Crónicas Conheci um dos meus «heróis» de quatro rodas. Arrependi-me?

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Conheci um dos meus «heróis» de quatro rodas. Arrependi-me?

Automóveis como o BMW M635 CSi foram responsáveis pela minha paixão pelas máquinas de quatro rodas. Será que os devemos conhecer?

BMW M635 CSi
© BMW

Todos aqueles que gostam de automóveis, como nós, têm certamente alguns ícones de infância. Aqueles modelos que tínhamos em posters que decoravam o nosso quarto, ou que nos faziam parar uns segundos (ou mais) ao folhear uma revista.

No meu caso, o BMW Série 6 Coupé dos anos 80 era um deles. E, claro, a minha versão preferida era a assinada pelo departamento de competição da marca. Ou seja, o BMW M635 CSi, com o seu motor de seis cilindros em linha e 286 cv — o mesmo motor do M1.

Sempre achei este modelo lindíssimo, com as suas linhas elegantes da carroçaria coupé e a frente «nariz de tubarão» — característica dos modelos da marca na altura.

BMW M635 CSi com M1
© BMW BMW M635 CSi e BMW M1

Além disso, nas versões “M”, os para-choques eram mais cheios e desportivos, as jantes eram de maiores dimensões e as saídas de escape estavam instaladas (quase) ao centro da secção traseira.

O BMW Série 6 (E24) era praticamente o único motivo que me fazia assistir à série “Moonlighting” no final dos anos 80. Ou “Modelo e Detetive”, na versão exibida em Portugal.

Afinal, o carro de Maddie (papel interpretado por Cybill Shepherd), era precisamente um Série 6, ainda que não fosse um “M”. E muitas vezes com David (interpretado por Bruce Willis) ao volante, os momentos de condução estavam longe de ser os mais «dignos».

Depois disto, havia ainda as imagens de uma célebre sessão fotográfica com Nelson Piquet, que na altura corria pela Brabham (com motores da BMW M). Era acompanhado do seu capacete, mas também de um BMW M635 CSi, num vivo tom vermelho e onde se podia ver perfeitamente o para-choques dianteiro mais desportivo desta versão.

E tudo isto, sem conduzir um BMW M635 CSi

O BMW M635 CSi era (e ainda é) um dos meus modelos de eleição. E um dia, de uma forma muito inesperada, surgiu-me a oportunidade de conduzir um deles.

Graças a uma pessoa conhecida, que também tinha uma grande admiração por este modelo, tive a oportunidade de me sentar ao volante deste ícone e de o conduzir. Obrigado, Sérgio!

Este exemplar foi importado para Portugal depois de muita procura por «aquela» unidade mais especial e com todas as características desejadas.

Era preto, mas com o habitáculo num tom mais claro, a contrastar. E que foi perfeito para fazer companhia a um BMW Série 6 dos «novos», durante uma sessão fotográfica.

BMW M1, M635 CSi e M6
© BMW BMW M1, BMW M635 CSi e BMW M6 no evento de apresentação do então novo M6, em 2005

Os assentos mais envolventes do BMW M635 CSi tinham regulações elétricas, que justificavam uma consola central com diversos comandos específicos. E para forrar estes mesmos assentos, tinha sido escolhido um tipo de couro mais especial, algo que era apenas uma opção na altura.

O sistema de escape já não era o de origem — tinha sido substituído por um ligeiramente mais desportivo —, e as jantes também foram trocadas por outras de desenho semelhante. Neste caso, apenas para preservar as originais, que ainda contavam com os Michelin TRX de origem.

BMW M635 CSi lateral
© BMW

Antes mesmo de me sentar ao volante, a ideia de que nunca devemos conhecer os nossos heróis passou-me pela cabeça. Mas, neste caso, a curiosidade foi mais forte.

Finalmente, ao volante

A primeira impressão foi muito positiva pois, apesar da coluna da direção não ter regulação em altura, tinha em profundidade. E de uma forma algo estranha, resultava numa posição de condução excelente. O comando da caixa de velocidades estava mesmo ali e no tabliê já marcava presença um computador de bordo.

Em estrada, lembro-me que o som do motor de seis cilindros ficava ainda mais audível com o tal escape mais desportivo. E também me recordo do adornar excessivo da carroçaria, face aos modelos atuais.

Mas o cheiro do habitáculo, os pilares mais finos e a elegância deste coupé, são daqueles detalhes mais «analógicos» que só melhoram a experiência.

O meu receio era infundado. A experiência de condução não me desiludiu e o BMW M635 CSi continua a estar na minha bucket-list para «um dia».

Nem que seja só para olhar para ele e conduzi-lo calmamente em ritmo de fim de semana. Por enquanto, já tenho as versões à escala 1:18 e 1:43 na coleção. Só falta mesmo a 1:1.

E sim, devemos conhecer os nossos heróis de quatro rodas. Porque não?

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