Ensaio Testámos o Citroën C4. O regresso dos Citroën de outros tempos?

Desde 26 657 euros

Testámos o Citroën C4. O regresso dos Citroën de outros tempos?

Com um visual distinto e focado no conforto, o Citroën C4 parece querer repetir a bem sucedida fórmula dos Citroën do passado. Mas será que o consegue?

Citroën C4
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Não é preciso grande capacidade de observação para concluir que no segmento C, aquele onde o novo Citroën C4 se insere, a “fórmula seguida” costuma ser ditada por um modelo: o Volkswagen Golf.

Após anos e anos de liderança, o modelo alemão estabeleceu-se como a referência e são muitos os modelos que tentam replicar a fórmula usada pela Volkswagen. Muitos, mas não todos.

De França chega o novo Citroën C4 que pretende lutar no segmento com uma “receita” tipicamente francesa: a aposta no conforto e uma aparência distinta.

A NÃO PERDER: Testámos o Honda Jazz HEV. A “receita” certa para o segmento?
Citroën C4
Se há algo de que o novo C4 não pode ser acusado é de passar despercebido. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Mas terá argumentos para o fazer? Será que conseguiu replicar a fórmula bem sucedida que serviu de base a muitos dos seus antepassados? Para descobrir pusemos à prova o C4 com o seu mais potente motor a gasolina, o 1.2 Puretech de 130 cv e caixa automática de oito relações.

Visualmente não desilude

Desde criança que, para mim, um Citroën é sinónimo de um desenho diferente dos restantes modelos do parque automóvel. O “culpado”? Um Citroën BX de um vizinho que todas as manhãs me maravilhava com a suspensão hidropneumática e as rodas traseiras semi-tapadas.

Foi com algum agrado que vi no C4 novamente essa aposta da Citroën num visual “fora da caixa”. É do gosto de todos? É claro que não. Mas modelos como os Ami 6, GS ou BX também não eram e nem por isso deixaram de ser bem sucedidos.

Citroën C4
Apesar de prejudicar um pouco a visibilidade, o spoiler confere um visual diferente à traseira e, acredito, garante a estabilidade aerodinâmica necessária. Pena é que o vidro traseiro não tenha direito a uma escova limpa-vidros. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel
A NÃO PERDER: Testámos o Audi A3 Sportback 30 TFSI S line. Os 110 cv são suficientes?

Uma mistura entre um crossover “coupé” e um hatchback, o novo C4 não passa despercebido — seja pela distinta assinatura luminosa dianteira ou pelo spoiler que divide o vidro traseiro (ao qual falta uma escova) — e não podia ter-se afastado mais do visual genérico e anónimo do antigo C4 (não o C4 Cactus).

Curiosamente, no interior o visual é mais discreto, se bem que bastante funcional. Os materiais são maioritariamente duros, mas com um visual agradável graças ao facto de serem texturados e a montagem não merece críticas.

Além disso temos comandos físicos para a climatização (a ergonomia agradece) um sistema de infoentretenimento simples e completo de usar, e um painel de instrumentos digital que, apesar da reduzida dimensão do ecrã, é bem secundado pelo (opcional mas quase obrigatório) head-up display.

VEJA TAMBÉM: Testámos o Skoda Kamiq mais potente a gasolina. Vale a pena?

Conforto acima de tudo

Se no campo do arrojo estético o novo C4 não falha perante os seus antepassados, no conforto o modelo gaulês também não desilude.

É agradável verificar que numa era em que são muitas as marcas que parecem apostar numa dinâmica mais apta para veículos desportivos, a Citroën decidiu seguir o caminho oposto e dar, novamente, primazia ao conforto.

Desta forma, as capacidades dinâmicas do C4 até são bastante razoáveis, tendo uma direção direta e precisa q.b., com a carroçaria a denotar um certo bambolear quando levamos o C4 perto do limite das suas capacidades dinâmicas. Posto isto, não esperem que o novo C4 seja o “rei do Nürburgring” pois não é esse o seu objetivo.

O C4 acaba por ser um bom companheiro de viagem e o “rei” das ruas esburacadas, passando sobre algumas irregularidades maiores sem que vocês se apercebam de que acabaram de pisar uma mini cratera lunar.

Citroën C4
O painel de instrumentos digital é simples de ler mas podia ter um ecrã maior. Já o “head-up display” é uma real mais valia. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel
A NÃO PERDER: Testámos o Hyundai i30 SW 1.0 TGDi N Line. Mudou, mas está melhor?

E tendo em conta que muitas das nossas estradas mais se parecem com caminhos rurais do que com um circuito, talvez essa aposta no conforto nem seja má ideia. Já nas bem asfaltadas autoestradas temos um bom nível de estabilidade, bancos confortáveis e uma insonorização que, apesar de estar uns furos abaixo de alguns concorrentes germânicos, não desilude.

Já o motor 1.2 PureTech é bem apoiado pela suave caixa automática de oito velocidades e revela a sua melhor faceta no modo “Normal” de condução. Neste modo consegue bons consumos (médias de 5,5 l/100 km foi o que consegui) sem prejudicar as prestações, permitindo impor ritmos interessantes.

No modo “Eco”, os 130 cv parecem ficar letárgicos, com o pedal do acelerador a perder bastante sensibilidade, sendo aconselhável apenas usar este modo em longas tiradas em autoestrada a velocidade de cruzeiro; já o modo “Sport” apesar de parecer tornar o motor mais solícito, acaba por ir um pouco contra o carácter mais relaxado e confortável do novo C4.

VEJA TAMBÉM: Adeus, Diesel? Testámos a Renault Mégane ST E-TECH (híbrida plug-in)

É o carro certo para si?

Se procura um pequeno familiar, mas que se destaca em vários aspetos da concorrência (desde o visual até ao próprio carácter), então o Citroën C4 pode muito bem ser a mais interessante alternativa do segmento.

Citroën C4
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Não tem a sobriedade do Volkswagen Golf, o comportamento dinâmico dos Ford Focus ou Honda Civic nem a oferta de espaço do Skoda Scala, mas é, provavelmente, o mais confortável do segmento e acaba por ser agradável ver uma proposta do segmento C tentar responder aos desejos de outro tipo de consumidor.

Testámos o Citroën C4. O regresso dos Citroën de outros tempos?

Citroën C4 1.2 PureTech 130 S&S EAT8 Shine

7/10

Com o novo C4 a Citroën voltou a ser "orgulhosamente diferente" e apresenta uma proposta que visa "agarrar" os clientes que não pretendem mais um modelo "germanizado". Com um visual polarizador, mas um conforto referencial, o C4 acaba por se destacar como um excelente companheiro de viagem.

Prós

  • Conforto
  • Relação consumos/prestações
  • Equipamento

Contras

  • Visibilidade traseira

Versão base:€26.757

IUC: €103

Classificação Euro NCAP: 0/5

€27.508

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:3 cilindros em linha
  • Capacidade: 1199 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção direta + Turbo + Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas por cilindro (12 válv.)
  • Potência: 131 cv às 5000 rpm
  • Binário: 230 Nm às 1750 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática de 8 vel.

  • Largura: 4360 mm
  • Comprimento: 1800 mm
  • Altura: 1525 mm
  • Distância entre os eixos: 2670 mm
  • Bagageira: 380 litros
  • Jantes / Pneus: 195/60 R18
  • Peso: 1353 kg

  • Média de consumo: 5,8 l/100 km
  • Emissões CO2: 130 g/km
  • Velocidade máxima: 210 km/h
  • Aceleração máxima: >9,4s

    Tem:

    • Jantes em liga leve 18’’
    • Banco do condutor com regulação do apoio lombar
    • Travão de estacionamento elétrico
    • Climatização automática bi-zona
    • Acesso e arranque mãos livres Proximity
    • Citroën Connect NAV
    • Vision 360°
    • Pack LED Vision com High Beam Assist
    • Smart Pad Support Citroën (suporte para tablet)
    • Retrovisores exteriores rebatíveis, com regulação e desembaciamento elétricos
    • Banco do condutor com apoio de braço
    • Faróis de nevoeiro
    • Piso da bagageira com duas posições em altura
    • Cluster da instrumentação digital TFT a cores de 5,5''
    • Vidros laterais traseiros e óculo traseiro sobreescurecidos
    • Volante revestido a cabedal "Pleine Fleure" com inserções cromadas
    • Tomada USB tipo A disponível para os lugares traseiros
    • Apoio de braço central no banco traseiro
    • Retrovisor interior electrocromático

Castanho Caramel — 550 €
Pack Drive Assist com Highway Driver Assist (inclui: Active Safety Brake 2.0 (deteta peões e ciclistas à noite) + Lane Keeping Assist + Driver Attention Alert + Collision Risk Alert + Coffee Break Alert + Post Collision Safety Brake + Leitor de sinais de trânsito + Detetor de ângulo morto + Comutação automática das luzes da estrada - médios / máximos + Cruise control adaptativo com função Stop & Go) — 200 €.

Sabe esta resposta?
Em que ano foi lançado o Citroën Xantia?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Citroën Xantia Activa V6 ou a arte de curvar sobre carris