Ensaio Vai deixar saudades quando acabar. Testámos o Ford Focus 1.0 EcoBoost 155 cv

Desde 34 039 euros

Vai deixar saudades quando acabar. Testámos o Ford Focus 1.0 EcoBoost 155 cv

O Ford Focus já tem a «reforma» marcada, mas depois de o testarmos (outra vez) ficou evidente que é uma pena que vá desaparecer da gama da Ford.

Ford Focus ST-Line X 1.0 EcoBoost MHEV 155 cv

8/10
Há carros que desaparecem sem deixar grandes saudades. Não é o caso do Ford Focus.

Prós

  • Comportamento dinâmico
  • Consumos
  • Performances
  • Tato da caixa de velocidades

Contras

  • Desaparecimento dos comandos físicos da climatização
  • Preço

Tal como o Fiesta, também o Ford Focus já tem data marcada para sair da gama da marca norte-americana e as razões do seu fim não são difíceis de compreender.

Não só os SUV/Crossover continuam a dominar o mercado (e são mais rentáveis), como a aposta na eletrificação obriga que certos modelos tenham de ceder o seu lugar a outros.

No caso do Focus o fim está previsto para 2025, pelo que ainda restam sensivelmente dois anos a este modelo que revolucionou o segmento quando a primeira geração foi lançada em 1998. E que desde então tem sido a referência dinâmica da classe pelo qual todos os outros se regem.

Ford Focus vista traseira
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL Nesta versão ST Line X o Focus apresenta um visual mais desportivo.

A geração atual, a quarta, chegou em 2018 e foi renovada em 2021 para se manter competitiva num segmento (sempre) difícil onde encontramos propostas mais recentes como o Volkswagen Golf, o Peugeot 308 ou o Opel Astra. Continua a ter argumentos para vingar?

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Mais moderno, mas menos ergonómico

Comecemos pelo interior, que foi alvo de mudanças significativas com a renovação de 2021. Mal entramos a bordo do Ford Focus, o novo ecrã central com 13,2” destaca-se — é um dos maiores do segmento —, e alberga o sistema de infoentretenimento SYNC 4.

Este sistema suporta Apple CarPlay e Android Auto sem fios e destaca-se pela rapidez e facilidade de utilização, algo que não podemos dizer, por exemplo, sobre o sistema usado pelo Volkswagen Golf.

Por outro lado, desapareceram os comandos físicos da climatização, com esta a passar a ser controlada através do ecrã central.

Se esta solução deu um ar mais moderno ao interior do Focus, também é verdade que lhe retirou alguns pontos nos tópicos da utilização e ergonomia. Para mais, a dimensão dos ícones no ecrã dificulta a sua utilização.

Igual a si mesmo

Se visualmente o Focus evoluiu, há duas áreas em que se manteve «fiel a si mesmo»: no campo da robustez e da habitabilidade. No primeiro caso a ausência de ruídos parasita comprova a atenção na montagem.

No segundo caso, a habitabilidade, o Focus posiciona-se na média do segmento. O espaço atrás chega para dois adultos viajarem confortavelmente e colocar duas cadeiras de criança, mas a diferença face ao mais compacto Puma não é tão grande como seria de esperar.

O mesmo podemos dizer sobre a bagageira. Os 392 l declarados chegam para as necessidades de uma família, mas o Puma aqui até supera ligeiramente o Focus, chegando aos 401 l.

Um pequeno grande motor

Sempre que conduzo um Ford equipado com o motor 1.0 EcoBoost torna-se fácil perceber porque razão este é um dos motores mais premiados de sempre.

Tal como indica a sua designação, este parece ter uma «dupla personalidade». Se quisermos conduzir com calma e usufruir da sua frugalidade, consegue bater-se com as referências do segmento em termos de consumos.

Ford Focus motor
© THOM V. ESVELD / RAZÃO AUTOMÓVEL O 1.0 Ecoboost continua a merecer elogios.

Com calma, e num percurso marcado por largos trajetos em autoestrada, consegui médias tão baixas como 5,0 l/100 km. Aliás, até em cidade é possível consumos baixos, muito graças ao sistema mild-hybrid.

O «problema» é que a forma como o 1.0 EcoBoost sobe de regime e a prontidão com que aumenta a velocidade a que circulamos leva-nos a esquecer essa postura mais contida.

Nessas circunstâncias os consumos sobem para perto dos sete litros, mas com alguma contenção não é difícil alcançar médias abaixo dos seis litros por cada 100 km.

A tudo isto há que juntar uma caixa manual de seis velocidades bem escalonada e, acima de tudo, com um tato mecânico que quase nos faz lamentar a boa disponibilidade do 1.0 EcoBoost desde os baixos regimes.

Referencial, como sempre

Seja com que motor for, o chassis do Ford Focus continua a ser uma das suas maiores qualidades. Contudo, se excluirmos o muito mais potente Focus ST, é esta versão de 155 cv do 1.0 EcoBoost que permite explorar melhor as suas potencialidades.

Tanto o amortecimento como a direção mostram que a Ford apostou num compromisso entre conforto e comportamento e no final… simplesmente ganhou.

A suspensão consegue conter bem os movimentos da carroçaria sem que o conforto se ressinta, enquanto o peso da direção oferece confiança a cada curva sem se tornar demasiado pesada em manobras.

O que é certo é que no final de um traçado sinuoso, é difícil o condutor não estar com um sorriso nos lábios. Afinal, o Focus, fazendo jus ao seu estatuto, continua a ser um dos modelos mais bem comportados e divertidos de conduzir do segmento.

O custo do equipamento

A tónica dos últimos tempos sobre o preço dos automóveis, que não têm parado de subir — talvez com a exceção de outra marca norte-americana —, também afetou o Ford Focus. Preços elevados são o «novo normal».

Mas mesmo assim, a unidade que testámos vinha com uma etiqueta de aproximadamente 40 mil euros, consequência dos muitos opcionais que trazia, apesar de já vir muito bem equipada de série.

O «problema» para o familiar compacto da Ford é que há propostas híbridas como o Honda Civic ou híbridas plug-in como o Opel Astra, disponíveis por valores não muito superiores que oferecem argumentos que este não tem. Apesar da boa performance e consumos do Focus, estes empalidecem contra as propostas eletrificadas.

E apesar de não terem o «fator diversão» que caracteriza a experiência de condução do Ford Focus, na altura de fazer contas (como custos de utilização) vão ter sempre uma palavra a dizer.

Ford Focus ST-Line X 1.0 EcoBoost MHEV 155 cv

8/10

A caminho dos cinco anos, o Ford Focus continua competitivo e é, por mérito próprio, um «peso pesado» do segmento. No capítulo dinâmico continua a ser uma referência e até em tecnologia (onde se podia notar mais a idade do projeto) não está desatualizado. O preço elevado joga contra ele, mas infelizmente, é uma questão que afeta toda a indústria.

Versão base:34.039€

IUC: 108€

Classificação Euro NCAP: 5/5

39.932€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:3 cilindros em linha
  • Capacidade: 999 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção direta + Turbo + Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c.; 4 válv./cil. (12 válv.)
  • Potência: 155 cv às 6000 rpm
  • Binário: 190 Nm entre 1750-2250 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de 6 vel.

  • Largura: 4392 mm
  • Comprimento: 1825 mm
  • Altura: 1459 mm
  • Distância entre os eixos: 2700 mm
  • Bagageira: 392-1354 l
  • Jantes / Pneus: 235/40 R18
  • Peso: 1349 kg

  • Média de consumo: 5,1-5,9 l/100 km
  • Emissões CO2: 116-134 g/km
  • Velocidade máxima: 211 km/h
  • Aceleração máxima: >9,0s

    Tem:

    • Câmara de visão traseira
    • Jantes de liga leve 17″
    • Retrovisores eléctricos aquecidos com rebatimento e luzes de aproximação
    • Suspensão desportiva
    • Vidros escurecidos
    • Entrada sem chave
    • Luzes traseiras LED
    • Ar condicionado automático
    • Carregador sem fios
    • Ecrã digital do computador de bordo de 13.2”
    • Navegação SYNC 4, DAB, Apple Car Play & Android Auto
    • Seis colunas de som B&O
    • Sistema de chave inteligente
    • Volante de três raios ST forrado a couro sintético Sensico
    • Limitador de velocidade inteligente
    • Fecho centralizado com controlo remoto
    • Assistência à pré-colisão (travagem activa e detecção de peões e ciclistas)
    • Travagem pós colisão
    • Travão de mão elétrico
    • Assistente ao arranque em subida
    • Sistema de detecção de deflacção de pneus
    • Assistência à manutenção de faixa

Pintura metalizada “Desert Island Blue” — 558 €
Sistema de Navegação c/ som Premium B&O Play — 407 €
Faróis Adaptativos LED Anti-encadeamento — 966 €
Jantes de Liga Leve 18’’ Katana — 508 €
Teto Panorâmico — 1117 €
Head-Up Display — 457 €
Roda Suplente Mini — 102 €
Pack Exterior ST-Line (inclui: pedais em alumínio
embaladeiras à frente, pinças de travão pintadas, spoiler grande) — 457 €
Pack Driver (inclui: sistema de estacionamento automático, câmara de visão traseira, sensores de estacionamento à frente e atrás, proteção das portas) — 254 €
Pack Driver Plus (inclui: sistema de reconhecimento de sinais de trânsito, faróis máximos automáticos, sistema de deteção de obstáculos, controlo automático de velocidade adaptativo) — 610 €
Pack Winter (inclui: pára-brisas “Quickclear”, bancos aquecidos, volante aquecido) — 457 €.

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