Ensaio Q4 e-tron. Testámos o SUV elétrico da Audi na sua versão mais potente

Desde 57 356 euros

Q4 e-tron. Testámos o SUV elétrico da Audi na sua versão mais potente

O Q4 e-tron é o primeiro Audi a recorrer à já conhecida plataforma MEB do Grupo Volkswagen, mas será que convence? Colocámos à prova a versão 50 quattro.

Audi Q4 e-tron
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Audi Q4 e-tron. É o primeiro elétrico da Audi a assentar sobre a plataforma MEB do Grupo Volkswagen (a mesma do Volkswagen ID.3, ID.4 ou Skoda Enyaq iV) e isso, só por si, já é um grande motivo de interesse.

E com um preço a começar nos 44 801 euros (Q4 e-tron 35), é também o elétrico mais barato da marca dos quatro anéis no nosso país.

Mas numa altura em que já existem no mercado propostas como o Mercedes-Benz EQA ou o Volvo XC40 Recharge, o que distingue afinal este SUV elétrico da concorrência? Passei cinco dias com ele e conto-vos como foi.

A NÃO PERDER: RS e-tron GT. Testámos o “super elétrico” da Audi com 646 cv
Audi Q4 e-tron
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Imagem tipicamente Audi

As linhas do Audi Q4 e-tron são indiscutivelmente Audi e, sem grande surpresa, são bastante próximas aos protótipos que o anteciparam.

E se visualmente o Q4 e-tron se destaca por exibir uma forte presença em estrada, as linhas trabalhadas escondem um apurado trabalho no capítulo aerodinâmico que resultam num Cx de apenas 0,28.

Espaço para «dar e vender»

À imagem do que tem acontecido com outros modelos que partem da base MEB, também este Audi Q4 e-tron se destaca por apresentar cotas internas muito generosas, praticamente ao nível de alguns modelos do segmento acima.

E isto explica-se, em parte, pelo posicionamento da bateria, colocada no chão da plataforma entre os dois eixos, e pelos dois motores que estão diretamente montados sobre os eixos.

A somar a isto, e sendo esta uma plataforma dedicada exclusivamente a modelos elétricos, não há túnel de transmissão a roubar espaço precioso a quem viaja ao centro do banco traseiro, como acontece, por exemplo, no Mercedes-Benz EQA.

A tendência de espaço mantém-se mais atrás, na bagageira, com o Q4 e-tron a oferecer uns excelentes 520 litros de capacidade, um valor em linha com o que oferece o «maior» Audi Q5. Com os bancos traseiros rebatidos este número cresce para os 1490 litros.

Podem ver (ou rever) em mais detalhe o interior do Audi Q4 e-tron no primeiro contacto em vídeo que o Guilherme Costa fez ao elétrico alemão:

E o sistema elétrico, como funciona?

Esta versão do Q4 e-tron, a mais potente da gama por agora, vem com dois motores elétricos. O motor montado no eixo dianteiro tem 150 kW (204 cv) de potência e 310 Nm de binário máximo. Já o segundo motor, montado sobre o eixo posterior, é capaz de gerar 80 kW (109 cv) e 162 Nm.

LEIAM TAMBÉM: Tesla Model Y (2022). O melhor crossover elétrico?

Estes motores formam «equipa» com uma bateria de iões de lítio com 82 kWh de capacidade (77 kWh úteis), para uma potência máxima combinada de 220 kW (299 cv) e 460 Nm binário máximo, que são enviados às quatro rodas. As versões 35 e-tron e 40 e-tron, por outro lado, contam apenas com um motor elétrico e tração traseira.

Audi Q4 e-tron
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Graças a estes números o Audi Q4 e-tron 50 quattro é capaz de cumprir o sprint dos 0 aos 100 km/h em apenas 6,2s, ao mesmo tempo que consegue atingir os 180 km/h de velocidade máxima, um limite eletrónico que tem como principal missão proteger a bateria.

Autonomia, consumos e carregamentos

Para o Audi Q4 50 e-tron quattro a marca de Ingolstadt reivindica consumos médios de 18,1 kWh/100 km e uma autonomia elétrica de 486 km (ciclo WLTP). No que diz respeito aos carregamentos, a Audi garante que num posto de 11 kW é possível «encher» a totalidade da bateria em 7,5 horas.

Contudo, e sendo este um modelo que suporta carregamentos a uma potência máxima de 125 kW em corrente contínua (DC), bastam 38 minutos para repor 80% da capacidade da bateria.

Audi Q4 e-tron carregamento-2
Paragem para carregar no posto de 50 kW de Grândola (carreguei a 0,29 €/kWh) antes do regresso a Lisboa. © Miguel Dias / Razão Automóvel

Quanto aos consumos, foram curiosamente muito próximos (para não dizer iguais…) aos anunciados pela Audi. Acabei por percorrer durante o teste 657 km com o Q4 50 e-tron quattro, divididos entre autoestrada (60%) e cidade (40%), e quando o entreguei a média total era de 18 kWh/100 km.

A NÃO PERDER: Ford Mustang Mach-E. Merece o nome? Primeiro teste (vídeo) em Portugal

Durante a utilização em autoestrada, respeitando o limite dos 120 km/h e sem recorrer ao ar condicionado durante grande parte do tempo, consegui fazer médias entre os 20 kWh/100 km e os 21 kWh/100 km. Já em cidade os registos foram naturalmente mais baixos registando uma média de 16,1 kWh.

Audi Q4 e-tron
Assinatura luminosa rasgada não passa despercebida. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Mas se tivermos em conta a média final de 18 kWh/100 km e a capacidade útil da bateria de 77 kWh, percebemos rapidamente que a este «ritmo» conseguimos «arrancar» 426 km da bateria, aos quais ainda se somam mais alguns quilómetros provenientes da recuperação da energia gerada nas desacelerações e nas travagens.

É um número satisfatório e que chega para afirmar que este Q4 e-tron — nesta motorização — consegue dar boa conta das responsabilidades familiares durante a semana e o fim de semana, que implicam «tiradas» mais longas.

audi e-tron grândola
Os 18 cm de altura ao solo são suficientes para «atacar» sem medo um estradão de terra. © Miguel Dias / Razão Automóvel

E na estrada?

No total, temos cinco modos de condução à nossa disposição (Auto, Dynamic, Comfort, Efficiency e Individual), que alteram parâmetros como o amortecimento da suspensão, a sensibilidade do acelerador e o peso da direção.

Detetamos de imediato as diferenças na sensibilidade do acelerador e na assistência da direção quando selecionamos o modo Dynamic, que nos permite explorar todo o potencial desportivo deste modelo.

Audi Q4 e-tron
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

E por falar em direção, importa dizer que, apesar de não ser tão rápida quanto eu estava à espera, consegue ser muito precisa e, acima de tudo, muito fácil de interpretar. E podemos alargar esta análise para o pedal do travão, cujo funcionamento é muito fácil de perceber.

Falta emoção?

Nesta motorização, o Audi Q4 e-tron tem sempre muito fôlego e convida a subir o ritmo. A aderência é sempre impressionante, tal como a forma como o binário é colocado no asfalto e devido ao centro de gravidade baixo (por culpa do posicionamento das baterias), os movimentos laterais da carroçaria até estão bem controlados.

Audi Q4 e-tron
A versão que conduzimos estava equipada com umas jantes opcionais de 20”. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

A dinâmica é sempre previsível e o comportamento é sempre muito seguro e estável, mas é capaz de não encher as medidas aos adeptos das propostas mais divertidas da marca dos quatro anéis.

Isto porque é fácil notar alguma tendência para a subviragem, que até podia de certa forma ser compensada com uma traseira mais «viva», o que acaba por nunca acontecer. A traseira está sempre muito «colada» à estrada e só mesmo num piso menos aderente dá algum sinal de vida.

LEIAM TAMBÉM: Audi Q6 e-tron deixa-se «apanhar» em novas fotos-espia

Ainda assim, nada disto chega a comprometer a experiência ao volante deste SUV elétrico, que, verdade seja dita, está longe de ter sido idealizado para ser uma proposta com vista a uma condução mais emotiva.

Audi Q4 e-tron
Designação 50 e-tron quattro na traseira não engana: esta é a versão mais potente da gama. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

E na autoestrada?

Em cidade, o Audi Q4 e-tron mostra-se como «peixe na água«. Mesmo quando estamos no modo Efficiency, o «poder de disparo» é evidente e chega para sermos sempre os primeiros a sair dos semáforos, ainda que a resposta seja mais progressiva.

E aqui, é importante trabalhar com os vários modos de otimização da regeneração nas travagens, que mesmo com a transmissão no modo “B”, nunca nos chega a abrandar o suficiente para que possamos dispensar o uso do travão.

Mas curiosamente, foi em autoestrada que mais gostei de usar esta proposta, que se destacou sempre pelo conforto, pela qualidade de insonorização e pela facilidade com que soma quilómetros.

Audi Q4 e-tron
Audi Virtual Cockpit de 10,25” tem uma leitura muito satisfatória. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Bem sei que é precisamente neste «terreno» que os elétricos ainda fazem menos sentido. Mas até aqui este Q4 e-tron se portou relativamente bem: numa viagem de ida e volta entre Lisboa e Grândola, a uma velocidade de 120 km/h, os consumos nunca foram além dos 21 kWh/100 km.

Descubra o seu próximo carro

É o carro certo para si?

São muitos os pontos de interesse em torno deste SUV elétrico da marca dos quatro anéis, a começar logo na imagem exterior, que é apelativa. As boas sensações continuam no habitáculo, que além de ser muito espaçoso está muito bem organizado e se mostra sempre muito acolhedor.

Audi Q4 e-tron
A dianteira conta com entradas de ar que abrem e fecham de acordo com a necessidade de refrigeração das baterias. © Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

Na estrada, tem tudo o que procuramos num SUV elétrico com este porte: tem uma boa autonomia em cidade, é agradável de utilizar, tem consumos contidos e faz-se acompanhar por uma capacidade de disparo que impressiona e que nos consegue colar ao banco.

Podia ser isto tudo e ainda nos brindar com um comportamento mais vivaz? Sim, podia. Mas a verdade é que esse não é o propósito de um SUV como este, que tem como principal missão ser competente e eficaz enquanto modelo 100% elétrico.

Audi Q4 e-tron
© Thomas V. Esveld / Razão Automóvel

E se isto já tinha sido conseguido pelos «primos» Volkswagen ID.4 e, acima de tudo, pelo Skoda Enyaq iV, aqui faz-se acompanhar pela qualidade de materiais, de rolamento e de construção com que a Audi nos tem vindo a habituar.

Q4 e-tron. Testámos o SUV elétrico da Audi na sua versão mais potente

Audi Q4 e-tron 50 quattro

8/10

O Audi Q4 e-tron tem muitos e bons argumentos que lhe permitem olhar com alguma tranquilidade para o futuro. É um elétrico muito competente, bastante eficaz e muito agradável de conduzir, seja em cidade ou em autoestrada. Sempre muito previsível, convida a ritmos mais elevados, sobretudo no modo Dynamic, que deixa a direção mais firme e o pedal do acelerador mais sensível. Mas se o «poder de disparo» desta versão impressiona, o comportamento dinâmico podia ser ligeiramente mais entusiasmante. Mas nem posso olhar para isso como uma crítica, já que não foi com isso em mente que este SUV foi desenvolvido. E a verdade é só uma: enquanto SUV elétrico de «porte» médio, este Audi Q4 e-tron convence… e muito.

Prós

  • Imagem exterior
  • Espaço
  • Qualidade dos materiais

Contras

  • Condução mais desportiva
  • Preço desta versão

Versão base:€57.356

Classificação Euro NCAP: 5/5

€74.363

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:Dois motores elétricos
  • Posição:Motor 1: Traseira transversal; Motor 2: Dianteira transversal
  • Carregamento: Bateria de iões de lítio. Capacidade máxima: 82 kWh; Capacidade útil: 77 kWh
  • Potência:
    Motor 1: 150 kW (204 cv)
    Motor 2: 80 kW (109 cv)
    Potência máxima: 220 kW (299 cv)
  • Binário:
    Motor 1: 310 Nm
    Motor 2: 162 Nm
    Binário máximo: 460 Nm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Automática de uma relação

  • Largura: 4588 mm
  • Comprimento: 1865 mm
  • Altura: 1617 mm
  • Distância entre os eixos: 2764 mm
  • Bagageira: 520 litros (1490 litros)
  • Jantes / Pneus: Frente: 235/55 R19; Atrás: 255/50 R19
  • Peso: 2210 kg

  • Média de consumo: 18,1 kWh/100 km
  • Velocidade máxima: 180 km/h
  • Aceleração máxima: >6,2s

    Tem:

    • Interior com bancos desportivos com estofos em tecido, em preto
    • Soleiras à frente com inserções em alumínio
    • Volante com elementos com look cromado
    • Retrovisor interior com anti-encandeamento automático
    • Retrovisores exteriores eléctricos, aquecidos, rebatíveis e com anti-encandeamento automático
    • Bancos dianteiros com apoio lombar eléctrico com regulação em 4 vias
    • Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros
    • Câmara traseira de estacionamento
    • Lane departure warning
    • Adaptive Cruise control com limitador de velocidade
    • Audi smartphone interface
    • Suspensão com controlo de amortecimento

Abertura e fecho elétrico da bagageira com sensor de pé — 575 €
Comfort key sem safelock — 550 €
Faróis Digital Matrix LED — 1320 €
Inserções decorativas em alumínio antracite — 265 €
Interior com bancos desportivos com estofos em tecido, em preto — 715 €
Jantes de liga leve com 5 raios em Y, cinzento grafite, maquinadas e pneus 235/50 e 255/45 R20 — 760 €
MMI Pro — 3415 €
Pacote Ar condicionado — 690 €
Pacote arrumação — 385 €
Pacote assistência Plus — 1505 €
Pacote Comfort — 975 €
Pacote de luzes ambiente Plus — 115 €
Pacote Dynamic Plus — 1610 €
Pacote segurança Plus — 795 €
Pacote Smartphone — 1185 €
Pintura metalizada — 820 €
Sistema de som Audi Sound System — 340 €
Vidros escurecidos — 470 €
Vidros laterais dianteiros acústicos — 140 €
Volante desportivo de raios duplos multifunções, em couro, com patilhas e plano no topo e no fundo — 350 €.

Sabe esta resposta?
Qual é a potência do Audi Q2 30 TFSI?
Oops, não acertou!

Pode encontrar a resposta aqui:

Testámos o Audi Q2 30 TFSI, com o motor menos potente. É preciso mais?