Ensaio BMW 740d. Será o Diesel o «patinho feio» do novo Série 7?

Desde 139 000 euros

BMW 740d. Será o Diesel o «patinho feio» do novo Série 7?

O destaque do novo BMW Série 7 é a versão 100% elétrica, o i7. No entanto, o 740d com motor Diesel, ainda tem uma palavra a dizer.

BMW 740d xDrive

9/10

O elétrico i7 quase fazia esquecer que há um «tradicional» Diesel no novo BMW Série 7. Quase…

Prós

  • Ambiente sofisticado a bordo
  • Comportamento dinâmico
  • Conforto elevado
  • Sistema de som

Contras

  • Demasiados e dispendiosos opcionais
  • Estética pouco consensual
  • Tamanho XXL em condução urbana

O novo BMW i7 tem concentrado todas as atenções desde que ficámos a conhecer a nova geração do Série 7. Afinal, trata-se do primeiro Série 7 a ser movido apenas e só a eletrões.

É uma decisão distinta da arquirrival Mercedes-Benz, que redefiniu o seu topo de gama em dois modelos distintos, de acordo com o que os motiva: Classe S a combustão (ainda que eletrificado) e EQS exclusivamente a eletrões.

Foi a opção certa da BMW concentrar tudo num modelo só? Teremos de aguardar alguns anos pela resposta.

De momento, o que parece certo, é que o protagonismo dado ao i7 parece ter feito «esquecer» que existem ainda Série 7 a combustão, incluindo o BMW 740d xDrive que é a razão de ser deste ensaio.

Até porque o i7 foi o primeiro que passou pela garagem da Razão Automóvel e deu-nos a conhecer os atributos da nova geração do porta-estandarte bávaro.

O Miguel Dias, que o ensaiou, destacou o conforto e a dinâmica, mesmo acusando um peso elevado. E apesar dos consumos registados não terem sido absurdos, no i7 ainda persiste um pouco de ansiedade com a autonomia. Bem, com o BMW 740d xDrive não existe nada disso.

Ainda que a invenção de Rudolf Diesel — o motor Diesel faz 130 anos este ano —, seja o novo inimigo público, a opção Diesel do novo Série 7 é a que nos permite apreciar todas as mordomias deste modelo, sem preocupações com o carregamento. Perdão, com o abastecimento.

O 740d poderá ser quase o «patinho feio» desta nova gama, mas resta saber se, no futuro, se vai transformar num cisne, ou se este Diesel será o «canto do cisne».

Desenho controverso

As linhas do novo BMW Série 7 parecem ter sido criadas com um escopro e um martelo e não com uma lápis e marcadores sobre folhas em branco. Em vez das linhas mais fluidas do seu antecessor, surge agora um modelo com os volumes da carroçaria mais definidos e traços mais monolíticos.

BMW 740d vista lateral
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Na frente, o maior destaque é o duplo rim de dimensões controversas e com a sua moldura iluminada. Além disso, os grupos óticos sobrepostos também contribuem para o visual estranho.

Ainda que, ao mesmo tempo, este também ajude a destacar a imponência do BMW 740d de alguma forma, como se as suas dimensões avantajadas já não o fizessem. Algo que fiquei muito ciente nos momentos em que o estacionei ou retirei na garagem.

Esta nova geração só está disponível no que antes era conhecido pela versão longa. E isso traduz-se em quase 5,4 m de comprimento e em mais de 3,2 m na distância entre eixos. Tem ainda quase dois metros de largura e um pouco mais de metro e meio de altura.

No entanto, este 740d xDrive «só» pesa 2255 kg, menos 460 kg que o «peso-pesado» i7.

Um mundo à parte a bordo do Série 7

Entrar no habitáculo de um automóvel e dizer que estou num «mundo à parte» parece meio cliché. Mas essa é precisamente a sensação transmitida pelo novo BMW Série 7. E começa ainda antes de entrarmos, graças à presença das portas de abertura e fecho automáticos.

Além de um desenho que (por enquanto) não se assemelha a nenhum outro modelo da marca, no interior do Série 7 existe um ambiente digno de um verdadeiro topo de gama moderno. E isso vai desde a escolha dos materiais até às suas cores e diversos outros detalhes, passando por uma verdadeira montra tecnológica de soluções e equipamentos.

Neste capítulo, além do soberbo sistema de som desenvolvido pela Bowers & Wilkins, o destaque vai para a enorme faixa horizontal que cobre quase por completo a largura do tabliê e se prolonga pelos painéis das portas.

Está associada ao sistema de iluminação ambiente, com inúmeros tons disponíveis, mas também tem a capacidade de ser utilizada como uma forma de transmitir avisos visuais. Por exemplo, um sinal vermelho ao abrir uma porta quando deteta um ciclista, ou uma intermitência, também em vermelho, quando se ligam os «quatro piscas».

No capítulo do espaço e da ergonomia, quase não há críticas a fazer. A posição de condução merece nota 10 e o conforto também fica lá perto. E se olhar para o espaço à minha volta, seja nos lugares da frente ou nos traseiros, a sensação é a mesma.

A grande vantagem é que lá atrás há mostradores que parecem um smartphone em cada porta e que servem de comando para as diversas funções que temos disponíveis. Entre elas, a abertura e fecho de todas as cortinas, os comandos da climatização e também a escolha de diversos tipos de massagem proveniente dos assentos.

Em busca da perfeição

Para equipar a única versão Diesel disponível no novo BMW Série 7, a marca escolheu um ícone da sua história. Só podia ser um bloco de seis cilindros em linha que, nesta versão, extrai de 3,0 l de capacidade 286 cv e 650 Nm.

BMW 740d motor Diesel
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Contudo, a potência máxima combinada é de 300 cv e o binário máximo combinado é de 670 Nm, graças à contribuição do motor elétrico de 18 cv que faz parte do sistema mild-hybrid de 48 V deste Série 7.

A marca anuncia de 0 a 100 km/h em 5,8s e consegue alcançar os 250 km/h de velocidade máxima. Em paralelo, também consegue apresentar médias de consumo entre os seis e os sete litros, num percurso combinado.

Durante o teste, posso dizer que fiz menos do que isso em autoestrada (5,7 l/100km), ainda que em ritmo moderado. Mas este teste também incluiu outros ritmos.

Além disso, fazer mexer um automóvel de 2255 kg por estradas sinuosas e em ambiente urbano, não é das tarefas mais gratificantes caso se deseje poupar combustível. Ainda assim, no final do ensaio registei 7,6 l/100km, o que está longe de parecer um absurdo.

Devorador de quilómetros

É outro termo cliché, mas que se aplica perfeitamente ao BMW 740d xDrive. É que, nesta versão, nem sequer me lembrei da palavra autonomia.

BMW 740d vista lateral em movimento
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

E quando se chega ao momento em que se gastam os mais de 70 litros de combustível que cabem no depósito, será apenas necessário encontrar a estação de serviço mais próxima.

Tal como o Miguel referiu com o i7, que tinha (quase) mais meia tonelada de peso que este 740d, a agilidade deste «monstro» consegue ser surpreendente.

Ainda que não seja esse o seu objetivo, é um conjunto que não dispensa o prazer de condução, que tem uma direção de tato adequado e um desempenho de chassis muito interessante, tendo em conta o seu tamanho e peso.

Em conjunto com o conforto elevado que já referimos, torna-se na opção perfeita para nos metermos na autoestrada ir lanchar ao Algarve e jantar no Porto, antes de regressar a Lisboa. Não fosse o preço das portagens e o do combustível, além do próprio BMW 740d xDrive.

Claro que podemos sempre optar pelas estradas secundárias e usufruir do desempenho das quatro rodas direcionais. Um elemento que também facilita qualquer manobra.

Descubra o seu próximo automóvel:

Diesel, mas também um BMW Série 7

Assim que iniciamos o «jogo» do configurador da marca, o valor base de um BMW 740d xDrive já se encontra nos 139 mil euros. Sendo que já está incluído uma grande lista de equipamento de série.

Desta, já fazem parte elementos como o teto de abrir panorâmico, o sistema de acesso Comfort com fecho suave das portas, as luzes adaptativas em LED, o sistema de navegação e até os monitores nas portas traseiras de que escrevi há pouco. Nem sequer falta o sistema de som desenvolvido pela Bowers & Wilkins.

Só que, depois de tudo isto, ainda se trata de um BMW. E por isso há ainda muitos opcionais disponíveis, para mais sendo um Série 7.

Neste caso, as opções recaíram no Pack Desportivo da M, nas jantes de 21″, nas portas automáticas e em alguns pacotes de equipamento mais exclusivo.

https://youtu.be/Sox4jzNF0pY

Por causa disso, o preço da unidade ensaiada «insuflou» até aos 169 784 euros. Só as luzes dianteiras em cristal “Iconic Glow”, que ficam a cintilar, são uma escolha que se traduz em 2180 euros. Mas fica lindo.

Veredito

BMW 740d xDrive

9/10

Ainda não estamos num patamar em que os automóveis 100% elétricos façam sentido na mesma percentagem, especialmente neste segmento. Por essa razão, este BMW 740d xDrive mostrou-nos claramente as suas capacidades de que é um grande e muito confortável estradista, com imensa tecnologia a bordo. E tudo com um motor Diesel «velho», que até registou um consumo moderado.

Prós

  • Ambiente sofisticado a bordo
  • Comportamento dinâmico
  • Conforto elevado
  • Sistema de som

Contras

  • Demasiados e dispendiosos opcionais
  • Estética pouco consensual
  • Tamanho XXL em condução urbana

Especificações Técnicas

Versão base:139.000€

IUC: 665€

Classificação Euro NCAP: 5/5

169.784€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: 6 cilindros em linha
  • Capacidade: 2993 cm³
  • Posição: Dianteira, longitudinal
  • Carregamento: Injeção direta common-rail. Biturbo com geometria variável. Sistema mild-hybrid de 48 V com motor elétrico integrado na transmissão
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv. por cil. (24 válv.)
  • Potência: 286 cv às 4000 rpm (maxima combinada: 300 cv)
  • Binário: 650 Nm entre 1500-2500 rpm (máximo combinado: 670 Nm)

  • Tracção: às quatro rodas
  • Caixa de velocidades:  Automática Steptronic de 8 vel.

  • Comprimento: 5391 mm
  • Largura: 1950 mm
  • Altura: 1544 mm
  • Distância entre os eixos: 3215 mm
  • Bagageira: 540 l
  • Jantes / Pneus: FR: 255/40 R21; TR: 285/35 R21
  • Peso: 2255 kg

  • Média de consumo: 6,1-6,8 l/100 km
  • Emissões CO2: 160-178 g/km
  • Velocidade máxima: 250 (limitada eletronicamente)
  • Aceleração máxima: >5,8s

    Tem:

    • Função fecho suave das portas
    • Teto de abrir panorâmico
    • Luzes adaptativas LED, incluindo o assistente das luzes de máximos e os faróis traseiros LED
    • Funcionamento automático da porta da bagageira
    • Sistema de acesso Comfort
    • BMW Live Cockpit Plus com visor curvo BMW
    • BMW Operating System 8.5 com navegação
    • Barra de interação BMW com aparência de vidro cristalina e retroiluminada
    • Comando Touch BMW, painéis de controlo nas portas traseiras
    • Sistema de som surround Bowers & Wilkins
    • My Modes BMW: Personal, Sport/Sport Plus, Efficient, Expressive, Relax, Art, Theatre
    • Ajuste elétrico dos bancos, com função de memória para o banco do condutor e apoio lombar
    • Aquecimento dos bancos do condutor e do passageiro da frente
    • Ar condicionado automático com controlo de 4 zonas
    • Luz ambiente
    • Suspensão pneumática adaptativa nos 2 eixos
    • Cruise Control com função de travagem
    • Assistente de estacionamento, incluindo sensores de estacionamento ativos e câmara traseira

Pintura Cinza Oxide metalizada: 1190 €
Kit reparação de pneus: 50 €
Pack Desportivo M: 7140 €
Jantes de Liga Leve de 21″: 1140 €
Interior da BMW Individual: 1920 €
Portas automáticas: 1560 €
Luzes em cristal “Iconic Glow”: 2180 €
Controlos com detalhes em vidro “Crafted Clarity”: 880 €
Sistema Travel & Comfort: 420 €
Pack Innovation: 2270 €
Pack Executive: 4760 €
Pack Connoisseur: 2130 €
Pack Climate Acoustic: 2580 €