Primeiro Contacto O T-Roc Cabrio é o único descapotável da Volkswagen que podes comprar. E nós já o conduzimos

Chega em junho

O T-Roc Cabrio é o único descapotável da Volkswagen que podes comprar. E nós já o conduzimos

Mesmo com os falhanços da Nissan (Murano) e Range Rover (Evoque), que foram os primeiros SUV descapotáveis, a Volkswagen decidiu arriscar com o lançamento do T-Roc Cabrio, à venda em Portugal em junho.

O mundo pode mudar em apenas nove segundos… isso dito no contexto atual de pandemia poderia ser uma má notícia, mas neste caso não: é apenas o tempo (ultra rápido) que o T-Roc Cabrio demora para mandar a capota para trás das costas e permitir que até quatro ocupantes “ganhem o céu”. Para voltar a fechar são 11 segundos, mais dois segundos porque é “a subir”, mas a operação inclui, nos dois sentidos, trancar e destrancar a cobertura de lona.

Isto com a condição de que o T-Roc esteja parado ou em movimento a uma velocidade de até 30 km/h (menos do que alguns outros descapotáveis com capotas flexíveis no mercado, que rondam os 50 km/h).

Este T-Roc Cabrio passa a ser o único descapotável de toda a gama Volkswagen porque o Beetle Cabrio (que era produzido em Puebla, no México, desde 2003) chegou ao fim de vida em 2019, o Eos (que era feito em Portugal) terminou a carreira em 2015, ao passo que o Golf Cabrio cessou a produção já em 2016, ao cabo de 770 000 unidades montadas em quatro gerações desse modelo.

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O primeiro SUV cabrio da marca alemã “nasce”, aliás, em Osnabruck, nas antigas instalações do carroçador Karmann (que faliu em 2010 tendo a fábrica passado para a Volkswagen) que começou por produzir o Beetle Cabrio no longínquo ano de 1949, tendo feito a transição para o Golf (I) Cabrio em 1974 e gerações seguintes.

Agora este centro industrial especializado em descapotáveis só estava ocupado a fabricar o Porsche 718 Cayman, pelo que foi a escolha natural para berço do T-Roc Cabrio depois de um investimento relativamente limitado.

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Abertura 100% automática em nove segundos

A capota de lona tem três camadas e dobra-se em “Z” quando o clima convida a abri-la, não necessitando de levar uma cobertura por cima e usando um beiral de plástico atrás dos encostos de cabeça dos bancos da segunda fila para evitar que se abaule com a deslocação do ar (o que também explica como é possível que a operação de colocar ou retirar a capota seja tão rápida).

Para quem o desejar, é possível adquirir, como extra, um corta-vento para montar atrás dos bancos da frente, o que reduz a turbulência, mas impede a utilização dos dois bancos traseiros.

As costas destes podem ser rebatidas para ampliar a capacidade da mala — que desce de 445 l, com a capota em cima, para 284 l com a mesma em baixo —, que tem comunicação com o habitáculo para melhorar a sua funcionalidade (pena que o plano de carga seja bastante alto).

Se, pelo contrário, o T-Roc Cabrio estiver a ser usado por quatro pessoas é bom saber que os lugares traseiros têm espaço bastante razoável — a distância entre-eixos do descapotável é 4 cm maior do que a do T-Roc normal — para ocupantes até 1,80 m de altura. As costas são também menos verticais do que muitas vezes acontece noutros descapotáveis, com as decorrentes desvantagens em comodidade (neste caso o túnel central no piso não incomoda tanto porque só existem dois lugares mesmo e não vai ninguém sentado ao meio).

As vistas para o exterior nesta segunda fila também são favorecidas pelo facto de os assentos serem um pouco mais altos (2 cm) do que os dianteiros.

Como é comum neste tipo de carroçarias, há dois arcos de proteção embutidos atrás dos encostos traseiros que disparam na vertical no caso de existir iminência de capotamento (que atuam conjuntamente, nessa eventualidade, com os reforços na moldura do para-brisas e dos pilares dianteiros para minimizar as consequências do acidente).

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Ao volante tudo na mesma

Na posição do condutor há menos novidades. No lado positivo, a zona central do tablier está direcionada para o condutor incluindo um monitor central de entretenimento perfeitamente integrado no painel de bordo. Alguns concorrentes, mesmo recentes, dispõem de monitores colocados por cima ou à frente da face do tablier que prejudicam a imagem de qualidade, com um certo ar de equipamento acessório adquirido à posteriori e não algo que nasceu com o carro.

Mas já a qualidade dos revestimentos do tablier e dos painéis das portas deixa a desejar, com plásticos rijos que prejudicam a qualidade percebida final. Seria de esperar um pouco melhor até porque, num concessionário da Volkswagen, o T-Roc acaba por ser facilmente comparado com um Golf, esse sim cheio de materiais de qualidade no tablier e portas, sendo os dois vendidos por preços equiparáveis (e não saindo nada favorecido, também, quando avaliado ao lado de um Polo, claramente mais barato).

A instrumentação é analógica na versão de entrada (Style) e digital (10,2”) na mais dotada (R-Line), enquanto no ecrã central de info-entretenimento existem também uma versão mais simples e outra mais sofisticada, tátil e com mais funções. Os bancos são amplos e confortáveis mas poderiam ter um pouco mais de apoio lateral nesta versão R-Line que estamos a conduzir.

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Só dois motores…

O T-Roc Cabrio apenas pode ter dois motores: o 1.0 TSI, três cilindros, de 115 cv, ou o 1.5 TSI, quatro cilindros, de 150 cv, que é o que equipa esta unidade do teste, no caso associado à caixa manual de seis velocidades.

Motor 1.5 TSI Evo — EA211
1.5 TSI
O 1.5 TSI — EA211 Evo — vem equipado com um sistema de desativação de dois cilindros, que pode entrar em funcionamento em baixas ou nulas cargas de acelerador para reduzir consumos. Além da caixa manual, o T-Roc Cabrio também tem disponível a caixa automática de dupla embraiagem com sete velocidades.

Essa versão R-Line reconhece-se facilmente logo no exterior pelos faróis escurecidos, pelo logotipo R-Line na grelha, os faróis de nevoeiro na frente e para-choques na cor da carroçaria. Mas também no interior por ter pedais em aço, bancos sport com regulação elétrica do apoio lombar e também os ecrãs (de instrumentos e info-entretenimento) mais avançados.

Suspensão apurada

Mas há mais: a suspensão tem um ajuste desportivo, 10 mm mais próximo do solo, e os amortecedores podem ser eletrónicos, o que permite variar entre um rolamento mais confortável ou mais estável (usando, para isso, os modos de condução Comfort, Normal, Sport, Eco ou Individual).

Importante ainda referir que a suspensão traseira é independente multibraços, ao contrário do que acontece com a versão de carroçaria fechada do T-Roc, que usa um mais elementar eixo de torção atrás, exceto nas versões com quatro rodas motrizes.

Volkswagen T-Roc Cabrio 1.5 TSI R-Line

Está revelado o “segredo” para um comportamento que realmente agrada pela forma como este T-Roc Cabrio se consegue moldar muito bem ao tipo de estrada e ao humor do condutor porque, para além dessa possibilidade de variar o amortecimento, nos próprios modos de condução se conseguem discernir os intervalos entre cada modo com muito mais facilidade do que em muitos outros automóveis (mesmo do grupo Volkswagen) em que não se sente praticamente variação comportamental ao passar do modo Normal ao Sport.

Em sucessão de curvas em estradas secundárias também ajuda o facto dessa versão estar dotada do sistema de direção progressiva, que é mais comunicativa e direta do que a “normal”, e apenas 2,1 voltas ao volante de topo a topo (vs 2,7) significam que, com movimentos pouco amplos dos braços, o condutor consegue completar quase todas as manobras.

Volkswagen T-Roc Cabrio 1.5 TSI R-Line

E uma vez mais os passageiros traseiros sentem-se bem tratados porque esta suspensão traseira é mais confortável em maus pisos do que a de eixo semi-rígido, o que também ajuda a minimizar os ruídos que a estrutura do carro possa fazer nessas condições e pelo facto de lhe ter sido “cortada” a parte de cima.

Mesmo com mais 200 quilos às costas do que na versão que não é descapotável, o T-Roc Cabrio 1.5 TSI consegue responder com razoável desenvoltura, ajudado por uma caixa bem escalonada (e com um seletor rápido e silencioso) e pela entrega total do binário logo às 1500 rpm, ainda que se note que as acelerações lhe custem um pouco mais (é 1,1 segundos mais lento de 0 a 100 km/h, ou seja, 9,6s em, vez de 8,5 s do “não-cabrio”).

E os consumos também se ressentem, tendo ficado bem perto dos 8 l/100 km nessa experiência ao volante, quando a média homologada é de 5,7.

 

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Especificações técnicas

Volkswagen T-Roc Cabrio 1.5 TSI
Motor
Arquitetura 4 cilindros em linha
Distribuição 2 a.c.c./16 válvulas
Alimentação Inj. direta, turbo
Capacidade 1498 cm3
Potência 150 cv entre as 5000-6000 rpm
Binário 250 Nm entre as 1500-3500 rpm
Transmissão
Tração Dianteira
Caixa de velocidades Manual, 6 vel.
Chassis
Suspensão FR: Independente do tipo MacPherson; TR: Independente, multibraços
Travões FR: Discos ventilados; TR: Discos
Direção Assistência elétrica
Nº voltas do volante 2,1
Diâmetro de viragem 11,1 m
Dimensões e Capacidades
Comp. x Larg. x Alt. 4268 mm x 1811 mm x 1522 mm
Distância entre eixos 2630 mm
Capacidade da mala 280-445 l
Capacidade do depósito 50 l
Peso 1524 kg
Rodas 225/40 R19
Prestações e consumos
Velocidade máxima 205 km/h
0-100 km/h 9,6s
Consumo misto 5,7 l/100 km
Emissões CO2 130 g/km

Autores: Joaquim Oliveira/Press Inform.

O T-Roc Cabrio é o único descapotável da Volkswagen que podes comprar. E nós já o conduzimos

Primeiras impressões

7/10
Com uma capota muito rápida e fácil de colocar ou remover, o T-Roc Cabrio quer seduzir os apaixonados pela condução de cabelos ao vento, que até hoje não foi fácil associar com sucesso a carroçarias SUV. O modelo conserva as qualidades (caixa, motores ainda que escassos, chassis) e defeitos (qualidade dos plásticos no tablier) da versão fechada. O que faz sentido é pensar nesta versão R-Line para condutores que realmente possam valorizar o seu chassis mais competente e o motor mais vitaminado, o que naturalmente tem um preço. Se for daquelas pessoas que num descapotável valorizam, acima de tudo, o contacto direto com os elementos e o passeio ainda mais relaxado, talvez faça mais sentido optar pelo bem mais acessível e menos apressado 1.0 TSI de 115 cv com suspensão afinada para o conforto, e (mais de) 10 mil euros mais barato (a partir de 32 737 euros em Portugal) do que a versão mais desportiva.

Data de comercialização: Junho 2020

Prós

  • Chassis evoluído e competente
  • Capota rápida e fácil de operar
  • Info-entretenimento intuitivo

Contras

  • Prestações/Consumos ressentem-se do peso adicional
  • Plásticos no tablier
  • Equilíbrio estético delicado (SUV + cabrio)
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