Autopédia Híbridos Plug-in: como funcionam, para que servem e quais as vantagens?

Explicador da Eletrificação

Híbridos Plug-in: como funcionam, para que servem e quais as vantagens?

No segundo episódio do Explicador de Eletrificação da Razão Automóvel, mostramos as vantagens e as desvantagens dos híbridos plug-in.

Hyundai Tucson PHEV Híbrido Plug-In com Miguel Dias

A eletrificação nos automóveis veio para ficar, mas as dúvidas em torno destas tecnologias, do seu funcionamento e das suas vantagens e desvantagens continuam a ser muitas.

Para responder às muitas questões que chegam todas as semanas à redação, a Razão Automóvel lançou uma nova série especial: o Explicador da Eletrificação. No episódio inaugural abordámos as diferenças entre os híbridos convencionais e os mild-hybrid.

Agora, neste segundo episódio, os protagonistas são os híbridos plug-in e vamos destacar as vantagens, as desvantagens e os cenários onde estes veículos podem ser mais úteis. Vejam o vídeo:

O que é um híbrido plug-in?

Um híbrido plug-in, também apelidado de PHEV (Plug-in Hybrid Vehicle), é um veículo que junta um motor de combustão interna a um motor elétrico e a uma bateria de iões de lítio.

A grande diferença para um híbrido convencional está no facto de a bateria de iões de lítio ter uma capacidade bastante superior — 13,8 kWh no caso do Hyundai Tucson PHEV do vídeo — e de poder ser carregada a partir de uma fonte de alimentação externa, como um carregador elétrico, uma tomada doméstica ou uma wallbox.

Hyundai Tucson PHEV Híbrido Plug-In
Para o segundo episódio da série Explicador da Eletrificação, recorremos ao Hyundai Tucson, que além de ser um dos SUV mais vendidos em Portugal no segmento, está disponível em vários níveis de eletrificação: mild-hybrid, híbrido convencional e híbrido plug-in. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Como funciona?

Quando têm energia na bateria, os híbridos plug-in podem funcionar como um 100% elétrico, permitindo uma condução totalmente livre de emissões. No caso deste Hyundai Tucson PHEV, podemos andar até 62 km sem gastar qualquer gota de combustível, um número que em cidade pode crescer até aos 74 km.

Já quando a energia na bateria se esgota, o motor de combustão é chamado a intervir, ficando responsável pela locomoção. Os híbridos plug-in podem funcionar ainda de forma muito semelhante ao de um híbrido convencional, com os dois motores — combustão e elétrico — a serem combinados para reduzir consumos e emissões.

Hyundai Tucson PHEV Híbrido Plug-In
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Quais as vantagens?

Tal como nos híbridos convencionais, os híbridos plug-in garantem menores consumos e emissões de CO2 que propostas equivalentes animadas exclusivamente por um motor térmico.

Mas o potencial de redução dos consumos e emissões é ainda maior pois os híbridos plug-in têm uma máquina elétrica mais potente e uma bateria de maior capacidade que a dos híbridos convencionais, o que permite circular em modo elétrico muito mais tempo.

No caso deste Hyundai Tucson PHEV, por exemplo, e desde que a bateria tenha energia para o permitir, é possível andar em modo híbrido — com o sistema a gerir de forma automática a utilização dos dois motores e da bateria — e fazer consumos abaixo dos 2,0 l/100 km.

Hyundai Tucson PHEV Híbrido Plug-In
A inscrição “plug-in” na traseira não deixa dúvidas acerca da versão deste Hyundai Tucson. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Já com a bateria descarregada, os consumos vão previsivelmente subir — o motor de combustão é o único responsável por mover o veículo. No caso do Tucson, nestas condições, registámos consumos médios abaixo dos 7,5 l/100 km numa utilização «normal».

Outra das vantagens é o facto de não haver qualquer ansiedade na busca de um posto de carregamento quando a bateria se esgota, uma vez que podemos sempre seguir viagem apoiados apenas no motor de combustão interna.

E no que às prestações diz respeito, as propostas híbridas plug-in costumam também representar uma enorme mais valia. A combinação do motor de combustão com o motor elétrico, este último capaz de entregar (muito) binário instantaneamente, promete acelerações e retomas de velocidade mais intensas do que é habitual nos motores de combustão.

Vejamos por exemplo o caso deste Hyundai Tucson PHEV, que entrega uma potência máxima combinada de 265 cv e um binário máximo combinado de 350 Nm, números que nos deixam chegar aos 100 km/h em 8,6s e atingir os 190 km/h (limitados).

Hyundai Tucson PHEV Híbrido Plug-In
O Hyundai Tucson PHEV anuncia uma autonomia 100% elétrica de 62 km, um número que em cidade até pode chegar aos 74 km. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Importantes benefícios fiscais disponíveis

Mas falar das vantagens de um híbrido plug-in obriga a «visitar» a lista de benefícios fiscais a que este tipo de veículo tem acesso.

Os híbridos plug-in têm, por exemplo, reduções substanciais no Imposto Sobre Veículos (ISV), sendo que no último Orçamento de Estado está previsto um desconto de 75% no ISV para todos os híbridos plug-in que tenham uma autonomia elétrica de pelo menos 50 km e emissões de CO2 inferiores a 50 g/km.

Também no Imposto Único de Circulação (IUC) os veículos híbridos plug-in pagam menos. O Tucson PHEV, por exemplo, paga 138 euros de IUC, menos 35 euros do que o modelo equivalente com motor a gasolina de 150 cv e sistema mild-hybrid de 48 V.

No caso das empresas, é ainda possível deduzir a totalidade do Imposto sobre Valor Acrescentado (IVA) desde que o preço do veículo seja inferior a 50 000 euros.

Os veículos híbridos plug-in são ainda beneficiados pelos descontos na tributação autónoma, que podem variar em três níveis:

  • 5% no caso de viaturas híbridas plug-in com custo de aquisição inferior a 27 500 euros;
  • 10% no caso de veículos híbridos plug-in com custo de aquisição entre 27 500 euros e 35 000 euros;
  • 17,5% no caso das viaturas híbridas plug-in com custo de aquisição superior a 35 000 euros.
Hyundai Tucson PHEV
Na versão PHEV, o Hyundai Tucson conta com grafismos específicos no ecrã central de 10,25” que nos permitem perceber (entre outras coisas) em tempo real o fluxo da energia do sistema híbrido plug-in. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Existem desvantagens?

Este não é o tipo de eletrificação mais simples ou mais barato. O custo de aquisição é superior ao de um híbrido convencional e para que a escolha por um híbrido plug-in faça sentido é necessário carregar regularmente a bateria.

E existem pessoas que ainda não estão dispostas a esta «obrigatoriedade» e a andar constantemente com os cabos de carregamento «às costas».

A somar a isto e por contarmos com um motor adicional e com uma bateria com um tamanho significativo, o conjunto é mais pesado do que um equivalente com apenas um motor térmico. E isto faz-se sentir nos consumos quando não temos energia na bateria.

Quanto tempo demora a carregar a bateria?

Isto é algo que varia de modelo para modelo e que é influenciado pela velocidade suportada pelo sistema, pelo tipo de carregador ou tomada usado e claro, pela capacidade da bateria.

Hyundai Tucson PHEV
A porta de carregamento é uma das poucas diferenças entre o Tucson PHEV e os restantes. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Mas usando o Hyundai Tucson PHEV como exemplo, carregar a bateria por completo numa wallbox de 3,7 kW é algo que demora pouco mais de três horas. Já num posto público, por exemplo, a 7,5 kW, podemos repor a totalidade da capacidade da bateria em aproximadamente 1h50min.

Versatilidade é palavra de ordem

Mas afinal, este é ou não o nível de eletrificação que oferece um melhor compromisso entre consumos, preço de aquisição e custo de utilização?

Depende da utilização de cada um e da frequência com que se carrega, mas os híbridos plug-in têm potencial para oferecer custos de utilização muito baixos.

Mas para que isso se verifique é mesmo obrigatório carregar regularmente a bateria e aproveitar o facto do sistema nos deixar andar várias dezenas de quilómetros sem gastar uma única gota de combustível.

Vale a pena?

De forma resumida, uma proposta com motorização híbrida plug-in faz todo o sentido para quem faz percursos de cerca de até 50 km por dia, sobretudo em cidade, e que ao fim de semana não quer estar limitado pelas particularidades que os 100% elétricos ainda têm.

Se estivermos dispostos a carregar num plano diário (ou perto disso, depende naturalmente dos quilómetros diários de cada um), os híbridos plug-in podem mesmo ser uma espécie de “melhor dos dois mundos”.

Isto porque podemos andar em modo 100% elétrico em cidade, onde tradicionalmente os motores de combustão interna são mais «gulosos» e poluentes, e recorrer ao motor térmico em autoestrada.