Crónicas Qual foi o melhor automóvel que já conduzi?

Perguntas complicadas…

Qual foi o melhor automóvel que já conduzi?

Todos os meses passam-me pelas mãos pelo menos seis automóveis diferentes. É assim há pelo menos 4 anos e entre tantos, há alguns que ficaram na memória.

Pequenos e grandes; familiares e desportivos: com e sem capota; elétricos, a gasolina e até a hidrogénio! Desde a fundação da Razão Automóvel, já perdi a conta aos automóveis que testei. Foram tantos e alguns deles tão bons, que quem sabe o que faço faz-me a seguinte pergunta: Guilherme, qual foi o melhor automóvel que já conduziste?

Confesso que é uma pergunta que também me assombra. Assombra-me porque apesar de ser uma pergunta aparentemente simples, exige uma resposta demasiado absoluta. Eleger o «melhor dos melhores» é uma tarefa ingrata, para não dizer impossível — pelos mesmos motivos que já mencionei aqui. Ainda assim, aceito o desafio!

Apesar de ser uma tarefa quase impossível, aqui que ninguém me ouve, posso mencionar alguns dos automóveis que mais me marcaram. Muitos destes automóveis não são necessariamente os melhores, mas são aqueles que primeiro surgem na minha cabeça. Ora pela surpresa que me causaram, ora pelo sentimento que despertaram em mim.

VÊ TAMBÉM: Carta aberta ao meu primeiro carro

Vai ser a primeira vez na história que um Dacia Duster vai ser mencionado no mesmo texto que um Porsche 911.

Os eleitos

Dito isto, sem grandes ponderações vamos aos eleitos.

Adorei conduzir o Porsche 911 GT3 (991). Em mais nenhum modelo senti uma ligação homem/máquina tão intensa como no Porsche 911 GT3. A resposta da suspensão e do motor, o tato da direção, a travagem, o equilíbrio do chassis e, principalmente, a forma como todos estes componentes funcionam em conjunto quando atacamos as curvas com a «faca nos dentes» é deliciosa!

Parece que foi ontem mas já passaram mais de 3 anos desde este nosso encontro no Estoril.

Digo isto depois de ter conduzido a maioria dos Porsche 911 das últimas três décadas — a prova? há uma fotografia em que surjo no meio de alguns deles.

Queres mais um modelo que me marcou? Deixa-me pensar… hummm. Já sei! O Renault Mégane RS Trophy da geração anterior. Quando testei-o pela primeira vez, o motor 2.0 Turbo de 275 cv já acusava o peso dos anos — a potência era mais que suficiente, mas o motor alongava pouco e a potência surgia numa gama de rotações muito estreita. Frente ao soberbo motor 2.0 TSI do SEAT Leon Cupra parecia um motor oriundo da idade da pedra.

Megane RS Trophy
Quando tens a estrada só para ti durante 10 minutos.

Com um motor que, enfim… não era propriamente memorável, era o chassis que brilhava. Simplesmente Soberbo! A confiança que o Mégane RS Trophy me inspirava na abordagem às curvas era tão grande que abordávamos — sim, como uma equipa — as curvas de forma quase telepática.

Ainda não testei a nova geração do Mégane RS — o Diogo já teve esse privilégio — mas da Renault Sport só espero coisas boas. E espero muito sinceramente que o Renault Clio RS (geração atual) tenha sido o primeiro e o último modelo da divisão desportiva da marca gaulesa que eu não apreciei particularmente.

Deixem-me ganhar fôlego e vamos fazer uma pausa nos desportivos.

Bem… próximo modelo! Dacia Duster. O Dacia Duster tem plásticos duros, ruídos parasitas, não é nada tecnológico (bem pelo contrário) e não tem motores fantásticos. Mas é prático, fiável e tem um espírito descontraído. Adoro o carro sem saber bem porquê. Acho que é por ser honesto. É aquilo que é sem grandes floreados. E numa altura em que tudo é complexo, o SUV romeno oferece algo cada vez mais escasso…simplicidade.

A NÃO PERDER: Razão Automóvel. Vamos (finalmente!) para o YouTube

Continuando nos carros pouco prováveis, adorei os milhares quilómetros que fiz ao volante de um SEAT Alhambra da primeira geração. Este último foi um carro que tive durante quatro anos.

Com apenas 90 cv de potência, pneus de alto perfil e chassis alto e talhado para o conforto, o meu SEAT Alhambra MK1 foi uma agradável surpresa. Curvava de forma composta e o tato de todos os comandos era tipicamente Volkswagen. Os 90 cv de potência eram curtos para tanto carro, mas o caráter dos antigos TDI com bomba injetora, compensavam esse défice com uma excelente entrega de potência a baixas rotações.

O meu SEAT Alhambra era exatamente igual a este. Ok… confesso que mencionar este modelo foi completamente absurdo.

Voltando aos desportivos, tenho de mencionar todas as gerações do Mazda MX-5, excetuando a 3ª geração — já falámos de todas as gerações várias vezes e em muitos artigos. Se procuram um desportivo memorável por menos de 30 000 euros ponderem o Mazda MX-5 ND.

Testámos todos. Também há um vídeo no nosso YouTube.

Por falar em “pouco dinheiro”, lembrei-me da última geração do SEAT Ibiza Cupra, com o motor 1.8 TSI de 192 cv. Um modelo que ficou-me na memória por ser uma excelente base para outros «voos». Estou a ponderar comprar um usado…

Mas bem… estou a dispersar-me! Voltando aos «ponta de lança» tenho de referir o Alfa Romeo Giulia Quadrifoglio. Em termos absolutos não é o melhor desportivo que já testei, mas entre as berlinas desportivas foi aquela que mais me marcou. E nem sequer foi a mais rápida…

Jaguar XE SV Project 8, a berlina mais rápida do mundo. Queres ver a minha reação quando tenho de travar a mais de 260 km/h?

Então e os carros exóticos?

Não estranhes a ausência de modelos mais exóticos como o Corvette ZR1 ou Lamborghini Huracán nesta lista. Conduzi estes e outros modelos exóticos, mas foram exatamente aquilo que esperava e sinceramente, gosto de ser surpreendido. Gosto de carros mais mundanos.

Além disso, como já repararam estou completamente perdido nesta narrativa.

Há tantos carros que gostava de mencionar, como os Ford Focus RS que pudemos confrontar, ou os Honda Civic Type-R FK8 e EK9 que publicámos o mês passado. E a lista podia continuar a engordar rumo ao infinito…

Ah… o Land Rover Defender Works V8!

Land Rover Defender Works V8
Land Rover Defender Works V8.

Numa lista desta natureza tinha de constar um Defender com mais de 400 cv. Num mundo perfeito, onde tudo tem de fazer sentido, este modelo não faria sentido nenhum… mas eu gosto de imperfeições. Se leres este artigo vais perceber porquê.

Bem… desisto!

Vou ficar nisto a tarde toda e não vou chegar a conclusão nenhuma. Gosto de muitos modelos e muitos deles por motivos completamente distintos. Mas vamos matar o assunto. Se me apontassem uma arma à cabeça e tivesse de escolher apenas um automóvel talvez escolhesse o Porsche 911 da geração 997. Tem tudo aquilo que considero essencial, e é absurdamente eficaz e igualmente utilizável no quotidiano.

Mas bolas… quando penso neste modelo lembro-me de tantos outros que não mencionei!

Chega disto! Tenho mais testes para escrever. Um deles sobre um modelo que também me fez sentir um privilegiado, o Hyundai Nexo. Se não o conheces, fica a saber que é um modelo duas décadas avançado no tempo, que aplica tecnologias que vão marcar seguramente o futuro do automóvel. Vê esta entrevista e percebe porquê.

E este fim de semana foi assim…

Sabe esta resposta?
Qual destes valores corresponde à potência declarada do McLaren 720S?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Tesla Model S P100D contra McLaren 720S. A vingança da combustão?