Ensaio Testámos o Mazda CX-60. As ambições premium são legítimas?

Desde 67 339 euros

Testámos o Mazda CX-60. As ambições premium são legítimas?

Voltámos a testar o Mazda CX-60 para perceber se este SUV tem o que é preciso para fazer frente aos crónicos rivais alemães.

Mazda CX-60 PHEV, frente 3/4
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

O CX-60 apresenta-se como uma montra para aquilo que de melhor a Mazda faz e marca uma série de estreias na fabricante de Hiroshima, a começar na plataforma de tração traseira e a terminar na motorização híbrida plug-in.

Mas há mais. Ao posicionar-se acima do CX-5, faz deste SUV o novo topo de gama da Mazda na Europa, sendo o maior modelo que a marca vende no «velho continente» — pelo menos até chegar o CX-80, com sete lugares.

Os «trunfos» do CX-60 não se esgotam aqui: é ainda o Mazda de estrada mais potente de sempre, anunciando uma potência máxima combinada superior a 300 cv.

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Mazda CX-60 e Skyactiv Phev perfil
Na traseira, as semelhanças com o mais pequeno CX-5 são óbvias. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
Argumentos não faltam ao CX-60, mas num segmento tão concorrido, voltámos a testá-lo, agora na versão Takumi, a mais equipada e luxuosa da gama, para perceber se este Mazda tem o que é preciso para fazer frente aos crónicos rivais alemães.

Imagem premium

O CX-60 começa logo por dar nas vistas pela imagem sofisticada e pelas proporções típicas de tração traseira que a sua plataforma permite, muito similares a alguns dos rivais premium dando corpo às ambições que a Mazda tem.

Este desenho representa a evolução mais recente do design Kodo da Mazda e é marcado por linhas dinâmicas, uma cintura muito robusta e um capô longo, elementos que lhe dão uma forte presença em estrada.

Interior repleto de tecnologia

No interior, é notória a inspiração nas tradições japonesas, ainda que aquilo que mais se faça sentir seja mesmo a perceção geral de qualidade. Qualquer que seja a superfície para onde olhemos.

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Quando as tacteamos, mesmo as zonas menos óbvias contam com materiais cuidados, que não desiludem à vista e ao toque. Pode parecer um pequeno detalhe, mas a este nível, é precisamente essa a expetativa.

Também importante é a oferta tecnológica disponibilizada, a começar logo no enorme ecrã multimédia de 12,3”, o maior alguma vez instalado num Mazda, e a terminar no inédito Driver Personalisation System.

Mas o que é afinal o Driver Personalisation System? Bem, é um sistema que nos ajuda a encontrar a posição de condução que mais se adequa a nós. Basta entrar, sentar e introduzir a altura no ecrã central.

Depois, é deixar este sistema fazer o seu trabalho: ele ajusta o banco, o volante e até os espelhos laterais para a melhor posição ao volante possível tendo em conta a nossa altura.

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Essa posição fica associada ao nosso perfil e depois, sempre que entramos no carro, ele consegue reconhecer o nosso rosto e voltar a brindar-nos com essa especificação ideal. Não é preciso sequer selecionar o nosso perfil de condutor. O sistema faz tudo sozinho.

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E o espaço?

Este é o maior modelo que a Mazda vende na Europa pelo que tem responsabilidades óbvias ao nível do espaço. E aí, há muito pouco a apontar a este SUV, que dá boa conta de si, quer ao nível do espaço nos bancos traseiros quer ao nível da bagageira.

Mazda CX-60 e Skyactiv Phev-12 bagageira
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel
Nas versões híbridas plug-in, como a que testámos, a bagageira disponibiliza 570 litros de capacidade, um valor que pode crescer até aos 1726 litros com os bancos da segunda fila rebatidos.

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Também importante é o facto de as portas traseiras serem longas e abrirem a um ângulo próximo dos 90º, o que facilita muito as tarefas familiares, como por exemplo colocar uma cadeira de criança no interior.

Mazda CX-60 e Skyactiv Phev bancos
O espaço disponível nos bancos traseiros é muito generoso para as pernas, para a cabeça e para os ombros. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

O Mazda mais potente de sempre

Mas passemos ao que mais interessa: a mecânica. Isto porque este modelo marca a estreia da inédita plataforma Skyactiv Multi-Solution Scalable Architecture, de tração traseira (e integral), capaz de acomodar as novas motorizações de seis cilindros em linha do construtor japonês.

Contudo, para já o CX-60 só está disponível com uma motorização híbrida plug-in, que é outra estreia absoluta na marca de Hiroshima.

Nesta versão, o conhecido motor a gasolina de 2,5 l e quatro cilindros naturalmente aspirado é auxiliado por um motor elétrico de 129 kW (175 cv) que surge integrado na caixa automática de oito velocidades e é alimentado por uma bateria de 17,8 kWh.

Deste «casamento» resulta uma potência total combinada de 327 cv — a mais alta de sempre num modelo de estrada da Mazda —, um binário máximo de 500 Nm e uma autonomia elétrica a rondar os 60 km.

Nem parece que tem este tamanho todo…

São números impressionantes, tal como aquilo que este SUV é capaz de fazer, seja ao nível das performances — sprint dos 0 aos 100 km/h em 5,8s — ou do comportamento dinâmico.

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Apesar de acusar 2055 kg na balança, o Mazda CX-60 está muito longe de ser só mais um SUV grande e pesado: a direção é pesada q.b. e muito precisa, a resposta do motor é firme e os movimentos da carroçaria estão sempre bem controlados.

Mazda CX-60 e Skyactiv Phev perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel
E aqui, grande parte da «culpa» é da tecnologia Kinematic Posture Control da Mazda, que estabiliza a postura do CX-60 em curva: a roda traseira interior é travada de forma a reduzir o rolamento e o afundamento da carroçaria.

Eu sei que a descrição deste sistema parece algo «superficial», mas acreditem que em curva é muito fácil sentir esta «magia». Este CX-60 não parece mesmo nada ter o peso e o volume que tem.

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Além de muito competente do ponto de vista dinâmico, o CX-60 também se faz valer das suas qualidades de estradista para fazer frente aos tradicionais modelos premium germânicos.

Mazda CX-60 e Skyactiv Phev perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel
Mesmo equipado com jantes de 20”, o CX-60 consegue ser confortável e refinado. Tem um pisar bom, está bem insonorizado e revela grande estabilidade (mesmo a velocidades mais elevadas em autoestrada), ao mesmo tempo que o sistema motriz revela sempre capacidade para mais.

E aqui, importa também realçar que o CX-60 se apresenta com um pacote muito completo de ajudas à condução, com particular destaque para o assistente de permanência em faixa, que funciona bem ser nunca parecer exagerado.

Quanto aos carregamentos, e ao contrário do que já começamos a ver com alguns híbridos plug-in mais recentes, o CX-60 não suporta carregamentos em postos rápidos de corrente contínua (DC). Porém, conta com um carregador de bordo que lhe permite carregar em corrente alternada (AC) até uma potência de 7,2 kW.

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A somar a isso, existe a possibilidade de carregar a bateria em andamento, com o gerador a passar a ser acionado pelo motor de combustão.

Mazda CX-60 e Skyactiv Phev perfil
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Autonomia e consumos

A Mazda anuncia uma autonomia em modo 100% elétrico de até 63 km, mas  este número pode ultrapassar os 75 km numa utilização maioritariamente urbana e com alguma atenção ao ritmo.

Já quando a carga na bateria se esgota, podem esperar um consumo misto em torno dos 7,7 l/100 km, o que para um SUV com esta capacidade e com estas dimensões é um número bastante aceitável.

É o carro certo para si?

À primeira vista o preço pode parecer alto, mas a verdade é que se olharmos para as versões equivalentes da concorrência, com potência e equipamento semelhantes, percebemos que este CX-60 tem um preço competitivo.

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Recheado de tecnologia, com acabamentos muito cuidados e com uma imagem dinâmica, o CX-60 afirma-se pela presença em estrada, pela robustez e pela capacidade dinâmica que demonstra.

Mazda CX-60 e Skyactiv Phev
O CX-60 conta com transmissão integral 100% mecânica, ao contrário de outros SUV híbridos plug-in, onde as rodas traseiras recebem tração de um motor elétrico. E é precisamente por isso que paga sempre Classe 2 nas portagens. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
Tem dois «contras» que devem ser tidos em conta: o facto de pagar sempre Classe 2 nas portagens e de não poder ser carregado em postos rápidos DC. Mas se isso não for problema, esta é claramente uma proposta que devem considerar.

E depois de passar vários dias com ele posso afirmar, de forma convicta, que este Mazda CX-60 tem qualidades suficientes para suportar as ambições premium que «carrega», para fazer frente aos rivais alemães — Audi, BMW e Mercedes-Benz —, sem esquecer naturalmente a Lexus e a Volvo.

Testámos o Mazda CX-60. As ambições premium são legítimas?

Mazda CX-60 2.5 e-Skyactiv PHEV 8AT AWD

8/10

O CX-60 marca a entrada da Mazda nas motorizações híbridas plug-in e fá-lo de forma muito convincente: é um daqueles casos em que podemos dizer "demorou, mas foi". Apesar das dimensões generosas, o CX-60 mantém a dinâmica tipicamente apurada da Mazda. Em suma, tem o que é preciso para «bater o pé» aos rivais alemães e se prestarmos atenção à lista de equipamento, percebemos que o preço até é bastante competitivo.

Prós

  • Comportamento dinâmico
  • Sistema híbrido
  • Autonomia em modo elétrico
  • Qualidade do interior

Contras

  • Não carrega em DC
  • Paga sempre Classe 2

Versão base:€67.339

IUC: €215

Classificação Euro NCAP: 5/5

€70.239

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 2488 cm³ cm³
  • Posição:Dianteiro longitudinal
  • Carregamento: Inj. direta; Bateria: 17,8 kWh
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil. (16 válv.)
  • Potência:
    Motor de combustão: 192 cv às 6000 rpm
    Motor elétrico: 129 kW (175 cv)
    Potência máxima combinada: 328 cv
  • Binário:
    Motor de combustão: 261 Nm às 4000 rpm
    Motor elétrico: 270 Nm
    Binário máximo combinado: 500 Nm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Automática de 8 velocidades

  • Largura: 4745 mm
  • Comprimento: 1890 mm
  • Altura: 1680 mm
  • Distância entre os eixos: 2870 mm
  • Bagageira: 570-1726 litros
  • Jantes / Pneus: 235/50 R20
  • Peso: 2070 kg

  • Média de consumo: 1,5 l/100 km; Autonomia: 63 km
  • Emissões CO2: 33 g/km
  • Velocidade máxima: 200 km/h
  • Aceleração máxima: >5,8s

    Tem:

    • Ar condicionado automático
    • Cruise Control
    • Sensor de estacionamento traseiro
    • Sensor de chuva e luminosidade
    • Retrovisores exteriores aquecidos e com recolhimento automático
    • Reconhecimento de sinais de trânsito
    • Sistema de permanência em faixa
    • Sistema de navegação GPS
    • Volante e manípulo da caixa de velocidades em pele
    • Driver Attention Alert (sem câmera)
    • Banco traseiro reclinável
    • Sistema de monitorização de ângulo morto traseiro e dianteiro
    • Ecrã central de 12,3''
    • Jantes de liga leve de 20''
    • Android Auto e Apple CarPlay (sem fios)
    • Luzes dianteiras LED

Pintura Rhodium White — 900 €
Comfort Pack Takumi (Bancos traseiros aquecidos, bancos dianteiros ventilados e aquecidos, sistema de personalização de condução com identificação individual, memória consolidada por reconhecimento facial de posição de condução, ajuste elétrico do volante, bancos dianteiros com ajustes elétricos e espelho retrovisor exterior com memória) — 1700 €
Teto de abrir panorâmico — 1350 €
Drive Assistance Pack (Smart city brake support traseiro, faróis LED adaptativos, retrovisor interior com anti-encadeamento automático, alerta de tráfego dianteiro, Mazda radar cruise control e cruise control adaptativo) — 1650 €
Convenience & Sound Pack (Abertura/fecho de bagageira elétrica sem mãos, sistema de som Bose com 12 altifalantes, vidros traseiros escurecidos, carregador sem fios para smartphones, tomada 1500W AC, luzes de cortesia e câmera 360º com visão total) — 2900 €.

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