Ensaio Testámos o sereno (mas rápido) C5 Aircross Hybrid, o primeiro híbrido plug-in da Citroën

Desde 46 346 euros

Testámos o sereno (mas rápido) C5 Aircross Hybrid, o primeiro híbrido plug-in da Citroën

O Citroën C5 Aircross Hybrid é o primeiro híbrido plug-in da marca francesa e chega até nós numa altura em que este tipo de veículos são um tópico quente de discussão.

Citroen C5 Aircross Hybrid

Com toda a polémica recente à volta dos híbridos plug-in, desde a acusação de que são um “desastre ambiental”, à controversa proposta do PAN para o OE 2021 para lhes retirar os benefícios fiscais, a bordo do Citroën C5 Aircross Hybrid tudo permanece sereno, como se não fosse nada com ele.

Sereno é mesmo o melhor adjetivo que define não só o primeiro híbrido plug-in da Citroën, como o C5 Aircross em si. Algo que constatámos em várias ocasiões, desde que o conhecemos pela primeira vez em Marrocos, em 2018; e já este ano em solo nacional aos comandos do 1.5 BlueHDI; e, ainda mais recente, durante a apresentação dinâmica (em vídeo) em Espanha deste inédito Hybrid.

Agora aos comandos do C5 Aircross Hybrid durante vários dias em solo nacional, deu para ficar a conhecer todos os vícios e virtudes desta proposta e também retirar as dúvidas sobre o controverso tópico dos consumos/emissões dos híbridos plug-in.

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Citroen C5 Aircross Hybrid
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

1,4 l/100 km são possíveis?

Porém, se já leram e/ou viram os nossos testes a outros híbridos plug-in, vão encontrar uma constante: os consumos que obtemos são sempre superiores aos valores combinados oficiais — duas, três, ou mesmo quatro vezes mais — e não é difícil perceber porquê. Nos testes de certificação (WLTP) dos consumos e emissões aos híbridos plug-in, a bateria que os equipa está no seu nível de carga máximo, pelo que, naturalmente, é o motor elétrico o único usado durante parte substancial desse mesmo teste.

Não admira, portanto, que a larga maioria dos híbridos plug-in anunciem valores de consumo combinado abaixo dos 2,0 l/100 km e emissões de CO2 abaixo das 50 g/km — o C5 Aircross Hybrid anuncia apenas 1,4 l/100 km e 32 g/km e uma autonomia elétrica de 55 km. No mundo real, mais caótico, longe dos rigores dos testes de laboratório, onde nem sempre é possível carregar a (pequena) bateria com a frequência que esta exige, o motor de combustão é chamado a intervir muito mais vezes.

O mesmo é verdade para o C5 Aircross Hybrid aqui testado. Sim, é possível atingir os 1,4 l/100 km oficiais e até menos, se efetuarmos curtas distâncias no dia a dia e tenhamos um carregador à “mão de semear”. Mas com a bateria sem “sumo” — com condução despreocupada, consegui aproximadamente 45 km de autonomia zero emissões—, consumos entre os 6-6,5 l/100 km não são difíceis de atingir.

Bocal de carregamento
Para o C5 Aircross Hybrid fazer sentido, esta porta de carregamento tem de ser usada o mais vezes possível. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

É muito mais? Sem dúvida. Será um “desastre ambiental”? Obviamente que não. Há que colocar estes valores em perspetiva.

Estamos a falar de consumos que ficam um pouco acima dos obtidos pelo C5 Aircross 1.5 BlueHDi. Só que no Hybrid temos 180 cv extraídos do 1.6 PureTech que sobem a 225 cv quando adicionamos o motor elétrico e o Diesel fica-se pelos 130 cv — o C5 Aircross eletrificado é muito mais rápido, não só no papel, como nas sensações, cortesia do binário instantâneo do motor elétrico, mesmo sendo três centenas de quilos mais pesado.

Motor 1.6 PureTech mais motor elétrico
Por baixo de todo o plástico e tubagens temos dois motores, um de combustão e outro elétrico. E a relação entre os dois não podia ser mais saudável. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Como temos dito para todos os outros híbridos plug-in que temos testado, também este C5 Aircross Hybrid não é para todos, e cuja existência só faz sentido quando é carregado frequentemente.

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Suave, talvez em excesso

Mas caso optem pelo Citroën C5 Aircross Hybrid vão descobrir um SUV familiar muito confortável e refinado. Bem, o C5 Aircross é bastante confortável seja qual for a versão, mas nesta variante híbrida adiciona uma camada adicional de refinamento, que é como quem diz, insonorização.

O que não deixa de ser curioso, pois o Hybrid é também o mais potente e um dos mais rápidos C5 Aircross. O binário instantâneo do motor elétrico ajuda e muito à performance espevitada e bastante apreciada, com o SUV a conseguir “mexer-se” mesmo muito bem. O casamento entre os dois motores está num plano elevado — o motor térmico não entra em cena intempestivamente e os níveis de ruído estão muito bem controlados —, e a caixa ë-EAT8 (automática de oito velocidades) faz um muito bom trabalho em gerir tudo isto.

Caixa de velocidades EAT-8
A caixa ë-EAT8 vem com um modo B que permite recuperar energia em desaceleração. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Porém, a experiência de condução é algo dissonante. Por um lado temos um nível de performance interessante que convida a explorá-la, mas por outro, tudo o resto no C5 Aircross Hybrid convida a um andamento moderado.

Seja pela assistência dos seus comandos, sempre elevada, mesmo quando não deviam ser — falta peso à direção em autoestrada, por exemplo —; seja pelo amortecimento bastante macio da suspensão que, quando elevamos o ritmo, revela algumas limitações na contenção dos movimentos da carroçaria; ou ainda pela ë-EAT8, que acaba por hesitar na sua ação quando carregamos com mais determinação sobre o acelerador (característica que se mantém em modo manual).

Citroen C5 Aircross Hybrid
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Respirem fundo, moderem o andamento e a vossa ação sobre a direção e pedais, e a harmonia entre o conjunto mecânico e dinâmico regressa — afinal trata-se de um SUV familiar, não um hot hatch, e se há um tema prevalente no C5 Aircross é o do conforto. Ainda que um pouco mais de peso e uma maior sensação de conexão entre condutor-máquina seria bem vinda. O que nos leva a perguntar o porquê de haver um modo Sport… 

Dito isto, o comportamento é seguro e inofensivo. Não existem reações estranhas e pauta-se sempre pela progressividade das mesmas.

Citroen C5 Aircross Hybrid
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel
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SUV ou MPV? Porque não os dois?

De resto, é o C5 Aircross que já conhecemos, ou seja, além de confortável é também flexível, a fazer lembrar os MPV. Ainda é o único do segmento a vir com três lugares atrás individuais e idênticos, e todos eles deslizantes em 150 mm, com costas reclináveis e rebatíveis. O espaço é bastante razoável na segunda fila (bastante bom em largura), mas concorrentes como os do Grupo Volkswagen — Skoda Karoq, Volkswagen Tiguan, SEAT Ateca — têm mais espaço para pernas e a percepção de espaço nestes é também superior.

O Citroën C5 Aircross Hybrid tem, no entanto, uma desvantagem em relação aos restantes irmãos de gama. As baterias colocadas atrás roubam espaço à bagageira que passa de uns referencias 580-720 l (dependendo da posição dos bancos traseiros) para uns mais moderados, mas ainda significativos 460-600 l.

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É o carro certo para mim?

É uma pergunta de resposta difícil, devido à especificidade desta versão. Se o C5 Aircross Hybrid cumpre eficazmente o seu papel de veículo familiar — os genes MPV em muito contribuem para isso —, por outro lado a motorização híbrida plug-in não serve as necessidades de todos, pois só faz efetivamente sentido optar por esta quando carregamos frequentemente a bateria (convidando até a um uso mais urbano).

Citroen C5 Aircross Hybrid
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Além do mais, tem o ónus de vir com duas motorizações (combustão e elétrica) que empurra o preço deste modelo para valores acima dos 46 mil euros — mais de 48 mil euros no caso da nossa unidade quando adicionamos o custo dos opcionais. Fará mais sentido para uma empresa, de modo a usufruir dos benefícios fiscais que (ainda) existem para este tipo de veículos.

Quanto aos particulares, existem opções mais em conta na gama C5 Aircross, ainda que a única que ofereça prestações do mesmo calibre seja a puramente a gasolina 1.6 PureTech de 180 cv com caixa EAT8 que, apesar de ser mais acessível por cerca de 7000 euros (mais coisa menos coisa), vai sempre gastar muito mais combustível.

Testámos o sereno (mas rápido) C5 Aircross Hybrid, o primeiro híbrido plug-in da Citroën

Citroën C5 Aircross Hybrid Shine

7/10

O C5 Aircross Hybrid representa o início da ofensiva eletrificada da Citroën, ao qual se seguirá o… quadriciclo 100% elétrico Ami e também o novo ë-C4. Porém, no caso do C5 Aircross Hybrid, é uma proposta com um alvo muito específico e poderá não fazer sentido para muitos os que procuram dar o salto para a mobilidade eletrificada. Porém, continua a usufruir dos mesmos atributos dos seus irmãos puramente a combustão: bastante confortável, habitáculo flexível, bagageira ampla — mesmo sendo mais pequena —, e uma experiência de condução que convida a ritmos mais moderados. Ainda que a performance que oferece seja bastante… animada.
Ao conforto junta-se o refinamento elevado, o que pode fazer do C5 Aircross o companheiro ideal para viagens mais longas — só não esperem fazer 1,4 l/100 km nessas condições, porque a bateria não dá para tanto. Afinal é um híbrido (até no nome), não um "falso elétrico".

Prós

  • Conforto a bordo
  • Condução agradável (a ritmos moderados)
  • Performance
  • Flexibilidade da segunda fila de bancos

Contras

  • Modo híbrido mais parece modo elétrico
  • Dinamicamente não entusiasma
  • Preço

Versão base:€46.347

IUC: €137

Classificação Euro NCAP: 5/5

€48.561

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha + motor elétrico
  • Capacidade: 1598 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira Transversal
  • Carregamento: Motor de combustão: Inj. Direta, Turbo, intercooler; Motor elétrico: bateria de iões de lítio com 13,2 kWh
  • Distribuição: 2 a.c.c.; 4 válv./cil. (16 v)
  • Potência:
    Motor combustão: 181 cv às 6000 rpm
    Motor elétrico: 110 cv às 2500 rpm
    Potência máxima combinada: 224 cv.
  • Binário:
    Motor de combustão: 300 Nm às 3000 rpm
    Motor elétrico: 320 Nm entre 500-2500 rpm
    Binário máximo combinado: 360 Nm.

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática de 8 velocidades (conversor de binário)

  • Largura: 4500 mm
  • Comprimento: 1859 mm
  • Altura: 1688 mm
  • Distância entre os eixos: 2730 mm
  • Bagageira: 460-600 l até 1510 l (bancos rebatidos)
  • Jantes / Pneus: 205/55 R19
  • Peso: 1845-1942 kg

  • Média de consumo: 1,4 l/100 km; Autonomia: 55 km
  • Emissões CO2: 32 g/km
  • Velocidade máxima: 225 km/h (135 km/h em modo elétrico)
  • Aceleração máxima: >8,9s

    Tem:

    • Climatização automática bi-zona
    • Vidros laterais traseiros e óculo traseiro escurecidos
    • Duas tomadas USB
    • Cabo de carregamento Modo 2
    • Piso da bagageira em posição alta
    • Retrovisor interior eletrocromático com LED de vizualização modo ZEV
    • Cluster de bordo digital TFT de 12,3"
    • Pack City Câmara
    • Acesso e arranque mãos livres
    • Retrovisores exteriores rebatíveis electricamente com Sistema Activo de Controlo do Ângulo Morto
    • Regulação lombar do banco do condutor

Branco Nacarado: 750 €
Pintura exterior dois tons: 300 €
Jantes Art Diamantadas Full Black 19": 125 €
Portão traseiro com acionamento elétrico: 490 €
Pack Drive Assist com Highway Driver Assist: 300 €
Recarga sem fios para smartphones: 100 €
Pack Color Azul: 50 €