Notícias Carlos Tavares: “Temos que ter uma infraestrutura que suporte autonomias mais curtas”

Fórum Freedom of Mobility

Carlos Tavares: “Temos que ter uma infraestrutura que suporte autonomias mais curtas”

Realizou-se hoje o Fórum Freedom of Mobility onde Carlos Tavares apresentou soluções para tornar os elétricos mais acessíveis.

Carlos Tavares CEO Stellantis

Realizou-se hoje o Fórum Freedom of Mobility (Fórum Liberdade de Mobilidade), um espaço de debate promovido pela Stellantis e que contou, entre um painel variado, com Carlos Tavares, diretor executivo desse grupo.

Tavares foi fiel a si próprio e lançou alertas e apontou soluções para aquilo que acredita ser a solução para tornar os automóveis elétricos mais acessíveis, uma parte importante dessa ambicionada liberdade de mobilidade.

“Muitas das coisas que estamos a imaginar para a próxima década podem estar relacionadas com uma utopia e não com uma resolução de problemas real, completa e pragmática, como devia ser”, apontou Carlos Tavares.

Uma das soluções para elétricos mais baratos? Baterias mais pequenas

“O que podemos fazer daqui para a frente? Uma das formas de tornar a mobilidade limpa acessível é tornar os carros mais leves. O que significa encontrar melhores químicas para as baterias, usar materiais alternativos e ter uma infraestrutura pública que suporte autonomias mais curtas. Se a autonomia for mais pequena (a bateria é mais pequena) o peso (do carro) vai ser menor. E se o preço for menor o custo também será menor”, explicou o responsável máximo da Stellantis.

Carlos Tavares
© Stellantis Carlos Tavares, diretor executivo da Stellantis

“No final do dia os elétricos serão mais acessíveis se a infraestrutura (de carregamento) for suficientemente densa para acabar com a ansiedade de autonomia. Isso é algo que podemos fazer. É o que a indústria está a tentar fazer”, acrescentou, antes de lembrar: “Tendo em conta a janela de tempo apertada em que é esperado que o façamos, é difícil e vai ser muito desequilibrado”.

Carlos Tavares chegou a falar do exemplo de Portugal para explicar que as soluções não podem ser as mesmas para sítios e realidades distintas: “Se olharmos para o interior de Portugal, onde eu vivo, percebemos que a situação é muito diferente de Paris”.

Sítios diferentes pedem soluções diferentes

“Áreas urbanas e áreas rurais podem precisar de soluções de mobilidade distintas”, começou por dizer, antes de alertar: “Temos que olhar para as necessidades individuais de quem vive nas áreas rurais”, lembrando que em alguns locais com menos pessoas e com menos infraestruturas a única possibilidade de ir para o trabalho, para a escola ou ter acesso a bens e serviços é com um automóvel.

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E foi mais longe: “Estamos a olhar para isto como se fosse um debate entre o sul e o norte. As pessoas do norte estão a pensar em soluções para elas próprias e a acharem que podem usar essas mesmas soluções para o resto do mundo”, lembrando que isso depois esbarra na questão do preço e da acessibilidade.

Carlos Tavares com Emmanuel Macron
Carlos Tavares e Emmanuel Macron no Salão de Paris de 2022

O caso da Índia como exemplo

“Também é importante pensar que existem países no mundo que estão a encontrar as suas próprias soluções” disse, destacando o mercado indiano, que “conta com alguns automóveis elétricos bastante acessíveis feitos na Índia e para a Índia”, de maneira a irem ao encontro de uma regulamentação muito específica.

“A frugalidade que está a sair da Índia, com as soluções de eletrificação para o mercado indiano, pode apontar o caminho a alguns países do norte que não podem suportar a mobilidade que têm hoje em dia”, adiantou, antes de dizer: “uma solução não serve para todos os problemas”.

O denominador comum a todas as questões? Energia limpa

Mas para Carlos Tavares, não existe qualquer dúvida acerca daquilo que tem de ser o denominador comum em todas as soluções e propostas de mobilidade futura: energia limpa.

“Temos que resolver o problema da energia, que é a base de qualquer mobilidade sustentável de futuro: temos que ter energia limpa. Essa é a base de tudo”, atirou, antes de concluir: “a eletrificação de veículos não vai resolver todos os problemas”.