Ensaio Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid. A motorização certa para Portugal?

Desde 37 040 euros

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid. A motorização certa para Portugal?

A versão 2.0 Hybrid do Corolla Cross saiu bastante penalizada pela fiscalidade nacional, algo que a Toyota «corrigiu» com esta nova variante 1.8 Hybrid.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid

7.5/10

Pedimos uma versão mais acessível do Corolla Cross e a Toyota «respondeu» com o 1.8 Hybrid. Altura de ver se a espera valeu a pena.

Prós

  • Consumos
  • Suavidade do sistema híbrido
  • Construção
  • Lista de equipamento

Contras

  • Interior menos apelativo do que o C-HR
  • Estética exterior algo genérica

Quando no início de 2023 testei o novo Toyota Corolla Cross, na versão 2.0 Hybrid, escrevi que era “uma excelente proposta, que apenas peca pela falta de uma motorização de acesso”.

Pois bem, passados alguns meses, a Toyota «respondeu» com esta variante 1.8 Hybrid do Corolla Cross. Será que valeu a pena esperar e fará esquecer a maior performance do 2.0 Hybrid?

Posicionado entre o novo C-HR, que nós já testámos, e o RAV4, o Corolla Cross «ataca» o núcleo duro do segmento C-SUV, onde encontramos modelos como o Nissan Qashqai, o Volkswagen Tiguan ou o Peugeot 3008 — que acaba de receber uma nova geração —, sem esquecer o Renault Austral.

Além da nomenclatura Corolla, que é fortíssima e ajuda a vender automóveis, o Toyota Corolla Cross destaca-se por oferecer uma imagem mais convencional do que o C-HR, por exemplo, e por apresentar uma vocação mais familiar, que fica muito bem evidente ao nível do espaço.

A propósito disso, convido a ver (ou rever) em mais detalhe a imagem exterior e interior do Corolla Cross e o quão espaçoso é, no vídeo que o Guilherme fez durante a apresentação do modelo à imprensa em Barcelona (Espanha):

Se este vídeo não foi suficiente, então convido-o a ler o ensaio escrito à versão 2.0 Hybrid deste modelo:

A NÃO PERDER: Testámos o Corolla Cross. O SUV híbrido que faltava à Toyota?

A diferença está nos motores

Recorde que o Corolla Cross, tal como o modelo do qual herda o nome, assenta sobre a mesma plataforma GA-C e ambas as versões recorrem à quinta geração do sistema híbrido do construtor japonês.

Assim, a separar as duas versões híbridas, tal como as designações deixam adivinhar, são os motores que as equipam.

Se o 2.0 Hybrid recorre a um motor a gasolina naturalmente aspirado, com quatro cilindros em linha e 1987 cm3, que entrega 152 cv e 190 Nm, o novo 1.8 Hybrid usa uma versão do mesmo motor com apenas 1798 cm3, entregando 98 cv e 142 Nm.

Apesar de partilharem o mesmo sistema híbrido, o motor elétrico que auxilia o motor térmico também é mais potente no 2.0 Hybrid que no 1.8 Hybrid: 83 kW (113 cv) e 206 Nm contra 70 kW (95 cv) e 185 Nm. A bateria, por outro lado, é idêntica em ambos: ligeiramente inferior a 1 kWh.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid
© Razão Automóvel Por fora não existem diferenças estéticas entre a versão 1.8 Hybrid e a já conhecida 2.0 Hybrid

Contas feitas, o Corolla Cross 2.0 Hybrid anuncia uma potência máxima combinada de 196 cv, ao passo que a versão 1.8 Hybrid fica-se pelos 140 cv. Como seria de esperar, essa diferença de potência faz-se sentir nas performances: o 2.0 Hybrid anuncia 180 km/h de velocidade máxima e 7,5s no sprint dos 0 aos 100 km/h; o 1.8 Hybrid anuncia 170 km/h e 9,9s nos mesmos exercícios.

No plano teórico, as diferenças de prestações entre uma versão e outra são impossíveis de ignorar. Mas será que no chamado «mundo real» estas duas motorizações estão assim tão afastadas?

A diferença de performance é notória, não posso dizer o contrário, mas isso só se faz sentir quando exigimos o máximo deste sistema e quando começamos a explorar os regimes mais elevados do motor a combustão.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid sistema híbrido
© Razão Automóvel No ecrã multimédia central, é possível ver tem tempo real o fluxo de energia do sistema híbrido

Sem «puxar» pelo motor térmico, estas diferenças acabam por ser diluídas e passam a ser praticamente mínimas, muito por culpa da ajuda do motor elétrico, que está quase sempre presente.

Eficiência em toda a linha

Tal como no 2.0 Hybrid, também as primeiras coisas que saltam à vista neste sistema híbrido do Corolla Cross 1.8 Hybrid são a suavidade com que tudo acontece e a quantidade de tempo em que circulamos suportados pelo motor elétrico, nomeadamente em cidade.

Frequentemente sentimos o motor térmico a ser desligado e as responsabilidades de tração a serem entregues ao motor elétrico, sendo que sempre que exigimos mais, o motor a gasolina «acorda» e volta a ser chamado a jogo.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid perfil
© Razão Automóvel Por fora, o Corolla Cross aposta numa imagem bem mais convencional do que o «irmão» C-HR

A intervenção do motor elétrico permite que a resposta do sistema seja logo muito agradável desde os regimes mais baixos e a fluidez entre todas as partes do eixo motriz híbrido fazem com que tudo aconteça de forma muito progressiva e, diria até, orgânica.

Mesmo a caixa de variação contínua que, por norma neste tipo de sistemas, obriga o motor a manter-se nas rotações mais altas e a produzir um ruído menos agradável, está bastante bem controlada e contribui para que a experiência ao volante deste híbrido seja suave e silenciosa.

Dito isto, em autoestrada, a velocidades em torno dos 120 km/h, a subir, ou numa ultrapassagem mais urgente, é impossível não ouvir a banda sonora menos agradável, cortesia da caixa de variação contínua. Nessas situações não há milagres, mas em cidade mal damos por ela.

Conforto está sempre assegurado

No que toca ao conforto de rolamento, não encontro grandes diferenças entre estas duas versões, até porque ambas partilham o mesmo esquema de suspensão (independente às quatro rodas) e a mesma medida de pneus.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid jantes
© Razão Automóvel O Toyota Corolla Cross surge equipado, de série, com pneus 225/50 R18

Por isso mesmo, posso dizer-lhe que o Corolla Cross 1.8 Hybrid não compromete nesse capítulo. Nem mesmo quando temos um encontro com uma estrada em pior estado — ou quando queremos ir sujar os pneus.

Os bancos reforçam esse argumento, ainda que o suporte lateral seja algo escasso. Já o volante tem uma boa pega, mas é algo limitado nos ajustes que permite. Ainda assim, é relativamente fácil encontrar uma boa posição de condução ao volante deste SUV.

Comandos bem afinados

Por falar em volante, posso dizer-lhe que o Corolla Cross também passa com nota positiva na análise à direção, tendo a dose certa de assistência e de precisão.

Se a isso juntarmos um bom trabalho no controlo dos movimentos da carroçaria em curva e uma tração quase sempre eficaz, percebemos que o Corolla Cross é uma proposta competente no capítulo dinâmico, ainda que, naturalmente, não entusiasme. A prioridade é sempre o conforto e a estabilidade.

A ação do pedal do travão, que tem a difícil tarefa de gerir a travagem hidráulica e a travagem elétrica, algo problemático em muitos híbridos e elétricos — «estragando» ligeiramente a experiência ao volante —, também se mostra bem afinado.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid bancos
© Razão Automóvel Os bancos são confortáveis, mas gostava que tivessem um pouco mais de apoio lateral

Igualmente bem calibrada está a função «B», que aumenta significativamente a retenção nas desacelerações, para aproveitar a energia gerada. É uma funcionalidade que, na maioria dos casos, não costumo utilizar.

Mas nos dias que passei com este Corolla Cross dei por mim a selecionar várias vezes esta funcionalidade, precisamente porque não obriga a que seja necessário alterar os hábitos de condução, ao mesmo tempo que nos deixa recuperar o máximo de energia possível.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid consola central
© Razão Automóvel Na consola central é possível alternar entre os três modos de condução disponíveis (Eco, Normal e Sport) ou selecionar o modo EV. Além disso é também possível ativar a função «B» para aumentar a regeneração

E os consumos?

A eficiência do sistema híbrido acaba por ser o maior trunfo do Toyota Corolla Cross. Já era assim na versão 2.0 Hybrid e na 1.8 Hybrid, sem surpresa, continua a sê-lo. E isso tem um reflexo direto nos consumos.

Terminei o ensaio com uma média de consumos de 5,7 l/100 km, em utilização mista. O uso que fiz foi semelhante ao efetuado com a variante 2.0 Hybrid do Corolla Cross, tendo registado, na altura, uma média de 6,0 l/100 km.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid painel de instrumentos
© Razão Automóvel

Não é uma diferença grande, é certo, até porque apenas 65 kg separam as duas versões, mas é um número interessante para o tipo de proposta em causa. Afinal, é um SUV familiar já com alguma dimensão e que oferece espaço e versatilidade referenciais.

Este registo pode ficar ainda mais interessante para quem pretende usar o Corolla Cross maioritariamente em cidade. Mesmo sem ter grandes preocupações para obter os consumos mais baixos (apenas com a função «B» selecionada e no modo Eco), consegui uma média de 4,4 l/100 km, que é um número francamente bom.

Já em autoestrada, a uma velocidade estabilizada de 120 km/h e no modo Normal, não consegui descer dos 6,3 l/100 km.

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Quanto custa?

O novo Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid está disponível em Portugal com preços desde os 37 040 euros (versão base Comfort). Contudo, a versão aqui testada é a mais bem equipada da gama, a Luxury, cujo preço arranca nos 41 340 euros.

Depois de ter andado a comparar o 1.8 Hybrid com o 2.0 Hybrid ao longo de todo este ensaio, claro que também teria-o de fazer no tópico do preço.

Só no nível intermédio Exclusive encontramos as duas motorizações disponíveis: o 1.8 Hybrid custa 39 140 euros, menos 3490 euros do que a 2.0 Hybrid.

Se a comparação for entre a versão mais barata de cada uma das motorizações, ou seja, 1.8 Hybrid Comfort e 2.0 Hybrid Exclusive, a diferença de preço é, como seria de esperar, ainda mais evidente, estando separadas por 5590 euros.

Contas feitas, o que o Corolla Cross 1.8 Hybrid perde em performance, acaba por compensar no preço. A variante 2.0 Hybrid é mais capaz — seria estranho se assim não fosse —, mas no chamado «mundo real», não sinto que seja 5590 euros superior à versão 1.8 Hybrid (ou 3490 euros, comparando o mesmo nível de equipamento).

O Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid seria a versão que eu compraria.

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid grelha
© Razão Automóvel

Veredito

Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid

7.5/10

O que o novo Toyota Corolla Cross 1.8 Hybrid perde em performance para o mais potente 2.0 Hybrid é compensado pelo preço, que é mais adequado à realidade do mercado nacional. Fora isso, continua a ser um SUV que prima pela competência, pela boa construção, pelo espaço e pelo conforto. Quanto ao sistema híbrido, dispensa apresentações: é eficiente, suave e poupado, sobretudo em cidade.

Prós

  • Consumos
  • Suavidade do sistema híbrido
  • Construção
  • Lista de equipamento

Contras

  • Interior menos apelativo do que o C-HR
  • Estética exterior algo genérica

Especificações Técnicas

Versão base:37.040€

IUC: 215€

Classificação Euro NCAP: 5/5

41.920€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1798 cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção indireta
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas/cilindro (16 válv.)
  • Potência:
    Motor de combustão: 95 cv às 5200 rpm
    Motor elétrico (gerar corrente elétrica e impulsionar as rodas): 70 kW (95 cv)
    Potência máxima combinada: 140 cv
  • Binário:
    Motor de combustão: 142 Nm às 3600 rpm
    Motor elétrico: 185 Nm
    Binário máximo combinado: N.D.

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática (e-CVT)

  • Comprimento: 4460 mm
  • Largura: 1825 mm
  • Altura: 1620 mm
  • Distância entre os eixos: 2640 mm
  • Bagageira: 414-1333 litros
  • Jantes / Pneus: 225/50 R18
  • Peso: 1455 kg

  • Média de consumo: 5,0 l/100 km
  • Emissões CO2: 114 g/km
  • Velocidade máxima: 170 km/h
  • Aceleração máxima: >9,9s

    Tem:

    • Interior em Pele Parcial Preta
    • Jantes em liga leve de 18″ maquinadas
    • Espelhos retrovisores exteriores aquecidos, retráteis e elétricos
    • Antena tipo barbatana de tubarão
    • Sensor de chuva
    • Teto panorâmico
    • Assistência de Condução Inteligente (LTA)
    • Luzes de Máximos com Controlo Automático (AHB)
    • Ar condicionado automático dual zone
    • Banco do condutor com ajuste em altura manual
    • Carregador sem fios para smartphone
    • Espelho retrovisor interior eletrocromático
    • Vidros traseiros elétricos

Pintura metalizada Cinza Cement — 580 €.