Primeiro Contacto Já testámos o novo Hyundai Kauai. Muito equipamento e preço de «combate»

A partir de 16 900 euros

Já testámos o novo Hyundai Kauai. Muito equipamento e preço de «combate»

O novo Hyundai Kauai chega a Portugal já em novembro. Na bagagem traz uma plataforma de um segmento acima, um elevado nível de equipamento e motores competentes. A versão Diesel só chega mais tarde. Pareceu-nos mais que pronto para o combate num dos segmentos mais concorridos da atualidade.

A apresentação do Hyundai Kauai deixou marcas — inclusive no modelo que testei, pois sofri um abalroamento por trás. Ossos do ofício… Decorem estas letrinhas: AEB ou em português Travagem Autónoma de Emergência. Este equipamento significou a diferença entre um para-choques traseiro com um dano ligeiro e um restyling forçado à frente do novo modelo da Hyundai que contava apenas com 1300 km quando lhe “peguei”.

Felizmente o Kauai travou por mim, após uns alarmantes “beeps” de perigo de colisão, no momento em que olhava pelo retrovisor para mudar de faixa. Não reparei que o carro à minha frente tinha parado. Consegui evitar o carro da frente, mas o carro de trás não conseguiu evitar a “minha” traseira. O AEB evitou males maiores e é um daqueles equipamentos que começam a ser comuns —  mesmo num SUV de segmento B como é o Kauai. Aliás, equipamento é algo que não falta ao novo modelo da marca coreana.

Hyundai Kauai

Um nível de equipamento apenas

O novo Hyundai Kauai, em Portugal, terá apenas um nível de equipamento, mas será bastante completo. Não só ao nível de equipamentos de segurança como o mencionado AEB, Detetor de Ângulo Morto ou Alerta de Tráfego na Retaguarda do Veículo, mas também ao nível de equipamentos de conforto. Destaca-se os bancos elétricos ajustáveis em múltiplas direções que além de poderem ser aquecidos podem também ser ventilados — uma benção para encalorados como eu —, e uma estreia absoluta no segmento.

Outros destaques compreendem o Head Up Display, uma estreia na marca, e opções como o volante aquecido ou o sistema de som premium Krell.

Hyundai Kauai

Onde encaixa o Hyundai Kauai?

O Kauai é o novo SUV da marca coreana para o segmento B. Um segmento que cresce rapidamente em vendas e em propostas. Só este ano já contamos com uma mão cheia de novidades: Opel Crossland X, o relacionado Citröen C3 Aircross, o Kia Stonic, o SEAT Arona e claro, o Hyundai Kauai.

O Hyundai Kauai prometia no papel e não desiludiu na prática.

Trata-se de uma aposta com um desenho bastante mais ousado e dinâmico do que é habitual na marca. Destaca-se na frente pela separação das óticas (em LED) em dois patamares, uma solução já vista em alguns rivais, é certo, mas ainda assim com uma identidade própria. Habituem-se à face do Kauai, já que servirá de mote para os restantes SUV da marca, com interpretações específicas desta solução.

Uma questão de nome
Como sabem, este modelo vai chamar-se Kauai apenas em Portugal. É de notar o esforço da representação da marca em Portugal, que conseguiu com que a marca mãe alterasse o nome apenas para o nosso pequeno mercado, considerando o pesadelo logístico que isso significa.

Único, até na plataforma

Como é cada vez mais habitual, também o Kauai aposta na personalização — 10 cores no total, algumas delas bastante vibrantes, podendo ser combinadas com duas outras para o tejadilho.

Também o interior, de tons bastantes escuros, pode ser enriquecido com aplicações coloridas, com três tons à escolha — laranja, vermelho e lima —, onde se inclui até os cintos de segurança, outra estreia no segmento. A construção aparenta ser sólida e o espaço é mais que suficiente para quatro adultos. Os 361 litros da bagageira são competitivos dentro do segmento.

Poderíamos pensar que o lançamento quase em simultâneo do Kia Stonic indicasse uma proximidade entre os dois modelos, mas não poderia estar mais longe da verdade. O Hyundai Kauai recorre a uma nova plataforma denominada K2, derivada de modelos do segmento acima, enquanto o Stonic deriva da mesma base do i20 e do Rio.

O recurso à plataforma K2 permite ao Kauai apresentar outro tipo de argumentos, como por exemplo, ser uma das poucas propostas do segmento com possibilidade de ter tração integral — afinal trata-se de um SUV, certo?

Só motores a gasolina, Diesel e elétrico para o ano

Apesar das motorizações Diesel corresponderem a 55% das vendas no segmento, o Kauai conhecerá, para já, apenas motores a gasolina. São elas o três cilindros 1.0 T-GDI com 120 cv de potência e 172 Nm de binário e o quatro cilindros 1.6 T-GDI com 177 cv e 265 Nm.

O 1.0 vem apenas com tração dianteira e uma caixa manual de seis velocidades, enquanto o 1.6 está combinado com a 7DCT — de dupla embraiagem com sete velocidades — e tração integral, permitindo bloquear o diferencial central e distribuir a potência 50/50 pelos dois eixos. Para mais, sendo o eixo traseiro motriz, também diferencia-se do 1.0 ao vir com suspensão traseira independente em vez da barra de torção. Apesar de todo o arsenal extra, em mercados como o nosso, deverá ser uma “ave rara” — corresponderá entre 2% a 5% das vendas totais.

Hyundai Kauai

Os Diesel chegarão, mas só no segundo semestre do próximo ano. A Hyundai prepara uma nova motorização para cumprir a exigente norma Euro6C e os novos testes de homologação WLTP e RDE. O que sabemos para já é que se trata de uma nova unidade de 1.6 litros, baseada na que a marca já possui, e deverá compreender dois níveis de potência — 115 e 136 cv, valores que ainda poderão alterar-se após certificação final.

Mas a grande novidade, no que toca a motorizações, será mesmo um Kauai 100% elétrico, com os rumores a apontarem para uma autonomia à volta dos 500 km. Curiosamente, é provável que conheçamos o Kauai elétrico ainda antes do Kauai Diesel.

Ao volante

O Hyundai Kauai prometia no papel e não desiludiu na prática. Encontramos uma boa posição de condução, com visibilidade aceitável (visibilidade traseira a necessitar de melhoramentos) e a condução fácil — facilmente nos adaptamos ao compacto SUV.

O motor 1.0 T-GDI, a unidade que será mais vendida, surpreendeu pela boa flexibilidade. São mais de 1300 kg (contando com o condutor), rodas enormes — em Portugal contará apenas com jantes de 18″ que vêm agarradas a pneus 235/45  — mas não derrotaram o entusiasmo do motor, que prefere claramente os médios regimes. A caixa manual de bom tato, casa bem com este motor, que apenas peca pela sonoridade que se caracteriza por ser algo grosseira — ainda assim longe do sofrimento acústico de um Diesel —, apesar de possuir vivacidade q.b.

O 1.6 T-GDI, com mais um cilindro e 57 cv canta outra música. Sonoridade mais encorpada e um aumento de performance palpável, apesar do muito lastro extra devido à 7DCT e tração integral. A única crítica refere-se precisamente à caixa, críticas já apontadas na sua aplicação em outros modelos do grupo. Por vezes revelou-se demasiado indecisa, e quanto mais se aumenta o ritmo, mais grave se torna. Mesmo quando em ritmos mais entusiastas nas excelentes e técnicas estradas de montanha que circundam Barcelona, onde decorreu a apresentação do modelo, o modo Sport da caixa acabou por ser preterido pelo Comfort, por ser mais eficaz em aproveitar os fortes médios regimes do 1.6.

Bem comportado

Não é de esperar um comportamento desportivo por parte de um pequeno SUV. São 17 cm de distância ao solo e um centro de gravidade mais elevado que um automóvel convencional. Mas a agilidade demonstrada parecia indicar o contrário. Tal perceção deve-se à direção, atuando de forma muito direta nos primeiros graus de ação, com o eixo dianteiro a responder de forma acutilante e em concordância com os nossos comandos.

Os níveis de aderência são elevados  — pneus 235, não nos esqueçamos — e o comportamento é sempre eficaz. Revela solidez e coesão no todo, sem pontos realmente negativos, revelando ser um produto com excelente maturidade.

Considerando a dimensão generosa das jantes e o perfil baixo dos pneus, seria de esperar um carro desconfortável. Posso assegurar que não o é. É tendencialmente firme com muito bom controlo dos movimentos da carroçaria, mas o Kauai lida com as irregularidades eficazmente. Algo que poderemos confirmar melhor nas mais degradadas estradas nacionais.

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Preço de arromba, até ao final do ano

O novo Hyundai Kauai estará disponível a partir de novembro. O 1.0 T-GDI com 120 cv coloca-o acima da média de motorizações do segmento e o seu único nível de equipamento rivaliza com as versões mais equipadas dos rivais. Seria de esperar um preço elevado, mas inicia-se nuns competitivos 20 150 euros. Até ao final do ano decorre a campanha de lançamento que reduz o preço em cerca de 2000 euros, ficando-se pelos 18 150 euros.

E isto começa a assumir contornos de um guião do Preço Certo, já que a Hyundai não se fica por aqui. O preço poderá ser ainda reduzido até uns mais atrativos 16 900 euros, caso optem por um crédito com a marca.

O 1.6 T-GDI também está ao abrigo da campanha de lançamento, pelo que o seu preço inicial de 29 250 euros poderá ser reduzido em mais de 3000 euros.

Resumindo, o Kauai tem tudo para vingar num dos segmentos mais competitivos do momento. É competente em tudo, aproximando-se em alguns aspetos de modelos do segmento acima − pelo nível de equipamento que oferece, postura em estrada e robustez de construção.

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Podem existir rivais mais acessíveis ou com mais espaço, mas o Kauai tem fortes argumentos. Desde o ousado estilo, que a marca espera que atraia novos públicos, ao equipamento vasto e coesão do conjunto. Numa primeira fase falhará apenas pela indisponibilidade temporária de um motor Diesel, mas a versão 1.0 T-GDI dá muito bem conta de si.

Talvez devido à pancada que levei no início do artigo, esqueci-me de referir o programa de garantia geral de 5 anos sem limite de quilómetros, que é dos mais competitivos no mercado.

Hyundai Kauai
Cores vivas destacam os detalhes da carroçaria.

Já testámos o novo Hyundai Kauai. Muito equipamento e preço de «combate»

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