Notícias À procura da rentabilidade perdida. VW vai cortar 10 mil milhões em custos

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À procura da rentabilidade perdida. VW vai cortar 10 mil milhões em custos

A Volkswagen quer quase duplicar a sua margem de rentabilidade nos próximos anos e para isso vai cortar drasticamente nas despesas.

Volkswagen ID.7 na estrada, frente
© Volkswagen

Desde que o diretor executivo da Volkswagen, Thomas Schäfer, tomou poder em 2022 que já tinha demonstrado por diversas vezes intenções de potenciar a rentabilidade do construtor alemão.

Nesse sentido, em junho de 2023, foi apresentado o plano “Accelerate Forward | Road to 6.5”, destinado a impulsionar a margem de rentabilidade para os 6,5% até 2026 — foi de 3,4% nos primeiros nove meses de 2023.

Volkswagen ID.2all vista dianteira
© Volkswagen Volkwagen ID. 2all

Agora, já sabemos como é que a Volkswagen pretende atingir esse objetivo, tendo chegado a acordo com os líderes do conselho de trabalhadores para a redução dos custos da empresa em 10 mil milhões de euros.

A redução dos custos operacionais é fundamental nesta fase de transição tecnológica, que obriga a investimentos avultados. Em junho deste ano, o Grupo Volkswagen anunciou um investimento de 180 mil milhões de euros para os próximos cinco anos, sendo que 70% desse valor (126 mil milhões de euros) tem como destino o desenvolvimento de veículos elétricos.

Se os custos desta transição são elevados, a Volkswagen tem de lidar adicionalmente com o «arrefecimento» da procura por automóveis elétricos que se tem feito sentir em toda a indústria neste segundo semestre.

Além de que precisa, rapidamente, melhorar a competitividade da sua oferta elétrica, principalmente na China, o maior mercado mundial para este tipo de veículos. A marca alemã perdeu a liderança neste mercado «passando o seu testemunho» para a BYD, que apenas vende veículos eletrificados.

Como «cortar» 10 mil milhões de euros em despesa?

O construtor alemão já tinha começado a implementar algumas medidas como a demissão de trabalhadores em contrato temporário, o «congelamento» da contratação de novos empregados e a diminuição dos turnos de produção.

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Agora, para chegar à soma de 10 mil milhões de euros de redução de custos até 2026, a Volkswagen planeia economizar 320 milhões de euros através de uma melhor estratégia de aquisição na compra de componentes, 200 milhões de euros por ano através da otimização dos tempos de produção e gerar 250 milhões de euros na otimização no negócio do pós-venda.

Sendo que espera também poupar 400 milhões de euros anualmente reduzindo para metade o número de veículos utilizados para testes de desenvolvimento. No seu lugar, que reforçar os testes feitos através de processos digitais (simulações).

Thomas Schäfer
© Volkswagen Thomas Schäfer – CEO da Volkswagen

De acordo com a marca alemã, esta campanha de diminuição de custos deverá render um aumento de quatro mil milhões de euros nos resultados da empresa já em 2024.

Para além disto, a Volkswagen anunciou também que planeia reduzir os custos administrativos em um quinto e também reduzir o tempo de desenvolvimento de novos produtos. Atualmente o tempo de desenvolvimento de um produto leva 50 meses (quatro anos e dois meses) e a Volkswagen quer reduzir para três anos (36 meses).

Além dessa redução, a Volkswagen cancelou a construção de uma nova unidade de pesquisa e desenvolvimento, de 800 milhões de euros, em Wolfsburg. Através destas medidas a marca espera poupar mil milhões de euros até 2028.

Por fim, apesar de ter acordado com o conselho de administradores o de não haver despedimentos, caso seja necessário, a Volkswagen poderá avançar com acordos de rescisão seletivos de contratos de trabalho, sem que essas posições sejam preenchidas por novos funcionários. Consegue, assim, reduzir o número total de funcionários sem violar o acordo firmado.

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