Ensaio Muito mais que um «míssil». Testámos o Tesla Model S Plaid

Desde 141 990 euros

Muito mais que um «míssil». Testámos o Tesla Model S Plaid

É difícil encontrar argumentos racionais que justifiquem uma berlina com 1020 cv, mas ao conduzir o Tesla Model S Plaid torna-se mais fácil procurá-los.

Tesla Model S Plaid

9/10
O Tesla Model S Plaid surpreende pela emoção da sua performance, mas convence pela razão

Prós

  • Performances
  • Sistema de infoentretenimento e tecnologia
  • Habitabilidade
  • Conforto
  • Versatilidade

Contras

  • Volante Yoke
  • Ausência de hastes para os piscas

É impossível falar sobre o Tesla Model S Plaid sem abordar o «elefante na sala»: os seus 750 kW (1020 cv) de potência e a aceleração brutal dos 0 aos 100 km/h em apenas 2,1s.

Consegue deixar supercarros para trás e, provavelmente, para a maioria das pessoas este argumento bastaria para o adquirir. Mas, acreditem, os argumentos deste modelo são bem mais vastos e… racionais.

Ao longo de uma semana tive a companhia do Tesla mais desportivo de todos e não só o conduzi como ele «pede» para ser conduzido como o utilizei como carro do dia a dia.

Tesla Model S Plaid traseira
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Por fora, não fosse o logótipo na traseira, seria difícil distinguir este Plaid de um Model S mais convencional

O objetivo? Descobrir se o Tesla Model S Plaid é capaz de alcançar o difícil equilíbrio entre razão e emoção.

Um «lobo em pele de cordeiro»

O visual do Plaid é discreto, muito discreto. Talvez discreto demais para o «poder de fogo» que encerra. Ao contrário do que vemos noutros modelos de alta performance, a Tesla resistiu à tentação de adicionar drama visual.

Face aos Model S «normais», o Plaid destaca-se pelas pinças de travão vermelhas, pelo aileron traseiro em fibra de carbono e pelo logótipo no portão da bagageira. E é tudo.

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O novo nem sempre é melhor

Saltando para o interior, é impossível falar sobre o interior do Tesla Model S Plaid sem abordar o polémico volante Yoke, que vinha de série, mas agora passou (felizmente) a opcional.

Após alguns dias a usá-lo, considero-o dispensável.

Sim, resulta visualmente num habitáculo de visual futurista, mas a sua utilização não convence, principalmente em meio urbano, na abordagem a rotundas ou em manobras.

A Tesla já foi elogiada muitas vezes pela sua capacidade de inovar, mas a marca de Elon Musk escusava de ter tentado reinventar o volante.

Como se não bastasse o polémico volante, a Tesla também abdicou das hastes na coluna de direção que permitem controlar os piscas ou os limpa para-brisas. Onde é que colocou estes comandos? No volante.

Tesla Model S Plaid volante yoke
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld O comando da buzina é um pequeno comando háptico no volante, outra solução discutível.

O que piorou a utilização significativamente, principalmente nas rotundas, obrigando, por vezes, sair destas sem assinalar devidamente a manobra.

Qualidade em alta

Se, por norma, a Tesla é criticada no campo da qualidade e agradabilidade geral, este Model S Plaid mostra, porém, uma evolução notável.

Agora, sim, está num nível condigno ao estatuto de topo de gama. Os materiais são agradáveis ao toque e à vista; o tato e a resposta dos comandos transmitem uma sensação de robustez e a ausência de ruídos parasita dos plásticos revela atenção na montagem.

Tesla Model S Plaid ecrã multimédia
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld O ecrã pode receber três orientações espaciais: centrado, focado no condutor ou no passageiro.

Mais uma vez a ergonomia deixa a desejar a partir do momento em que há uma ausência total de comandos físicos e todas as funcionalidades concentram-se no enorme ecrã de 17”. Exige habituação, mas a operação com o ecrã em si é fácil e intuitiva.

Tal deve-se, em grande parte, ao facto de o ecrã central permitir uma utilização muito semelhante à de um smartphone, sendo apenas de lamentar a dimensão dos ícones do sistema de navegação ou do Spotify.

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Espaço não lhe falta

Apesar de caber ao SUV Model X o papel de modelo mais familiar da gama, o Tesla Model S Plaid está longe de desiludir no campo da habitabilidade. Bem pelo contrário.

Tanto nos lugares dianteiros como nos traseiros há bastante espaço, sendo possível dois adultos viajarem com conforto nos lugares posteriores.

Também a capacidade da bagageira — 709 litros — é referencial. A estes juntam-se os 89 litros da bagageira dianteira, uma solução que, infelizmente, não tem sido adotada por muitos construtores.

Elétrico para longas viagens

Com seis modos de condução — Relaxado, Desportivo, Plaid, Pista, Drift e Drag Strip — o modelo da Tesla é um autêntico «camaleão», adaptando-se às circunstâncias de utilização e, claro, à vontade do condutor.

Ditava o bom senso — e as condições de circulação — que os primeiros quilómetros ao volante do Model S fossem feitos no modo “Relaxado” e, curiosamente, foi este que acabou por me surpreender mais.

Uma vez selecionado este modo, o Model S Plaid mostra-se fácil de conduzir com a entrega de binário a ocorrer de forma suave, evidenciando as qualidades familiares do topo de gama da Tesla.

Tesla Model S Plaid frente
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld O Autopilot exige alguma habituação, mas em autoestrada revela-se uma mais valia. Já quando o trânsito aumenta é preciso «mudar o chip» para confiar totalmente no seu funcionamento que, diga-se de passagem, revelou-se perto de irrepreensível.

Aliás, com médias na casa dos 23,5 kWh/100 km e níveis de conforto bastante elevados, o Tesla Model S Plaid sente-se como «peixe na água» em autoestrada, convidando-nos a longas viagens.

Atenção, mesmo neste modo o Model S Plaid é bastante rápido, mas é mais «civilizado». No modo “Desportivo” já começamos a ter um vislumbre das potencialidades do Model S Plaid, mas é no “Plaid” que a razão abandona completamente o «palco».

Apertem os cintos

Mal selecionamos o modo “Plaid” o Model S vê o acelerador tornar-se muito mais sensível e a potência disponível aumenta.

A cada movimento do pé direito o Model S Plaid avança de forma impressionante, cola-nos ao banco e faz-nos querer ainda mais: como será o modo “Drag Strip”?

Após algum tempo em busca da «estrada perfeita», ou seja, uma reta deserta e com bom piso, chegou a altura de selecionar esse modo.

Tesla Model S Plaid
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld Este é o símbolo que identifica os modelos Plaid da Tesla. É inspirado no filme “Spaceballs”, uma sátira à saga Star Wars.

Até a seleção do modo “Drag Strip” é um «acontecimento»: depois de selecionado acedemos ao “Launch Control”. Depois de selecionado uma luz no painel de instrumentos recorda-nos de que a bateria está a ser levada até à sua temperatura ideal, um processo que, no meu caso até foi bastante rápido.

Após tudo isto, resta apenas agarrar o volante e… esmagar o acelerador. Mesmo tendo já visto vários vídeos deste arranque, nada nos prepara para o sentir este «disparo».

Todo o nosso corpo é «colado» ao banco e o Model S Plaid ganha velocidade de forma indiscritível, até deixarmos que o bom senso impere e nos faça levantar o pé direito.

Tesla Model S Plaid traseira
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld

Nas tentativas seguintes, já «preparados» para o que aí vem, o impacto é menor, mas não menos impressionante. A aceleração intensa é contínua, mesmo a velocidades mais elevadas, e a estabilidade revelada nestes momentos também não deixa de impressionar.

Por fim, tanto o modo “Pista” como o “Drift” dão mais proeminência ao eixo traseiro — cada uma das rodas vem com o seu próprio motor. O primeiro reforça a tendência sobreviradora, já o segundo é melhor ser usado em ambiente controlado.

E nas curvas?

Que os Tesla aceleram de forma impressionante já sabíamos há muito tempo, mas a evolução das propostas da marca de Elon Musk em comportamento dinâmico tem sido impressionante.

Para começar temos uma direção ajustável em três níveis — Conforto/Normal/Desportivo — que permite adequar o seu peso ao estilo de condução praticado.

Tesla Model S Plaid jantes
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld

Rápida e direta q.b., a direção acaba por ser prejudicada pelo… volante Yoke, principalmente em traçados sinuosos.

Nestes pisos a suspensão pneumática com amortecedores adaptativos e quatro modos (Conforto, Auto, Desportivo e Avançado) não deixa «créditos por mãos alheias» e consegue um bom compromisso entre conforto e comportamento.

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Não, não coloca o Tesla Model S Plaid ao nível do Porsche Taycan, mas já lhe permite enfrentar um traçado sinuoso sem receios. Pode ser um carro americano, mas podemos deixar o estereótipo de que só gosta de retas, de parte.

Quanto à travagem, a adoção de discos carbo-cerâmicos garante que parar as mais de duas toneladas do Model S Plaid é uma tarefa fácil, com destaque para a resistência à fadiga.

Caro? Depende do ponto de vista

Os 141 990 euros de preço base do Tesla Model S Plaid são um valor elevado. Contudo, quando olhamos para os seus concorrentes e, acima de tudo, para os seus números, o modelo a Tesla está longe de ser «caro».

Para começar, que outro modelo oferece 1020 cv e prestações ao nível das do Tesla Model S Plaid por um valor tão baixo?

Tesla Model S Plaid frente
© Fernando Gomes / Razão Automóvel — editado por Thomas V. Esveld

Além disso, o modelo da Tesla oferece uma lista de equipamento completa, é espaçoso, versátil e… mais barato que os potenciais rivais que, por sua vez, estão longe de oferecer as prestações deste.

De momento, em Portugal, além do Porsche Taycan Turbo S (761 cv), apenas os mais luxuosos e de um segmento acima BMW i7 M70 (660 cv) e Mercedes-AMG EQS 53 (761 cv) aproximam-se dos números do Model S Plaid.

Mas são muito mais caros. O Taycan Turbo S começa perto dos 196 200 mil euros, o i7 M70 nos 188 mil euros e o EQS 53 nos 180 850 euros.

Tesla Model S Plaid

9/10

A potência e capacidade de aceleração são os maiores «cartões de visita» do Tesla Model S Plaid, mas estão longe de ser os seus únicos argumentos. Depois de ultrapassado o «choque» das prestações, argumentos como o conforto, as capacidades estradistas, o refinamento a bordo ou até a autonomia, mostram que há razão no meio de toda a emoção.

Versão base:141.990€

Classificação Euro NCAP: 5/5

153.240€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Três motores elétricos, um à frente e dois atrás
  • Posição:Frente: Transversal; Traseira: Transversal
  • Carregamento: Bateria: 100 kWh (capacidade total)
  • Potência:
    Motor dianteiro: 314 kW (427 cv)
    Motores traseiros: 309 kW (420 cv) cada
    Potência máxima combinada: 750 kW (1020 cv).
  • Binário: N.D.

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  3 caixas redutoras (uma por motor) de relação fixa

  • Comprimento: 5021 mm
  • Largura: 1987 mm
  • Altura: 1431 mm
  • Distância entre os eixos: 2960 mm
  • Bagageira: Bagageira traseira: 709-1828 litros; Bagageira dianteira: 89 litros
  • Jantes / Pneus: FR: 265/35 R21; TR: 295/30 R21
  • Peso: 2265 kg
  • Peso/Potência: 2,22 kg/cv

  • Média de consumo: 18,7 kWh/100 km; Autonomia: 600 km
  • Emissões CO2: 0 g/km
  • Velocidade máxima: 280 km/h (322 km/h opcionais)
  • Aceleração máxima: >2,1s

    Tem:

    • Suspensão adaptável
    • Modo Sentry
    • Autopilot
    • Jantes de 19”
    • Ecrã central de 17”
    • Tejadilho em vidro
    • Sistema de áudio com 22 altifalantes e 960 watts
    • Bancos aquecidos para cada passageiro, direção aquecida e para-brisas aquecido
    • Bancos dianteiros refrigerados
    • Iluminação ambiente
    • Porta-bagagens traseiro de abertura e fecho automático
    • Espelhos laterais aquecidos, rebatíveis eletricamente e com regulação automática da intensidade da luz
    • Carregamento rápido sem fios e USB-C para cada passageiro
    • Sistema de filtragem de ar HEPA
    • Hotspot WIFI

Jantes Arachnid de 21” — 4950 €
Volante Yoke — 0 €
Interior Creme — 2500 €
Autopilot Aperfeiçoado (inclui: navegar em Autopilot, mudança de faixa automática, estacionamento automático, Summon e Smart Summon) — 3800 €

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