Desde 22 845 euros
Testámos o Smart EQ fortwo. Ainda é o rei da cidade?
Se há automóveis que parecem ter evoluído para a "era da eletricidade" de forma natural, o Smart EQ fortwo é sem dúvida um deles. Mas será que a autonomia de 133 km coloca-o de parte?

Não há sítio onde um automóvel elétrico seja mais eficaz do que na cidade e não há melhor carro para a cidade do que um carro pequeno. Esta fórmula faz com que o Smart EQ fortwo seja a escolha óbvia para quem procura um citadino elétrico. Mas será que é assim tão simples?
Antes de responder a esta pergunta, importa contextualizar a atual situação da Smart, que desde o início de 2020 começou a produzir e a vender apenas automóveis elétricos, já depois da chinesa Geely — dona da Volvo e da Lotus — passar a deter 50% das ações da empresa e ter garantido a produção da próxima geração do pequeno citadino para a China.
O primeiro “filho” deste “casamento” será um SUV e tem chegada prevista para 2022. Quando for apresentado, passará a ser o maior modelo de sempre da marca e terá por base a nova plataforma específica para elétricos da Geely, a SEA (Sustainable Experience Architecture).
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De acordo com a Autocar, este SUV terá dimensões próximas às do MINI Countryman, sendo que a Mercedes-Benz será responsável pelo design e a Geely vai assumir o desenvolvimento e produção.
Mas voltando à pergunta com que comecei este ensaio, a resposta é: não, não é assim tão simples, e espero conseguir explicar-vos os motivos nas próximas linhas…
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Na base deste Smart EQ fortwo está um motor elétrico de 82 cv alimentado por uma bateria de iões de lítio de 17,6 kWh capaz de uns “modestos” 133 km (WLTP) de autonomia.

A velocidade com que a carga da bateria vai desaparecendo varia conforme o ritmo que adotarmos, mas durante este ensaio consegui um consumo médio abaixo de 15 kWh/100 km, o que a avaliar pelo facto de ter feito sempre uma condução dita “normal”, faz com que este seja um registo interessante.
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A única preocupação que fui tendo está relacionada com o botão ECO, que fazia questão de pressionar sempre que entrava no carro. Neste modo, a potência fica limitada (se carregarmos a fundo no acelerador a configuração ECO perde o efeito) e a gestão do ar condicionado é feita de forma a aumentar a eficiência do sistema.
Se a isto somarmos o facto de podermos aproveitar alguma da energia gerada nas travagens e desacelerações para recarregar a bateria, percebemos que é possível andar em torno dos 120 quilómetros reais de autonomia.

Vamos falar do “elefante na sala” — ou no texto! —, a autonomia. É curta? Sim, é. É suficiente para uma utilização em cidade? Sim, é. Não quero com isto dizer que viver com um Smart EQ fortwo em cidade não obrigue a alguma ginástica. Aliás, ginástica não, planeamento.
Mas se planearmos a nossa rotina semanal é muito fácil viver com um Smart EQ fortwo na chamada selva urbana, desde que haja um sítio onde o carregar, seja em casa, no trabalho ou junto a um deles. Mas isso é verdade para este elétrico e para praticamente todos os seus rivais.
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Ágil e despachado
Ultrapassado que está o “calcanhar de Aquiles” deste Smart EQ fortwo, gostava de voltar à parte onde digo que é muito fácil viver com este modelo em cidade.
O facto de ser possível dar uma volta completa sobre o próprio eixo num raio de diâmetro de viragem inferior a nove metros é impressionante e impossível de se fazer com outro automóvel que esteja à venda no mercado.

Isto faz com que inverter o sentido de marcha nas estradas tipicamente estreitas da cidade seja “piece of cake“, tal como estacionar. Mas neste capítulo, o Smart fortwo brilha desde que foi originalmente apresentado, em 1998.
A suavidade do rolamento está melhor do que nunca e isso, somado ao silêncio da propulsão elétrica, ajuda a criar um cenário de tranquilidade ao volante que nunca fui capaz de sentir num Smart com motor a combustão.
VEJAM TAMBÉM: ID.1. Sucessor do Volkswagen e-up! deverá entrar em produção em 2025E ainda não vos falei do “disparo” deste pequeno elétrico, que nos primeiros metros é capaz de colocar em sentido até alguns desportivos: acelera dos 0 aos 60 km/h em 4,8s. O tempo dos 0 aos 100 km/h? Ninguém quer saber disso… (11,6s).
Tudo somando, o Smart EQ fortwo não só convence em cidade como até se revela algo divertido de conduzir, quase sempre pela capacidade de explosão que exibe à saída dos semáforos. Mas é fora da cidade que o apelo por este pequeno citadino começa a desvanecer-se, pelo menos para mim.

Fora da selva urbana: de leão a presa…
Se na selva urbana o Smart EQ fortwo assume uma posição de liderança, mostrando ser mais eficaz, mais rápido e mais ágil do que todos os outros, fora dela, passa rapidamente de predador a presa.
Em estrada aberta, e apesar da maior estabilidade — o posicionamento das baterias, por baixo do habitáculo, ajuda —, continuamos a fazer “disparar” o controlo de estabilidade por tudo e por nada e sentimos muitas vezes o eixo dianteiro a perder tração.
A NÃO PERDER: SEAT vai lançar carro elétrico em 2025 por menos de 25 000 eurosOs 130 km/h de velocidade máxima permitem incursões por autoestrada mas aqui, os pontos menos forte deste Smart vêm todos ao de cima, a começar logo pela autonomia, que neste tipo de situação começa a cair a pique.

Quanto tempo demora a carregar?
O facto de este ser um dos elétricos com uma das baterias mais pequenas do mercado (17,6 kWh) faz com que os tempos de carregamento sejam baixos.
Equipado de série com um carregador de bordo de 4,6 kW, este Smart precisa de seis horas ligado a uma tomada doméstica para repor a totalidade da carga da bateria — é colocar a carregar à noite e desligar pela manhã, como um smartphone… — e apenas 3,5 horas para fazer o mesmo numa wallbox.
VEJAM TAMBÉM: Renault Twingo Electric. O que vale um dos elétricos mais acessíveis do mercado?Mas por mais 995 euros é possível comprar um carregador de bordo de 22 kW que acelera os processos e permite passar dos 10% aos 80% da capacidade da bateria em apenas 40 minutos.

E o espaço?
No Smart EQ fortwo só temos dois lugares, mas são dois lugares capazes de acomodar de forma confortável dois adultos com mais de 1,80 m de altura sem que os cotovelos/ombros de ambos se toquem, como acontecia frequentemente nas duas primeiras gerações do modelo.
A esse nível, viver com um Smart EQ fortwo nunca será problema, ainda que a bagageira ofereça pouco espaço, apenas 260 litros. Mas é este o preço a pagar para ter um automóvel tão compacto e tudo o que de benéfico isso acarreta.

É o carro certo para si?
Procura um citadino elétrico para utilizar quase exclusivamente em cidade e faz poucos quilómetros por dia? Então faz sentido ter este Smart EQ fortwo na sua “watch list“.
É muito agradável de utilizar, pequeno e muito simples de conduzir. Em cidade, está sempre como “peixe na água”. A agilidade impressiona e é acentuada pelo sistema propulsor elétrico, que nos deixa acelerar até aos 60 km/h em apenas 4,8s.
A NÃO PERDER: É mesmo o mais barato. Dacia Spring Electric já tem preço para PortugalNão espere um modelo com uma condução envolvente ou capaz de curvar muito rápido, não foi para isso que foi projetado. Mas garante uma experiência de condução muito tranquila — se o asfalto estiver em bom estado, pois o acerto da suspensão continua a ser algo seco — e isso, quando se conduz em cidade, é bem mais valorizado do que os atributos dinâmicos.

É verdade que a autonomia pode rapidamente tornar-se um problema, basta um imprevisto que nos obrigue a acelerar um bocadinho mais ou a ir mais longe. Mas o Smart EQ fortwo quer ser o rei da cidade e aí, há poucas propostas que o igualem.
Falta falar do preço, é que este Smart EQ fortwo arranca nos 22 845 euros, o que o torna automaticamente numa espécie de capricho, uma vez que o seu “primo” francês, o Renault Twingo Electric que testámos recentemente, oferece mais dois lugares e mais autonomia (190 km) quase pelo mesmo dinheiro (desde 23 200 euros).

Preço
unidade ensaiada
Versão base: €22.845
Classificação Euro NCAP:
- Motor
- Arquitectura: Motor elétrico
- Posição: Traseira transversal
- Carregamento: Bateria: iões de lítio; Capacidade: 17,6 kWh
- Potência: 82 cv (60 kW)
- Binário: 160 Nm
- Transmissão
- Tracção: Traseira
- Caixa de velocidades: Caixa redutora de uma velocidade com marcha-atrás
- Capacidade e dimensões
- Comprimento / Largura / Altura: 2695 mm / 1663 mm / 1555 mm
- Distância entre os eixos: 1873 mm
- Bagageira: 260 litros
- Jantes / Pneus: FR: 185/50 R16; TR: 205/45 R16
- Peso: 1095 kg
- Consumo e Performances
- Consumo médio: 17,5 kWh/100 km; Autonomia: 133 km
- Emissões de CO2: 0 g/km
- Vel. máxima: 130 km/h
- Aceleração: 11,6s
- Garantias
- Mecânica: oito anos ou 100 000 km (bateria)
-
Equipamento
- Integração de smartphone
- Estofos em tecido preto com pesponto branco
- Direção asistida eletricamente
- Sistema de luzes diurnas LED
- Brake assist ativo
- Airbag joelhos para condutor
- Cruise control
- Painel de instrumentos de 3,5''
- Cabo de carregamento trifásico para wallbox e estações públicas (5m)
- Computador de bordo
- Volante em pele
- Coluna de direção regulável em altura
- Banco do condutor regulável em altura
- Retrovisores exteriores elétricos e aquecidos
- Smart Media System com rádio digital
- Luz ambiente
- Tejadilho panorâmico
- Consola central com tampa retrátil e apoio de braço no centro
- Faróis LED
- Radar e câmara traseira
- Sensor de chuva e luzes
- Jantes de liga leve 16'' com 5 raios duplos pintadas a preto
- Carregador de bordo 4,6 kW
Avaliação
- Velocidade do carregamento
- Acelerações
- Agilidade
- Facilidade de utilização
- Preço
- Autonomia
- Suspensão algo seca em pisos em pior estado
Sabe responder a esta?
Em que ano foi apresentado o protótipo Smart forease?
Em cheio!!
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