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Web Summit 2023

Será que no futuro ainda vamos comprar carros?

Uma das questões mais abordadas no Web Summit foi a mobilidade e o seu futuro. Será que vamos deixar de comprar carros?

carros usados stand
Obi - @pixel7propix na Unsplash

A questão da mobilidade e do seu futuro continua a dar muito que falar e as respostas são, geralmente, pouco concretas e nem sempre fáceis de concretizar.

Mais transportes públicos, táxis, aplicações de mobilidade como a Uber, bicicletas e trotinetes elétricas têm sido defendidos, mas como ficou demonstrado recentemente com a proposta da “reforma ambiental” do IUC — que entretanto foi retirada —, o automóvel particular continua a ter um papel fundamental na mobilidade de hoje e de amanhã.

automóvel de traseira a passar por túnel
© Razão Automóvel / Thomas van Esveld Mobilidade. O automóvel continua a ser a única «luz ao fundo do túnel» para muitos portugueses.

O anúncio da proposta do IUC fez levantar várias questões em relação à capacidade das pessoas em comprar carros, e/ou de manterem os seus próprios carros, em Portugal. Comprar e manter um veículo próprio é cada vez mais dispendioso — fenómeno que ultrapassa as fronteiras nacionais.

Restam muito poucas opções para quem não consegue fazer frente a esta nova realidade. As opções referidas acima, por exemplo, quase todas têm um aspeto em comum: só existem em quantidade e, talvez, qualidade nos centros urbanos, deixando as pessoas que vivem fora com poucas ou sem opções, exceto o automóvel.

Como é que se consegue dar a todos acesso fácil e barato à mobilidade” foi, assim, uma das problemáticas abordadas no Web Summit, onde a Razão Automóvel esteve presente. Será que uma das soluções passa mesmo por deixar de comprar carro, mas sem o descartar da mobilidade do futuro?

O que é proposto?

É aqui que entram duas propostas por parte das empresas Bipi e InDrive. Para quem não está familiarizado com estas empresas, apesar terem negócios distintos, ambas têm na facilidade e o custo de mobilidade dos seus utilizadores são o seu grande foco.

O que propõem não difere muito de outras propostas já existentes, mas dão opções de maior mobilidade onde não as há, como nos mercados emergentes ou em áreas menos populosas.

Na Bipi, por exemplo, o cliente não tem de comprar carro, mas subscreve um — algo que já vimos na Lynk & Co e em parte, noutras marcas. Ou seja, por um valor mensal, consegue-se ter acesso a um carro, retirando do cliente o ónus de o comprar, manter ou pagar o seguro.

Já a InDrive, é um serviço de transporte através de aplicação móvel — como a Uber ou Bolt —, mas que se diferencia por ser o consumidor a propor o preço da viagem que pode ser negociado com o motorista. Ou seja, ao contrário de outras aplicações, na InDrive não é o algoritmo que escolhe, mas sim o utilizador.

Será que funciona? A InDrive já está presente em mais de 650 cidades de 48 países, em regiões como o sudeste asiático ou no continente africano.

Será que o futuro da mobilidade passa por não comprar carros e aderir apenas a este tipo de serviços? Cada vez mais as alternativas criadas para promover tanto a mobilidade como a sustentabilidade não passam por adquirir veículo próprio.

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Além disso, são já muitas as cidades no planeta que começaram a implementar medidas para reduzir o número de carros no seu interior, sendo Lisboa uma delas.

Mas, talvez, como os responsáveis destas empresas referem, um dos maiores desafios para uma mobilidade do futuro mais acessível e sustentável é mudar a mentalidade das pessoas. Ou seja, valorizar o acesso à mobilidade (maioritariamente através de um smartphone) mais que a compra individual.