Ensaio Novo Renault Scenic 100% elétrico. Primeiro teste em Portugal

Desde 49 300 euros

Novo Renault Scenic 100% elétrico. Primeiro teste em Portugal

O Scenic é o mais recente Renault a converter-se a crossover… e em elétrico. Fomos os primeiros a conduzir o novo modelo em Portugal.

Renault Scenic E-Tech Electric 87 kWh

7/10

O Renault Scenic é agora um crossover elétrico. Altura de descobrir se ainda é o carro certo para as famílias.

Prós

  • Infoentretenimento intuitivo
  • Espaço na segunda fila de assentos
  • Volumetria da bagageira

Contras

  • Travagem inconsistente
  • Direção leve e «sintética»
  • Consumo elevado

Depois de 28 anos de comercialização e cinco gerações, o Renault Scenic rende-se às evidências a transforma o seu formato exterior e conceito interior num crossover, renegando as raízes de monovolume.

Estruturalmente, está muito próximo do Megane E-Tech, mas é mais alto (6 cm), mais largo (10 cm) e, sobretudo, mais comprido (27 cm). A distância entre eixos foi esticada também em 10 cm. A distância ao solo também seria igual, não fosse o diâmetro superior das rodas do Scenic, o que acaba por gerar uma diferença de dois centímetros entre os dois modelos.

Como na quase totalidade dos carros elétricos mais recentes, a bateria do Scenic 100% elétrico está montada debaixo do piso do carro, entre os dois eixos.

Na unidade ensaiada — enviada de Paris para Lisboa especificamente para esta experiência dinâmica, no âmbito da eleição do Car of the Year na Europa, sendo um dos sete finalistas — tem uma capacidade de 87 kWh. É a maior disponível na gama, com a mais pequena a ter 60 kWh.

Esta bateria é produzida pela LG Chem e «promete» uma autonomia máxima de 625 km, podendo ser carregada a 22 kW em corrente alternada (AC) ou a 150 kW em corrente contínua (DC).

Um Scenic ainda mais tecnológico

A configuração e os diversos elementos e tecnologia usados no painel de bordo estão na linha do que conhecemos nos Megane E-Tech e Espace. O intuitivo sistema operativo Android, com aplicações nativas da Google (como os mapas, o assistente ou a play store), facilita muito a missão a quem usa dispositivos móveis com este «código genético».

Além disso, a presença desta solução também consegue simplificar muito a comunicação por voz com o carro (excelente capacidade de compreensão). E o sistema é também totalmente compatível com dispositivos da Apple, ligados com ou sem cabo.

O ecrã digital da instrumentação e o central, destinado ao infoentretenimento, têm praticamente o mesmo tamanho (12,3″ e 12,0” respetivamente). No entanto, enquanto o primeiro é horizontal, o segundo está posicionado na vertical e ligeiramente direcionado para o condutor.

A (datada) haste-satélite que controla o sistema de áudio e que está fixa à coluna da direção, parece um peixe fora de água no contexto deste interior moderno, da mesma forma que também não se entende a ausência de um head-up display.

Felizmente foram mantidos comandos físicos para a climatização e para outras funções mais utilizadas, evitando que as procuremos nos menus do ecrã central.

Os revestimentos do tabliê são maioritariamente rígidos (nesta versão de topo há uma pele sintética), passando uma impressão geral de qualidade apenas mediana. Curiosamente, as bolsas das portas têm revestimento interno (invulgar, neste segmento), mas as saídas de ventilação traseira apenas permitem ajustar a direção do fluxo de ar.

Já a visibilidade para trás do Renault Scenic é condicionada pelo estreito óculo traseiro e pelos largos pilares C, tornando a câmara de visualização traseira muito útil.

Espaço generoso a bordo

Nos assentos da frente, há bastante espaço disponível e livre de obstruções, até porque o seletor da transmissão e dos modos de condução estão agora colocados no volante.

Graças à enorme distância entre eixos do novo Scenic, o habitáculo conta com um espaço muito amplo para pernas na segunda fila de bancos, mesmo para passageiros com mais de 1,80 m de altura (e pernas a condizer).

Renault Scenic E-Tech de portas abertas, perfil
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

O piso é plano, ao centro, o que favorece a liberdade de movimentos de quem aí se senta, ainda que este lugar conte com o habitual assento mais estreito e com as costas mais rígidas. Aplauso ainda para o apoio de braços central traseiro que, no seu interior inclui revestimento, calhas para fixar tablets, porta-bebidas e tomadas USB.

Em opção, é possível dispor de um tejadilho panorâmico que varia a opacidade (através de um sistema de cristais líquidos), podendo ficar mais opaco sobre a fila dianteira e mais transparente sobre a traseira, ou vice-versa.

De destacar a capacidade do porta-bagagens que, com 545 litros, está no topo da sua classe, ainda que 50 litros estejam sob o alçapão no piso. Por outro lado, o enorme degrau que existe entre a boca de carga e o plano de carga é pouco prático para carregar ou descarregar volumes maiores e mais pesados.

Conforto «versus» comportamento dinâmico

A suspensão é independente nas quatro rodas e o motor elétrico está instalado na frente, não estando prevista nenhuma versão de quatro rodas motrizes. Tal como nas unidades testadas há três meses em Paris, este Scenic que veio visitar Lisboa trazia umas enormes jantes de 20″, rodeadas por pneus 235/45.

Em conjunto com a sempre pesada bateria, tornam o comportamento do carro bastante seco — demasiado duro sobre mau piso —, mas com o habitual reverso da medalha mais positivo, que é o de conseguir uma muito boa estabilidade em condução mais rápida numa sucessão de curvas.

Renault Scenic E-Tech em movimento, perfil
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

A resposta do motor de 160 kW (218 cv) é pronta e vigorosa, especialmente nos modos de condução Comfort e, sobretudo, no Sport. Em conjunto com o Eco e o Perso compõem os quatro modos de condução disponíveis, selecionáveis a partir de um botão na face do volante.

Margem para melhorias

Os dois aspetos menos conseguidos na dinâmica do novo Renault Scenic são o tato da travagem e a direção. No primeiro caso, não parece haver reação dos travões no início do curso do pedal, e mesmo após começar a atuar, o tato continua a ser bastante «esponjoso». Ou seja, não é a melhor sensação quando estamos a controlar mais de 1,8 toneladas de carro.

Já a direção sente-se sempre muito «sintética» e leve, colocando uma grande distância no relacionamento do condutor com a estrada. Oscila entre leve (em Sport), muito leve (em Normal) e ultraleve (no modo Eco).

ecrã central do sistema do infoentretenimento a mostrar página do modo ECO
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel Nos modos de condução também ajustado o ambiente a bordo, incluindo cores, iluminação, climatização e o grafismo da instrumentação. No modo “Perso” (personalizável), podemos alterar «a gosto» a resposta do motor, peso da direção e atuação do controlo de estabilidade.

Há ainda três níveis de intensidade de desaceleração/recuperação de energia, selecionáveis através de patilhas atrás do volante, mas com relativamente pouca diferença entre si.

Além disso, não existe função “one pedal drive”, ou seja, o Scenic não se imobiliza por completo depois de soltar o pedal do acelerador, sem que o travão seja pisado.

Consumo acima do esperado

Tal como em Paris, também em Lisboa o consumo do Scenic ficou acima do esperado, tendo em conta o valor declarado de 16,8 kWh/100 km.

Mesmo considerando que num teste se conduz sempre de uma forma mais exigente do que no quotidiano, os 21,3 kWh averbados não vão permitir uma autonomia muito acima dos 400 km, mesmo nesta versão equipada com a bateria de maior capacidade.

O computador de bordo indica sempre dois valores para a autonomia restante: um inferior assinalada como condução rápida em autoestrada; e outro superior se o restante trajeto for efetuado em zonas urbanas. Como exemplo podemos referir que num dos momentos do teste, com a bateria a 73%, tínhamos 337 km «no bolso», que poderiam ser diminuídos até 251 km em autoestrada ou esticados até 462 km em cidade.

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Scenic em Portugal

Para o mercado nacional, os preços do novo Renault Scenic começam nos 40 690 euros da versão Evolution, mas com o motor de 125 kW (170 cv) e a bateria de 60 kWh, que anuncia uma autonomia máxima de 430 km. Em alternativa, há a versão Techno, por 43 490 euros, equipada com o mesmo sistema elétrico e bateria.

Para a versão mais potente (218 cv) com a bateria maior (87 kWh), tal como a unidade que tivemos oportunidade de conduzir, são quatro os níveis de equipamento disponíveis: Evolution, Techno, Esprit Alpine e Iconic. Neste caso, os preços variam entre 49 300 euros do Evolution e os 52 650 euros da Iconic, que é aquela que pode ver neste teste.

Renault Scenic E-Tech, perfil
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

No caso da versão mais potente, os preços estão alinhados com aquele que será, muito provavelmente, o seu maior rival, o novo Peugeot e-3008, na sua variante de 157 kW (213 cv) com bateria de 73 kWh. É mais pequena que a de 87 kWh do Scenic, perdendo para este 100 km de autonomia: 525 km vs 625 km.

Veredito

Renault Scenic E-Tech Electric 87 kWh

7/10

O agora crossover elétrico Scenic continua a fazer jus aos pergaminhos familiares que associamos ao nome. Há espaço para tudo, ainda que o conforto — nesta versão com jantes de 20″ — não seja o típico gaulês a que estamos acostumados. Compensa com boas performances e uma dinâmica competente, ainda que a direção e o tato da travagem tenham margem para melhorar.

Prós

  • Infoentretenimento intuitivo
  • Espaço na segunda fila de assentos
  • Volumetria da bagageira

Contras

  • Travagem inconsistente
  • Direção leve e «sintética»
  • Consumo elevado

Especificações técnicas

Versão base:49.300€

Classificação Euro NCAP: 5/5

  • Arquitectura: Um motor elétrico
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Bateria: 87 kWh (Iões de lítio NMC)
  • Potência: 160 kW (218 cv)
  • Binário: 300 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora (1 relação)

  • Largura: 4447 mm
  • Comprimento: 1864 mm
  • Altura: 1571 mm
  • Distância entre os eixos: 2785 mm
  • Bagageira: 545-1670 litros
  • Jantes / Pneus: 235/45 R20
  • Peso: 1850 kg

  • Média de consumo: 16,8 kWh/100 km; Autonomia: 625 km
  • Velocidade máxima: 170 km/h
  • Aceleração máxima: >8,4s

    Tem:

    • Aquecimento dos bancos dianteiros e volante
    • Ar condicionado automático em 2 zonas
    • Carregador de smartphone por indução
    • Compatibilidade com Android Auto e/ou Apple CarPlay
    • Faróis Full LED
    • Jantes em liga leve de 20″
    • Purificador de ar do habitáculo
    • Sistema de som premium da Harman Kardon
    • Sistema multimédia openR link com monitor de 12″ e Google integrado
    • Travagem regenerativa regulável (4 níveis) através de patilhas no volante