Indústria
Alfa Romeo, Maserati, Jeep, Ram têm futuro. Mas o que vai acontecer à Fiat?
Na apresentação do plano estratégico da FCA para 2018-2022, ficaram de fora os planos para várias marcas do grupo como a Fiat. O que lhe está destinado?

Se há algo que ficou de fora nos grandes planos do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) relativamente aos próximos quatro anos parece ter sido a ausência de… planos para muitas das suas marcas — desde a Fiat e a Chrysler, que dão nome ao grupo, à Lancia, Dodge e Abarth.
Alfa Romeo, Maserati, Jeep e Ram foram o grande foco de atenção, e a justificação, simples e redutora, é que são as marcas onde está o dinheiro — uma mistura de volumes de vendas (Jeep e Ram), potencial global (Alfa Romeo, Jeep e Maserati) e as almejadas elevadas margens de rentabilidade.
Mas o que acontecerá com as restantes marcas, nomeadamente a “marca mãe” Fiat? Sergio Marchionne, CEO da FCA, desenha o cenário:
O espaço para a Fiat na Europa vai ser redefinido numa área mais exclusiva. Dado os regulamentos na UE (sobre as futuras emissões) é muito difícil para os construtores “generalistas” serem muito lucrativos.
O que é que isto significa?
Os chamados construtores generalistas não têm tido vida fácil. Não só os premium “invadiram” os segmentos onde reinavam, como os custos de desenvolvimento e produção são semelhantes entre eles — cumprir as normas de emissões e segurança toca a todos e é expetável, por parte do consumidor, que o seu carro integre os mais recentes equipamentos e avanços tecnológicos —, mas os “não premium” continuam a ser milhares de euros mais baratos que os premium.
RELACIONADO: Conhece todos os planos da Alfa Romeo até 2022Junte-se um ambiente comercial agressivo, que se traduz em fortes incentivos para os clientes, e as margens dos generalistas tendem a evaporar-se. Não é só a Fiat que batalha contra esta realidade — é um fenómeno geral, também entre os premium, mas estes, ao partir de um preço inicial mais elevado, mesmo com incentivos, garantem melhores níveis de rentabilidade.
O grupo FCA, para mais, ao ter canalizado grande parte dos seus fundos nos últimos anos para a expansão da Jeep e a ressurreição da Alfa Romeo, deixou as restantes marcas sedentas de novos produtos, com estas a perder competitividade face à concorrência.
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A Fiat não é excepção. À parte do Fiat Tipo, assistimos apenas ao “refrescar” do Panda e da família 500. Foi também lançado o 124 Spider, mas este nasceu de forma a cumprir o acordo entre a Mazda e a FCA, que originalmente resultaria num novo MX-5 (o que aconteceu) e um roadster de marca Alfa Romeo.
Adeus Punto… e Tipo
A aposta da Fiat em modelos de maior rentabilidade fará com que alguns dos seus modelos atuais deixem de ser produzidos ou vendidos no continente europeu. O Punto, lançado em 2005, deixará de ser produzido ainda este ano — após tantos anos de dúvidas sobre se teria ou não um sucessor, a Fiat abandona um segmento que já dominou.

Também o Tipo não terá muito mais anos de vida, pelo menos na UE — continuará a sua carreira fora do continente europeu, sobretudo no Médio Oriente e Norte de África —, devido aos custos adicionais para cumprir as futuras e mais exigentes normas de emissões, isto apesar da bem sucedida carreira comercial, tendo no preço acessível um dos seus grandes argumentos.
A nova Fiat
Com as declarações de Marchionne, já no passado, terem indicado que a Fiat deixaria de ser uma marca que perseguiria as tabelas de vendas, logo, contem com uma Fiat mais exclusiva, e com menos modelos, ficando resumida, essencialmente, ao Panda e ao 500, os líderes incontestados do segmento A.
O Fiat 500 já é uma marca dentro de uma marca. O líder do segmento A em 2017, com pouco mais de 190 mil unidades vendidas, consegue-o ser ao mesmo tempo que pratica preços 20% em média acima da concorrência, o que o torna no segmento A com melhor rentabilidade. Não deixa de ser um fenómeno impressionante, já que leva 11 anos de carreira.
Mas uma nova geração do 500 vem a caminho e, novidade, será acompanhado de uma nova variante, que recupera a saudosista denominação 500 Giardiniera — a carrinha do original 500, lançada em 1960. Fica por saber é se esta nova carrinha derivará diretamente do 500, ou se, à imagem do 500X e do 500L, será um modelo de maiores dimensões e um segmento acima, um pouco como acontece com a Mini Clubman relativamente ao Mini de três portas.

Caberá igualmente ao Fiat 500 um importante papel na eletrificação do grupo na Europa. Tanto o 500 como a 500 Giardiniera terão versões 100% elétricas, que chegarão em 2020, além de motorizações semi-híbridas (12V).
O Fiat Panda, verá a sua produção deslocada de Pomigliano, Itália, novamente para Tichy, na Polónia, onde o Fiat 500 é produzido — onde os custos de produção são inferiores —, mas nada foi avançado sobre o seu sucessor.
Sergio Marchionne, CEO da FCANós iremos manter ou até aumentar a utilização da nossa capacidade industrial na Europa e Itália, ao mesmo tempo que eliminamos os produtos mass-market que não têm o poder de preço para recuperar dos custos de conformidade (emissões).
Quanto aos restantes membros da família 500, o X e o L, ainda têm alguns anos no ativo, mas persistem dúvidas sobre eventuais sucessores. O 500X deverá receber, brevemente, as novas motorizações a gasolina — denominadas de Firefly no Brasil — que vimos anunciadas recentemente para o renovado Jeep Renegade — os dois SUV compactos são produzidos lado a lado em Melfi.
Fora da Europa
Existem efetivamente, duas Fiat — a europeia e a sul-americana. Na América do Sul, a Fiat tem portfólio específico, sem nenhuma relação com a congénere europeia. A Fiat possui na América do Sul uma gama mais ampla do que na Europa, e será reforçada com três SUV nos próximos anos — a ausência de propostas SUV para a Fiat na Europa é gritante, ficando apenas o 500X como seu único representante.

Nos EUA, apesar do declínio dos últimos anos, a Fiat não abandonará o mercado. Marchionne referiu que existem produtos que conseguirão encontrar o seu espaço lá, como o futuro Fiat 500 elétrico. Recordemos que já lá existe um 500e, variante elétrica do atual 500 — praticamente só no estado da Califórnia, por razões de conformidade —, o qual ganhou fama após Marchionne recomendar que não o comprassem, pois cada unidade vendida representava um prejuízo de 10 mil dólares à marca.
Na Ásia, sobretudo na China, tudo aponta também para uma presença mais comedida, cabendo à Jeep e Alfa Romeo — com produtos específicos para esse mercado — retirar todos os proveitos do maior mercado automóvel mundial.
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