Duelo
Testámos os Dacia Sandero Stepway GPL e gasolina. Qual a melhor opção?
GPL ou gasolina, qual o combustível que melhor "casa" com o novo Dacia Sandero Stepway? Para descobrir pusemos os dois "irmãos" frente a frente.

Sem dúvida o mais desejado dos Sandero, que motor “assenta melhor” ao Dacia Sandero Stepway? Será o motor bi-fuel a gasolina e GPL (que já corresponde a 35% do total de vendas da gama em Portugal) ou o motor exclusivamente a gasolina?
Para o descobrir, juntámos as duas versões e, como dá para ver nas imagens, por fora nada os distingue — até a cor é a mesma. Se não conseguem perceber qual dos dois Sandero Stepway presentes nas fotografias consome GPL, não se preocupem, nós também não conseguimos.
O que salta à vista é o visual robusto e maduro desta nova geração e os pormenores práticos (como as barras longitudinais no tejadilho que podem tornar-se transversais). E a verdade é que o modesto Sandero Stepway até consegue captar atenções por onde passa.
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É no interior que se diferenciam?
De forma muito resumida: não, não é. Com exceção do botão para selecionar o combustível que consumimos no modelo a GPL e do computador de bordo com os dados de consumo de GPL (nem o Captur tem isto!), tudo o resto é idêntico entre os dois Sandero Stepway.
O tabliê de visual moderno q.b. conta com plásticos rijos (como seria de esperar), o painel de instrumentos é analógico (à exceção do pequeno computador de bordo monocromático) e o sistema de infoentretenimento, apesar de simples é fácil e intuitivo de usar e a ergonomia está em muito bom plano.

É que além de todos os comandos estarem à mão de semear, há detalhes como o suporte para o smartphone de série que me levam a perguntar o que andam a fazer as outras marcas para não terem já aplicado uma solução idêntica.
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Como já deu para perceber, as diferenças entre os dois Sandero Stepway neste duelo resumem-se, única e exclusivamente, à motorização com que contam. Desta forma, para descobrirmos o que os separa, eu conduzi a variante a bi-fuel e o Miguel Dias testou a variante apenas a gasolina acerca da qual falará mais à frente.

Com 1.0 l, 100 cv e 170 Nm, o tricilíndrico do Sandero Stepway bifuel não pretende ser um portento de prestações, mas também não desilude. É verdade que quando consome gasolina parece um pouco mais desperto, mas a dieta de GPL não lhe tira demasiado fôlego.
A isto não será alheia a bem escalonada caixa manual de seis relações — de tato positivo, mas podia ser mais “oleado” —, que nos permite extrair todo o “sumo” que o motor tem para dar. Se o objetivo é poupar, carregamos no botão “ECO” e vemos o motor assumir um carácter mais pacato, mas sem se tornar frustrante. Por falar em poupança, a gasolina consegui médias 6 l/100 km enquanto a GPL estas subiram para os 7 l/100 km numa condução despreocupada.

Neste campo, o da condução, a proximidade técnica com o Renault Clio dá cartas, mas a direção leve e a maior altura ao solo acabam por não ser o melhor incentivo para tomar ritmos mais apressados. Desta forma, parece-me que o Dacia Sandero Stepway ECO-G é mais adepto do uso que, curiosamente, acabei por lhe dar: “devorar” quilómetros em autoestrada e estradas nacionais. Aí, o Sandero Stepway beneficia do facto de ter dois depósitos de combustível para oferecer uma autonomia de cerca de 900 km.
Nessa condição, de estradista, revela-se confortável, sendo que a única “concessão” ao conforto de rolamento demonstrado reside na insonorização menos conseguida — sobretudo no que toca ao ruído aerodinâmico — que se faz sentir a velocidades mais elevadas (para conseguir preços mais acessíveis é preciso cortar em alguns lados).

Posto isto, não é difícil perceber que este Dacia Sandero Stepway bi-fuel parece ter sido pensado para quem percorre muitos quilómetros diariamente. Mas como é a convivência com a variante apenas a gasolina? Para vos responder a esta questão vou “ceder” as próximas linhas ao Miguel Dias.
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Cabe-me a mim “defender” o Dacia Sandero Stepway alimentado exclusivamente a gasolina, ainda que ele tenha muitos e bons argumentos capazes de “falar” por si próprios.
O motor que temos à disposição é exatamente o mesmo que encontramos no Sandero Stepway bi-fuel ou nos “primos” Renault Captur e Clio, ainda que com menos 10 cv do que todos eles (uma diferença justificada para ficar em conformidade com normas de emissões, que também deverá chegar aos modelos da Renault).
Se na versão testada pelo João Tomé o bloco de três cilindros sobrealimentado com 1.0 litro de capacidade produz 100 cv, aqui fica-se pelos 90 cv, ainda que em termos práticos, ao volante, isso não se faça notar.

Associado a uma caixa manual de seis velocidades (uma estreia na Dacia), este motor consegue ser despachado e oferecer uma boa elasticidade. Faço minhas as palavras do João: as prestações não impressionam, mas sejamos sinceros, ninguém espera que o façam.
Mas o título de maior surpresa do “dia” — ou do ensaio, vá — pertence à nova caixa manual de seis relações (produzida exclusivamente Renault Cacia), sobretudo quando comparada com a antiga transmissão de cinco velocidades da marca romena. A evolução é palpável e o tato é muito mais agradável e apesar de haver caixas manuais melhores, é a ela que atribuo grande parte da “culpa” por ter apreciado tanto conduzir este Sandero Stepway, que se mostrou sempre muito voluntarioso.

Numa condução “viva” não são precisos muitos quilómetros — ou curvas desenhadas por um petrolhead… — para notarmos a evolução dinâmica que este modelo sofreu. Aqui, arrisco dizer que o fosso para o Renault Clio está cada vez mais estreito. Mas, como o João referiu, a direção é demasiado leve (característica herdada do anterior) e não nos transmite tudo o que está a acontecer no eixo dianteiro.
VEJAM TAMBÉM: Renault Captur E-TECH (híbrido plug-in). O mais económico é também o mais caro. Vale a pena?Contudo, e apesar de estar mais ágil, é notório um ligeiro balanceamento da carroçaria em curva, que se explica pelo acerto escolhido para a suspensão, mais focado no conforto. Isto não beneficia o dinamismo do Sandero Stepway, mas tem um impacto muito positivo em autoestrada e em vias rápidas, onde este Dacia exibe qualidades de estradista que, na minha opinião, ainda não tínhamos visto num modelo da fabricante romena.
E por falar em conforto, reforço os aspetos destacados pelo João, com particular destaque para os ruídos aerodinâmicos que invadem o habitáculo. Esse é, a par do ruído do motor quando pressionamos o acelerador de forma mais decidida, um dos maiores “contras” deste modelo. Mas convém lembrar que nenhum destes dois aspetos “estraga” a experiência ao volante.

Quanto aos consumos, importa dizer que acabei o ensaio com uma média de 6,3 l/100 km. Não é um valor de referência, sobretudo se tivermos em conta os 5,6 l/100 km anunciados pela Dacia, mas é possível baixar dos 6 l/100 km com uma condução mais cuidada — e com o modo ECO selecionado, até porque não andei a “trabalhar” para as médias.
Tudo somado, é difícil apontar defeitos fraturantes a esta versão do Sandero Stepway e para escolher entre as duas variantes que trouxemos para o “ringue” da Razão Automóvel foi mesmo preciso recorrer à calculadora.
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A escolha entre estes dois Sandero Stepway é, acima de tudo, uma questão de fazer contas. Contas aos quilómetros percorridos diariamente, ao custo do combustível e, claro está, ao custo de aquisição.
Começando por este último fator, a diferença entre as duas unidades ensaiadas era de apenas 150 euros (16 000 euros para a versão a gasolina e 16 150 euros para o bi-fuel). Mesmo sem extras a diferença continua a ser residual, ficando-se pelos 250 euros (15 050 euros contra 15 300 euros). O valor do IUC é idêntico em ambos os casos, 103,12 euros, restando por isso apenas fazer os cálculos aos custos de utilização.

Tendo em conta a média de 6,3 l/100 km conseguida pelo Miguel e assumindo um preço médio do litro de gasolina simples 95 de 1,65 €/l, fazer 100 quilómetros com o Sandero Stepway a gasolina custa, em média, 10,40 euros.
Já com a versão ECO-G (bi-fuel), e com o preço médio do GPL a fixar-se nos 0,74 €/l e uma média de consumos de 7,3 l/100 km — a versão GPL consome em média entre 1-1,5 l a mais que a versão a gasolina —, esses mesmos 100 km custam cerca de 5,55 euros.
Se tivermos em conta uma média de 15 000 km/ano, o valor gasto em combustível na versão a gasolina ascende a aproximadamente 1560 euros enquanto na versão bifuel fica-se pelos cerca de 810 euros em combustível — efetivamente bastam pouco mais que 4500 km para que o Sandero Stepway ECO-G comece a compensar o preço superior.

Qual o melhor Sandero Stepway?
Se a diferença de preço entre ambos fosse superior, a escolha entre estes dois Dacia Sandero Stepway poderia revelar-se mais difícil.
Contudo, quando olhamos para os números, fica difícil justificar a aposta na versão a gasolina. Afinal de contas, o pouco que poupamos na compra, rapidamente é absorvido pela fatura de combustível e até a “desculpa” de que os veículos a GPL não podem estacionar nos parques fechados já não é aplicável.
A única desculpa para não optar pelo Dacia Sandero Stepway ECO-G só poderá ser atribuída à disponibilidade de postos de abastecimento GPL na região onde vivem.

Tal como disse quando testei o Duster bi-fuel, se há combustível que parece assentar “que nem uma luva” ao carácter frugal dos modelos da Dacia esse é o GPL e no caso do Sandero tal volta-se a comprovar.
Nota: Os valores entre parêntesis na ficha técnica abaixo referem-se especificamente ao Dacia Sandero Stepway Comfort TCe 90 FAP. O preço desta versão é de 16 000 euros.
Preço
unidade ensaiada
Versão base: €15.300
IUC: €103
Classificação Euro NCAP: N/D
- Motor
- Arquitectura: 3 cilindros em linha
- Capacidade: 999 cm3
- Posição: Dianteira transversal
- Carregamento: Injeção direta + Turbo + Intercooler
- Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas/cilindro
- Potência: 100 cv entre as 4600-5000 rpm (90 cv entre as 4600-5000 rpm)
- Binário: 170 Nm às 2000 rpm (160 Nm entre as 2100-3750 rpm)
- Transmissão
- Tracção: Dianteira
- Caixa de velocidades: Manual de 6 velocidades
- Capacidade e dimensões
- Comprimento / Largura / Altura: 4099 mm / 1848 mm / 1535 mm
- Distância entre os eixos: 2604 mm
- Bagageira: 328 litros
- Jantes / Pneus: 205/60 R16
- Peso: 1209 kg (1152 kg)
- Consumo e Performances
- Consumo médio: 7,4 l/100 km (5,6 l/100 km)
- Emissões de CO2: 115 g/km (127 g/km)
- Vel. máxima: 177 km/h (178 km/h)
- Aceleração: 11,9s (12s)
-
Equipamento
- Controlo eletrónico de estabilidade + Sistema de ajuda ao arranque em subida (ESP+HSA)
- Trancamento automático das portas em andamento
- Alerta de esquecimento do cinto de segurança em todos os lugares
- Sistema de travagem de emergência ativa (AEBS)
- Assistência à travagem de urgência (AFU)
- Regulador e limitador de velocidade
- Faróis de nevoeiro
- Câmara de marcha-atrás
- Retrovisores exteriores elétricos com sistema de desembaciamento
- Indicador de mudança de relação de caixa
- Computador de bordo
- Sistema de ajuda ao estacionamento traseiro
- Sistema de controlo de pressão dos pneus
- Full LED
- Faróis diurnos LED
- Sensores de luminosidade e chuva
- Ar condicionado automático
- Volante regulável em altura e profundidade
- Elevadores elétricos dos vidros traseiros
- Fecho centralizado das portas com comando à distância
- Volante em couro
- Modo ECO
- Banco do condutor regulável em altura com apoio de braço
- Quadro de instrumentos TFT
- Rádio DAB 8", navegação, replicação smartphone por Wi-Fi,Bluetooth® e suporte amovível para telefone
- Barras de tejadilho longitudinais modulares
- Jantes Flexwheel 16"
Avaliação
- Preço
- Versatilidade
- Conforto
- Habitabilidade
- Custo de utilização (ECO-G)
- Materiais duros de toque pouco agradável
- Insonorização
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