Clássicos Renault Laguna. Vencedor do troféu Carro do Ano 2002 em Portugal

Carro do Ano

Renault Laguna. Vencedor do troféu Carro do Ano 2002 em Portugal

Primeiro modelo a alcançar cinco estrelas nos testes Euro NCAP, o Renault Laguna conquistou o troféu do Carro do Ano em Portugal em 2002.

Renault Laguna

Após dois anos a terem SEAT como vencedores, em 2002 o Renault Laguna pôs fim ao “domínio espanhol”, conquistando o troféu do Carro do Ano em Portugal, um título que escapava à marca gaulesa desde 1987, quando o Renault 21 se impôs à concorrência.

Lançada em 2001, a segunda geração do Laguna mantinha-se fiel aos formatos de carroçaria do seu antecessor (dois volumes e meio com cinco portas e carrinha), mas apresentava linhas muito mais progressivas nitidamente inspiradas nas do Renault Initiale Concept revelado em 1995.

Contudo, se no capítulo estético o Laguna II não desiludia (aliás, até conseguia “fugir” ao cinzentismo habitual do segmento), a verdade é que as suas principais novidades estavam reservadas para as áreas da tecnologia e da segurança.

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Muitas das fotografias promocionais do Laguna foram tiradas no Parque das Nações.

Olha, sem mãos!

À entrada do século XXI a Renault estava apostada em assumir uma posição de vanguarda tecnológica e o Laguna foi “convocado” como um dos pontas de lança dessa estratégia.

Desenvolvida com base na mesma plataforma da Espace IV e do Vel Satis, a segunda geração do Laguna destacava-se pelo então novíssimo sistema de acesso mãos livres, uma novidade absoluta no segmento e algo que só mais um carro na Europa oferecia: o referencial Mercedes-Benz Classe S.

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O rádio “escondido” era uma característica herdada do antecessor.

Numa época em que alguns modelos ainda nem ofereciam o comando à distância, a Renault dotou o Laguna de um sistema que só nos últimos anos se tem generalizado, permitindo entrar e sair do carro sem ter sequer de tocar na chave… quer dizer, cartão.

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Hoje uma imagem de marca da Renault, os cartões de ignição estrearam-se no Laguna II, prometendo um futuro muito mais confortável em aceder e ligar o veículo. Curiosamente, ainda hoje há modelos que não se renderam a esse futuro.

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A ponte Vasco da Gama como pano de fundo, uma “tradição” das apresentações de modelos no início do século XXI.

Ainda no campo da tecnologia, a segunda geração do Renault Laguna contava com “modernices” como os (na altura raros) sensores de pressão dos pneus ou o sistema de navegação.

Contudo, esta aposta em força na tecnologia acabou por ter um preço: a fiabilidade. Foram vários os proprietários do Laguna que se viram a braços com muitos bugs que acabaram por minar a imagem do modelo e que acompanharam grande parte da sua carreira comercial.

Segurança, o novo foco

Se os gadgets tecnológicos ajudaram o Renault Laguna a destacar-se da concorrência, a verdade é que foram os seus então excelentes resultados nos testes de segurança Euro NCAP que cimentaram a posição da Renault como uma das referências neste campo no início do século.

Após várias marcas terem tentado, e falhado, a obtenção das cobiçadas cinco estrelas nos testes Euro NCAP, o Renault Laguna tornou-se no primeiro modelo a obter a classificação máxima.

É verdade que os testes do Euro NCAP nunca pararam de crescer em exigência, mas mesmo assim, os pré-tensores nos cintos dianteiros, airbags frontais, laterais e de cabeça que equipavam o Laguna ainda hoje estão longe de desiludir e faziam do carro francês o “mais seguro” das estradas europeias.

No campo da segurança ativa a Renault também não quis facilitar, e numa altura em que muitos dos seus rivais se viam a braços com problemas motivados pela ausência do ESP (a Mercedes-Benz com o primeiro Classe A e a Peugeot com o 607 são os melhores exemplos), a marca francesa oferecia aquele equipamento de série em todos os Laguna.

V6 no topo, Diesel para todos

A gama de motorizações da segunda geração do Renault Laguna era bem representativa do mercado automóvel do início dos anos 2000: ninguém falava em eletrificação, mas havia um motor V6 a gasolina no topo da oferta e várias opções Diesel.

A oferta a gasolina contava com três motores atmosféricos de quatro cilindros — 1.6 l e 110 cv, 1.8 l e 117 cv e 2.0 l com 135 cv ou 140 cv (dependendo do ano) — e um 2.0 l turbo que começou com 165 cv e acabou com 205 cv na versão GT, já como Phase II (restyling).

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O restyling focou-se principalmente na secção dianteira.

Contudo, era ao 3.0 l V6 com 24 válvulas que cabia desempenhar o papel de “topo de gama”. Fruto da colaboração entre a Renault, Peugeot e Volvo, o motor PRV apresentava-se com 210 cv e apenas podia ser associado a uma caixa automática de cinco velocidades.

Entre os Diesel a estrela era o 1.9 dCi que inicialmente se apresentava com 100 cv, 110 cv ou 120 cv e que após o restyling em 2005 viu a versão base descer dos 100 cv para os 95 cv. No topo estava o 2.2 dCi com 150 cv.

Já após o restyling o Laguna viu a aposta no Diesel reforçada com a chegada do 2.0 dCi de 150 e 175 cv e o 1.9 dCi de 125 e 130 cv.

Longe da competição

Ao contrário do seu antecessor, que se tornou presença habitual no campeonato de turismos britânico (aka BTCC), o Renault Laguna II não andou pelos circuitos.

Em 2005 recebeu um restyling que aproximou o seu estilo ao da restante gama da Renault, mas que lhe retirou algum do seu carácter. Já mais bem vindas foram as então elogiadas melhorias no campo da qualidade dos materiais e da montagem, áreas onde inicialmente o Laguna não tinha recebido as melhores críticas.

Renault Laguna
Além do volante, as versões pós-restyling distinguiam-se pelos materiais revistos, pelo novo rádio e pelo novo grafismo do painel de instrumentos.

Já merecedor de elogios foi sempre o conforto do modelo francês e um comportamento que, nas palavras de um muito jovem Richard Hammond, podia ser descrito como “fluído”.

Com 1 108 278 de unidades produzidas entre 2001 e 2007, o Renault Laguna não desiludiu no capítulo das vendas, mas ficou bastante longe do antecessor do qual se venderam 2 350 800 exemplares ao longo dos seus sete anos no mercado.

Por toda a tecnologia que introduziu no segmento e pelos novos patamares de segurança que atingiu, a segunda geração do Laguna tinha tudo para ambicionar outros voos, mas os muitos bugs eletrónicos e os vários problemas mecânicos (sobretudo os relacionados com os Diesel) que o afligiram, acabaram por prejudicar irremediavelmente a sua reputação.

O seu sucessor como que confirmou o declínio do peso do nome Laguna no segmento — apesar de ter erradicado os problemas que afligiram a segunda geração —, tendo vendido somente 351 384 exemplares entre 2007 e 2015. O seu lugar seria ocupado pelo Talisman, mas a ascensão dos SUV não “facilitou a vida” ao topo de gama francês.

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