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Euro NCAP avalia sistemas de condução assistida. Podemos confiar neles?

Os sistemas de condução assistida são cada vez mais comuns, mas será que cumprem o que prometem? A Euro NCAP avaliou 10 veículos para o descobrir.

TEsla Model 3 autopilot
© Tesla

Em paralelo aos testes de colisão, a Euro NCAP desenvolveu uma nova série de testes dedicados aos sistemas de condução assistida, com protocolo de avaliação e classificação específicos.

Cada vez mais comuns nos automóveis de hoje (e a abrirem caminho para um futuro em que se prevê que a condução seja autónoma), o objetivo passa por diminuir a confusão gerada sobre as reais capacidades destas tecnologias e garantir uma adoção segura destes sistemas por parte dos consumidores.

Como o nome indica são sistemas de condução assistida e não sistemas de condução autónoma, logo, não são infalíveis e não possuem controlo total sobre a condução do automóvel.

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"Tecnologias de condução assistida oferecem enormes benefícios ao reduzir a fatiga e encorajar uma condução segura. No entanto, os construtores têm de assegurar que a tecnologia de condução assistida não eleva a quantidade de danos ocorridos por condutores ou outros utentes da estrada quando comparado com a condução convencional."

Dr. Michiel van Ratingen, Secretário Geral Euro NCAP

O que é avaliado?

Por isso, a Euro NCAP dividiu o protocolo de avaliação em duas áreas principais: a Competência na Assistência à Condução e a Reserva de Segurança.

Na Competência na Assistência à Condução é avaliado o equilíbrio entre as competências técnicas do sistema (assistência do veículo) e como este informa, colabora e alerta o condutor. A Reserva de Segurança avalia a rede de segurança do veículo em situações críticas.

Euro NCAP, sistemas de condução assistida

No final da avaliação, o veículo receberá uma classificação semelhante às cinco estrelas a que estamos acostumados dos testes de colisão. Serão quatro os níveis de classificação: Entrada, Moderado, Bom e Muito Bom.

Nesta primeira ronda de testes aos sistemas de condução assistida a Euro NCAP avaliou 10 modelos: Audi Q8, BMW Série 3, Ford Kuga, Mercedes-Benz GLE, Nissan Juke, Peugeot 2008, Renault Clio, Tesla Model 3, Volkswagen Passat e Volvo V60.

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Como se comportaram os 10 modelos testados?

O Audi Q8, BMW Série 3 e Mercedes-Benz GLE (o melhor de todos) receberam a classificação de Muito Bom, o que significa que conseguiram um muito bom equilíbrio entre a eficácia dos sistemas e a capacidade em manter o condutor atento e em controlo da tarefa de condução.

Também os sistemas de segurança responderam eficazmente nas situações em que o condutor fique incapacitado de recuperar o controlo do veículo quando este tem os sistemas de condução assistida ativos, evitando uma potencial colisão.

Ford Kuga
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

O Ford Kuga foi o único a receber a classificação de Bom, demonstrando que é possível ter em veículos mais acessíveis sistemas avançados, mas equilibrados e competentes.

Com uma classificação de Moderado encontramos os Nissan Juke, Tesla Model 3, Volkswagen Passat e Volvo V60.

No caso específico do Tesla Model 3, apesar do seu Autopilot — nome criticado por induzir o consumidor em erro sobre as suas reais capacidades — ter tido uma excelente classificação nas competências técnicas do sistema e na ação dos sistemas de segurança, deixou a desejar na capacidade de informar, colaborar ou alertar o condutor.

As maiores críticas vão para a estratégia da direção que faz com que pareça haver apenas dois absolutos: ou o carro está em controlo ou o condutor está em controlo, com o sistema a revelar-se mais autoritário do que cooperativo.

Por exemplo: num dos testes, onde o condutor tem de reassumir o controlo do veículo para se desviar de um hipotético buraco, deslocando-se a 80 km/h, no Model 3 o Autopilot “luta” contra a ação do condutor sobre o volante, com o sistema a desativar-se quando o condutor finalmente consegue o controlo. Em contraste, o mesmo teste no BMW Série 3, o condutor atua sobre a direção facilmente, sem resistência, com o sistema a reativar-se automaticamente após o fim da manobra e regresso à via.

Nota positiva, no entanto, para as atualizações remotas que a Tesla permite, pois permite uma evolução constante da eficácia e ação dos seus sistemas de condução assistida.

Por fim, com uma classificação de Entrada, encontramos o Peugeot 2008 e Renault Clio, que refletem, sobretudo, a menor sofisticação dos seus sistemas relativamente a outros presentes neste teste. Não deixam de providenciar, no entanto, um nível modesto de assistência.

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"Os resultados desta ronda de testes demonstra que a condução assistida está a melhorar rapidamente e está mais prontamente disponível, mas até que a monitorização do condutor seja melhorada significativamente, o condutor tem de permanecer responsável a toda a hora."

Dr. Michiel van Ratingen, Secretário Geral da Euro NCAP