Crónicas Já passaram 40 anos mas ninguém esquece o Mercedes 190 (W 201)

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Já passaram 40 anos mas ninguém esquece o Mercedes 190 (W 201)

Este mês celebram-se os 40 anos do lançamento do Mercedes-Benz 190 (W 201). Um dos modelos mais importantes da marca alemã.

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Não era rápido, nem potente — pelo menos na maioria das versões. Mas vendeu quase dois milhões de unidades e angariou pelo caminho uma legião de fãs. Falamos do Mercedes-Benz 190 (W 201), um modelo que foi lançado há precisamente quatro décadas.

contámos a sua história — um pouco mal contada, é verdade… —, já nos debruçámos sobre a sua engenharia e nem sequer nos esquecemos de mencionar um «semideus» da condução que o conduziu e deu uma tareia a meio pelotão da Fórmula 1.

E este mês, em que se assinala o seu 40.º aniversário, voltamos a recordá-lo. Até porque ninguém o esquece. Mas afinal de contas, o que é que o Mercedes-Benz 190 tem de tão especial?

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Mercedes-Benz 190 no túnel de vento
O Mercedes-Benz 190 em testes num túnel de vento (1983).

Comprámos um Mercedes-Benz 190

Foi carro de «praça», foi carro de muitas famílias, foi carro de corridas, foi um compêndio tecnológico e, volvidos 40 anos, ainda é uma presença assídua nas nossas estradas.

Caramba… Não pode haver tanta gente enganada relativamente a um automóvel.

Foi por isso que na Razão Automóvel adquirimos um Mercedes-Benz 190. Uma unidade que podem conhecer neste vídeo — prometemos que este vídeo vai ter segunda parte:

Motivo da aquisição? Queríamos perceber a «razão» do sucesso deste modelo — para além do óbvio, naturalmente.

Que foi o primeiro Mercedes-Benz com suspensão multilink no eixo traseiro; que tinha um dos motores Diesel mais suaves e silenciosos do mundo; que foi desenvolvido com recurso a computadores; que apesar de ser o Mercedes-Benz mais barato da gama, mantinha os padrões de qualidade da marca alemã; que foi desenhado por um génio da indústria automóvel, Bruno Sacco; etc.

Já sabíamos tudo isto, mas tínhamos de «ver para crer». Ou será «conduzir para crer»?

Efetivamente o Mercedes-Benz 190 (W 201) é um modelo especial. E não foram necessários muitos quilómetros para perceber isso mesmo.

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Fiabilidade, robustez e conforto

Escrevo estas linhas após mais de um ano a privar com uma unidade Mercedes-Benz 190. Juntos já percorremos o país de «norte a sul» num total que já supera confortavelmente os 10 000 km.

E não, não precisei deste tempo todo para entender o quão especial é o Mercedes-Benz 190. Ainda antes de rodar a chave, já o nosso W 201 dava bons indicadores.

O abrir e fechar da porta, a solidez do interior, o tato dos comandos. Com excepção de alguns plásticos (da moldura da ventilação e velocimetro) tudo transmite uma sensação de qualidade e solidez impressionante.

Mercedes-Benz 190 D
© Thom V. Esveld
Por isso, quando rodei a chave, veio a confirmação: que qualidade! A ausência de vibrações e silêncio do motor 2.0 Diesel — face àquilo que era expectável — surpreende e coloca em «cheque» modelos bem mais recentes.

Não vou dizer que já não se fazem Mercedes como antigamente, mas daqui a 40 anos voltamos a falar.

Em estrada, é a solidez da carroçaria e resposta das suspensões nos pisos mais degradados que impressiona. A sua engenharia era tão avançada para a época, que aos dias de hoje parece um automóvel mais recente do que verdadeiramente é.

Podia conduzi-lo todos os dias. É prático, robusto, confortável, fácil de guiar e… lento. O motor Diesel 2.0 litros que equipa o nosso Mercedes-Benz 190 parece a encarnação mecânica de uma tartaruga: lento, mas com uma enorme longevidade.

Com apenas 75 cv de potência fornecidos por motor naturalmente aspirado ninguém pode esperar milagres. Não há milagres. E depressa nos habituamos a gerir uma potência que foi pensada para cumprir escrupulosamente os limites de velocidade. Nem mais, nem menos — ou talvez não como mostra este vídeo.

Ultrapassagens? É preciso ter muita atenção. Porém, nada disto belisca a experiência que é conduzir um clássico como este. É palpável o quão avançado este modelo foi. Parece à prova da passagem do tempo.

Por mim falo: quando comprámos o 190 pensei que a estadia dele na garagem da Razão Automóvel seria temporária. Entretanto já passou mais de um ano e está cada vez mais difícil dizer-lhe adeus. Vendemos e damos lugar a outro modelo, de outra marca?

Seja qual for a resposta agora entendo o porquê de toda esta legião de fãs. Parabéns, Mercedes-Benz 190.