Primeiro Contacto Pelo preço não há melhor. Testámos o novo Dacia Duster

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Pelo preço não há melhor. Testámos o novo Dacia Duster

O Dacia Duster passou pela maior mudança de sempre e nós fomos conduzi-lo para descobrir se tem o que é preciso para continuar a ser um «campeão de vendas».

Dacia Duster

Primeiras impressões

9/10

Data de comercialização: Maio 2024

O Duster tornou-se no melhor Dacia de sempre. E isso pode vir a ser um problema… para o «primo» Renault Captur.

Prós

  • Preço
  • Versatilidade
  • Capacidade TT da versão 4×4

Contras

  • Ruídos aerodinâmicos em autoestrada
  • Bancos algo firmes

Lançado em 2010, o Dacia Duster tornou-se rapidamente um caso sério de vendas, somando já mais de 2,4 milhões de unidades vendidas.

Apesar de todo este sucesso, a atual geração (lançada em 2017) já começava a acusar a idade, pelo que era uma questão de tempo até a Dacia renovar o seu best seller.

Agora na terceira geração, o Duster ganhou um novo estilo, um novo interior e até uma nova plataforma, que lhe abriu o caminho da eletrificação. Mas será que apesar desta evolução continua a ser o «campeão do povo» que sempre se mostrou? A resposta no vídeo:

Mudou tudo

Renovar um modelo tão bem sucedido quanto o Duster obriga sempre a algumas cautelas, porque esse sucesso é para manter ou até crescer. A Dacia, no entanto, optou por mudar rigorosamente tudo, de fio a pavio, esquecendo a postura conservadora que é a mais habitual nestes casos.

É certo que as dimensões praticamente não se alteraram, mas a estética é inteiramente nova e «cola-se» à do Dacia Bigster, o protótipo que antecipa o maior Dacia de sempre.

Está irreconhecível

Mas se por fora o Duster está diferente, as maiores mudanças aconteceram no interior, que deu um salto muito significativo face ao que conhecíamos deste modelo.

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É certo que os plásticos mais duros continuam a marcar presença, mas a montagem é sólida e a disposição é agora muito mais agradável. Para isso muito contribui o facto de termos um tabliê reformulado, com linhas bastante horizontais e a fazer lembrar os jipes de outros tempos. Gosto disso.

Depois, é impossível não destacar a nova oferta tecnológica, que passa por uma instrumentação 100% digital, com 7”, e por um ecrã multimédia com 10,1”, que está ligeiramente virado para o condutor.

Novo Dacia Duster habitáculo
© Dacia O infoentretenimento oferece integração sem fios com smartphone através do Android Auto e do Apple CarPlay, logo a partir do nível de equipamento Expression, ainda que a navegação só esteja disponível de série nas versões topo de gama

É certo que este primeiro contacto foi breve, mas o sistema de infoentretenimento pareceu-me muito fluído, rápido e fácil de utilizar, uma vez que apresenta grafismos apelativos e fáceis de ler.

Mais espaço a bordo

Por contar com uma nova plataforma, a Dacia prometia mais espaço a bordo do novo Duster, apesar das dimensões praticamente não terem sofrido alterações. E nota-se, sobretudo ao nível do espaço disponível na segunda fila de bancos, que convence de forma clara.

Importa destacar a bagageira que também cresceu: nas versões com maior volumetria temos 474 litros de capacidade de carga, além do espaço extra que encontramos por baixo do piso.

Novo Dacia Duster bagageira
© Dacia Agora contarmos com uma abertura da bagageira mais larga, o que facilita na hora de colocar/retirar um objeto maior no interior

Uma «cama» sobre rodas

Mas se aquilo que procura neste Duster é versatilidade, então saiba que ele está disponível com o Sleep Pack que já conhecemos do Jogger e que transforma o habitáculo numa cama de casal (pode ser arrumada numa caixa de madeira em apenas dois minutos).

Além de contar com barras de tejadilho modulares — podem mudar de posição de acordo com as nossas necessidades —, o novo Duster estreia uma grelha de tejadilho capaz de suportar até 80 kg de carga e que certamente será uma mais valia para as famílias mais aventureiras.

Nova plataforma, novas possibilidades

Uma das maiores limitações do Dacia Duster de segunda geração estava relacionada com a plataforma, uma vez que ele assentava numa evolução de uma plataforma antiga do Clio, para manter os custos controlados. Mas isso mudou.

Agora, o Duster passou a recorrer à mesma plataforma CMF-B que encontramos no Sandero e no Jogger e nos Renault Captur e Arkana. E isso permitiu-lhe aceder a muitas e importantes novidades, a começar logo nas versões híbridas, ainda que as motorizações Diesel tenham sido abandonadas.

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Também já é híbrido

A oferta do Duster começa com as versões bi-fuel (gasolina/GPL), uma aposta para continuar na Dacia, e que têm vindo a ganhar cada vez mais adeptos no mercado nacional, até mesmo dentro do mercado empresarial.

Novo Dacia Duster material Starkle
© Dacia Para o novo Duster a equipa de engenheiros da Dacia criou um novo material, denominado Starkle, que tem 20% de plástico reciclado e dispensa por completo a pintura, pelo que é à prova de riscos e arranhões

Denominada ECO-G 100, recorre a um bloco de três cilindros, 1,0 l e turbo, que produz 100 cv de potência máxima, ao mesmo tempo que reclama uma autonomia de 1300 km, graças aos dois depósitos — 50 litros de gasolina e 50 litros de GPL — que equipa.

Logo acima surgem as versões TCe 130, que recorre a um motor 1.2 turbo de três cilindros associado a um sistema mild-hybrid de 48 V, com um pequeno motor/gerador elétrico e uma bateria com 0,8 kWh, para uma potência máxima de 130 cv.

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Esta motorização, que só está disponível com caixa manual de seis velocidades, foi precisamente a que testei durante este primeiro contacto. E parece-me ser aquela que mais sentido faz para a maioria das situações, uma vez que se mostrou sempre muito equilibrada e com consumos relativamente contidos, na casa dos 6 l/100 km (e até menos, por vezes…), mesmo com muita autoestrada à mistura.

Novo Dacia Duster
© Dacia A imagem do novo Duster é inspirada no protótipo Bigster Concept da Dacia

Por fim, no topo da cadeia, surge a variante HYBRID 140, que já conhecemos do Jogger e que combina um motor a gasolina de quatro cilindros (1,6 l de capacidade e 94 cv) com dois motores elétricos (um de tração e outro motor de arranque/gerador), e com uma bateria com 1,2 kWh, para uma potência combinada de 140 cv.

A gerir tudo isto está a já conhecida caixa multi-modo do Grupo Renault, sem embraiagem e com quatro relações para o motor de combustão e duas para o motor elétrico de tração, que se combinam em 15 modos distintos.

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Esta versão permite conduzir grande parte do tempo em modo 100% elétrico em cidade, o que acaba por ter um impacto muito positivo nos consumos: é possível fazer consumos combinados abaixo dos 5 l/100 km.

E fora de estrada?

O Duster sempre se orgulhou de ser um dos modelos mais capazes fora de estrada do seu segmento. E nesta terceira geração viu esses atributos serem reforçados.

Novo Dacia Duster todo o terreno
© Razão Automóvel Andámos de «roda no ar» com o novo Dacia Duster

Durante este primeiro teste na região espanhola de Málaga tivemos oportunidade de conduzi-lo fora de estrada, num percurso com vários obstáculos, e é notória a evolução que o Duster sofreu.

Testámos o Duster TCe 130, o único que pode ter configurações 4×2 e 4×4. Sendo que esta última se mostra com a maior altura ao solo do segmento (21,7 cm, mais 1 cm do que o 4×2) e com ângulos de ataque (31º) e saída (36º) reforçados.

Dacia Duster modos condução
© Dacia As versões 4×4 têm controlo de velocidade em descida, muito útil em terrenos mais acidentados, e com cinco modos de condução distintos, que se ajustam às várias situações em que nos encontramos: Auto, Snow, Mud/Sand, Off-Road e ECO

Tão ou mais importante do que isto é o facto do sistema de infoentretenimento contar com informações específicas orientadas para o fora de estrada, que nos mostram em tempo real a inclinação lateral (passámos os 20º, como podem ver no vídeo em destaque), a inclinação em subidas e descidas e a distribuição de binário entre os dois eixos.

Dacia Duster ângulos
© Dacia As versões 4×4 têm informações específicas para todo o terreno no ecrã multimédia

Igualmente útil é a câmara multiview, que nos deixa ver (também em tempo real) todos os cenários que temos pela frente. É, diria eu, uma ajuda fundamental para nos ajudar a apontar as rodas nos obstáculos mais complicados. E uma vez que é um opcional de apenas 400 euros (está inserida no Pack Parking), torna-se, a meu ver, praticamente obrigatória.

Pisar muito sólido

As motorizações eletrificadas dão-lhe novos argumentos — os consumos baixos certamente vão ajudar a convencer clientes —, e os atributos todo o terreno envergonham outras propostas com responsabilidades mais vincadas. No entanto, o que mais me impressionou neste novo Duster foi mesmo o «pisar» em estrada, que é sempre muito sólido e está sempre muito bem plantado.

Tudo parece bastante robusto, os comandos têm um peso adequado e o conforto de rolamento é muito satisfatório.

A ter que apontar defeitos a este Duster, há duas coisas que poderão ser melhoradas. Por um lado os bancos, que apesar de oferecem um ótimo encaixe são algo firmes; e por outro lado, os ruídos aerodinâmicos em autoestrada, que se fazem ouvir com facilidade.

bancos dianteiros Dacia Duster
© Dacia Os bancos do Duster oferecem um bom suporte lateral, mas gostava que fossem ligeiramente menos firmes

Contudo, tenho plena noção do preço que a Dacia pede por este Duster, o que acaba por desculpar por completo estas duas situações, que nunca chegam a ser um problema.

É difícil pensar num negócio melhor

Grande parte do sucesso do Duster sempre passou pelo preço e nesta nova geração parece-me que não será diferente. Com a particularidade de que agora, a relação preço/qualidade é ainda mais vantajosa.

Isto porque o Duster melhorou significativamente em todos os capítulos, da imagem à tecnologia, sem esquecer o conforto, a segurança (recebeu muitos equipamentos de segurança e ajuda à condução) e o comportamento dinâmico. E continua a ter preços que começam abaixo dos 20 000 euros — fique a saber todos os preços do novo Duster.

A versão ECO-G 100, no nível de equipamento Essential, começa nos 19 150 euros, subindo para os 24 050 euros do TCe 130 4×2 e culminando nos 29 000 euros do HYBRID 140. Apesar de ser o Duster mais caro que pode comprar, continua a ter um preço muito competitivo face à concorrência.

A versão TCe 130, por 24 050 euros e só disponível nos dois níveis mais altos, Journey (mais conforto e tecnologia) e Extreme (mais aventureiro), parece-me a mais equilibrada e interessante da gama. É um valor francamente bom. Mais tarde chegará uma versão mais acessível desta motorização, por 22 250 euros.

Por este preço, é difícil imaginar um negócio melhor.

Dacia Duster off-road
© Dacia

As encomendas para o novo Dacia Duster já estão abertas, sendo que as primeiras unidades vão chegar a Portugal entre o final do mês de maio e o início de junho.

Veredito

Dacia Duster

Primeiras impressões

9/10
A Dacia não se limitou a melhorar o Duster, transformou-o no seu melhor modelo de sempre. Apesar disso, conseguiu mantê-lo com um preço base abaixo dos 20 000 euros. Resta agora saber se o Duster não terá melhorado ao ponto de roubar clientela ao seu «primo» Renault Captur…

Data de comercialização: Maio 2024

Prós

  • Preço
  • Versatilidade
  • Capacidade TT da versão 4×4

Contras

  • Ruídos aerodinâmicos em autoestrada
  • Bancos algo firmes