Ensaio Testámos o Renault Clio E-Tech. O que vale o primeiro Clio eletrificado?

Desde 25 800 euros

Testámos o Renault Clio E-Tech. O que vale o primeiro Clio eletrificado?

O Renault Clio E-Tech marca a estreia da Renault no "nicho" dos utilitários híbridos, e nós já o testámos para descobrir as suas qualidades.

Renault Clio Eco Hibrido

O Clio, que celebra este ano o seu 30º aniversário, é um dos mais conhecidos e bem sucedidos modelos do segmento B — é inclusive o líder de vendas no segmento —, mas nem ele escapa aos ventos de mudança… eletrizantes que varrem a indústria, passando a contar agora com uma inédita variante híbrida, o Renault Clio E-Tech.

Esta variante híbrida vem juntar-se a uma extensa gama de motorizações (a mais completa da sua história) que conta com variantes Diesel, a gasolina e a GPL. Só parece faltar uma variante 100% elétrica, mas para isso a Renault conta com o Zoe.

Neste segmento são poucos ainda os que seguiram a via híbrida — parece haver em maior número propostas 100% elétricas —, pelo que os rivais deste Clio eletrificado resumem-se ao Toyota Yaris e ao Honda Jazz.

VÊ TAMBÉM: Campeões de vendas? Conduzimos os novos Dacia Sandero e Sandero Stepway em Portugal
Renault Clio Eco Hibrido
© Thomas van Esveld / Razão Automóvel

Todos eles “full-hybrids” ou híbridos completos, mas que não são do tipo plug-in, ou seja, não é possível ligá-los à corrente. A bateria carrega em andamento, cada vez que desaceleramos, travamos ou em descidas. A bateria que equipa o Clio E-Tech e os seus rivais é muito mais pequena do que a de um híbrido plug-in, que nem sequer costumam anunciar uma autonomia elétrica.

Porém, a Renault diz que, em cidade, o Clio E-Tech é capaz de circular até 80% do tempo apenas com recurso ao motor elétrico. Como é possível? Dado que em circuito urbano é mais frequente o para-arranca, logo há mais oportunidades para recuperar energia em desacelerações e travagens, fazendo com que o motor elétrico possa intervir com muito mais frequência.

O resultado são consumos muito baixos. Será mesmo assim? Ora, para descobrir se o Clio E-Tech faz tudo o que promete, altura de colocá-lo à prova.

VÊ TAMBÉM: Campeões de vendas? Conduzimos os novos Dacia Sandero e Sandero Stepway em Portugal

Igual a si mesmo

Seja no exterior ou no interior, as diferenças entre o Renault Clio E-Tech e os restantes membros da família resumem-se a pormenores que exigem um bom poder de análise.

Desta forma, no exterior temos os tradicionais logótipos e um para-choques de desenho específico enquanto no interior as diferenças resumem-se a mais logótipos e às informações relativas ao sistema híbrido no painel de instrumentos (com 7”), assim como ao menu adicional no ecrã do sistema de infoentretenimento (com 9,3”).

Renault Clio Eco Hibrido
O sistema de infoentretenimento é rápido, tem um bom grafismo e é fácil de usar. Já a manutenção dos comandos físicos revela-se uma mais valia ergonómica. © Thomas van Esveld / Razão Automóvel
VÊ TAMBÉM: Ford Fiesta 1.0 95 cv ST-Line testado. Tem argumentos para os novos rivais?

De resto a qualidade dos materiais coloca o Clio na parte superior do segmento neste capítulo, assim como a montagem revela, pela ausência de ruídos parasita, uma franca evolução face aos primeiros exemplares desta geração que chegaram ao mercado.

Já o espaço a bordo manteve-se inalterado, colocando o Clio E-Tech na média do segmento neste capítulo. Por fim a instalação da bateria com 1,2 kWh de capacidade levou a que a bagageira descesse de uns referenciais 391 litros para uns bem mais modestos 254 litros. Como termo de comparação, o Yaris oferece 286 litros e o Jazz, que assume o formato de MPV, tem 304 litros.

Renault Clio Eco Hibrido
Apesar de serem apenas 254 litros de capacidade, a verdade é que graças às formas regulares da bagageira estes parecem ser mais. © Thomas van Esveld / Razão Automóvel

E ao volante?

Dinamicamente o Clio E-Tech mantém intactos os pergaminhos do modelo francês. Com uma interessante conjugação entre conforto e comportamento, apenas o tato algo leve dos comandos parece colocar um “travão” a uma maior sensação de ligação ao carro e à estrada.

É que a um chassis bem conseguido e uma direção direta, este Clio híbrido conjuga ainda uma resposta imediata ao acelerador (principalmente no modo “Sport”) típica dos modelos dotados de um sistema híbrido.

VÊ TAMBÉM: Testámos o Citroën C3 com o motor mais acessível. Serão 83 cv suficientes?

“Trabalho de casa” bem feito

A Renault até pode ser a mais recente marca a chegar ao “nicho” dos utilitários híbridos, no entanto, ao volante do Clio E-Tech, fica bastante evidente que a Renault se preparou bem para esta “batalha”.

Para começar, temos mais potência que nos dois principais rivais. O casamento entre o 1.6 l atmosférico a gasolina com dois motores elétricos resultou em 140 cv de potência máxima combinada e 144 Nm. Ora, são mais que os 116 cv do Toyota Yaris e os 109 cv do Honda Jazz oferece.

Ainda que não se traduza, no papel, numa superior performance, pelo menos na métrica 0-100 km/h, onde é o mais lento dos três, ainda que por poucas décimas de segundo. Porém, no mundo real, é o Clio E-Tech que parece ter o maior pulmão, sobretudo quando chega a altura de enfrentar subidas mais pronunciadas, ou em retomas de aceleração.

Renault Clio Eco Hibrido
Com 140 cv de potência máxima combnada, o Clio E-Tech é o mais potente dos utilitários híbridos. © Thomas van Esveld / Razão Automóvel
VÊ TAMBÉM: Ao volante do Peugeot e-208. Vale a pena optar pelo 100% elétrico?

Já a transmissão está a cargo de uma evoluída caixa automática de múltiplas velocidades, com tecnologia herdada da Fórmula 1, cujo funcionamento é agradavelmente suave.

Aliás, “suave” pode muito bem ser a palavra de ordem para todo o funcionamento deste sistema hibrido, com a transição entre o modo elétrico e o motor de combustão a ser quase impercetível. Além disso, como pude comprovar em cidade, a promessa de que o Clio E-Tech é capaz de circular cerca de 80% do tempo em circuito urbano em modo 100% elétrico é cumprida.

Só assim será possível justificar os consumos em meio urbano obtidos, na casa dos 3 a 4 l/100 km. Numa utilização mais apressada os consumos mantêm-se baixos, não subindo além dos 5,5 a 6 l/100 km, e mesmo em autoestrada é possível fazer médias de 4,5 l/100 km, tal e qual num… Diesel.

Renault Clio E-Tech
© Thomas van Esveld / Razão Automóvel
VÊ TAMBÉM: Adeus, Diesel? Testámos a Renault Mégane ST E-TECH (híbrida plug-in)

É o carro certo para mim?

Detentor de todas as qualidades que têm feito do Renault Clio um sistemático líder do segmento dos utilitários, este Clio E-Tech é a escolha ideal para quem anda, maioritariamente, em meio urbano.

É nesse espaço que o sistema híbrido mais brilha e é lá que permite as maiores poupanças, não trazendo sequer consigo os habituais “inconvenientes” dos híbridos plug-in, como o facto de ter de o carregar.

Renault Clio Eco Hibrido
© Thomas van Esveld / Razão Automóvel

No entanto, não penses que é só para os urbanitas que este Clio E-Tech se apresenta como uma boa opção. Económico também em estrada aberta e com um preço não muito superior ao das variantes apenas com motor de combustão (mas com mais potência), este é uma das melhores opções de toda a gama do utilitário francês.

Testámos o Renault Clio E-Tech. O que vale o primeiro Clio eletrificado?

Renault Clio E-Tech Exclusive

8/10

Antes de ser um híbrido, o Renault Clio E-Tech é, acima de tudo, um Clio. Ora, isso significa que tem argumentos que lhe permitem liderar o segmento B, argumentos aos quais junta agora a economia e suavidade de utilização típicas dos modelos híbridos. O que é que tudo isto significa? Significa que tendo em conta um preço que não se apresenta como proibitivo esta variante apresenta-se como uma das mais interessantes de toda a gama do bem sucedido utilitário gaulês.

Prós

  • Funcionamento do sistema híbrido
  • Consumos
  • Relação conforto/comportamento

Contras

  • Capacidade da bagageira reduzida face aos outros Clio

Versão base:€25.800

IUC: €137

Classificação Euro NCAP: 5/5

€27.150

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1598 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção indireta
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas por cilindro
  • Potência:
    Motor combustão: 91 cv
    Motor elétrico 1: 49 cv
    Motor elétrico 2: 20 cv
    Potência máxima combinada: 140 cv
  • Binário:
    Motor combustão: 144 Nm
    Motor elétrico 1: 205 Nm
    Motor elétrico 2: 50 Nm
    Binário máximo combinado: 144 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática com múltiplas velocidades

  • Largura: 4050 mm
  • Comprimento: 1798 mm
  • Altura: 1440 mm
  • Distância entre os eixos: 2583 mm
  • Bagageira: 254 litros
  • Peso: 1313 kg

  • Média de consumo: 4,4 l/100 km
  • Emissões CO2: 99 g/km
  • Velocidade máxima: 180 km/h
  • Aceleração máxima: >9,9s

    Tem:

    • Grelha cromada
    • Jantes em liga leve de 17’’
    • Luz ambiente traseira em LED
    • Punho da alavanca de velocidades em couro
    • Sistema de ajuda ao estacionamento traseiro e dianteiro com câmara de marcha-atrás
    • Ar condicionado automático
    • Sensores de luz/chuva
    • Cruise control e limitador de velocidade
    • Retrovisores exteriores elétricos
    • Sistema de ajuda à manutenção na faixa de rodagem
    • Sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA)
    • Reconhecimento dos sinais de trânsito

Sistema Multisense — 200 €
Easy Link 9,3'' — 600 €
Pack Conforto (inclui consola central com apoio de braço e travão de estacionamento assistido com função Auto-Hold) — 400 €
Carregador de telemóvel por indução — 150 €.

Sabe esta resposta?
Em que ano é que a Renault conquistou a sua primeira vitória na F1?