Ensaio Ao volante do Renault Clio E-Tech. Este híbrido faz esquecer os Diesel

Desde 28 200 euros

Ao volante do Renault Clio E-Tech. Este híbrido faz esquecer os Diesel

Se antes, os que queriam os consumos mais baixos optavam por Diesel, hoje, híbridos como o Renault Clio E-Tech preenchem essa lacuna.

Renault Clio E-Tech Full Hybrid

7.5/10

Em cidade o híbrido Renault Clio E-Tech parece um elétrico, mas em condução mais empenhada, gostaria que se parecesse mais com um «puro» a combustão.

Prós

  • Consumos
  • Funcionamento do sistema híbrido
  • Equipamento

Contras

  • Resposta da caixa quando subimos o ritmo
  • Capacidade da bagageira (face às versões não-híbridas)
  • Preço

Há poucos carros tão marcantes quanto o Renault Clio, pelo menos no nosso país: só em Portugal o Clio já atingiu a marca do meio milhão de exemplares vendidos.

A verdade é que mesmo já andando por cá há mais de três décadas, este utilitário francês não dá mostras de querer abrandar e ainda recentemente foi alvo de uma atualização que o deixou com mais argumentos para vingar num mercado cada vez mais dominado pelos SUV.

Face ao Clio que se encontrava à venda, as alterações não foram significativas. Mesmo assim, as mudanças que a Renault fez foram para melhor, com o bónus de o preço de entrada ter ficado mais baixo.

Neste vídeo, o Guilherme Costa mostra tudo o que mudou nesta renovação do Clio. Tanto por dentro como por fora:

Depois desse primeiro encontro em Bruxelas, na Bélgica, este utilitário francês já passou pela garagem da Razão Automóvel e logo numa das motorizações mais interessantes da gama, a GPL. Leiam o ensaio do André Mendes:

Não há duas sem três… Agora coube-me a mim testar uma outra motorização, também muito interessante: a híbrida, que a Renault denomina de Clio E-Tech Full Hybrid. É altura de perceber se os elogios que lhe fizemos da última vez continuam a fazer sentido.

Renault clio E-Tech grelha
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel A dianteira mudou quase por completo, com o logótipo e a grelha a acompanharem o visual das propostas mais recentes da Renault

Um híbrido complexo, mas eficiente

Nesta renovação, o sistema híbrido continua a recorrer a um motor de quatro cilindros naturalmente aspirado com 1,6 l de capacidade, que sozinho é capaz de gerar 94 cv. A este juntam-se dois motores elétricos, um exclusivamente com responsabilidades de tração, com 36 kW (49 cv), e outro que assume as vezes de motor/gerador, com 15 kW (25 cv).

Renault Clio E-Tech motor
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Potência máxima do sistema híbrido subiu dos 140 para os 145 cv

O resultado deste «casamento» é uma potência máxima de 145 cv, exatamente o mesmo que tínhamos antes, ainda que todo o software do sistema tenha sido atualizado de modo a melhorar a eficiência e a otimizar a gestão da carga, sobretudo em autoestrada.

Sobre isso já voltamos a falar, até porque antes disso importa destacar a caixa automática multimodo que «gere» este sistema híbrido e que o torna num dos mais complexos do mercado.

Esta caixa, com soluções inspiradas no mundo da Fórmula 1, conta com quatro relações associadas ao motor a gasolina e duas alocadas ao motor elétrico, sendo que entre elas é possível um total de 15 combinações.

Renault clio
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

A gestão de tudo isto, e uma vez que não há embraiagem ou sincronizadores, cabe ao motor/gerador (o motor elétrico mais pequeno) e a um software desenvolvido em parceria com a equipa da Alpine na Fórmula 1.

O outro «segredo» do sistema híbrido do Renault Clio E-Tech é, naturalmente, a bateria com 1,2 kWh de capacidade, que surge montada por baixo do piso da bagageira.

Clio E-Tech bagageira
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Face às versões não híbridas do Clio, esta versão E-Tech perdeu 91 l de capacidade de carga, por culpa do posicionamento da bateria

Em cidade parece um elétrico

Apesar de confuso e complexo, o funcionamento deste sistema híbrido acaba por ser simples, uma vez que ele acaba por privilegiar, sempre que possível, a utilização do motor elétrico.

Por isso mesmo, a Renault garante que em cidade este Clio híbrido é capaz de andar 80% do tempo apenas suportado pelo motor elétrico, sem «ajudas» do motor térmico a gasolina.

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Isto é possível porque em ambiente urbano são muitas as situações que permitem ao sistema recuperar energia (desacelerações e travagens) e porque a função «B», que aumenta a regeneração nas desacelerações, é bem mais intensa do que estamos habituados a ver neste tipo de híbridos.

Renault Clio painel de instrumentos
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel O painel de instrumentos está bem organizado e é fácil de ler

Quando há necessidade, seja por o sistema precisar de carregar a bateria (mesmo com o carro parado num semáforo, por exemplo), seja por um pisar mais convicto do acelerador, o motor a gasolina acorda e entra em cena, quase sempre de forma muito suave.

Aliás, é um dos grandes destaques deste Clio híbrido: a gestão entre o motor elétrico e o motor a gasolina está muito bem conseguida e, por vezes, chega mesmo a ser quase imperceptível.

Ordem para poupar

Naturalmente, por passarmos tanto tempo apoiados pelo motor elétrico, os consumos saem beneficiados. Num percurso urbano, com o modo Eco ativado e com a função «B» selecionada, consegui um consumo de 3,6 l/100 km.

Renault Clio E-Tech ecrã central multimédia
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel É no modo Eco que conseguimos consumos mais interessantes

Já em autoestrada — aqui sempre sem a função «B» —, mas igualmente no modo Eco, a velocidades a rondar os 120 km/h, consegui consumos abaixo dos seis litros.

No total deste ensaio — cerca de 300 km —, em percursos mistos, ainda que com alguma predominância de autoestrada e vias rápidas, consegui uma média de 4,8 l/100 km. Um registo muito interessante e que coloca este híbrido no terreno típico dos Diesel.

E o conforto?

Como manda a tradição, o Clio continua a não comprometer do ponto de vista do conforto, mesmo quando o asfalto revela limitações. Mesmo em autoestrada, somos sempre brindados por uma forte sensação de estabilidade, o que contribui muito para a impressão de segurança a bordo.

Porém, sinto que o isolamento acústico em autoestrada podia ser melhor, ainda que os barulhos que invadem o habitáculo estejam longe de ser exagerados.

Não é um desportivo…

Apesar de carregar o «espírito» Alpine, que identifica a versão, este Renault Clio E-Tech híbrido está longe de ser um desportivo. Porém, e respeitando a tradição, é competente do ponto de vista dinâmico.

A aceleração dos 0 aos 100 km/h em 9,3s não impressiona, mas nem precisa de o fazer. Porque quando chegamos às curvas o Clio mostrou ter muita compostura, e a direção um bom tato, precisão e não é demasiado assistida.

Renault clio frente
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Nesta renovação o Clio ganhou um «look» mais sofisticado

Mesmo quando abusamos mais na velocidade que levamos para a curva, a suspensão consegue controlar sempre muito bem os movimentos laterais da carroçaria. Se provocarmos a traseira, ao bom estilo dos «tudo à frente» franceses, conseguimos fazer com que ela rode e nos deixe curvar de forma ainda mais eficaz.

Neste capítulo e sublinhando o bom trabalho feito ao nível do chassis, da suspensão e da direção, tenho duas coisas menos positivas a destacar: o ruído do motor a gasolina e a transmissão.

Renault clio Esprit Alpine jantes
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel As jantes La Flèche de 17” simulam as jantes de aperto central dos carros de competição

Quando subimos o ritmo e exigimos mais poder de entrega, sobretudo no modo Sport, o motor a gasolina — sem turbo — é chamado quase sempre a intervir e nota-se que precisa de andar sempre nos regimes mais elevados, o que o leva a ser mais ruidoso. E este ruído nem sempre é muito agradável.

Depois, se em cidade o funcionamento da caixa é suave e exímio, em estradas secundárias, a explorar os atributos dinâmicos do Clio, por vezes revela hesitações, deixando-nos com vontade de ter algum controlo (manual) sobre o que está a acontecer.

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Quanto custa o Renault Clio E-Tech?

Como já disse, é de louvar o facto da Renault ter melhorado o Clio em quase todos os aspetos e, mesmo assim, ter descido os preços, seguindo um caminho oposto ao da indústria.

Com preços a começar nos 19 400 euros, o Renault Clio é mesmo uma das poucas propostas do mercado nacional que se mantêm abaixo da barreira dos 20 000 euros, tanto que isso até motivou um episódio do Auto Rádio, um podcast da Razão Automóvel com o apoio do PiscaPisca.pt. Podem recuperar esse episódio abaixo:

Porém e apesar do preço de entrada do Clio ser muito competitivo, a versão híbrida que protagoniza este ensaio está disponível apenas a partir dos 28 200 euros. A unidade testada, com o nível Esprit Alpine, de aparência mais desportiva, e com alguns opcionais, vê o preço subir para os 31 276 euros.

Eu sei que é «apenas» um Clio e que custa mais de 30 000 euros, algo que há uns anos só acontecia se estivéssemos perante uma versão R.S.

Porém, fazendo contas aos custos de utilização, muito influenciados pelos consumos, o Renault Clio E-Tech Full Hybrid pode ser uma proposta muito interessante. Sobretudo para quem anda maioritariamente em cidade.

Veredito

Renault Clio E-Tech Full Hybrid

7.5/10

Pode não ter sido uma atualização profunda, mas foi suficiente para deixar o Renault Clio na melhor forma de sempre. Bem equipado e com uma imagem apelativa, o Clio mantém a competência ao nível do conforto e da dinâmica. Nesta versão híbrida junta a tudo isto consumos dignos de nota, ao nível do que estávamos habituados a ver num Diesel.

Prós

  • Consumos
  • Funcionamento do sistema híbrido
  • Equipamento

Contras

  • Resposta da caixa quando subimos o ritmo
  • Capacidade da bagageira (face às versões não-híbridas)
  • Preço

Especificações Técnicas

Versão base:28.188€

IUC: 144€

Classificação Euro NCAP: 5/5

31.276€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha / 2 motores elétricos
  • Capacidade: 1598 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção direta; Bateria: 1,2 kWh
  • Distribuição: 2 a.c.c. / 4 válvulas por cilindro (16 válv.)
  • Potência:
    Motor de combustão: 94 cv às 5600 rpm
    Motor elétrico 1 (gerar corrente elétrica e impulsionar as rodas): 36 kW (49 cv)
    Motor elétrico 2 (Gerar corrente elétrica): 15 kW (20 cv)
    Potência máxima combinada: 145 cv
  • Binário:
    Motor de combustão: 148 Nm às 3600 rpm
    Motor elétrico 1: 205 Nm
    Motor elétrico 2: 50 Nm
    Binário máximo combinado: N.D.

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática

  • Largura: 4053 mm
  • Comprimento: 1798 mm
  • Altura: 1439 mm
  • Distância entre os eixos: 2583 mm
  • Bagageira: 254 litros
  • Jantes / Pneus: 205/45 R17
  • Peso: 1313 kg

  • Média de consumo: 4,3 l/100 km
  • Emissões CO2: 97 g/km
  • Velocidade máxima: 175 km/h
  • Aceleração máxima: >9,3s

    Tem:

    • Personalização exterior “shiny black” (pilares dos vidros em preto brilhante)
    • Antena shark
    • Gelha dianteira em cromado
    • Deteção da pressão dos pneus
    • Chamada de emergência Renault
    • Assistência à travagem de emergência
    • Sistema de assistência na transposição involuntária de via
    • Sistema de travagem de emergência ativa com deteção de peões e ciclistas
    • Alerta de excesso de velocidade c/reconhecimento de sinais de trânsito
    • Aviso e prevenção de saída da faixa de rodagem
    • Alerta de tráfego cruzado em manobras de marcha-atrás
    • Alerta de ângulo morto
    • Travão de estacionamento automático
    • Ecrã do painel de instrumentos de 10 polegadas
    • Cruise control adaptativo
    • ESP + Sistema de ajuda ao arranque em subida (HSA)
    • Retrovisores exteriores rebatíveis eletricamente c/função de desembaciamento e iluminação
    • Luzes diurnas em LED
    • Comutação automática de luzes de estrada/cruzamento
    • Indicador dinâmico de mudança de direção
    • Sensores de chuva e luminosidade
    • Ar condicionado automático
    • Volante “soft touch” Esprit Alpine
    • Retrovisor interior electrocromático
    • Cartão Renault “Mãos-Livres”
    • Compatível com Android Auto™ e/ou Apple CarPlay™
    • Consola central com apoio de braço e arrumação
    • Carregador de smartphone por indução
    • Luz ambiente interior frontal & traseira LED
    • Estofos em tecido Esprit Alpine
    • Jantes de 17″ La Flèche com centro de roda em azul Alpine

Pack City Premium (Faróis traseiros cristalinos com assinatura em LED 3D
Easy park assist com sensores 360º e estacionamento mãos-livres
câmera de estacionamento com visão 360º) — 500 euros
Pack Bose sound system (caixa de som Bose
Easylink 9,3” Bose com navegação e replicação de smartphone sem fios) — 450 euros
Pintura Preto Estrela — 450 euros.