Ensaio Melhor que o Mercedes-Benz EQS? Conduzimos o novo BMW i7

Desde 146 850 euros

Melhor que o Mercedes-Benz EQS? Conduzimos o novo BMW i7

O BMW i7, o primeiro Série 7 elétrico, já chegou a Portugal. Mas será que está à altura do principal rival, o Mercedes-Benz EQS?

BMW i7 xDrive60

9/10
O eterno Série 7 agora também é i7, mas a essência é a mesma

Prós

  • Comportamento dinâmico
  • Sistema multimédia
  • Lugares traseiros
  • Conforto

Contras

  • Estética pouco unânime
  • Velocidade de carga em DC

O mundo das berlinas de luxo é dominado pela Mercedes-Benz. Só em 2022 a marca de Estugarda vendeu cerca de 11 mil unidades do eterno Classe S e aproximadamente 7500 exemplares do equivalente elétrico, o EQS. Mas a BMW quer mudar isso com o i7.

Assim como o EQS está para o Classe S, na Mercedes-Benz, o i7 está para o Série 7, na BMW. Por outras palavras, é o porta estandarte da marca de Munique, é 100% elétrico e é um dos carros mais tecnológicos que o dinheiro pode comprar.

Mas já lá vamos, primeiro importa falar da imagem, porque o BMW i7 não passa despercebido em lado nenhum.

i7 traseira
© Pedro Alves / Razão Automóvel

Há marcas que optam por um caminho mais seguro, criando carros com características que possam agradar ao maior número de pessoas possível.

Depois há quem arrisque e queria impactar, como tem sido o caso da BMW (veja-se os exemplos do XM e do novo M2), que não tem medo de criar propostas polarizadoras, capazes de despoletar amores e ódios.

BMW i7 perfil
© Pedro Alves / Razão Automóvel

Foi sob essa fórmula que nasceu o i7, que surpreende pela presença, pela imagem futurista e pelo tamanho: 5,39 m de comprimento, 1,95 m de largura, 1,54 m de altura e 3,21 m de distância entre eixos.

São números impressionantes e que parecem ainda mais acentuados pelas formas e pelo próprio desenho do i7, que começa logo por se destacar na dianteira, por apresentar uma grelha (duplo rim) de proporções épicas e com uma moldura iluminada.

i7 grelha
© Pedro Alves / Razão Automóvel Perdoem-me a impertinência e permitam-me que diga o seguinte: o BMW i7 grita “olhem para mim!”. E está tudo bem com isso.

De perfil, curiosamente, os elementos futuristas até passam mais despercebidos, com este i7 a adotar uma silhueta mais tradicional e elegante.

Contudo, se procurarmos bem, percebemos que a abertura de portas, por exemplo, é tudo menos convencional: os manípulos estão totalmente integrados e contam inclusive com um botão que permite abrir/fechar a porta de forma automática.

A NÃO PERDER: As grelhas gigantes são para manter? A BMW já decidiu

Por fim, a traseira, que é bem mais minimalista do que a dianteira, ainda que também inspire uma forte sensação de caráter. E já que falamos em caráter, o que me dizem de passarmos ao interior? É que aí há poucos modelos (ainda estou a tentar descobrir quais…) capazes de rivalizar com este BMW i7…

O carro mais high tech do mundo?

A pergunta é difícil mas a resposta é fácil: provavelmente sim. Do ponto de vista tecnológico o BMW i7 está num patamar à parte.

E tudo começa nos bancos traseiros, sobretudo o da direita (atrás do banco do passageiro dianteiro), que com o pack opcional “Executive Lounge” transforma-se num autêntico cadeirão que nos permite viajar com as pernas esticadas e no maior dos confortos.

Se isto não fosse suficiente, existem ainda cortinas nos vidros laterais traseiros de maneira a controlar a luz que entra no habitáculo, não vá isso afetar o descanso de quem viaja atrás.

Se por outro lado não vos apetecer dormir, então saibam que este i7 conta com um sistema de som (um opcional de quase 5000 euros) de 35 altifalantes da Bowers & Wilkins que é um autêntico deleite para quem gosta de música.

Mas há mais. É que com este i7 a BMW estreou outro opcional, o BMW Theatre Screen, que tal como o nome sugere dá a este elétrico um ecrã de cinema. Infelizmente a unidade que testei não estava equipada com este opcional, que acrescenta um ecrã de 31,3” e resolução 8K aos bancos traseiros, mas nem por isso o i7 deixou de impressionar.

bmw i7 ecrã porta
© Pedro Alves / Razão Automóvel Nas portas traseiras encontramos um pequeno ecrã de 5,5” que nos permite controlar todas as funcionalidades multimédia, descer/abrir as cortinas e alterar a posição do banco traseiro

E se os bancos traseiros são dignos de um assento em executiva das melhores companhias aéreas do mundo, os bancos dianteiros não ficam longe.

É certo que não têm encostos de cabeça almofadados para tornar os nossos sonhos mais confortáveis, mas têm tudo o resto. Podem ser aquecidos/arrefecidos e têm um dos programas de massagens mais completos que já vi. Além de serem muito (mesmo muito!) confortáveis.

Outro detalhe que não passa despercebido é a barra iluminada que recorre toda a horizontal do tabliê, que tanto serve de decoração como é funcional, iluminando-se em associação a certas funções. Por exemplo, se as câmeras detetam um veículo no ângulo morto quando nos preparamos ao abrir a porta a barra ilumina-se de vermelho.

Quanto ao tabliê em si, é em tudo semelhante ao que temos visto nas propostas mais recentes da BMW, ainda que os acabamentos e os materiais escolhidos estejam num patamar superior.

Destaque para o painel curvo (BMW Curved Display) que surge à frente do condutor e que combina dois ecrãs distintos: um de 12,3” para a instrumentação e outro de 14,9” para o sistema multimédia. Este corre o BMW Operating System 8.5, uma evolução do sistema operativo que a marca de Munique estreou no iX.

BMW i7 ecrã central
© Pedro Alves / Razão Automóvel

É neste ecrã central que estão concentradas a maioria das funcionalidades deste modelo, ainda que existam botões físicos na consola central (entre eles o comando rotativo i-Drive) e botões táteis na barra iluminada do tabliê.

Como é conduzir um carro com mais de 2700 kg?

Antes de me sentar ao volante do BMW i7 imaginava que me ia sentir uma espécie de capitão de um iate de 60 m, com heliporto, mas não podia estar mais enganado. Conduzir este elétrico é fácil, tranquilo e relaxante.

Ao volante sentimos claramente que este carro podia ter perfeitamente menos um metro de comprimento, tal a facilidade com que tudo se processa. Não há barulhos, não há vibrações e a qualidade perceptível a bordo é tão boa que chega a ser… absurda.

bmw i7 interior
© Pedro Alves / Razão Automóvel

Os bancos são autênticas poltronas, como já referi acima, e essa sensação de conforto e suavidade também se sente na direção, que é bem mais leve do que eu podia imaginar, apesar de não ser anónima.

A suspensão segue-lhe o caminho: é extremamente confortável, ao mesmo tempo que nos deixa ler a estrada. Correndo o risco de não fazer jus ao que esta suspensão oferece, posso dizer que o BMW i7 tem um dos melhores confortos de rolamento que já senti num automóvel.

Sobre isso importa dizer que a unidade que testei contava com o pacote opcional “Executive Drive Pro”, que combina a suspensão pneumática autonivelante (mantém os dois eixos à mesma altura; a suspensão de série também é pneumática mas não tem esta funcionalidade de nivelamento) com barras estabilizadoras ativas.

Não vos vou chatear com a mecânica e a tecnologia que está por detrás deste conceito de suspensão, mas posso dizer-vos o que acontece na prática, quando estamos na estrada. Em linha reta a estabilidade e o conforto aumentam de forma significativa e nas curvas a agilidade sai muito beneficiada.

i7 volante
© Pedro Alves / Razão Automóvel Apesar dos mais de 2700 kg e dos 5,39 m de comprimento, o comportamento dinâmico do BMW i7 é sensacional.

A massa está muito bem «escondida», porque a direção responde sempre bem e de forma rápida, e as transferências de massas estão bem controladas quer nas curvas quer nas acelerações/travagens. A carroçaria nunca adorna e nunca sentimos o eixo dianteiro a «afundar».

Já escrevi isto antes, sobre o BMW X7 M50d, e volto a escrevê-lo para este i7: “dei por mim muitas vezes a dizer e a pensar: não era suposto um carro com este tamanho curvar desta maneira e a esta velocidade”.

E acho mesmo que este é o melhor elogio que posso fazer não só a este elétrico, mas a toda a equipa que «tratou» do seu desenvolvimento.

Descubra o seu próximo automóvel:

Mais de 500 cv de potência

A versão que conduzi foi a xDrive60, que surge posicionada entre a eDrive50 (entrada de gama) e a mais desportiva M70 xDrive, e sinceramente acho que é a mais interessante.

Isto porque combina dois motores elétricos (um por eixo, logo tração integral), com 258 cv (eixo dianteiro) e 313 cv (eixo traseiro), para uma potência total combinada de 400 kW (544 cv) e um binário máximo de 745 Nm.

BMW i7 traseira
© Pedro Alves / Razão Automóvel

Estes números são suficientes para que o i7 seja capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 4,7s e chegar aos 240 km/h de velocidade máxima.

Nada mal para um «monstro» com quase três toneladas, certo? Até porque em estrada, no chamado «mundo real», estes números parece até mais rápidos, com os motores do i7 a surpreenderem sempre que são chamados.

Mas a peça mais importante deste esquema elétrico acaba por ser a bateria com 101,7 kWh de capacidade útil (105,7 kWh brutos), que permite que este BWM i7 xDrive60 anuncie uma autonomia máxima de até 623 km e um consumo médio de 18,4 kWh/100 km.

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Porém, nos dias que passei com o navio almirante da BMW não consegui descer dos 22,5 kWh/100 km, o que em teoria permitira retirar apenas cerca de 450 km por carga.

Mas claro, este valor depende sempre da utilização de cada um, já que em cidade, por exemplo, é possível recuperar bastante energia nas travagens e nas desacelerações. E aqui, importa dizer que o i7 mantém sempre um nível de travagem regenerativa: ou seja, sempre que levantamos o pé do acelerador, mesmo a descer, vamos perder sempre velocidade.

i7 perfil
© Pedro Alves / Razão Automóvel

A esse nível senti necessidade de desligar por completo a regeneração nas desacelerações (como acontece com o EQS, por exemplo…), algo que a meu ver faz todo o sentido em autoestrada, por exemplo, quando queremos «andar à vela».

Por outro lado, contamos com um modo “B” da caixa, que praticamente nos deixa conduzir com recurso apenas ao pedal do acelerador.

Quanto custa?

O BMW i7 está disponível em Portugal com preços que arrancam nos 122 000 euros da versão eDrive50 (455 cv), ainda que a versão que testámos, a xDrive60, apenas comece nos 146 850 euros.

Estes números colocam a proposta da BMW abaixo do seu principal e único rival, o Mercedes-Benz EQS, que está disponível por 126 699 euros na versão EQS 450+ (360 cv) e por 163 699 euros na variante 580 4MATIC (544 cv).

Além da marca da estrela, a restante concorrência do BMW i7 vem de dentro da própria casa, que é como quem diz, do BMW Série 7, que na versão 750e xDrive tem uma potência de pico de 489 cv e custa quase 16 000 euros a menos (desde 131 000 euros).

Mas agora que olhámos para os preços, vamos a uma comparação direta e, mais importante ainda, à pergunta que ditou o tema desta ensaio: o BMW i7 é melhor que o Mercedes-Benz EQS?

Não há (nem pode haver) uma resposta simples a esta questão. Se na era a combustão era difícil escolher entre Classe S e Série 7, agora não é diferente.

Contudo, é fácil perceber que estes dois modelos se destacam em campos próprios, que podem agradar mais ou menos a umas pessoas, dependendo daquilo que procuram.

Se por um lado aquilo que procuram numa berlina de luxo elétrica é conforto, então diria que a escolha deve recair sobre o EQS, cuja suspensão consegue filtrar ainda melhor as irregularidades do asfalto, dando a ideia de que estamos quase a flutuar sobre o asfalto, uma característica sempre muito apreciada nos modelos de luxo.

Já se procuram uma proposta mais divertida de conduzir e se a vossa maior preocupação é o comportamento dinâmico, então aqui a vitória é clara e é do i7, que ainda nos brinda com uma oferta tecnológica que, a meu ver, o elétrico da Mercedes-Benz não consegue igualar.

Veredito

BMW i7 xDrive60

9/10

É fácil olhar para o novo BMW i7 e vê-lo como um dos melhores elétricos da atualidade. Aliás, elétricos não, como um dos melhores automóveis da atualidade. É certo que a estética não agrada a todos, mas o i7 não só carrega as décadas de história do Série 7 como lhe junta muitos outros argumentos, a começar logo na tecnologia. Não há outra forma de o dizer: o BMW i7 é impressionante a todos os níveis.

Prós

  • Comportamento dinâmico
  • Sistema multimédia
  • Lugares traseiros
  • Conforto

Contras

  • Estética pouco unânime
  • Velocidade de carga em DC

Especificações Técnicas

Versão base:146.869€

Classificação Euro NCAP: 0/5

197.386€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Dois motores elétricos
  • Posição:Motor 1: Dianteira transversal; Motor 2: Traseira transversal
  • Carregamento: Bateria de iões de lítio. Capacidade máxima: 105,7 kWh; Capacidade útil: 101,7 kWh
  • Potência:
    Motor 1: 190 kW (258 cv)
    Motor 2: 230 kW (313 cv)
    Potência máxima: 400 kW (544 cv)
  • Binário:
    Motor 1: 365 Nm
    Motor 2: 380 Nm
    Binário máximo: 745 Nm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Automática de uma relação

  • Largura: 5391 mm
  • Comprimento: 1950 mm
  • Altura: 1544 mm
  • Distância entre os eixos: 3215 mm
  • Bagageira: 500 litros
  • Jantes / Pneus: FR:255/40 R21 e TR:285/35 R21
  • Peso: 2715 kg

  • Média de consumo: 18,4 kWh/100 km
  • Velocidade máxima: 240 km/h
  • Aceleração máxima: >4,7s

    Tem:

    • Monitorização da pressão dos pneus
    • Direção ativa integral
    • Cortinas dos vidros laterais traseiros
    • Bancos dianteiros e traseiros aquecidos
    • Proteção acústica para peões
    • BMW IconicSounds Electric
    • Luzes adaptativas LED, incluindo o assistente das luzes de máximos e os faróis traseiros LED
    • Assistente de estacionamento, incluindo sensores de estacionamento ativos e câmara traseira
    • Carregamento sem fios
    • BMW Live Cockpit Professional
    • Função fecho suave das portas
    • Grelha frontal BMW iluminada “Iconic Glow”
    • BMW Live Cockpit Plus com visor curvo BMW
    • Funcionamento automático da porta da bagageira
    • Sistema operativo 8 BMW com navegação
    • Comando Touch BMW, painéis de controlo nas portas traseiras
    • Sistema de som surround Bowers & Wilkins
    • Ajuste elétrico dos bancos, com função de memória para o banco do condutor e apoio lombar
    • Ar condicionado automático com controlo de 4 zonas
    • Bancos Comfort com material Veganza isento de pele sintética
    • Suspensão pneumática adaptativa nos 2 eixos
    • Bomba de calor para maior eficiência e definição da pré-temperatura da bateria
    • Cruise Control com função de travagem

Pintura metalizada Cinza Oxide — 967 €
BMW Individual Pele Merino, Lã e Caxemira — 674 €
Jantes aerodinâmicas 21” — 3154 €
Kit de reparação de pneus — 40 €
Executive Drive Pro — 3008 €
Portas automáticas — 1268 €
Luzes em cristal Iconic Glow — 1772 €
Teto solar panorâmico Sky Lounge — 804 €
Controlos com detalhes em vidro CraftedClarity — 715 €
Sistema Travel & Comfort — 341 €
Sistema de som Surround Bowers & Wilkins Diamond — 4878 €
BMW Individual Interior conteúdos exclusivos — 11016 €
Bancos Executive Lounge — 1853 €
Pack Innovation — 1845 €
Pack Executive (Ventilação ativa dos bancos traseiros, Bancos multifuncionais traseiros, Consola traseira Executive Lounge, Pack aquecimento Comfort e Função de massagem nos bancos traseiros) — 3869 €
Pack Connoisseur (Ventilação ativa dos bancos dianteiros e Função de massagem nos bancos dianteiros) — 1731 €
Pack Climate Acoustic (Vidros laminados de conforto climático e Vidros com proteção solar) — 2097 €.

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As carrinhas desportivas mais radicais de sempre: BMW M5 Touring (E61)