Desde 46 700 euros
Será o Hyundai Kauai Electric (64 kWh) o melhor Kauai de todos?
Com 204 cv, o Hyundai Kauai Electric é, para já, o Kauai mais potente de todos. Mas será que este é a melhor opção dentro da gama do crossover sul-coreano?

O mundo automóvel moderno é engraçado. Se há 7-8 anos alguém me dissesse que iria estar perante um crossover elétrico como é este Hyundai Kauai Electric e me estaria a perguntar se seria a melhor opção dentro da gama (que inclui também motores a gasolina, gasóleo e híbrido), diria a essa pessoa que estava louca.
Afinal de contas, há 7-8 anos os poucos elétricos existentes pouco mais serviam do que para ser usados como um meio de transporte (quase) exclusivamente urbano, por causa de uma autonomia deveras limitada e uma rede de carregamento inexistente.
Ora, seja pelo Dieselgate (como nos diz o Fernando neste artigo), seja por imposições políticas, a verdade é que nos últimos anos os automóveis elétricos deram “saltos de gigante” e hoje são, cada vez mais, uma alternativa à combustão.
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Mas será que isso faz com que o Hyundai Kauai Electric seja a melhor opção dentro da gama do crossover sul-coreano? Nas próximas linhas podes descobrir.
Agradavelmente diferente
Não é preciso uma observação muito atenta para perceber que o Kauai Electric é diferente dos restantes Kauai. Desde logo no exterior destaca-se a ausência da grelha dianteira e a adoção de jantes com um design mais preocupado com a performance aerodinâmica.
Já no interior, que recorre em larga escala a materiais duros cuja montagem merece elogios dada a ausência de ruídos parasita, temos um visual diferente, com a ausência da caixa de velocidades a permitir subir a consola central e com isso ganhar (muito) espaço de arrumação.
Devo admitir que tanto no exterior como no interior gosto do Hyundai Kauai Electric. Aprecio o visual menos agressivo da dianteira e no interior prefiro o visual mais moderno e tecnológico que esta versão 100% elétrica tem face aos “irmãos” com motor de combustão.

Elétrico e familiar
Apesar de o design interior ser diferente, as cotas de habitabilidade do Kauai Electric são praticamente idênticas às dos restantes Kauai. Como é que conseguiram? Simples. Colocaram o pack de baterias na base da plataforma.
Graças a isso, o crossover sul-coreano tem espaço para transportar com conforto quatro adultos e apenas a bagageira viu a capacidade decrescer um pouco (passou de 361 litros para uns ainda aceitáveis 332 litros).

Dinamicamente igual
Como seria de esperar, é na experiência de condução (e utilização) que o Hyundai Kauai Electric mais se distingue dos seus irmãos.
No capítulo dinâmico, as diferenças nem são muitas, com o Kauai Electric a manter-se fiel aos pergaminhos dinâmicos já reconhecidos às restantes versões.

Com um acerto de suspensão capaz de conciliar bastante bem conforto e comportamento, o Hyundai Kauai Electric conta ainda com uma direção direta, precisa e comunicativa. Tudo isto contribui para um comportamento dinâmico seguro, previsível e até… divertido.
Já a entrega de binário é aquela a que já nos habituámos nos elétricos. Os 385 Nm estão logo disponíveis bem como os 204 cv (150 kW), razão pela qual o modelo sul-coreano é um forte candidato a “rei dos semáforos” (e não só).

Modos de condução, para que os quero?
Com três modos de condução — “Normal”, “Eco” e “Sport” — dificilmente o Kauai Electric não se adapta a diferentes estilos de condução. Apesar de o modo “Normal” cumprir bem a sua função (surge como um compromisso entre as duas personalidades do Kauai Electric), devo admitir que é nos extremos que se encontram as “personalidades mais interessantes”.
Começando pelo modo que mais me parece “casar” com o carácter do Kauai Electric, o “Eco”, este caracteriza-se por não ser demasiado castrador, ao contrário do que por vezes constatamos noutros modelos. É verdade que as acelerações se tornam menos lestas e tudo nos incita a poupar, mas nem por isso nos tornamos num “caracol das estradas”. Além disso, neste modo é possível fazer consumos de 12,4 kWh/100 km e ver a autonomia real ser até superior aos 449 km anunciados.

Já o modo “Sport” torna o Kauai Electric numa espécie de “bala sul-coreana”. As acelerações tornam-se impressionantes e se desligarmos o controlo de tração, os 204 cv e 385 Nm fazem “gato-sapato” dos pneus dianteiros, que revelam dificuldades em conter todo o ímpeto dos eletrões. O único senão surge no gráfico dos consumos, que sempre que insisti numa condução mais empenhada subiram para a casa dos 18-19 kWh/100 km.

O melhor é que selecionados os outros dois modos e adotada uma condução mais calma depressa desciam para os 14 a 15 kWh/100 km e a autonomia subia para valores que nos levam quase a perguntar: gasolina para quê?
Por fim, a ajudar não só à interação homem/máquina como a aumentar a autonomia, os quatro modos de regeneração selecionáveis através das patilhas na coluna de direção (quase) permitem abdicar do pedal do travão. Em condução económica fazem-nos andar à vela ou recarregar as baterias em desaceleração consoante as necessidades e numa condução empenhada permitem quase simular o efeito das “saudosas” reduções de relação de caixa à entrada das curvas.

Vamos às contas
Ao fim de cerca de uma semana aos comandos do elétrico da Hyundai, devo admitir que apenas um fator me leva a não o indicar como a melhor opção dentro da gama do crossover sul-coreano: o seu preço.
Apesar de conseguir ser bem mais económico do que qualquer um dos seus irmãos e de ter mais potência que todos eles, a diferença de preço é bastante considerável, tudo por causa do custo da tecnologia elétrica.

Para teres uma ideia das diferenças de preço basta fazer algumas contas. A unidade que ensaiámos apresentava-se no nível de equipamento Premium, estando disponível a partir de 46 700 euros.
A versão equivalente mais potente a gasolina conta com o 1.6 T-GDi com 177 cv, caixa automática e está disponível a partir de 29 694 euros. Já a variante mais potente a gasóleo com caixa automática, o 1.6 CRDi de 136 cv, no nível de equipamento Premium custa desde 25 712 euros.
Por fim, o Kauai Hybrid, com 141 cv de potência máxima combinada custa, no nível de equipamento Premium, desde 26 380 euros.

Quer isto dizer que deves riscar o Kauai Electric das tuas opções? É claro que não, tens é de fazer contas. É que apesar do preço mais elevado este não paga IUC e é elegível para incentivos à compra de elétricos por parte do Estado.
Além disso, a eletricidade é mais barata do que os combustíveis fósseis, podes ter um dístico da EMEL para estacionar em Lisboa por apenas 12 euros, as manutenções são em menor número e mais acessíveis e compras um carro “à prova de futuro”.

É o carro certo para mim?
Depois de já ter conduzido o Kauai com motor Diesel, a gasolina e híbrido, devo admitir que estava curioso para testar o Hyundai Kauai Electric.
As qualidades há muito reconhecidas ao Kauai, como o bom comportamento dinâmico ou a boa qualidade de construção, este Kauai Electric acrescenta valias como uma agradável serenidade ao volante, prestações balísticas e uma economia de utilização inigualável.

Silencioso, espaçoso q.b. (nenhum dos Kauai é referência do segmento neste capítulo), agradável e fácil de conduzir, este Kauai Electric é a prova de que um carro elétrico pode ser o carro único de uma família.
Enquanto andei com ele nunca senti a badalada “ansiedade da autonomia” (e atenção que não tenho onde carregar o carro nem possuo o cartão para o efeito) e a verdade é que este se perfila como uma ótima escolha para quem quer um carro económico e fácil de usar e manter.
Se é o melhor da gama? Apenas o preço da tecnologia é que faz com que, na minha opinião, o Hyundai Kauai Electric não arrecade esse título, pois este prova que ter um elétrico já não obriga a concessões gigantescas.

Preço
unidade ensaiada
Versão base: €46.700
Classificação Euro NCAP:
- Motor
- Arquitectura: Motor elétrico
- Posição: Dianteira transversal
- Carregamento: Bateria de iões de lítio com 64 kWh
- Potência: 204 cv (150 kW)
- Binário: 395 Nm
- Transmissão
- Tracção: Dianteira
- Caixa de velocidades: Uma relação fixa, sem embraiagem
- Capacidade e dimensões
- Comprimento / Largura / Altura: 4180 mm / 1800 mm / 1570 mm
- Distância entre os eixos: 2600 mm
- Bagageira: 332 litros
- Jantes / Pneus: 215/55 R17
- Peso: 1760 kg
- Consumo e Performances
- Consumo médio: 15,4 kWh/100 km
- Emissões de CO2: 0 g/km
- Vel. máxima: 167 km/h
- Aceleração: 7,6 s
- Garantias
- Mecânica: 7 anos sem limite de quilómetros
-
Equipamento
- Cabo de carregamento Tipo 2
- Carregador sem fios para smartphone
- Chave Inteligente com botão de ignição
- Ecrã de 10,25"
- Espelhos exteriores com recolha elétrica
- Estofos em pele e tecido
- Faróis Traseiros em LED
- Carregador On Board de 11kW trifásico
- Sensor de chuva e luz
- Sistema de Navegação
- Sistema de som Krell
Avaliação
- Autonomia
- Gestão das baterias
- Resposta do motor
- Isolamento acústico
- Agradabilidade de condução
- Preço
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Mas podes descobrir a resposta aqui:
Hyundai i20 N. 204 cv, caixa manual e mira apontada ao Ford Fiesta STEm cheio!!
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