Desde 17 790 euros
Testámos o novo Renault Clio. Rei morto, rei posto?
A responsabilidade que recai sobre o novo Renault Clio é muita, mas será que a nova geração tem argumentos para se manter na liderança?

Falar acerca do Renault Clio é falar em sucesso. Originalmente lançado em 1990 com a (difícil) tarefa de substituir o bem sucedido Supercinco, o Clio conta já com cinco gerações, colou-se ao topo das tabelas de vendas e desde então tem vindo a acumular sucesso atrás de sucesso.
Senão vejamos: o Clio, cuja origem do nome advém de uma deusa da mitologia grega, é líder de vendas do segmento na Europa, líder absoluto em Portugal e, a acrescentar a tudo isto, é ainda o modelo mais vendido de sempre da marca francesa (qual Renault 4L qual quê) com mais de 15 milhões de unidades vendidas.
Perante o sucesso que tem conhecido, escusado será dizer que as expetativas da Renault para esta 5ª geração do Clio são, no mínimo, altas. E talvez seja por essa razão que a marca gaulesa adotou uma abordagem algo conservadora no que à estética desta geração diz respeito, apostando mais na evolução do que na revolução.
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Pessoalmente, considero que foi uma aposta ganha, com o Clio a manter o visual atlético da anterior geração e a passar a conjugá-lo com traços que relembram o “irmão mais velho”, o Mégane (principalmente na dianteira). Aliás, as semelhanças são tantas que várias pessoas vieram ter comigo a elogiar o estilo do… Mégane, só depois percebendo que era o Clio.
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No interior do Renault Clio
Se por fora a evolução foi tímida, o mesmo não aconteceu no interior. Com um desenho totalmente novo, onde se destaca o ecrã em posição vertical, o interior do Clio marca uma clara evolução (para melhor) face à anterior geração, melhorando não só ao nível da ergonomia como da qualidade geral.

Mas vamos por partes. Na ergonomia, as melhorias devem-se muito à adoção de um conjunto de teclas piano, colocadas sob o monitor, e de três comandos rotativos para a climatização, tudo isto herdado do… Dacia Duster.
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Já ao nível da qualidade, os materiais outrora criticados deram lugar a um conjunto que revela uma escolha mais criteriosa e bem mais agradável ao toque (e à vista), estando até acima daquilo que é proposto, por exemplo, pelo SEAT Ibiza. Ainda assim, a presença de alguns ruídos parasitas revela que a montagem ainda tem margem de progressão.
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Onde a Renault não parece ter conseguido calar os críticos da geração anterior foi ao nível da habitabilidade. Apesar de a fita métrica afirmar que os (confortáveis) bancos do Mégane até ajudaram a melhorar o espaço habitável e de anunciar cotas (marginalmente) superiores, a verdade é que, não há muito espaço disponível.
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Com quatro adultos a bordo, o espaço para as pernas nos bancos traseiros está muito dependente da posição em que estiverem os dianteiros (resta esperar que o condutor seja baixinho). Ao nível da largura, o desenho em forma de “gota” que dá um aspeto “musculado” ao Clio prejudica as cotas habitáveis e a bagageira, apesar dos 391 l, é bastante funda.
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Ao volante do Renault Clio
Ao volante do Clio, o trabalho ao nível da ergonomia e o conforto dos bancos herdados do Mégane fazem-se sentir. O manípulo da caixa de velocidades surge mais próximo do novo volante, que por sua vez oferece uma boa pega e contribui para uma boa posição de condução. Pena é que a distância entre o banco e a porta seja tão curta que dificulte o ajuste em altura deste.
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Já em andamento, duas coisas imediatamente se destacam: a sonoridade algo desagradável do 1.3 TCe de 130 cv (principalmente a frio) e a desenvoltura deste propulsor, que depressa nos permite atingir velocidades bem superiores às aconselháveis, fazendo jus ao nível de equipamento RS Line.
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Ainda acerca do 1.3 TCe, a andar devagar, a maioria dos motores a gasolina modernos são económicos — este por exemplo é capaz de fazer médias de 4,2 l/100 km a andar com bastante calma). No entanto, este propulsor consegue manter-se razoavelmente económico mesmo a ritmos (muito) elevados, não indo além dos 6,6 a 7 l/100 km.
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Já em termos dinâmicos, as qualidades reconhecidas ao Clio ao longo dos anos mantêm-se. Com uma suspensão que casa bem o conforto com a eficácia, o Clio conta ainda com uma direção precisa e direta chegando até a ser divertido, estando ao nível, por exemplo, do Mazda CX-3 (sim, eu sei, é um SUV compacto, mas não deixa de ser menos divertido de conduzir por isso).
VÊ TAMBÉM: Testámos o novo Mazda3 SKYACTIV-D com caixa automática. Uma boa combinação?Assim, quando levamos o Clio para as curvas, este presenteia-nos com um eixo dianteiro que se agarra à estrada como se não houvesse amanhã, deixando os devaneios de diversão para a traseira que se solta, não muito, mas o suficiente para entrar na brincadeira, e manter a frente apontada sempre na direção certa (tal como no meu primeiro carro, um Clio da primeira geração), se bem que neste caso temos “grilo da consciência” (ou ESP) a proteger-nos.

Por falar no ESP, a verdade é que este parece sempre confiar menos no chassis do que este realmente vale, revelando uma certa tendência para querer assumir o protagonismo sempre que o ritmo aumenta (e a diversão também).
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É o carro certo para mim?
Há quase três décadas que quem procura um utilitário confortável, económico e bem equipado, tem tido no Clio um dos principais candidatos e a verdade é que com a chegada desta 5ª geração o best-seller gaulês continua a manter-se no topo do segmento.
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Mais maduro, bem equipado e com um comportamento que chega até a ser divertido, o Clio melhorou em quase todos os pontos onde era mais fraco e manteve os seus pontos fortes, estabelecendo-se como um dos “alvos a abater” do segmento.
Por isso, se procuras um utilitário (muito) despachado, económico, confortável e bem equipado e o espaço não é uma prioridade absoluta, o Clio continua a ser uma das principais opções a ter em conta no sempre concorrido segmento B. Não faltam argumentos para enfrentar modelos como o Volkswagen Polo, ou os novos Peugeot 208 e Opel Corsa.

Preço
unidade ensaiada
Versão base: €23.920
IUC: €137
Classificação Euro NCAP:
- Motor
- Arquitectura: 4 cilindros em linha
- Capacidade: 1332 cm3
- Posição: Dianteira transversal
- Carregamento: Injeção Direta + Turbo + Intercooler
- Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas por cilindro
- Potência: 130 cv às 5000 rpm
- Binário: 240 Nm às 1600 rpm
- Transmissão
- Tracção: Dianteira
- Caixa de velocidades: Caixa de dupla embraiagem e 7 vel. (EDC)
- Capacidade e dimensões
- Comprimento / Largura / Altura: 4050 mm / 1798 mm / 1440 mm
- Distância entre os eixos: 2583 mm
- Bagageira: 391 l
- Peso: 1233 kg
- Consumo e Performances
- Consumo médio: 5,7 a 5,8 l/100 km
- Emissões de CO2: 129 a 131 g/km
- Vel. máxima: 200 km/h
- Aceleração: 9,0s
-
Equipamento
- Alerta de excesso de velocidade
- Ar condicionado automático
- Badge RS Line
- Cartão Renault mãos livres
- Cintos de segurança pretos com decoração vermelha
- Máximos automáticos
- Contorno cromado dos vidros laterais
- EASY LINK 7'' com navegação e cartografia
- Ecrã TFT de 7''
- Vidros elétricos traseiros com função "one touch"
- Faróis de nevoeiro
- Jantes em liga leve de 16'' RS Line
- Luz ambiente dianteira em LED
- Pára-choques específicos RS Line
- Pedais em alumínio
- Punho da alavanca da caixa e do travão de mão forrados a couro
- Retrovisores rebatíveis eletricamente
- Sensores de chuva
- Sistema de ajuda ao estacionamento traseiro
- Tejadilho escuro
- Vidros traseiros escurecidos
- Volante forrado a couro com assinatura RS Line
Avaliação
- Comportamento
- Consumos e desempenho do motor
- Conforto
- Qualidade de montagem melhorável
- Habitabilidade
Sabe responder a esta?
Em que ano é que os irmãos Marreau venceram o Dakar aos comandos de uma Renault 20 Turbo?
Em cheio!!
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