteira ou integral — uma opção incomum neste segmento —, e ainda há opções eletrificadas como o Kauai Hybrid e o Kauai Electric.

Têm sido os Kauai eletrificados a captar todas as atenções, por motivos óbvios — perfeitamente alinhados com o zeitgeist, ou o espírito dos tempos —, mas as versões que apenas dependem dos motores de combustão interna continuam a merecer toda a nossa atenção.

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Hyundai Kauai 1.6 CRDI DCT
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

É o caso deste Kauai 1.6 CRDi, uma das duas motorizações Diesel disponíveis. Esta é a mais potente, com 136 cv e associada, exclusivamente, a uma caixa DCT (dupla embraiagem) de sete velocidades, com duas rodas motrizes — existe outra de 115 cv, com caixa manual.

Coloca-se a questão, cada vez mais pertinente, se ainda faz sentido optar por um motor Diesel, quando agora existe na gama uma opção híbrida, capaz de competir de igual para igual em preço e consumos. Que argumentos restam ao Kauai 1.6 CRDi? 

Combinação ganhadora

Já faz algum tempo que não estava aos comandos de um Kauai e, apesar de já ter conduzido vários desde a sua apresentação internacional onde estive presente, é a primeira vez que tenho nas mãos… e pés, um com motor Diesel.

Hyundai Kauai 1.6 CRDI DCT
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A combinação motor 1.6 CRDi e caixa DCT, no entanto, não é de todo uma novidade para mim. Já tinha deixado muito boas impressões durante a apresentação internacional do Kia Ceed ocorrida em Portugal, onde tive oportunidade de levar um Ceed 1.6 CRDi DCT do Algarve até Lisboa.

Mas quando montado no Kauai, o conjunto motor caixa voltou a surpreender… tanto pela negativa como pela positiva. Pela negativa, torna-se mais evidente a falta de refinamento do 1.6 CRDi quando aliado à fraca insonorização do Kauai no geral. É curioso que um dos pontos fortes dos Kauai eletrificados — a sua insonorização — seja sofrível nos Kauai com motor a combustão. Além do motor ser bastante audível (e não muito agradável), os ruídos aerodinâmicos fazem-se sentir a partir de velocidades tão baixas como 90-100 km/h.

Hyundai Kauai 1.6 CRDI DCT
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Pela positiva, se no Ceed já me impressionara a resposta enérgica do motor e o casamento “feito no céu” com a DCT — parece estar sempre na relação certa, é rápida q.b. e mesmo no modo Sport é agradável de usar —, neste Kauai 1.6 CRDi em particular impressionou ainda mais. A razão?

Apesar deste teste ter sido realizado em 2020, a unidade testada tem matrícula de maio de 2019. Este Kauai 1.6 CRDi acumulava já mais de 14 000 km  — deve ser o carro de parque de imprensa com mais quilómetros que testei. Regra geral os carros que testamos têm poucos quilómetros, e por vezes, sentimos que os motores ainda estão algo “presos”.

Não este Kauai… Não tenho memória de alguma vez ter testado um Diesel a este nível com tanta capacidade de resposta e vitalidade — este motor estava realmente “solto”! Os mais de 14 000 km registados não foram todos a ritmos regrados, claramente.

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Se me dissessem que era uma nova versão ainda mais potente eu acreditaria. As prestações anunciadas até me parecem modestas, tal é a determinação com que o (razoavelmente) compacto Kauai se lança em direção ao horizonte. A performance oferecida parece estar num patamar acima dos muito saudáveis 136 cv e 320 Nm anunciados.

Hyundai Kauai, manípulo da transmissão DCT
No modo manual (sequencial), é de lamentar a ação do manípulo ser inversa à pretendida. Continuo a achar que é mais natural que, quando queremos reduzir, deveríamos empurrar o manípulo para a frente, e não ao contrário. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

É Diesel, gasta pouco?

Sim, mas não tão pouco como esperaria. Durante o teste, o Kauai 1.6 CRDi registou valores entre os 5,5 l/100 km e os 7,5 l/100 km. No entanto, para ultrapassar a marca dos sete litros ou abusamos do acelerador, ou estamos constantemente presos em mega-engarrafamento. Num uso misto entre cidade e vias rápidas, com trânsito moderado a intenso, os consumos andaram entre os 6,3 l/100 km e os 6,8 l/100 km.

Valores bons, sem serem espetaculares, mas também já viste o tamanho das rodas do Kauai? Todos os Hyundai Kauai com motor de combustão interna à venda em Portugal estão equipados, de série, com rodas de grande dimensão: 235/45 R18 — mesmo o 1.0 T-GDI de 120 cv…

Uma vitória para o estilo, mas claramente exageradas tendo em consideração os valores de potência modestos — 235 mm de largura de pneu é a mesma que podiam encontrar, por exemplo, no Golf (7) GTI Performance… que tem 245 cv! Não é descabido extrapolar que, com um pneu mais estreito — hoje em dia é possível casar jantes de grande diâmetro com pneus mais estreitos — os consumos fossem mais baixos.

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Chassis acompanha mecânica

O motor e a caixa são bastante bons e, felizmente, o chassis do Kauai 1.6 CRDi está ao mesmo nível. A superá-los temos ainda a direção, que se não é a melhor do segmento, está muito perto disso. Além de ter o peso certo e elevada precisão, é um muito bom instrumento de comunicação, complementada por um eixo dianteiro de resposta imediata.

Hyundai Kauai 1.6 CRDI DCT
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Em condução animada esquecemos que estamos aos comandos de um B-SUV… Temos elevados níveis de aderência — com estes pneus, pudera… —, mas não é um veículo inerte ou unidimensional. Há uma qualidade orgânica ou natural na forma como responde aos nossos comandos quando serpenteamos por uma estrada a ritmos mais elevados. Nunca perde a compustura, os movimentos da carroçaria estão muito bem controlados, sem nunca deixar de ser confortável — apesar das mega-rodas absorve com grande eficácia a maioria das irregularidades encontradas.

É o carro certo para mim?

Vai e muito depender do que realmente procuras neste segmento e da utilização que tens prevista. A nova geração de B-SUV — Renault Captur, Nissan Juke, Peugeot 2008 e o inédito Ford Puma — trouxeram argumentos para o segmento contra os quais o Kauai tem cada vez mais dificuldades em contra-argumentar.

O espaço disponível é um deles. Não que o Kauai seja acanhado — longe disso, transporta confortavelmente quatro passageiros. Os seus rivais é que passaram a oferecer cotas bem mais generosas nestas novas gerações (cresceram bastante por fora). É ainda mais evidente na capacidade da bagageira do modelo coreano, apenas 361 l. Nunca foi um valor referencial, mas está cada vez mais longe dos seus rivais.

A outra questão é o preço. Primeiro, uma nota: esta unidade é de 2019, pelo que os preços na ficha técnica são referentes a essa data. Em 2020 a carga fiscal sobre as motorizações Diesel alterou-se, pelo que este Kauai 1.6 CRDi de 136 cv é agora mais caro, estando disponível a partir dos 28 mil euros, e para se equivaler em equipamento à unidade testada, este sobe até muito perto dos 31 mil euros.

Um valor algo elevado, mas alinhado com a maioria da concorrência, como o Peugeot 2008, por exemplo. E até é mais vantajoso quando o comparamos, por exemplo, com o SEAT Arona TDI, de preço similar, mas com apenas 95 cv.

O maior rival do Kauai 1.6 CRDi, no entanto, é mesmo o “irmão” Kauai Hybrid, de preço equiparável, mas prestações um pouco inferiores. Dado que a utilização destes B-SUV, regra geral, é maioritariamente citadina, o Hybrid não dá hipótese. Pois, para além de conseguir consumos mais baixos neste contexto, é também muito mais refinado e insonorizado. Na maior parte dos casos, será o Hybrid a melhor escolha.

Optar por adquirir o 1.6 CRDi, seja na versão de 136 cv ou a de 115 cv (uns milhares de euros mais acessível), fará tanto mais sentido quantos mais forem os quilómetros percorridos.

Independentemente do Kauai escolhido, agora também têm garantia de sete anos, sem limite de quilómetros, um ponto sempre a favor.

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Kauai Hybrid ameaça Kauai Diesel. Ainda restam argumentos ao Diesel?

Hyundai Kauai 4X2 1.6 CRDi DCT PREMIUM NAVI TECH MY19

7/10

Apesar dos ingredientes à disposição — B-SUV, Diesel, DCT —, o Hyundai Kauai 1.6 CRDi é, de facto, um veículo realmente cativante no que toca à experiência de condução. Não só é pujante, como é bem comportado e confortável, e até é capaz de genuinamente entreter quando aumentamos o ritmo. Faz-nos esquecer que estamos aos comandos de um B-SUV. Pena a falta de refinamento do motor e da sofrível insonorização, em contraste com os Kauai eletrificados. A nova geração de rivais nos B-SUV colocou em evidência as cotas menos generosas do Kauai e apesar do preço parecer elevado, não destoa da concorrência. No entanto, a maior ameaça ao Kauai 1.6 CRDi é o… Kauai Hybrid. Com preço similar, não só é muito mais refinado, como também consegue consumos inferiores caso fiquemos, sobretudo, nos limites da malha urbana… fica difícil recomendar o "velho e bom" Diesel.

Prós

  • Combinação motor+caixa
  • Direção
  • Comportamento dinâmico
  • Robustez geral

Contras

  • Insonorização
  • Falta de refinamento do 1.6 CRDi
  • Sistema de info-entretenimento
  • Visibilidade traseira

Versão base:€25.266

IUC: €147

Classificação Euro NCAP: 5/5

€27.706

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cil. em linha
  • Capacidade: 1598 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Inj. Dir. Common Rail, Turbo de Geometria Variável, Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cil.
  • Potência: 136 cv às 4000 rpm
  • Binário: 320 Nm entre as 2000 rpm e as 2250 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática de 7 vel. (dupla embraiagem)

  • Largura: 4165 mm
  • Comprimento: 1800 mm
  • Altura: 1550 mm
  • Distância entre os eixos: 2600 mm
  • Bagageira: 361-1143 l
  • Jantes / Pneus: 235/45 R18
  • Peso: 1460 kg

  • Média de consumo: 5,4 l/100 km
  • Emissões CO2: 138 g/km
  • Velocidade máxima: 191 km/h
  • Aceleração máxima: >10,2s

    Tem:

    • Chave Inteligente (Smart Entry & Start)
    • Vidros traseiros privativos
    • Jantes de Liga Leve 18"
    • Sensor de chuva e luz
    • Ar Condicionado automático
    • Sistema de navegação com ecrã tátil de 8”
    • Integração com smartphones Apple Carplay e Android Auto*
    • Apoio à Manutenção na Faixa de Rodagem (LKA)
    • Sistema de alerta de fadiga do condutor (DAW)
    • Sensores de estacionamento traseiros
    • Câmara auxiliar ao estacionamento traseiro
    • Travagem autónoma de emergência (FCA)
    • Carregador sem fios para smartphone
    • Head Up Display
    • Sistema de som Krell

Pintura metalizada — 390 €
Lima — 350 €
Pack Navi — 1150 €
Pack Tech — 550 €.