Mercedes-Benz EQS SUV é o melhor do segmento. Mas nem tudo são rosas

Antes de irem à lista de opcionais do Mercedes-Benz EQS SUV puxem uma cadeira. Os valores não são simpáticos.

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Mais de um ano depois de ter conduzido o EQS na versão berlina, voltei a cruzar-me com o Mercedes-Benz EQS, desta vez em modo SUV.

Eis o Mercedes-Benz EQS SUV. Um modelo que custa mais de 130 mil euros e que tem uma missão: ser o melhor SUV 100% elétrico do mundo.

A ambição não podia ser outra. Afinal de contas, trata-se da versão SUV do EQS, que por sua vez é uma espécie de versão elétrica do eterno Classe S, um modelo que ao longo da história tem sido quase sempre apontado como o «melhor carro do mundo».

Dito isto — agora que já expliquei o meu ponto —, vamos então olhar para este EQS SUV. Começando pelas dimensões, é consideravelmente maior que os potenciais rivais Tesla Model X, Audi Q8 e-tron e BMW iX.

O Mercedes-Benz EQS SUV mede 5,13 m de comprimento. É muito comprido, mas mesmo assim é 9 cm mais curto que o EQS berlina (as extremidades da carroçaria foram reduzidas). No entanto é 20 cm mais alto, o que acaba por nos dar a perceção de que estamos perante um modelo mais «corpulento».

No geral, e sobretudo quando o vemos ao vivo, fico com a sensação que as linhas conservadoras do EQS resultam melhor no SUV do que na berlina, sobretudo ao nível da traseira.

Mesmo assim, gostava que os designers da marca de Estugarda tivessem criado uma maior diferenciação visual entre estes dois modelos. Isto já para não falar do facto de serem praticamente iguais aos EQE e EQE SUV, respetivamente, outra decisão que poderá não ser do agrado de todos.

É no interior que sentimos uma maior evolução face ao EQS berlina que já conhecíamos, porque efetivamente este SUV tem algo mais a oferecer em termos de espaço a bordo. Os lugares traseiros são muito confortáveis e a bagageira admite todo o tipo de excessos.

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É certo que não temos um frunk — Mercedes-Benz, é assim tão difícil resolver esta questão? —, o que acaba por ser algo frustrante num SUV com mais de cinco metros de comprimento e com um capô gigante.

Contudo, a capacidade da bagageira oscila entre os 645 l e os 880 l, de acordo com a posição dos bancos da segunda fila, o que está perto de ser uma referência no segmento.

Depois, é bom saber que o SUV elétrico topo de gama da Mercedes-Benz pode contar com uma terceira fila de bancos (um opcional que custa 2000 euros), permitindo assim transportar até sete pessoas. Nesse caso a capacidade da bagageira cai para os 195 litros.

Terceira fila só para crianças?

Sentei-me nos bancos da terceira fila e posso dizer-vos que se tiverem mais de 1,80 m de altura, não é um espaço totalmente agradável. Se tiverem menos do que isto, estes lugares acabam por ser perfeitamente usáveis por dois adultos em situações de necessidade, sem que a «aventura» seja demasiado incómoda.

Porém, e tal como sempre acontece neste tipo de propostas, estes últimos lugares são mais recomendáveis para crianças, já que é na segunda fila que é possível aproveitar o nível de conforto que este SUV tem para oferecer.

Aí, além dos encostos de cabeça almofadados (infelizmente não têm os ajustes elétricos que vemos no Classe S), contamos com deslocação elétrica e contamos, acima de tudo, com um espaço referencial para os joelhos, o que torna esta segunda fila um lugar muito apetecível, mesmo para adultos com 1,85 m de altura.

Dois reparos a fazer

Sendo esta uma proposta de luxo, é impossível não fazer dois reparos: as costas dos bancos dianteiros são em plástico, algo que por norma vemos em modelos de segmentos mais baixos, e as janelas não têm cortinas, como acontece, por exemplo, no Classe S e no EQS.

São dois detalhes, é certo, mas volto a recordar que estamos a falar do SUV elétrico topo de gama da Mercedes-Benz.

MBUX Hyperscreen impressiona mas é redundante

Nem só de espaço vive o interior do EQS SUV. Tal como já acontecia com o EQS, este SUV pode ser equipado, de forma opcional, com o sistema MBUX Hyperscreen. Se este nome não vos diz nada, saibam que é o maior painel digital alguma vez instalado num automóvel.

Estamos a falar de 1,41 m de largura de painel, que se dividem por três ecrãs: um para a instrumentação, outro central, para a multimédia, e um terceiro em frente ao lugar do passageiro da frente.

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Tal como disse, visualmente é impressionante olhar para esta solução, sobretudo se nunca a viram antes, mas confesso que acho o sistema um pouco redundante, já que muitas vezes estamos a ver exatamente a mesma informação em vários sítios diferentes.

Ainda não falámos do preço. Estão sentados? O MBUX Hyperscreen é um opcional que custa quase nove mil euros. Mas se tivermos em conta o custo do próprio EQS SUV, acredito que a maioria não irá fazer esta escolha com base no preço.

Mesmo assim, não sinto que a experiência de utilização seja inferior se optarem pelos dois ecrãs de série, bem mais discretos, semelhantes aos que temos, por exemplo, no Mercedes-Benz Classe C.

A versão que conduzi é a mais acessível e menos potente da gama do Mercedes-Benz EQS SUV. Denominada 450+, recorre a um motor elétrico montado na traseira que entrega uma potência máxima de 265 kW (360 cv) e 568 Nm de binário máximo.

Graças a estes números este SUV é capaz de acelerar dos 0 aos 100 km/h em 6,7s e de atingir os 210 km/h de velocidade máxima. São números que não impressionam, é certo, mas se tivermos em conta que este modelo acusa quase 2,7 toneladas na balança, o caso muda de figura.

Curiosamente, mais impressionante que as acelerações são as travagens. Para um «monstro» com este tamanho, o EQS SUV consegue imobilizar-se de forma muito eficaz.

Claro que não há milagres, e este peso faz-se sentir quando chegamos às curvas: é seguro, muito previsível, mas… prefere ritmos calmos.

Aqui, e mesmo não sendo o principal propósito de nenhum destes modelos, devo confessar que o EQS berlina acaba por ser (sem surpresa) bem mais competente no capítulo dinâmico do que este EQS SUV.

Mesmo assim, devo dizer que o eixo traseiro direcional (de forma opcional pode rodar até 10º) faz um excelente trabalho a tentar disfarçar o porte deste SUV, que apesar de tudo se destaca por oferecer uma direção bastante direta e com algum peso, o que ajuda a ler bem a estrada.

Se tiverem oportunidade, escolham sempre estradas abertas. É aqui que o EQS SUV é mais gratificante de conduzir. O conforto de rolamento é impressionante. Imaginem um tapete voador… agora adicionem-lhe poltronas. O resultado deve ficar muito próximo deste modelo.

Isto fica particularmente evidente em autoestrada, onde este EQS SUV revela uma facilidade e uma naturalidade que acabam por impressionar.

E ainda nem falámos do isolamento acústico, que bloqueia praticamente todos os ruídos de entrarem no habitáculo, transformando o interior deste elétrico numa espécie de cápsula à prova de tudo.

Deixei o tópico mais sensível para o fim, os consumos. É que a Mercedes-Benz reivindica um consumo combinado de 18,2 kWh/100 km, mas durante os vários dias que passei com este SUV fiz uma média de 24,2 kWh/100 km, sendo que em muitos cenários andei mesmo acima dos 26 kWh/100 km.

Mesmo assim, é relativamente fácil fazer 450 km com apenas uma carga. Não tanto pela eficiência do sistema, que sinceramente não me surpreendeu, mas simplesmente pelo tamanho da bateria. São 107,8 kWh de capacidade útil, ou se preferirem, quase quatro baterias combinadas de um Dacia Spring. É obra.

Com preços a começar nos 133 200 euros, o Mercedes-Benz EQS SUV tem um preço base cerca de 20 000 euros superior ao do BMW iX xDrive50 (523 cv e bateria de 108,8 kWh), aproximadamente 42 000 euros acima do Audi Q8 e-tron 55 quattro (408 cv e bateria de 106 kWh) e cerca de 15 000 euros mais caro do que o Tesla Model X Dual Motor (670 cv e bateria de 100 kWh).

É certo que muitos dos que vão ler este ensaio vão dizer que esta não é uma comparação justa e de facto não é. O Mercedes-Benz EQS SUV é muito mais luxuoso, mais confortável e maior do que qualquer um dos outros. Mas em tudo o resto, a concorrência não só consegue dar troco como até superá-lo.

Dito isto, não estou certo de que a diferença deste Mercedes-Benz EQS SUV para os restantes três modelos seja tão grande quanto a diferença de preço faz parecer. Até porque falha em alguns capítulos que considero fundamentais quando se fala de um carro elétrico, a começar logo na eficiência do sistema e claro, nos consumos, que naturalmente afetam a autonomia.

Mas para mim, o maior defeito que aponto ao SUV elétrico da marca germânica é mesmo as parecenças com os restantes modelos da gama EQ.

Gostava que a Mercedes-Benz tivesse feito uma maior diferenciação para o EQS berlina, para que este SUV pudesse destacar-se mais. E isso reflete-se inclusive no nome: passámos de EQS para… EQS SUV.

Tirando estas questões, este é provavelmente o melhor SUV 100% elétrico que o dinheiro pode comprar, se o preço não for uma questão e o conforto for o principal critério.