Desde 40 092 euros
Adeus, Diesel? Testámos a Renault Mégane ST E-TECH (híbrida plug-in)
A Renault Mégane ST E-TECH marca a estreia do bem sucedido modelo francês no mundo dos veículos eletrificados, mas terá a versão híbrida plug-in argumentos para tomar o lugar do Diesel?

Um dos modelos que mais vemos nas nossas estradas, a Renault Mégane ST, vê, há já várias gerações, muito do seu sucesso no nosso país associado à sigla “dCi”.
Foi assim na segunda geração (a da famosa carrinha do Guilherme), na terceira e tem sido, ainda, nesta quarta. No entanto, os “ventos” do mundo automóvel sopram, de momento, para longe dos motores Diesel — vimos, por exemplo, o protagonismo dos TCe (a gasolina) crescer nos últimos anos —, pelo que a Renault aderiu à tendência do momento (por motivos óbvios), a eletrificação da sua popular carrinha.
Praticamente igual às suas irmãs no capítulo estético, é debaixo do capô (e do piso da bagageira) que a Mégane ST E-TECH, denominação que define esta versão híbrida plug-in, esconde as novidades e as ferramentas que lhe permitem assumir-se como uma alternativa à variante Diesel para quem muito quer andar e pouco quer gastar.
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Mas será que cumpre com aquilo a que se propõe? Será que tem o que é preciso para tomar o lugar da versão Diesel? Para descobrir pusemo-la à prova.
A receita adotada
A Renault “casou” um 1.6 l a gasolina com 91 cv e 144 Nm a dois motores elétricos. Um, o maior, tem 67 cv e 205 Nm e serve para mover a Mégane ST E-TECH. O outro, mais pequeno, apresenta-se com 34 cv, 50 Nm e funciona como motor de arranque e gerador de energia, aproveitando as desacelerações e as travagens.
O resultado final são 160 cv de potência máxima combinada e cerca de 50 km de autonomia em modo 100% elétrico (ciclo WLTP). Cortesia da bateria de iões de lítio com 9,8 kWh que obrigou a bagageira desta carrinha familiar a contrair dos 521 l para uns bem mais modestos 389 l.

Por fim, no campo da transmissão temos uma caixa de velocidades multimodo sem embraiagem que recorre a tecnologia usada pelos carros de Fórmula 1 e oferece até 14 (!) velocidades.
Melhorar constantemente
Se no exterior as mudanças são de pormenor — não só face à versão anterior como às variantes apenas com motor de combustão — no interior já temos mais novidades.
A Renault fez o trabalho de casa e além de ter corrigido o até agora criticável posicionamento dos comandos do cruise control e limitador de velocidade (passaram da consola central para o volante) ofereceu ainda à Mégane ST E-TECH um novo painel de instrumentos digital de 10,2” e um novo sistema de infotainment que, neste caso, tinha um ecrã de 9,3”.

Mais completos e com um grafismo bem mais moderno, estes mantiveram a facilidade de utilização que os seus antecessores já ofereciam.
Outra das melhorias operadas pela Renault traduziu-se num incremento da qualidade não só dos materiais (temos mais materiais macios ao toque espalhados pelo habitáculo) como da montagem, algo confirmado nos largos quilómetros percorridos por ruas e ruelas lisboetas onde os ruídos parasitas pouco se fizeram sentir.

Confortável mas não só
Curiosamente, tal como a última Mégane ST que testei, também esta unidade contava com bancos desportivos. Desta forma, o que disse no passado aplica-se novamente: confortáveis e com muito apoio lateral, estes tornam-se algo incomodativos em algumas manobras, pois acabamos por bater com os cotovelos nas laterais do banco.

Em andamento, há algo que sobressai a bordo desta versão híbrida plug-in: a suavidade de funcionamento. Seja pelo silêncio quando circulamos em modo 100% elétrico (ou em modo híbrido a ritmos calmos), seja pela suavidade da caixa de velocidades multimodo sem embraiagem, esta Mégane ST E-TECH conquista pelo seu conforto.
Mas não penses que este conforto é sinónimo de uma dinâmica menos cuidada. Desta forma, continuamos a ter um chassis e uma suspensão que se pautam pela eficácia e que permitem à carrinha gaulesa enfrentar com segurança e à vontade encadeados de curvas sem que o peso extra das baterias se faça sequer sentir demasiado.

Quanto à direção, apesar de não revelar os níveis de precisão e a rapidez da usada pelo Ford Focus, apresenta-se em bom plano, sendo apenas de lamentar que no modo “Sport” seja um pouco pesada demais (especialmente se nos esquecermos de selecionar outro modo na hora de fazer manobras).

Lição bem estudada
Se no capítulo dinâmico a Renault Mégane ST E-TECH segue na senda daquilo que já conhecíamos, é óbvio que há uma área onde esta é completamente nova: a motorização híbrida plug-in.

Começando pelo modo 100% elétrico, a Renault parece ter aplicado os ensinamentos recolhidos com o Zoe no que diz respeito à gestão da bateria, apresentando-se neste capítulo bem melhor do que alguns modelos mais caros e de um segmento acima.
Isto traduz-se na possibilidade de percorrer (principalmente em meio urbano) os quilómetros prometidos pela marca e sem concessões ao ritmo imposto, seja em modo 100% elétrico seja em modo híbrido, razão pela qual raramente vi os consumos médios subirem acima dos 5 l/100 km ao longo deste teste (andaram quase sempre pelos 4,5 l/100 km).

Quando o motor de combustão interna entra em ação, este tem duas formas de se apresentar. Se optarmos por uma toada calma presenteia-nos com baixos consumos e praticamente nem damos por ele tal é a suavidade do conjunto híbrido plug-in, um contraste notável com as versões com motor Diesel.
Já se quisermos explorar a totalidade dos 160 cv de potência combinada (principalmente no modo “Sport”) ou se pedirmos ao 1.6 l que recarregue a bateria, este acaba por se fazer ouvir com um pouco mais de insistência no habitáculo. Ainda assim e apesar disso continua a manter os consumos em valores que habitualmente estavam reservados aos Diesel.

Por fim, no capítulo das prestações, os motores elétricos ajudam-nos sempre a ganhar alguma vantagem nos arranques, com a Mégane ST E-TECH a fazer jus à potência anunciada.
É o carro certo para mim?
Comecei este texto com uma pergunta e a verdade é que após alguns dias ao volante do primeiro Renault Mégane híbrido plug-in facilmente encontrei resposta para ela: para mim, esta versão é melhor que aquela equipada com motor Diesel.
Capaz de consumos capazes de rivalizar com os do Diesel em estrada aberta, a Renault Mégane ST E-TECH consegue presentear-nos com uma economia em meio urbano com a qual as versões a gasóleo só podem sonhar.
Para tal, a única coisa que nos “exige” é que não nos esqueçamos de a carregar, algo que tendo em conta o quanto podemos poupar nas voltas diárias em cidade isso não deve ser um entrave na hora de a escolher, sendo que nesse aspeto só o preço superior face ao Diesel pode surgir como entrave na hora de optar (no caso dos particulares).

Posto isto, se procuras uma carrinha familiar confortável e segura e percorres muitos quilómetros não só em estrada como em meio urbano, a Renault Mégane ST E-TECH pode muito bem ser a escolha ideal.
É verdade que perdeu capacidade da bagageira, mas não é menos verdade que é um modelo à prova de futuro e preparado para enfrentar uma era em que os modelos exclusivamente com motor de combustão interna se possam a tornar persona non grata no centro das cidades.
Preço
unidade ensaiada
Versão base: €40.092
IUC: €137
Classificação Euro NCAP:
- Motor
- Arquitectura: 4 cil. em linha
- Capacidade: 1598 cm3
- Posição: Dianteira transversal
- Carregamento: Injeção indireta
- Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas por cilindro
- Potência: Motor combustão: 91 cv às 5600 rpm; Motor elétrico 1: 67 cv; Motor elétrico 2: 34 cv; Potência máxima combinada: 160 cv
- Binário: Motor combustão: 144 Nm às 3200 rpm; Motor elétrico 1: 205 Nm; Motor elétrico 2: 50 Nm
- Transmissão
- Tracção: Dianteira
- Caixa de velocidades: Caixa de velocidades multimodo sem embraiagem
- Capacidade e dimensões
- Comprimento / Largura / Altura: 4626 mm / 1814 mm / 1457 mm
- Distância entre os eixos: 2712 mm
- Bagageira: 389 litros
- Jantes / Pneus: 225/40R18
- Peso: 1678 kg
- Consumo e Performances
- Consumo médio: 1,5 l/100 km
- Emissões de CO2: 34 g/km
- Vel. máxima: 183 km/h
- Aceleração: 8,3s
-
Equipamento
- Alerta de fadiga
- Travagem de emergência assistida com deteção de peões
- Alerta de excesso de velocidade c/reconhecimento de sinais de trânsito
- Alerta de transposição involuntária de via
- Sistema de assistência à travagem de urgência
- Câmara de marcha-atrás
- Regulador de velocidade
- Sensores de chuva e de luminosidade
- Retrovisor interior eletrocromático
- Faróis diurnos LED Edge Light
- Retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente com função de desembaciamento e iluminação
- Full LED
- Comutação automática de luzes estrada/cruzamento
- Volante em couro R.S. Line
- Consola central com arrumação e apoio de braço
- Cartão Renault "Mãos-Livres"
- Banco traseiro Easy Break 1/3-2/3 com apoio de braço
- Estofos em tecido específicos R.S. Line
- Compatível com Android Auto e/ou Apple CarPlay
- Conectividade multimédia
- TFT 10" digital
- Easy Link 9,3"
- Jantes em liga leve 17" R.S. Line
- Barras de teto longitudinais
- Cabo modo 2
Avaliação
- Gestão das baterias
- Consumos
- Relação conforto/comportamento
- Sistema híbrido plug-in
- Perda da capacidade da bagageira
- Preço face às versões com motor de combustão
Sabe responder a esta?
Que piloto levou a Renault à sua primeira vitória na Fórmula 1?
Não acertou..
Mas pode descobrir a resposta aqui::
Fomos celebrar com a Renault os 40 anos sobre a primeira vitória de um Turbo na F1Em cheio!!
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