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“O telhado está a arder”. CEO da Volkswagen alerta sobre o futuro da marca

Thomas Schäfer, diretor executivo da Volkswagen, deixou vários alertas sobre o futuro da marca numa reunião com mais de 2000 executivos.

Volkswagen ID.7 frente
© Volkswagen

“Está tudo em jogo”, alertou o diretor executivo da Volkswagen, Thomas Schäfer, sobre o futuro do construtor na transição para a mobilidade elétrica, numa reunião online a semana passada, que envolveu mais de 2000 executivos.

Schäfer exclamou mesmo que o “o telhado está a arder” aos executivos, alertando para o quão difíceis vão ser os próximos tempos.

Volkswagen ID.2all vista dianteira
© Volkswagen Volkswagen ID. 2All antecipa o elétrico mais acessível da marca, previsto para 2025.

O diretor executivo da Volkswagen quis deixar clara a mensagem de que há problemas severos e abrangentes que têm de ser resolvidos para serem os líderes entre os construtores de veículos elétricos. Sem esquecer que ainda têm de continuar a servir o mercado global com modelos com motor de combustão.

Custos exorbitantes

Na génese deste sentimento de urgência estão os custos exorbitantes associados à transição tecnológica.

Para se ter uma ideia de que valores se fala, em março passado o Grupo Volkswagen anunciou um investimento de 180 mil milhões de euros para os próximos cinco anos. Setenta por cento desse valor (126 mil milhões de euros) tem como destino o desenvolvimento de veículos elétricos.

Adicionalmente, o construtor alemão necessita de continuar a investir no desenvolvimento e produção de veículos com motor a combustão para garantir os lucros necessários. E os requisitos em matéria de emissões e segurança continuam a aumentar em exigência.

Volkswagen Tiguan 2024 - conjunto estática
© Volkswagen O Tiguan é o modelo mais vendido da Volkswagen no mundo e… é a combustão. Está prestes a receber uma nova geração — fiquem com as nossas primeiras impressões ao volante.

Para mitigar o esforço, Thomas Schäfer quer poupar até 10 mil milhões de euros nos próximos três anos, como tinha anunciado durante a apresentação do plano “Accelerate Forward | Road to 6.5”, em junho.

Além da poupança significativa e como o nome do plano indica, o objetivo é o de atingir uma margem operacional de 6,5% até 2026. Mais do dobro da alcançada no primeiro trimestre deste ano (3,0%).

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Por isso mesmo, o diretor executivo da Volkswagen tenha ordenado nesta reunião, com efeito imediato, suspender todos os gastos: “Estamos a deixar os custos subirem demasiado em muitas áreas”, disse.

© Volkswagen Thomas Schäfer posa com o ID. 7, a mais recente novidade elétrica a ser apresentada pela Volkswagen

Foi exigido aos seus executivos que conseguissem “pequenas vitórias” nas próximas semanas na contenção de gastos, segundo contaram fontes internas em declarações à publicação inglesa Autocar.

Problemas na China

O caminho para atingir estas metas está a revelar-se difícil. Por exemplo, na China, o seu maior mercado global, a Volkswagen teve de cortar o preço de alguns dos seus modelos mais lucrativos — a combustão ou elétricos —, devido à «guerra de preços» que o mercado chinês tem assistido.

Naturalmente, essa redução de preços, necessária para manter as vendas e competitividade, tem afetado negativamente a rentabilidade do construtor.

“Último aviso”

A urgência de Thomas Schäfer em agilizar a empresa, simplificando hierarquias e processos, e também conter os custos, tem sido uma das suas bandeiras desde que assumiu a liderança da marca Volkswagen em 2022.

A mensagem deixada por ele durante esta reunião foi reforçada mais tarde por Patrik Andreas Mayer, o diretor financeiro da Volkswagen: “o nosso negócio dos veículos não está bem”. E reforçou as palavras de Schäfer como o “último aviso”.

Fonte: Autocar