Primeiro Contacto EQS SUV. Já testámos o SUV elétrico mais exclusivo da Mercedes-Benz

Chega em janeiro

EQS SUV. Já testámos o SUV elétrico mais exclusivo da Mercedes-Benz

«Gémeo» do EQS, o Mercedes-Benz EQS SUV alia as qualidades já reconhecidas ao topo de gama elétrico ao «formato da moda».

Mercedes-Benz EQS SUV vista dianteira 3/4

O Mercedes-Benz EQS SUV é tecnicamente idêntico ao EQS que já conhecemos, mas veio permitir à marca alemã melhorar a imagem dos seus elétricos topo de gama, adicionando o fator de sedução que falta à berlina que já testámos.

Afinal, mesmo que a estratégia de nomenclatura tenha uma certa falta de personalidade (limitou-se a adicionar SUV à designação do modelo), é inegável que existe uma evolução muito positiva relativamente à berlina.

Naturalmente, o EQS SUV é mais alto (mais 20 cm) que a berlina, mas é mais curto (mede 5,13 m, menos 9 cm que o EQS), tudo porque as extremidades da carroçaria foram reduzidas sendo estas as principais diferenças de proporções entre as duas carroçarias.

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Mercedes-Benz EQS SUV em movimento vista traseira 3/4

A dianteira mais alta, o pilar traseiro mais largo e a linha de cintura ascendente na parte final do perfil produzem um resultado mais convincente do que a dianteira muito afilada e o discreto terceiro volume da berlina EQS.

Espaço para (quase) tudo

Além das linhas mais bem conseguidas, o Mercedes-Benz EQS SUV traz outra grande mais-valia em relação ao EQS «normal»: o espaço a bordo.

Se os 610 l de capacidade da bagageira do EQS já impressionavam, os 645 a 880 l (mediante a posição da segunda fila de bancos) oferecidos pelo EQS SUV estão perto de ser referenciais.

Mercedes-Benz EQS SUV bagageira
Com os bancos rebatidos a bagageira oferece 2100 l.

Além disto, o SUV elétrico da Mercedes-Benz pode contar com uma terceira fila de bancos (opcional) que lhe permite transportar até sete passageiros, ao mesmo tempo que a bagageira oferece 195 l de capacidade.

Como pude constatar, na terceira fila é possível passageiros com até 1,75 m de altura viajarem com conforto, mas é, naturalmente, na segunda fila de bancos que se viaja com maior conforto.

 

Quando me sentei nesses lugares verifiquei que o espaço alterna entre o “enorme” e o “suficiente” para um passageiro com 1,80 m, com o piso totalmente plano a permitir uma total liberdade de movimentos para as pernas.

Contudo, nem tudo a bordo do Mercedes-Benz EQS SUV merece elogios. Quando comparamos o EQS SUV com os topo de gama da Mercedes-Benz com motor de combustão a qualidade não está no mesmo patamar nem temos os mesmos «luxos».

Por exemplo, no EQS SUV as costas dos bancos são revestidas a plástico, uma solução normalmente encontrada em propostas muito mais acessíveis.

Mercedes-Benz EQS SUV bancos dianteiros

Além disso, enquanto que no Classe S os encostos de cabeça na segunda fila contam com ajuste elétrico, no EQS SUV esse ajuste é feito de forma manual.

Ainda mais difícil de compreender é o facto de não existirem cortinas nas janelas das portas traseiras. Principalmente porque o «irmão» do EQS SUV, o EQS, conta com este item.

Quanto ao impactante interior, admito que não seja um defeito objetivo, mas mais uma preferência: se não quer ficar tonto com tanta informação que é apresentada no Hyperscreen MBUX — o ecrã gigante de 1,41 m de largura — é melhor optar pela instrumentação digital e ecrã central, mais sóbrios e menos repetitivos na informação que é dada.

Mercedes-Benz EQS SUV interior
O interior do EQS SUV é em tudo semelhante ao do EQS.

Além disso, esta opção sempre permite poupar os cerca de 8000 euros que custa o ecrã que praticamente se estende de pilar a pilar e que serve de tabliê ao EQS SUV.

Um gigante ágil

Como referi, o Mercedes-Benz EQS SUV e o EQS «normal» são gémeos com diferentes carroçarias e isso fica evidente quando olhamos para os seus chassis e sistema de propulsão.

Assim, o EQS SUV conta com suspensão independente nas quatro rodas, sendo a única diferença os ajustes específicos à sua geometria motivados pelas diferentes proporções do SUV.

Mercedes-Benz EQS SUV em curva
Em opção as rodas traseiras podem rodar 10º, podendo este extra ser instalado através de uma atualização remota.

A suspensão pneumática Airmatic e o amortecimento eletrónico variável são de série em todas as versões tal como o eixo traseiro direcional.

Este permite às rodas traseiras rodarem 4,5º para melhorar a estabilidade a altas velocidades, a manobrabilidade em cidade e a agilidade em estradas sinuosas e os benefícios deste sistema ficam evidentes quando conduzimos o EQS SUV.

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Não se limita ao asfato

Equipado com quatro modos de condução — Eco, Comfort, Sport e Individual —, o Mercedes-Benz EQS SUV vê as versões 4MATIC como a que testámos apresentarem-se com um programa adicional para a condução fora de estrada.

Como é óbvio, este não torna o EQS SUV capaz de enfrentar o Rali Dakar, mas em modo “Offroad” é possível sair do asfalto sem receios de ficar atolado no primeiro monte de areia.

Mercedes-Benz EQS SUV fora de estrada
Sem querer ser um «puro e duro», o EQS SUV não se nega a algumas incursões fora de estrada.

Para começar este modo oferece-nos um menu específico na instrumentação onde encontramos uma bússola, informação de altura ao solo, tração, profundidade ao cruzar um curso de água e uma câmara especial para mostrar o que existe por baixo do EQS SUV.

Além disso, uma vez selecionado o modo “Offroad” a distância ao solo aumenta 25 mm — para 200 mm —, mantendo-se assim até aos 80 km/h, velocidade acima da qual baixa automaticamente, voltando a subir quando abrandamos até aos 50 km/h.

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Três versões, uma só bateria

No início da comercialização o EQS SUV estará disponível em três versões: 450+ com tração traseira; 450 4MATIC com tração integral e 580 4MATIC, também com tração integral.

No EQS 450+ temos 265 kW (360 cv) e 568 Nm; já o EQS 450 4MATIC mantém os 265 kW (360 cv) de potência, mas o binário sobe até aos 800 Nm. Por fim, no EQS SUV 580 4MATIC contamos com 400 kW (544 cv) e 858 Nm.

Mercedes-Benz EQS SUV a carregar
O carregamento do EQS SUV pode ser feito com recurso a corrente alternada (AC) com um carregador de bordo de 11 kW (de série) ou 22 kW (opcional) ou através do sistema carga rápida em corrente direta (DC) com uma potência de até 200 kW.

Independentemente da versão escolhida, o EQS SUV conta sempre com uma bateria com 107,8 kWh de capacidade útil. Por esta razão o EQS 450+ SUV é a versão com maior autonomia, até 671 km de acordo com a Mercedes-Benz.

Quanto ao EQS 580 4MATIC SUV que testámos, a sua autonomia anunciada fixa-se nos 609 km. É verdade que estes valores são inferiores aos da berlina, mas não podemos esquecer que esta é mais baixa, mais leve e mais aerodinâmica.

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Ao volante do Mercedes-Benz EQS SUV

Sendo produzido no Alabama, nos EUA, o teste de condução do EQS SUV decorreu também nos Estados Unidos, até porque as primeiras unidades do modelo apenas começam a desembarcar na Europa no final deste ano.

Logo nos primeiros quilómetros em estrada retomo contacto com sensações conhecidas nos EQS e EQE: direção bastante direta a permitir sentir bem a estrada, tornando-se mais pesada à medida que mudamos dos modos Eco e Comfort para o Sport.

Algo semelhante pode ser dito em relação ao desempenho da suspensão em função do modo de condução escolhido: o modo “Comfort” protege mais o esqueleto de impactos e, com asfalto mais regular em estradas sinuosas, o modo “Sport” foi capaz de conter melhor o rolamento da carroçaria.

De qualquer forma, para um carro que custa mais de 160 000 euros nesta versão, penso que as barras estabilizadoras ativas deveriam ser de série em vez de opcionais, o que permitiria compatibilizar uma regulação mais confortável de suspensão e movimentos mais controlados da carroçaria em curva.

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Pesado, mas rápido

Mesmo com 2,8 toneladas o EQS 580 4MATIC SUV é muito rápido, como comprovam os 4,6s dos 0 aos 100 km/h e os 210 km/h de velocidade máxima.

Mercedes-Benz EQS SUV vista dianteira

Além disso, em curva apresenta uma agilidade muito melhor do que o senso comum poderia antecipar, cortesia do eixo traseiro direcional que ajuda a trajetória em qualquer curva, principalmente nas mais fechadas.

O isolamento acústico a velocidades de cruzeiro acima dos 100 km/h também merece elogios, deixando evidentes os cuidados tidos a esse nível, tanto mais que sem motores de combustão o contacto dos pneus com a estrada e o do ar com o veículo ficam, naturalmente, mais audíveis.

Por falar em som, pessoalmente não aprecio os efeitos sonoros digitais que se podem ouvir no EQS SUV, alternando entre frequências gráficas de naves espaciais e roncos de Transformers nada amistosos, consoante um dos três programas
selecionados.

Regenerar é a melhor forma de travar

O percurso de condução urbana deu para testar os níveis de recuperação de energia. É possível alternar entre os três níveis de travagem regenerativa (D+, D e D-), selecionáveis através das patilhas no volante ou deixar o sistema funcionar sozinho na posição “DAuto”.

Mercedes-Benz EQS SUV a andar em cidade
Em meio urbano os vários modos de regeneração de energia permitem «esticar» a autonomia.

No posição “DAuto” o sistema altera automaticamente a regeneração com base em variáveis ​​como a presença de outros veículos à frente ou o diferencial entre a velocidade de circulação e a velocidade máxima legal.

O nível mais fraco (D+) deixa o carro rolar como se estivesse lançado em ponto morto, enquanto o mais forte (D-) permite andar quase sem tocar no pedal da esquerda, o que tem duas vantagens principais.

Mercedes-Benz EQS SUV detalhe logótipo

Primeiro, evita que o condutor tenha que lidar com o pedal do travão ao qual a Mercedes-Benz ainda não conseguiu dar uma resposta progressiva (o primeiro terço do curso do pedal quase não reduz a velocidade) e, segundo, recarrega mais a bateria.

Neste ponto, há que dizer que no teste de cerca de 120 km o consumo médio anunciado ficou mais perto do máximo anunciado — 24,2 kWh/100 km — do que do mínimo, uns mais frugais 20,2 kWh/100 km. Desta forma, a autonomia verificada ficou próxima dos 500 km.

Especificações técnicas

Mercedes-Benz EQS 580 4MATIC SUV
MOTOR ELÉTRICO
Motor 2 motores elétricos, um por eixo
Potência Máxima combinada: 400 kW (544 cv)
Binário Máximo Combinado: 858 Nm
BATERIA
Tipo Iões de lítio
Capacidade Total: N.D.; Útil: 107,8 kWh
TRANSMISSÃO
Tração Às 4 rodas
Caixa de velocidades Caixa redutora com uma relação (uma por motor)
CHASSIS
Suspensão FR: Independente de 4 braços; TR: Independente Multibraços;
Travões FR: Discos ventilados; TR: Discos ventilados
Direção/Diâmetro Viragem Assistência elétrica; 11,9 m e 11 m c/ eixo traseiro direcional a 4,5º e 10º, respetivamente)
N.º de voltas volante N.D.
DIMENSÕES E CAPACIDADES
Comp. x Larg. x Alt. 5125 mm x 1959 mm x 1718 mm
Entre eixos 3210 mm
Bagageira 645 a 2100 l (7 lugares: 195/565/2020 l)
Massa 2805 kg (estimado)
Rodas 275/45 R21
PRESTAÇÕES, CONSUMOS, EMISSÕES
Velocidade máxima 210 km/h
0-100 km/h 4,6s
Consumo combinado 24,3-20,2 kWh/100 km
Autonomia 609 km
Emissões CO2 0 g/km
Carregamento
Potência de carga máxima DC 200 kW
Potência de carga máxima AC 11 kW (22 kW opcional)
Tempos de carga 10-100%, 11 kW (AC): 10h;
10-100%, 22 kW (AC): 5h;
0-80%, 200 kW (DC): 31min.

EQS SUV. Já testámos o SUV elétrico mais exclusivo da Mercedes-Benz

Primeiras impressões

7/10
Nota: 7,5. Tendo em conta o preço muito mais baixo e a autonomia alargada, a versão 450+, apenas de tração traseira, parece ser a mais aconselhável no nosso país. Este 580 4MATIC acrescenta a tração 4x4, mais potência e binário, mas quem é que precisa de acelerações mais instantâneas e rápidas do que o já muito veloz modelo de acesso à gama? E há alguém a planear cruzar a Serra da Estrela com um EQS SUV? O comportamento é competente, o espaço interior amplo mas alguns materiais apresentam uma qualidade abaixo do esperado num carro com este preço, sendo incapaz de igualar os modelos topo de gama da Mercedes-Benz com motor de combustão na forma de mimar os passageiros.

Data de comercialização: Janeiro 2023

Prós

  • Interior versátil e amplo
  • Comportamento equilibrado
  • Isolamento acústico
  • Performances
  • 3ª fila de bancos (opcional)

Contras

  • Alguns plásticos
  • Bancos traseiros menos luxuosos
  • Travagem pouco progressiva
  • Preço
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