Primeiro teste ao Hyundai IONIQ 5 N. Vai ser o melhor desportivo elétrico do mundo?

O Hyundai IONIQ 5 N é um dos elétricos mais aguardados de 2024 e não admira. Este é um desportivo elétrico feito para convencer os entusiastas da condução (se esquecermos os limitados e absurdamente caros hipercarros elétricos).

Os automóveis elétricos têm conquistado muitos, mas não os apreciadores de desportivos, que procuram sempre máquinas mais acutilantes, interativas e emocionantes de conduzir. Apesar da performance monstruosa que os elétricos conseguem ter em linha reta, pouco oferecem nesses outros campos.

O Hyundai IONIQ 5 N é a tentativa (muito) séria de inverter esse estado de coisas. Foi revelado no verão passado e só chega em 2024, mas o Guilherme Costa já teve oportunidade de o conduzir (ainda que muito brevemente) na sempre desafiante Angeles Crest Highway, em Los Angeles (EUA). Fiquem com as suas impressões de condução:

Pode um elétrico ser um desportivo?

A missão não deve ter sido nada fácil para transformar o Hyundai IONIQ 5, um muito competente elétrico familiar na derradeira máquina de condução. No entanto, não duvidemos dos poderes da divisão N da Hyundai e na competência e sensibilidade de Albert Biermann.

Se nos acompanha há algum tempo, já deve estar «careca» de saber quem é Albert Biermann. O homem que liderou os destinos da BMW M durante muitos anos, mudou-se de armas e bagagens para a Hyundai em 2014 e tem dado muito que falar.

Foi ele quem esteve na génese da divisão N da marca sul-coreana e também foi graças a ele que olhamos hoje para esta divisão que nem 10 anos tem, como uma referência.

Conseguiu convencer logo com o primeiro i30 N, um hot hatch referencial em interação e aptidões dinâmicas, e agora quer fazer o mesmo com os elétricos. O IONIQ 5 N é o resultado — impressionante — desse esforço.

Potência, postura e… passagens de caixa

Quando foram anunciadas as especificações do Hyundai IONIQ 5 N percebeu-se imediatamente que era algo muito mais que um simples «irmão» do Kia EV6 GT — com o qual partilha a base E-GMP —, que também já nos tinha impressionado pelas suas performances e competências.

Albert Biermann e a sua equipa de mais de 100 engenheiros não deixaram nada ao acaso no IONIQ 5 N e tudo o que era possível de modificar ou substituir, foi modificado e substituído.

3 imagens

Foi reforçado em 42 pontos e há um novo chassis — vias são mais largas e é também 20 mm mais baixo —, uma nova direção, rodas e discos dianteiros gigantes (400 mm de diâmetro). E potência, muita potência.

Os seus dois motores elétricos (um por eixo) entregam até 650 cv de potência máxima combinada (modo Boost), um número que é absurdamente elevado, mas necessário. Não vai ser um peso-pluma, bem pelo contrário, deverá ficar bem acima das duas toneladas. Mesmo assim, anuncia meros 3,4s nos clássicos 0-100 km/h (e 250 km/h de velocidade máxima).

Como é que isto resulta ao «vivo e a cores»? Recomendo ver o vídeo acima, mas sem querer «estragar» a surpresa, o Guilherme saiu deste breve contacto dinâmico muito impressionado.

Para isso, este Hyundai IONIQ 5 N vem com mais «truques» de série, para ir de encontro às principais críticas dos entusiastas aos elétricos: a ausência de interação e até emoção, para lá da performance bruta que conseguem em reta.

Por isso, a Hyundai N adicionou duas funcionalidades: o N e-shift e o N Active Sound +. Começando pelo último, como o nome indica, emula a sonoridade dos motores de combustão (neste caso o 2.0 Turbo do i30 N até às 8000 rpm) e não só, podendo reproduzir sons mais… futuristas.

Antes de «torcer o nariz» aos sons artificiais, a outra funcionalidade — N e-shift — é talvez a mais intrigante e poderá ser a mais determinante na definição do que serão os desportivos elétricos do futuro.

Prazer de condução

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Isto porque esta funcionalidade simula uma caixa de velocidades de dupla embraiagem de oito velocidades. Há até patilhas atrás do volante para o fazer manualmente, pode-se levar os motores ao «corte», e até há um pequeno solavanco entre cada mudança de caixa. Tudo em nome da interação homem-máquina.

Faz sentido? Nem por isso, pois até prejudica a performance, como os responsáveis da Hyundai N afirmam. Contudo, a experiência de condução é muito mais interativa e próxima à desejada experiência de condução de desportivos com motor de combustão interna. Irá convencer? Só o tempo o dirá.

Veredito: Prometedor

Infelizmente este primeiro contacto foi bastante breve. As primeiras impressões ao volante são, no entanto, muito positivas e aguardamos com expectativa a oportunidade por passar muito mais tempo ao volante do Hyundai IONIQ 5 N e dar-lhe um veredito mais definitivo.

Não só na estrada, como também em circuito. As baterias (84 kWh de capacidade) e a sua refrigeração foram alvo de especial atenção por parte dos engenheiros da Hyundai N, para que consigam suportar os rigores de condução em circuito, sem nunca limitar a performance deste elétrico cheio de esteróides. Algo que também queremos comprovar (muito) ao vivo.

Ainda não há data para a chegada do IONIQ 5 N ao mercado nacional, nem preço. Como ponto de referência, o Kia EV6 GT, aquele que se aproxima mais do IONIQ 5 N, ascende a praticamente 81 mil euros.

Fernando Gomes

Entrou no universo dos automóveis através do design, hoje expressa a sua paixão pelo automóvel na escrita.

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