Indústria
CUPRA vai ter um 100% elétrico compacto. Mas, e a SEAT?
No rescaldo do Salão de Munique, as certezas da chegada do SEAT Acandra, um elétrico compacto para 2025, esfumaram-se, ficando no seu lugar o CUPRA UrbanRebel.

Há mais ou menos um mês anunciávamos o nome do futuro elétrico compacto da SEAT, o Acandra. Faz parte de um grupo de futuros elétricos compactos do Grupo Volkswagen que vão derivar da versão mais pequena da MEB, da qual derivarão ainda o Skoda Elroq e os Volkswagen ID.1 e ID.2.
Começarão a chegar em 2024 e, mais importante, prometem preços de entrada a rondar os 20 mil euros, um valor substancialmente mais baixo que outros elétricos em comercialização hoje do mesmo segmento.
Agora, pós-Salão de Munique, temos um cenário distinto do anteriormente reportado, ao surgir um inesperado CUPRA UrbanRebel sobre a mesma base (a lançar em 2025) e que poderá tomar o lugar do falado SEAT Acandra.
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Ou seja, poderemos ver um 100% elétrico utilitário da CUPRA a chegar primeiro ao mercado que um SEAT Acandra, apesar de todos estes elétricos compactos (da CUPRA, Skoda e Volkswagen) terem produção em Martorell, o quartel-general da SEAT S.A., ao ritmo, prevê-se, de 500 mil unidades por ano.
Wayne Griffiths, presidente da SEAT e CUPRA"Não podemos fazer tudo ao mesmo tempo".
A CUPRA anunciou a sua intenção de se tornar 100% elétrica em 2030 recentemente e está prestes a inicializar a comercialização do Born (que nasceu como SEAT el-Born, se bem se recordam), já anunciou a chegada do Tavascan para 2024 e a versão de produção do UrbanRebel chegará em 2025.
É uma decisão estratégica, de acordo com Wayne Griffiths, o responsável máximo da SEAT e da CUPRA, que afirma que para se destacar neste segmento dos elétricos de entrada, é preciso “algo diferente” e que seja um “carro elétrico emocional, que tenha boa aparência e seja divertido de conduzir.”
E a SEAT?
A verdade é que, de momento, não são conhecidos planos concretos para um elétrico compacto que ostente o símbolo da SEAT, mas Griffiths avançou que, mesmo após 2025, continuará a “haver uma forte procura por automóveis com motores de combustão e, especificamente, híbridos plug-in“.

O SEAT Tarraco e o Leon oferecem atualmente uma variante híbrida plug-in, com o Leon a ter, especialmente, uma muito boa recepção no mercado, superiorizando-se até aos “primos” equivalentes do grupo alemão.
Griffiths anunciou ainda que a marca SEAT vai oferecer serviços de mobilidade, tendo em conta que o seu público-alvo é, em média, mais novo do que na restante indústria e que nem sempre é o mais recetivo a querer comprar um automóvel.
Mais relevante foi Wayne Griffiths ter dito que ambas as marcas — SEAT e CUPRA — irão continuar “até ao fim da década”, mas o que irá acontecer depois vai depender da velocidade de desenvolvimento do mercado de automóveis elétricos.
Mais pressão na CUPRA
À luz destes novos desenvolvimentos, o futuro do SEAT Ibiza — que foi renovado recentemente e deveria conhecer uma nova geração em 2024-25 — fica mais dúbio.

É o terceiro SEAT mais vendido, atrás do Leon e do Arona, mas tendo em conta que o Grupo Volkswagen prepara-se para eletrificar o segmento com a MEB Small, que tomará o lugar, progressivamente, dos modelos assentes sobre a MQB A0 como o Ibiza, fará sentido desenvolver novos modelos com recurso a esta plataforma?
A MQB A0 não permite grupos motrizes eletrificados, nem sequer como híbridos. E vem aí uma Euro 7 que penalizará fortemente ao nível do custo os automóveis a combustão mais acessíveis, pelo que é uma opção que parece ser, cada vez mais, economicamente inviável de seguir.
VEJAM TAMBÉM: Os novos “recrutas” da SEAT S.A. têm mais de 2,5 metros de altura e pesam 3 toneladasPorém, caso a ofensiva elétrica da SEAT fique totalmente a cargo da CUPRA, a pressão para preencher esse vazio com as suas propostas 100% elétricas será maior. O sucesso inicial da CUPRA, onde o Formentor já é o seu modelo mais vendido e os números de vendas continuam a subir, alimenta essa hipótese.
Fonte: Automotive News.
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