Desde 35 021 euros
O melhor do segmento? Novo Audi A3 Sportback S Line 30 TDI testado
Nada melhor que uma longa viagem para descobrir se a fórmula que sempre caracterizou o Audi A3 Sportback se mantém válida nesta nova e evoluída geração.

Nem sempre acontece, mas quando acontece, é bom que tenhamos o carro certo para a ocasião. Foi o que aconteceu durante o tempo em que tive o novo Audi A3 Sportback, aqui no “sabor” S Line 30 TDI, que coincidiu com a necessidade de efetuar 600 km no mesmo dia.
Não deve haver melhor teste para averiguar os vícios e virtudes de um automóvel do que uma longa viagem. E para mais, com lotação (quase) esgotada…
Muitas horas ao volante e centenas de quilómetros depois — distribuídos por autoestrada, vias rápidas e, sobretudo, muitas estradas nacionais (EN) —, será que o A3 se elevou à ocasião?
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Ao início tive algumas dúvidas
Afinal não só o carro ia carregado (de pessoas e alguma bagagem) e o 30 TDI que ostenta na traseira traduz-se em “só” 116 cv extraídos do 2.0 TDI; como ao ser um S Line, a distância ao solo é 15 mm inferior e os bancos eram do tipo desportivo — à partida não parecem ser os melhores ingredientes para lidar com períodos de condução longos ou com estradas que já viram melhores dias.
Não foi preciso muito para perceber que os receios eram infundados. O Audi A3 Sportback S Line 30 TDI revelou-se um estradista nato, muito bem adaptado a este tipo de utilização.

2.0 TDI continua a convencer
Comecemos pelo motor. É a segunda vez que lido com o novo 2.0 TDI, que nesta versão de 116 cv toma o lugar do anterior1.6 TDI. A primeira foi com o “primo”, e também novo, Volkswagen Golf que testei não faz muito tempo.
No Golf o motor convenceu plenamente. Como referi nessa altura, os centímetros cúbicos a mais do 2000 em relação ao 1600 garantem-lhe uma disponibilidade superior a qualquer regime. Não tive oportunidade de andar carregado no Golf, mas no A3, com quatro a bordo, os receios do 2.0 TDI ser “curto” não se concretizaram — sempre são “gordos” 300 Nm de binário logo às 1600 rpm —, e mais uma vez, convenceu-me dos seus méritos.

Com apenas 116 cv não vamos ganhar nenhuma corrida, é certo, mas mesmo neste contexto — carro cheio e viagem longa —, o 2.0 TDI revelou-se mais que suficiente e adequado para a tarefa.
O melhor de tudo? Os consumos. Mesmo não tendo grandes cuidados no tipo de condução adotado durante esta viagem — houve vários momentos com o pedal da direita a ser “esmagado” —, estes ficaram-se entre os 4,3 l/100 km e os 4,8 l/100 km.
De resto, os consumos são em tudo idênticos aos que obtive no Golf: menos de quatro litros a velocidades moderadas e estabilizadas, a roçar os cinco litros em autoestrada, só subindo para lá dos seis em condução urbana ou agressiva.
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Quando vi o pequeno emblema S Line na lateral do Audi A3, assumi que nas estradas mais degradadas o amortecimento mais firme e a distância ao solo reduzida resultassem em desconforto. Felizmente, não foi nada assim…

Aliás, o compromisso entre conforto e comportamento foi um dos aspetos que mais surpreendeu pela positiva. Sim, por vezes sentimos o amortecimento ser algo seco nalgumas irregularidades, mas o S Line não deixa de ser confortável — ninguém a bordo se queixou da falta de conforto…
Como referi antes, este S Line tinha bancos desportivos, um item incluído no opcional Pacote Interior S Line. E se há um opcional que não prescindiria entre os praticamente 13 mil euros de opcionais — sim, leram bem… quase 13 mil euros em opcionais (!) — seria este pacote, simplesmente porque inclui estes muito bons bancos.

Não só têm bom aspeto que faz jus ao epíteto de “desportivos”, como seguram eficazmente o corpo e são revestidos com material muito agradável ao toque. E ainda conseguem a proeza de serem confortáveis, à prova de longas viagens.
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As qualidades estradistas do Audi A3 Sportback S Line 30 TDI não se resumem ao competente motor e ao bom conforto constatado. Fazendo jus à reputação da marca, temos um isolamento e refinamento bastante bons a bordo. Mesmo em autoestrada a velocidades elevadas não é preciso elevar o tom de voz; os ruídos mecânicos, aerodinâmicos e de rolamento são sempre contidos — um dos melhores do segmento.
Para tal, também contribui o interior de montagem sólida com que nos deparamos — um dos melhores do segmento. Um patamar acima do que podemos encontrar no arquirrival Classe A e em linha com o do Série 1, o outro membro do “trio alemão do costume”.

Pessoalmente não sou o maior fã do interior que agracia a quarta geração do Audi A3 — o anterior tinha mais… classe —, mas não deixa de ser curioso que, ao contrário do Golf, com o qual o A3 partilha tanto, a Audi tenha optado por não “mergulhar” tanto na sua digitalização e supressão de botões, distanciando-se do aspeto mais depurado do Golf ou futurista do Classe A.
As funções mais comuns recorrem a botões ou interruptores e a verdade é que… funciona melhor. Não é preciso desviar tanto ou durante tanto tempo os olhos da estrada, e com o hábito, deixa de ser preciso olhar de todo para aceder a algumas funcionalidades. Ainda há espaço para melhorar a interação em alguns aspetos — vejam na galeria abaixo:

O rei da autoestrada
Por fim, se há característica que se destaca no arsenal de qualidades estradistas do Audi A3 é a sua estabilidade, aparentemente imperturbável. É um traço dinâmico que partilha com o Golf e continua a surpreender no A3 — surpreende porque é algo que só costumamos encontrar um ou dois segmentos acima…

E quanto mais depressa, mais estável e sereno o A3 parece ficar, por muito pouco lógico que soe. Para aqueles que passam a vida na autoestrada, não encontrei ainda nada melhor no segmento para a percorrer — super-estável e muito bem insonorizado, é o parceiro ideal.
Tanta estabilidade reflete-se também nas curvas, em condução mais apressada. O comportamento do Audi A3 Sportback caracteriza-se por ser muito eficaz, previsível e seguro, com elevados níveis de aderência, mesmo quando as ajudas estão desligadas (controlo de estabilidade e tração) e até quando provocado. Não é, de todo, o carro mais divertido de conduzir ou explorar, mas a sua elevada competência não chega a ser… aborrecida.

Apesar de partilhar tanto com o Golf que testei — incluindo a mesma combinação de motor e caixa (manual) —, todos os comandos têm um tato um pouco mais leve e mais agradável de usar, sempre muito precisos, o que contribui para uma experiência de condução mais… suave.
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Após os cerca de 600 km percorridos pelas mais variadas estradas e mais variados ritmos, chegar ao final desse longo dia, sem grandes sinais de cansaço e sem queixumes do corpo, diz muito sobre a qualidade do Audi A3 Sportback como parceiro para longas viagens.
Mesmo não sendo o modelo que oferece mais espaço no segmento — as cotas são idênticas às do antecessor, um dos aspetos em que não evoluiu —, é-o em quantidade suficiente para garantir muitos quilómetros confortáveis aos ocupantes traseiros — desde que sejam dois e não três (o passageiro central sai prejudicado em espaço e conforto).

Tal como referi no teste ao Golf, a escolha pelo 2.0 TDI só faz efetivamente sentido se for para percorrer muitos quilómetros — a diferença de praticamente 4000 euros para o 30 TFSI, a gasolina com 110 cv, dá para muita gasolina.
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Sendo o Audi A3 Sportback considerado premium, seria de esperar um preço elevado. No caso deste S Line, o preço arranca nos 35 mil euros, longe de ser acessível, mas na “melhor tradição” premium, contamos ainda com extras… praticamente 13 mil euros em extras, que atira o preço deste Audi A3 para lá do razoável, ficando muito perto dos 48 mil euros!

Será que precisamos de todos os muitos opcionais que traz? Dificilmente… E mesmo assim, detetei lacunas no equipamento trazido: os retrovisores são elétricos, mas não rebatem; e apesar de haver saídas de ventilação atrás, não há uma entrada USB que acabou por fazer falta durante a viagem.


Preço
unidade ensaiada
Versão base: €35.021
IUC: €225
Classificação Euro NCAP: N/D
- Motor
- Arquitectura: 4 cilindros em linha
- Capacidade: 1968 cm3
- Posição: Dianteira Transversal
- Carregamento: Injeção Direta Common Rail; Turbo de Geometria Variável; Intercooler
- Distribuição: 2 a.c.c./4 válv. por cilindro
- Potência: 116 cv entre 2750-4250 rpm
- Binário: 300 Nm entre 1600-2500 rpm
- Transmissão
- Tracção: Dianteira
- Caixa de velocidades: Manual de 6 velocidades
- Capacidade e dimensões
- Comprimento / Largura / Altura: 4343 mm / 1816 mm / 1449 mm
- Distância entre os eixos: 2636 mm
- Bagageira: 380-1200 l
- Jantes / Pneus: 225/45 R17
- Peso: 1420 kg
- Consumo e Performances
- Consumo médio: 4,4 l/100 km
- Emissões de CO2: 114 g/km
- Vel. máxima: 206 km/h
- Aceleração: 10,1s
- Garantias
- Mecânica: 2 anos, máx. 80 000 km
Avaliação
- Qualidades estradistas
- Equilíbrio conforto/comportamento
- Estabilidade
- Refinamento geral
- Consumos
- Bancos dianteiros (ainda que sejam também um opcional)
- Preço e… 13 mil euros em opcionais
- Algumas lacunas de equipamento
- Cotas internas idênticas às do antecessor
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