Ensaio CUPRA Born testado. O primeiro elétrico da CUPRA convence?

Desde 40 230 euros

CUPRA Born testado. O primeiro elétrico da CUPRA convence?

O CUPRA Born é o primeiro modelo 100% elétrico da jovem marca, mas estará à altura dos pergaminhos que esta tem vindo a estabelecer?

CUPRA Born
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Depois do sucesso do Formentor em estabelecer a CUPRA como uma marca independente, com caráter próprio, o CUPRA Born parece ter pela frente uma tarefa mais desafiante.

Isto porque apesar dos esforços de diferenciação, o Born acaba por ter no seu «primo», o Volkswagen ID.3, um modelo particularmente próximo.

Será que o primeiro 100% elétrico da CUPRA consegue a necessária distinção e separação do modelo alemão e ser percebido como um verdadeiro CUPRA? Altura de o descobrir.

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CUPRA Born
Visualmente a CUPRA foi bem sucedida na tarefa de distinguir o Born do ID.3. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Ninguém lhe fica indiferente

Os primeiros sinais são promissores. O estilo do CUPRA Born foi merecedor constante de elogios durante os vários dias que estive com ele.

Fosse pela cor exclusiva ou os detalhes em tom cobre, ou pela sua aparência mais agressiva e desportiva, o Born parecia chamar sempre a atenção por onde passasse, com muitos olhares a fixarem-se nele.

Até quando parava para o carregar, por mais do que uma vez fui abordado por pessoas que, além de curiosas acerca deste novo modelo, queriam simplesmente elogiar as suas linhas.

Pessoalmente considero que a CUPRA foi bem sucedida na tarefa de diferenciar o Born do ID.3 e se é verdade que as suas proporções gerais e silhueta são idênticas às do Volkswagen, não é menos verdade que o modelo espanhol tem uma personalidade própria e, a meu ver, mais vincada que a da proposta alemã.

Espaçoso e distinto

Uma vez no interior do CUPRA Born há algo que imediatamente é evidente: espaço não falta. O recurso à plataforma MEB assim o permite, maximizando o espaço habitável ao eliminar detalhes típicos das plataformas pensadas para modelos com motor de combustão, como é o caso do túnel central.

Já a colocação das baterias debaixo do piso obrigou-o a ficar um pouco mais alto do que é habitual nos modelos de combustão. É verdade que exige alguma habituação, mas em nada afeta o espaço a bordo.

Quanto à bagageira, com 385 l esta chega a suplantar a do maior CUPRA Leon, ainda que por apenas cinco litros (380 l), mas caso o Leon seja o híbrido plug-in, a bagageira do Born é bem maior — fica reduzida a 270 l. O que é certo é que permite encarar com à vontade as tarefas familiares, inclusive transportar carrinhos de bebé.

Contudo, se todas estas características do interior do Born são partilhadas com o Volkswagen ID.3, o mesmo não acontece com os materiais usados no interior do modelo da CUPRA, que são bem mais agradáveis e estão «em linha» com o que já nos habituámos na marca espanhola.

A montagem também merece elogios mas a ergonomia tem considerável margem de progressão, pois se visualmente o abandono dos comandos físicos resulta, o mesmo não acontece na hora de aceder aos menus ou até de operar o sistema de ventilação.

Dinamicamente não desilude…

Apesar da sua juventude, a CUPRA tem tido particular sucesso em estabelecer-se como uma marca capaz de fazer modelos interessentes de conduzir, de caráter mais desportivo e o Born não é exceção.

Com um motor elétrico de 150 kW (204 cv) e 310 Nm colocado nas rodas traseiras, o CUPRA Born não desilude no capítulo das performances, beneficiando da entrega imediata de binário para cumprir os 0 aos 100 km/h em 7,3s.

CUPRA Born
O duplo piso da bagageira é um bom «aliado» na hora de arrumar os cabos de carregamento. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Aliás, quando selecionamos o modo «Performance» a entrega de binário é suficientemente repentina para surpreender os mais distraídos ou aqueles que não estão habituados a andar em carros elétricos.

Já nas curvas, apesar da tração traseira o CUPRA Born acaba por ser mais eficaz que divertido. A direção é precisa, direta e comunicativa, mas não ao ponto de tornar o modelo espanhol numa referência em nenhum destes capítulos.

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Por fim, a suspensão consegue um bom compromisso entre conforto e comportamento, algo particularmente notório quando circulamos em estradas com piso mais degradado e nos lembramos que temos pneus de baixo perfil.

… e na eficiência também não

Se no campo da dinâmica o Born convence indo de encontro aos pergaminhos da CUPRA, no da eficiência chega a surpreender.

No modo «Comfort» temos o melhor compromisso entre performance e eficiência, mas é no modo «Range» que quase usamos o Born sem nos lembrarmos de que é um elétrico.

CUPRA Born
As diferenças entre os modos de condução são evidentes. Pena é que para os selecionar seja preciso ir a um submenu. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Sem prejudicar demasiado as performances, este modo permite afastar quase por completo a «ansiedade de autonomia», mesmo quando associado à bateria de 58 kWh, como era o caso.

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Apenas lamenta-se a existência de somente um modo de regeneração. Por exemplo, outras propostas elétricas como o Kauai Electric já contam com muitos mais, o que ajuda a «esticar» a autonomia.

Por falar em autonomia e respondendo a uma questão deixada pelo Diogo Teixeira quando foi a Barcelona conhecer o Born em primeira mão: sim, é possível fazer consumos mais baixos do que os já muito bons 15,7 kWh/100 km alcançados na Catalunha.

O revestimento dos bancos com recurso a plástico reciclado, obtido do lixo plástico recolhido nos oceanos, é a prova de que é possível conciliar sustentabilidade e qualidade/agradabilidade.

Adotando uma condução maioritariamente calma nos trajetos do dia a dia, permitiu terminar o teste com uma média que rondava os 13,2 kWh/100 km, tendo chegado a valores tão baixos como os 12,5 kWh/100 km.

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De notar que estes valores foram alcançados em percursos bem longe do meio urbano, com a maioria das deslocações ao volante do Born a serem feitas por estradas nacionais.

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Às qualidades já reconhecidas ao «primo» ID.3, o CUPRA Born acrescenta uma bem-vinda diferenciação visual e materiais bem mais agradáveis no interior.

Cupra Born
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

O CUPRA Born é dinamicamente competente, mas não se afasta o suficiente do ID.3, e é capaz de prestações que não envergonham o «pedigree desportivo» da jovem marca.

O primeiro elétrico da CUPRA apresenta-se assim como uma das melhores escolhas para quem quer aderir à mobilidade elétrica sem ter de abdicar de uma experiência de condução mais diferenciada, acabando por ser mais do que apenas a soma das partes.

CUPRA Born testado. O primeiro elétrico da CUPRA convence?

CUPRA Born 58 kWh

8/10

Com apenas quatro anos, a CUPRA tem-se tornado num caso sério no mercado europeu e a razão é simples: tem um "ADN" muito bem definido. O Born mantém-se fiel a esse "ADN" e o resultado é um modelo que consegue destacar-se por muito mais do que por ser apenas «um bom elétrico», conservando as qualidades já reconhecidas ao «primo» alemão. Distinto visualmente, prático e capaz de boas performances, antes de ser um elétrico, o Born é, acima de tudo, um CUPRA.

Prós

  • Autonomia e gestão das baterias
  • Habitabilidade
  • Estilo
  • Prestações
  • Agradabilidade dos materiais usados no interior

Contras

  • Recurso excessivo (e por vezes não tão bem conseguido) a botões táteis.
  • Sistema de infoentretenimento com bastantes submenus

Versão base:€40.230

Classificação Euro NCAP: 5/5

€47.653

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Motor elétrico
  • Posição:Traseira transversal
  • Carregamento: Bateria de iões de lítio de 62 kWh (58 kWh úteis)
  • Potência: 204 cv (150 kW)
  • Binário: 310 Nm

  • Tracção: Traseira
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora de uma velocidade

  • Largura: 4322 mm
  • Comprimento: 1809 mm
  • Altura: 1540 mm
  • Distância entre os eixos: 2766 mm
  • Bagageira: 385 litros
  • Jantes / Pneus: 235/45 R20
  • Peso: 1736 kg

  • Média de consumo: 15,6 kWh/100 km (Autonomia elétrica: 416 km)
  • Emissões CO2: 0 g/km
  • Velocidade máxima: 160 km/h
  • Aceleração máxima: >7,3s

    Tem:

    • Retrovisores com projeção do logótipo
    • Direção progressiva
    • Volante desportivo multifunções em pele, aquecido
    • Seleção perfil de condução
    • Sistema ISOFIX
    • Banco traseiro rebatível assimetricamente
    • Sistema Kessy sem função SAFE
    • Espelho interior anti encandeamento automático
    • Assistente de faixa de rodagem
    • Espelhos retrovisores com regulação elétrica e aquecidos com recolhimento elétrico (do passageiro com ajuste ativado pela marcha atrás)
    • Controlo de pressão dos pneus
    • Sensores de estacionamento
    • Painel de instrumentos de 5,3'' e ecrã central de 12''
    • Faróis Full LED
    • Sensores de luz e chuva
    • Cruise control Adaptativo (com "follow-to-stop")
    • Sistema de alerta de fadiga do condutor
    • Jantes em liga leve de 18''
    • Câmara de visão traseira
    • Iluminação ambiente
    • Duas portas dianteiras USB Type C e duas portas USB Type C traseiras
    • Leitor de sinais de trânsito

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Pode encontrar a resposta aqui:

SEAT 1400. Este foi o primeiro automóvel da marca espanhola