Ensaio Novo Ford Kuga FHEV. Será que este híbrido dá cartas no território da Toyota?

Desde 43 663 euros

Novo Ford Kuga FHEV. Será que este híbrido dá cartas no território da Toyota?

O Ford Kuga FHEV é um híbrido, mas não se liga à tomada. Uma opção a ter conta num mercado onde "reinam" propostas de peso como as da Toyota?

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© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

O novo Ford Kuga, que chegou até nós há cerca de um ano, não podia ser mais diferente do seu antecessor: ganhou um visual mais dinâmico, mais próximo dos desejados crossovers e apostou numa eletrificação vasta, que é “oferecida” em três “sabores” distintos: Mild-hybrid de 48 V, Plug-in Hybrid (PHEV) e Hybrid (FHEV).

E foi precisamente nesta última versão — Hybrid (FHEV) — que testei o novo Kuga, que “carrega” o título de modelo mais eletrificado de sempre da Ford, mais um passo em direção a uma gama de veículos de passageiros exclusivamente elétrica a partir de 2030 na Europa.

Num território dominado pela Toyota — com o RAV4 e com o C-HR — e que recentemente ganhou um novo player de peso, o Hyundai Tucson Hybrid, será que este Ford Kuga FHEV tem o que é preciso para vingar? É uma escolha a ter em conta? É precisamente isso que vos vou contar nas próximas linhas…

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Para-choques ST-Line ajudam a vincar o caráter desportivo do modelo. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Por fora, não fosse o logótipo Hybrid e a ausência da porta de carregamento, e seria difícil distinguir esta versão das restantes. Contudo, a unidade que testei estava equipada com o nível ST-Line X (acima só mesmo o Vignale) que lhe confere uma imagem ligeiramente mais desportiva.

A “culpa” é dos para-choques ST-Line na mesma cor da carroçaria, das jantes de liga leve de 18”, dos vidros escurecidos, do spoiler traseiro e claro, dos vários apontamentos em preto, nomeadamente a grelha frontal e as barras de tejadilho.

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A qualidade geral do habitáculo é em tudo semelhante à do Focus e isso são boas notícias. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

No interior, muitas semelhanças com o Focus, modelo com o qual partilha a plataforma C2. Contudo, esta versão ST-Line X conta com acabamentos em Alcantara com costuras em tom contrastante, detalhe que confere a este Kuga um caráter mais desportivo.

Espaço não falta

A adoção da plataforma C2 permitiu ao Kuga perder aproximadamente 90 kg e aumentar em 10% a rigidez torcional face à geração anterior. E isso mesmo tendo crescido 89 mm em comprimento e 44 mm em largura. A distância entre eixos cresceu 20 mm.

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Como seria de esperar, este crescimento geral das dimensões teve um impacto muito positivo no espaço disponível no habitáculo, sobretudo nos lugares traseiros, onde passou a existir mais 20 mm ao nível dos ombros e 36 mm ao nível da anca.

A somar a isto, e mesmo sendo esta geração 20 mm mais baixa que a anterior, a Ford conseguiu “arranjar” mais 13 mm de espaço para a cabeça nos bancos dianteiros e mais 35 mm nos bancos posteriores.

É FHEV e não PHEV…

Este Ford Kuga combina um motor 2.5 atmosférico de quatro cilindros a gasolina de 152 cv com um motor/gerador elétrico de 125 cv, mas não tem bateria recarregável a partir do exterior, pelo que não é um híbrido plug-in, ou PHEV (Plug-in Hybrid Electric Vehicle). É, isso sim, um FHEV (Full Hybrid Electric Vehicle).

Neste sistema FHEV a bateria é recarregada através da recuperação de energia em travagem e desaceleração, bem como a partir do motor a gasolina, que pode atuar como gerador.

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A transmissão da força dos dois motores às rodas está a cargo de uma caixa de variação contínua (CVT) cujo funcionamento me surpreendeu pela positiva. Mas já lá vamos.

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Debaixo do capô estão “arrumados” os dois motores do sistema híbrido: o elétrico e o atmosférico de 2.5 litros a gasolina. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Apresentado que está o sistema híbrido deste Kuga FHEV (e feitas as devidas distinções para os sistemas PHEV), importa dizer que esta pode muito bem ser a melhor solução para quem procura um híbrido, mas não tem possibilidade de o carregar (numa tomada ou carregador).

É abastecer e andar…

Uma das grandes vantagens deste tipo de solução é o facto de ser apenas necessário “abastecer e andar”. Cabe ao sistema a gestão dos dois motores, de forma a tirar sempre o melhor proveito das valências de cada um.

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Nesta versão os para-choques ST-Line surgem pintados na mesma cor da carroçaria. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Em cidade, naturalmente o motor elétrico será chamado mais vezes a intervir, porque é aí que é mais eficiente. Por outro lado, em autoestrada e sob fortes acelerações, caberá ao motor térmico assumir as despesas na maioria das vezes.

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O arranque é sempre feito em modo elétrico e a utilização é sempre pautada pela suavidade, algo de que nem todos os híbridos se podem “gabar”. Contudo, o controlo que o condutor tem sobre a utilização de um ou outro motor é muito reduzido e resume-se quase só à escolha entre os modos de condução (Normal, Eco, Sport e Neve/Areia).

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© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

A transição entre ambos os motores é percetível, mas é muito bem gerida pelo sistema. Destaque para o botão “L” no centro do comando rotativo da transmissão, que nos permite aumentar/diminuir a intensidade da regeneração, que apesar de tudo nunca chega a ser forte o suficiente para nos permitir conduzir só com o pedal do acelerador.

Quanto aos travões, e tal como acontece com muitos híbridos, apresentam um curso longo que podemos, de certa forma, dividir em dois: a primeira parte parece estar a cargo apenas do sistema de travagem regenerativa (elétrica), enquanto a segunda faz atuar os travões hidráulicos.

Ao contrário da caixa CVT, que se destaca pela assertividade e pelo trabalhar refinado, devido a esta transição elétrico/hidráulico no sistema de travagem, a nossa ação sobre o pedal do travão não é fácil de julgar, o que obriga a alguma habituação.

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Comando rotativo da transmissão é muito simples de utilizar e não requer grande habituação. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

E os consumos?

Mas é no capítulo dos consumos — e por sua vez nos custos de utilização — que esta proposta pode fazer mais sentido. Em cidade, e sem grandes preocupações a esse nível, consegui andar com alguma facilidade abaixo dos 6 l/100 km.

Já em autoestrada, onde pensava que o sistema ia mostrar-se ligeiramente mais “guloso”, consegui andar sempre em torno dos 6,5 l/100 km.

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Contas feitas, quando entreguei o Kuga FHEV nas instalações da Ford, o painel de instrumentos dizia-me que 29% da distância que tinha percorrido tinha sido feita apenas com recurso ao motor elétrico ou em roda livre. Um registo muito interessante para um SUV que pesa 1701 kg.

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Não existem portas USB-C e isso, nos dias de hoje, merece um reparo. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Como se porta em estrada?

É sempre discutível se devemos exigir que um SUV seja uma proposta dinâmica, afinal não foi para isso que foi idealizado (ainda que existam cada vez mais propostas desportivas e… potentes). Mas sendo este um Ford e tendo uma potência combinada de 190 cv, também quis ver o que este Kuga tinha para oferecer quando subimos o andamento.

E a verdade é que “apanhei” uma boa surpresa. É certo que não é tão divertido de conduzir nem tão ágil quanto o Focus (nem podia ser…), mas revela sempre uma boa compostura, um comportamento muito orgânico em curva e (a parte que mais me surpreendeu) “fala” muito bem connosco. Importa lembrar que a versão ST-Line X tem suspensão desportiva de série.

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Denominação “Hybrid” na traseira denuncia que estamos perante uma proposta que junta o “poder” dos eletrões e das octanas. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Quero com isto dizer que a direção nos transmite muito bem tudo o que está a acontecer no eixo dianteiro e isso é algo que nem sempre acontece nos SUV com este porte, que muitas vezes nos “brindam” com uma direção quase anónima.

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Mas apesar das boas indicações, é notório o peso elevado e as transferências de massa, sobretudo nas travagens mais fortes. Isto já para não falar do facto de o ESC entrar em ação de forma assertiva e quase sempre demasiado cedo.

É o carro certo para si?

O Ford Kuga FHEV foi uma bela surpresa, tenho de confessar. É certo que não aposta em nada inovador ou inédito, estamos “fartos” de conhecer e testar sistemas híbridos semelhantes a este em marcas como a Toyota, ou mais recentemente a Hyundai ou Renault — o sistema híbrido da Honda funciona de forma distinta, mas consegue resultados similares.

Mas ainda assim, a abordagem da Ford foi muito bem feita e isso traduziu-se num produto que, a meu ver, tem muito valor.

Ideal para os clientes que querem aderir à eletrificação e não dispõem de local para carregar as baterias em casa ou no trabalho ou que não têm disponibilidade (ou vontade…) para ficar dependentes da rede pública, o Kuga FHEV “vale” acima de tudo pelos consumos baixos.

A isto temos ainda que juntar o espaço generoso que oferece, a vasta oferta de equipamento (sobretudo neste nível ST-Line X) e as sensações ao volante, que são francamente positivas.

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Novo Ford Kuga FHEV. Será que este híbrido dá cartas no território da Toyota?

Ford Kuga ST-Line X 2.5 FHEV

7/10

Nota: 7,5. Com cotas de habitabilidade reforçadas, bom nível de equipamento e um comportamento dinâmico interessante, o novo Ford Kuga tem argumentos suficientes para "fazer barulho" no mercado. E nesta versão FHEV mostra-se em grande forma, uma vez que conta com um sistema híbrido muito eficaz e que se destaca pela suavidade e pelos consumos baixos. E com uma diferença de preço inferior a 1500 euros para a versão PHEV com o mesmo nível de equipamento, é uma proposta a considerar para quem não quer/pode fazer carregamentos regulares, ligando "à tomada".

Prós

  • Suavidade do sistema híbrido
  • "Peso" da direção
  • Consumos

Contras

  • Botões do volante algo duros
  • "Feeling" do pedal do travão
  • Capacidade da bagageira

Versão base:€43.663

IUC: €204

Classificação Euro NCAP: 5/5

€52.741

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha; motor elétrico
  • Capacidade: 2488 cm3 cm³
  • Posição:Motor combustão: Dianteira Transversal; Motor elétrico: Dianteira Transversal; Bateria: Central traseira
  • Carregamento: Injeção direta
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cil. (16 válv.)
  • Potência:
    Motor combustão: 152 cv às 5500 rpm
    Motor elétrico: 125 cv
    Potência máxima: 190 cv
  • Binário: Binário máximo: 370 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática PowerShift

  • Largura: 4614 mm
  • Comprimento: 1883 mm
  • Altura: 1675 mm
  • Distância entre os eixos: 2710 mm
  • Bagageira: 411-581 l (mínimo-máximo com duas filas de bancos:) a 1481 litros (segunda fila rebatida)
  • Jantes / Pneus: 225/60 R18
  • Peso: 1701 kg

  • Média de consumo: 5,8 l/100 km
  • Emissões CO2: 132 g/km
  • Velocidade máxima: 194 km/h
  • Aceleração máxima: >9,6s

    Tem:

    • Faróis Full LED, com luzes diurnas LED
    • Faróis LED traseiros
    • Faróis de nevoeiro dianteiros LED com função direcional
    • Grelha dianteira em preto gloss
    • Barras de tejadilho em preto
    • Jantes de liga leve de 18''
    • Limpa para-brisas automático com sensor de chuva
    • Para-choques na mesma cor da carroçaria
    • Proteções laterais na mesma cor da carroçaria
    • Retrovisores exteriores elétricos, aquecidos e recolhíveis
    • Saída de escape com acabamento ST-Line
    • Sistema auxiliar de estacionamento à frente e atrás
    • Spoiler
    • Ajuste elétrico do banco do condutor em 10 posições
    • Ar condicionado automático
    • Bancos Confort
    • Brancos traseiros deslizantes e rebatíveis 60/40
    • Carregador sem fios
    • Cobertura da bagageira
    • Consola central com apoio de braços e tomada de 12V
    • Kit de reparação de pneus
    • Luz de presença na bagageira
    • Painel de instrumentos de 12,3''
    • Pedais em alumínio
    • Ecrã tátil central de 8''
    • Sistema de som B&O com 10 colunas
    • Sistema de Navegação com SYNC3
    • Suspensão desportiva
    • Tomada de 12V na bagageira
    • Volante forrado a couro com pespontos a vermelho
    • Airbag de joelho do condutor
    • Assistente de Arranque em subidas
    • Controlo automático de velocidade com limitador de velocidade inteligente
    • Sistema de aviso de saída de estrada com manutenção em faixa
    • Sistema de controlo da pressão dos pneus
    • Sistema de manutenção em faixa
    • Travagem pos-impacto (PIB)

Pintura "Rapid Red" — 850 €
Pack Tech (inclui: Alerta ao condutor, Câmera de visão dianteira, Sistema de estacionamento automático, Proteção das portas, Sistema de deteção de ângulo morto, Sistema de reconhecimento se sinais de trânsito, Manutenção de faixa, Assistência pré-colisão, Limitador de velocidade inteligente) — 1201 €
Pack Segurança (inclui: Faróis dinâmicos LED e Head Up Display) — 750 €
Pack Winter (inclui: Pára-brisas "Quickclear", bancos frente e volante aquecidos) — 550 €
Pack Exterior ST-Line (inclui: Spoiler traseiro desportivo e pinças de travão vermelhas) — 550 €
Teto panorâmico — 1201 €
Alarme de perímetro — 375 €
Roda suplente mini — 135 €.

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Em que ano foi lançado o Ford Escort Cosworth?
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Pode encontrar a resposta aqui:

A radical asa traseira (de origem) que o Ford Escort RS Cosworth não teve