Ensaio Novo Suzuki S-Cross. Testámos a alternativa 4×4 do segmento

Desde 29 136 euros

Novo Suzuki S-Cross. Testámos a alternativa 4×4 do segmento

Com mecânica mild-hybrid e com a opção invulgar de tração integral, será o novo Suzuki S-Cross uma escolha a considerar?

Suzuki S-Cross
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A segunda geração do Suzuki S-Cross chega ao mercado nacional com uma tarefa ainda mais difícil do que do seu antecessor, lançado em 2013.

Isto porque não só o segmento nunca parou de crescer em propostas, como também estas nunca pararam de evoluir, fosse em conteúdos, fosse em tamanho.

E isto coloca o novo S-Cross numa posição peculiar. Tudo porque a nova geração assenta sobre a mesma base da anterior, ao ponto de herdar ao milímetro as dimensões do primeiro S-Cross.

A NÃO PERDER: Peugeot e-2008 testado. Um SUV compacto elétrico pode ser o único carro da família?
Suzuki S-Cross 4x4
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Ora, se há cerca de 10 anos os seus 4,3 m de comprimento o colocavam em linha com os C-SUV, hoje as suas dimensões exteriores e cotas internas colocam-no mais em linha com o segmento abaixo, o dos B-SUV, que também não parou de crescer — segmento onde a Suzuki já tem o Vitara.

Nesta posição peculiar, como que entre segmentos, fomos descobrir os argumentos da segunda geração do S-Cross que, por enquanto, está disponível apenas com uma motorização a gasolina turbo e mild-hybrid, mas que traz tração integral, uma característica pouco usual nesta faixa do mercado.

Poupado, mas não só

E começamos mesmo pela sua cadeia cinemática, já conhecida do anterior S-Cross e também do Vitara e… do Swift Sport. O 1.4 turbo mild-hybrid 48 V, aqui associado a uma caixa manual de seis velocidades não desilude, quando associado ao crossover japonês.

Com 129 cv às 5500 rpm e 235 Nm entre as 2000 rpm e 3000 rpm aos quais poderão se adicionar 10 kW (14 cv) do motor-gerador elétrico, no papel pode não ser o «rei das fichas técnicas», mas na prática revelou-se bastante adequado a um modelo com as características do S-Cross.

Suzuki S-Cross
O motor revelou-se capaz de uma boa conjugação entre performances e consumos. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Acelera com agradável à vontade e as recuperações deixam patente não só a elasticidade do motor como o bom escalonamento da caixa manual.

VEJAM TAMBÉM: Mokka-e. Testámos o elétrico que abre uma nova era na Opel

Por falar na caixa, esta não «esconde» as origens japonesas, apresentando um tato mecânico e agradável. Não está ao nível do que vemos na Mazda, mas convence mais depressa um petrolhead do que, por exemplo, algumas caixas manuais de origem europeia.

Suzuki S-Cross
Bem escalonada e com um tato agradável, a caixa manual merece elogios. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A disponibilidade do motor nos diversos regimes de funcionamento e a presença do sistema mild-hybrid fazem-se ainda sentir no campo dos consumos.

Ao longo deste teste não foi difícil conseguir médias entre os 5,5 l /100 km e os 6,0 l/100 km. E mesmo quando «puxei» mais pelo K14D estas não foram além dos 6,5 l/100 km a 7,0 l/100 km.

Quanto ao comportamento, o que posso dizer é que o S-Cross revelou-se particularmente ágil, dando a perceção de ser até mais leve que os 1360 kg (EU) que declara, não se sentido tão «pesado» como outras propostas C-SUV ou até B-SUV.

A suspensão «casa» bem as exigências familiares e com o comportamento em curva, preciso e previsível. Só é pena é que a direção, apesar de rápida e direta, seja filtrada em demasia.

Aventureiro q.b.

A tradição da Suzuki no campo do todo o terreno é grande e estando este Suzuki S-Cross dotado de tração integral, não pude deixar de o pôr à prova fora de estrada.

Suzuki S-Cross
A câmara 360º revelou-se prática não só quando estacionamos o S-Cross como quando andamos por «maus caminhos». © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

A verdade é que nessas circunstâncias a marca japonesa continua a não deixar «créditos por mãos alheias» e o S-Cross chegou bem mais longe do que inicialmente esperava.

O sistema de tração integral é rápido na transferência de binário entre os eixos, lida bem com piso escorregadio e nem os cruzamentos de eixos «assustam» o S-Cross.

Neste capítulo só tenho a lamentar a reduzida altura ao solo do modelo da Suzuki que impede outro tipo de aventuras. Com mais alguns centímetros de altura ao solo e melhores ângulos característicos, o S-Cross poderia até estabelecer-se, neste campo, como uma alternativa ao Dacia Duster para quem não abdica ou precisa de andar fora de estrada.

Soluções comprovadas

Se no plano mecânico e dinâmico o Suzuki S-Cross apresentou um forte caso a seu favor, o mesmo já não acontece no seu interior.

Nada contra o design conservador, mas algumas soluções adotadas lembram-nos que as origens desta segunda geração são mais antigas do que seria de esperar. Mas também a aposta em soluções comprovadas contribuem positivamente para a usabilidade.

Por exemplo, a solução de colocar o ecrã central por cima das saídas de ventilação, também adotada por vários fabricantes, é bastante correta do ponto de vista ergonómico — apesar de nem sempre trazer benefícios estéticos —, pois deixa o ecrã melhor alinhado com o nosso raio de visão e mais próximo da mão.

Quanto à agradabilidade dos materiais, neste campo o S-Cross deixa a desejar, até tendo em conta a classe onde se insere, sendo abundante o recurso aos plásticos duros. Já a montagem não motiva particulares críticas, mas há margem para evoluir em alguns acabamentos.

Por fim, no que diz respeito à habitabilidade, as dimensões inalteradas do novo S-Cross «fazem-se sentir», com as cotas internas a estarem mais próximas dos B-SUV do que dos C-SUV.

O espaço a bordo é suficiente para uma jovem família, assim como os 430 l da bagageira, o que permite fazer face à maioria das necessidades familiares.

Contudo, a sensação a bordo da proposta japonesa é de que contamos com menos espaço, por exemplo, que um Renault Captur ou até de um Skoda Kamiq cujas bagageiras oferecem, respetivamente até 536 l no caso do gaulês e 400 l no caso do modelo checo.

Descubra o seu próximo carro:

É o carro certo para si?

Comecei por dizer que o Suzuki S-Cross tem uma tarefa difícil pela frente e, após o ter conduzido durante alguns dias, não creio que vá ter a «vida facilitada».

A «jogar» a seu favor tem uma agilidade acima da média, uma muito boa dotação de equipamento (a S3 é a versão mais equipada), um motor económico e o facto de, nesta versão, contar com tração integral — está também disponível com tração dianteira —, algo muito pouco comum entre os potenciais rivais.

Contudo, o facto de o novo S-Cross se basear no seu antecessor faz-se sentir. A habitabilidade está mais longe das referências e há hoje B-SUV com mais espaço. A agradabilidade do seu habitáculo também fica atrás da concorrência.

E o seu preço de 32 470 euros, no caso da unidade ensaiada, acaba por ser mais elevado do que o esperado, mesmo considerando o equipamento e a tração integral. A versão de duas rodas motrizes é apenas 630 euros mais acessível.

Novo Suzuki S-Cross. Testámos a alternativa 4×4 do segmento

Suzuki S-Cross 1.4T Mild-Hybrid Allgrip S3

6/10

O Suzuki S-Cross pode ser novo, mas não deu um salto grande o suficiente em relação ao antecessor. Verificam-se melhorias em vários aspetos e o modelo japonês tem no motor económico e despachado, e na versatilidade acima da média muito bons argumentos. Mas os rivais evoluíram mais e pelo preço pedido há propostas com argumentos mais fortes… a não ser que a tração às quatro rodas seja uma necessidade.

Prós

  • Relação prestações/consumos
  • Caixa de velocidades
  • Agilidade
  • Versatilidade
  • Equipamento de série

Contras

  • Preço
  • Habitabilidade mediana
  • Abundância de plásticos duros e detalhes de montagem

Versão base:€29.136

IUC: €137

Classificação Euro NCAP: 0/5

€32.470

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Quatro cilindros em linha
  • Capacidade: 1373 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Inj. Direta, Turbo, Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c.; 4 válc./cil.
  • Potência:
    129 cv às 5500 rpm
    motor elétrico: 14 cv às 3000 rpm
  • Binário: 235 Nm entre as 2000 rpm e 3000 rpm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Manual de seis velocidades

  • Largura: 4300 mm
  • Comprimento: 1785 mm
  • Altura: 1585 mm
  • Distância entre os eixos: 2600 mm
  • Bagageira: 430 l
  • Jantes / Pneus: 215/55R17
  • Peso: 1360 kg (EU)

  • Média de consumo: 5,9 l/100 km
  • Emissões CO2: 133 g/km
  • Velocidade máxima: 195 km/h
  • Aceleração máxima: >10,2s

    Tem:

    • Jantes de liga leve com superfície polida
    • Teto solar panorâmico
    • Barras de tejadilho
    • Molduras janelas cromadas
    • Faróis LED
    • Regulação automática da altura dos faróis
    • Sensor de luz
    • Faróis de nevoeiro
    • Luzes traseiras em LED
    • Vidros escurecidos
    • Limpa para-brisas automático
    • Retrovisores exteriores na cor da carroçaria, com regulação elétrica, rebatíveis eletricamente, aquecidos e com piscas integrados
    • Volante em pele
    • Ar condicionado automático
    • Ecrã de 9" com ligação smartphone / Bluetooth / DAB / Sistema Navegação
    • Cruise control adaptativo e limitador de velocidade
    • Bancos dianteiros aquecidos
    • Bancos em pele genuína + pele sintética
    • Câmara 360
Sabe esta resposta?
Em que ano o Renault Laguna foi Carro do Ano em Portugal?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Renault Laguna. Vencedor do troféu Carro do Ano 2002 em Portugal