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Fábrica de baterias

Portugal na corrida por fábrica de baterias da Stellantis

A Stellantis vai definir nos próximos meses a localização da sua próxima fábrica de baterias. Portugal vai competir contra Espanha para captar este investimento.

Peugeot e-208 plataforma
© Stellantis

Carlos Tavares, CEO da Stellantis, colocou a Península Ibérica (Portugal e Espanha) na rota da próxima fábrica de baterias do grupo.

Foi numa mesa redonda na qual a Razão Automóvel participou, à margem do anúncio de que o Centro de Produção Stellantis de Mangualde vai produzir carros elétricos a partir de 2025, que Carlos Tavares avançou que não falta muito para anunciar o local definitivo da nova fábrica de baterias do grupo.

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A única certeza, por agora, é de que será na Península Ibérica, mas mais uma vez, Portugal enfrenta Espanha na corrida para conseguir este avultado investimento.

© Razão Automóvel Portugal ou Espanha? O destino final desta fábrica de baterias dependerá também da capacidade de resposta do Governo português.

Agora estamos a poucos meses de saber onde ficará localizada a quarta fábrica de baterias do grupo e as probabilidades de Portugal a receber são elevadas, como esclarece Tavares: “Ainda não está tudo definido. Pretendemos fechar este dossier nas próximas semanas”. E aponta a maior vantagem de Portugal:

“Uma das vantagens competitivas de Portugal é a sua produção energética, que incorpora 60% de energias renováveis e isso é um fator muito importante na escolha de uma fábrica”.

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis
Gama Stellantis
© Stellantis A atual gama de modelos eletrificados da Stellantis

Carlos Tavares não se limitou a apontar apenas as vantagens competitivas do nosso país. Também referiu as ameaças:

“Portugal tem de reduzir a burocracia e aumentar a rapidez dos seus processos”.

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis

No que toca à Stellantis estão a fazer o que é preciso, como adianta Carlos Tavares: “Neste momento não está nada negociado, mas nós estamos a fazer a nossa parte do trabalho. Estamos a falar com os parceiros, a definir as condições económicas, as capacidades necessárias e a química das baterias. Até ao final do verão devemos ter todas as respostas.”

No seguimento disto, a pergunta óbvia teria de ser se também Portugal está a fazer a sua parte do trabalho.

“Ainda não está, porque ainda não propusemos. Mas poderá vir a estar e já tenho garantias por parte do Estado português que estão evidentemente interessados nessa possibilidade. Aliás, Portugal e Espanha, e todos os países do sul da Europa.

Até porque para nós a lógica é muito simples: queremos produzir os carros perto dos pontos de consumo. É na parte sul da Europa que se concentra a maior procura por carros mais pequenos.

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis

LFP vs NMC

De momento a Stellantis, através da ACC, a joint venture que tem com a TotalEnergies e a Mercedes-Benz para produzir baterias, já conta com três fábricas de baterias na Europa: França, Itália e Alemanha. A produção de baterias deverá arrancar este ano em França, em 2024 em Itália e em 2025 na Alemanha.

Esta nova e quarta fábrica de baterias europeia da Stellantis distingue-se das restantes pelo tipo de baterias que vai produzir. Se as três fábricas europeias da ACC vão produzir baterias de lítio NMC (níquel, manganês e cobalto), a nova fábrica irá dedicar-se à produção de baterias de lítio-fosfato de ferro, mais conhecidas por LFP.

“A Península Ibérica é a região que fará mais sentido para a produção de baterias LFP, porque é aqui que a procura por veículos acessíveis é maior”.

Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis

A maior diferença entre as baterias LFP e as NMC está no seu custo inferior, em cerca de 20%. Um dado crucial para conseguir baixar o preço dos veículos elétricos, sobretudo os dos segmentos mais baixos, que continua a ser muito elevado.

Têm sido os construtores chineses — a BYD, por exemplo — e, em parte, a Tesla, quem mais tem apostado nas baterias LFP precisamente por essa razão. A desvantagem é não terem uma densidade energética tão elevada como as NMC, o que faz com que ocupem mais espaço e sejam mais pesadas.

Carlos Tavares falou há um mês da necessidade destas baterias: “A Stellantis precisa de baterias LFP e vai tê-las, pois são concorrenciais em termos de custos e permitem produzir automóveis elétricos acessíveis à classe média”.