Primeiro Contacto Não vai ser apenas elétrico. Conduzimos o Citroën ë-C4 X em Portugal

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Não vai ser apenas elétrico. Conduzimos o Citroën ë-C4 X em Portugal

O novo Citroën ë-C4 X já chegou a Portugal e já o pudemos conduzir. As primeiras impressões de condução à nova berlina elétrica francesa.

Citroën ë-C4 X

Primeiras impressões

7/10

Data de comercialização: Abril 2023

Conforto e refinamento em alta, mas o preço…

Prós

  • Conforto e refinamento
  • Bagageira ampla

Contras

  • Preço
  • Visibilidade traseira

Para os que ainda não conhecem o Citroën ë-C4 X, é a berlina de quatro portas do já conhecido ë-C4 (e do C4) e adiciona uma nova silhueta ao familiar da marca francesa — um fastback, como a Citroën o chama.

E graças aos 240 mm a mais de comprimento (4,6 m no total) que o C4 de dois volumes e cinco portas, destaca-se também pelos 510 l de bagageira, um acréscimo de 130 l.

citroen e-c4 x na estrada, perfil
© Citroën Influência SUV: distância ao solo maior que o habitual, com 156 mm, e proteções em plástico preto na base da carroçaria e à volta dos arcos das rodas.

O ë-C4 X não assume, contudo, uma aparência mais conservadora, como é habitual neste tipo de carroçaria. Tal como o C4 que já conhecemos, nota-se a influência dos SUV na sua estética. Ou seja, assume-se como uma espécie de berlina crossover, tal como o maior C5 X, uma aposta recente não só da Citroën, como do grupo Stellantis.

Exclusivamente elétrico, por agora

A chegada a Portugal do ë-C4 X faz-se apenas com a motorização elétrica (como a designação já deixava adivinhar). É exatamente a mesma que já conhecíamos do ë-C4, contando com um motor dianteiro de 100 kW (136 cv) de potência e 260 Nm.

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Valores mais que suficientes para lidar com os mais de 1650 kg do ë-C4 X. Não vai impressionar ninguém (9,5s nos 0-100 km em Sport), mas a facilidade de acesso a esta — característica comum a todos os elétricos —, torna a condução simples e agradável.

A bateria de 50 kWh também é a mesma e anuncia uma autonomia oficial de 360 km entre carregamentos — ligeiramente melhor que o dois volumes, consequência da menor resistência aerodinâmica (Cx 0,29). Algo que só vamos poder comprovar com um teste mais prolongado.

citroen e-c4 x a carregar
© Citroën Permite carregar até 100 kW em corrente contínua (DC) demorando 30 minutos para ir dos 0-80%; a 7,4 kW em corrente alternada (AC) precisa de 7,5 horas; e a 11 kW em AC demora cinco horas. A bateria tem garantia de 160 mil quilómetros ou oito anos.

Porém, durante esta apresentação nacional e primeiro contacto dinâmico, ficámos a saber que o ë-C4 X será acompanhado pelo C4 X a combustão nas próximas semanas, como já acontece noutros mercados europeus.

Isto significa que vão ser adicionadas versões a combustão, compostas pelos conhecidos 1.2 PureTech de 100 cv e 130 cv e 1.5 BlueHDI de 130 cv.

Ao contrário do elétrico ë-C4 X que está disponível em quatro níveis de equipamento — Feel, Feel Pack, Shine e Shine Pack —, os C4 X a combustão não terão tanta variedade.

Por exemplo, o 1.2 PureTech de 100 cv só estará disponível com caixa manual e no nível de entrada Feel. Enquanto o 1.2 PureTech de 130 cv e 1.5 BlueHDI serão associados apenas à caixa automática.

Infoentretenimento é novidade

Acedendo ao interior do ë-C4 X, previsivelmente, é idêntico ao do C4 que já conhecíamos, mas há novidades.

O sistema de infoentretenimento mais recente da marca francesa, designado My Citroën Drive Plus, estreado no maior C5 X, chega agora ao C4 X. É acessível via um ecrã central de 10″, que mostrou ter boa qualidade, ainda que gostasse que fosse mais rápido na operação e resposta às minhas ordens.

O sistema em si permite personalizá-lo com as nossas preferências com um sistema de widgets, e é relativamente fácil navegarmos neste.

Conforto na ordem do dia

Como seria de esperar, o conforto a bordo é a tónica deste Citroën ë-C4 X. Não só pelos bancos Advanced Comfort (com enchimento extra) como pela suspensão homónima de batentes hidráulicos progressivos.

Mesmo trazendo jantes de 18″ de série, o nível de conforto a bordo é sempre elevado, tendo muito boas capacidades de absorção da maioria das irregularidades.

O que não se nota são ganhos de espaço na segunda fila, apesar dos 240 mm a mais do “X”. Isto acontece porque a distância entre eixos é exatamente a mesma entre as duas carroçarias. Contudo, a Citroën decidiu inclinar mais as costas dos bancos — têm agora 27º —, o que afasta um pouco mais os joelhos dos bancos da frente.

Dito isto, não interessa o lugar que estejamos. O conforto é garantido e potenciado pelo refinamento elevado a bordo. Cortesia não só da silenciosa motorização elétrica, como da boa insonorização e montagem robusta. Ainda que, a velocidades de autoestrada, se note alguns ruídos aerodinâmicos com origem nos retrovisores.

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Confortável sim, mas…

O foco no conforto, no entanto, acaba por «pagar fatura» sobre as aptidões dinâmicas e condução do Citroën ë-C4 X.

Se do lado da condução seria desejável ter mais tato e peso na direção — nem que fosse só no modo Sport, que não se demarca muito do modo Normal —, no lado do comportamento gostaria de ter maior controlo dos movimentos da carroçaria quando o ritmo aumenta e o piso se degrada.

citroen e-c4 x na estrada, frente
© Citroën

Neste cenário, são muitos os movimentos da carroçaria, o que até acaba por jogar um pouco contra o conforto que caracteriza o Citroën ë-C4 X.

O comportamento em si é previsível e seguro, mas verifiquei algumas perdas de motricidade — eficazmente resolvidas pelos controlos de tração e estabilidade — à saída de algumas curvas. Os 260 Nm instantâneos colocam algumas questões aos pneus, que neste caso são mais para eficiência do que aderência.

Uma nota final sobre o pedal do travão. Tal como acontece com tantos outros elétricos e híbridos, o tato e a sensibilidade do pedal deixam a desejar. Nada a apontar à potência da travagem em si, mas é difícil julgar quanta pressão aplicar, devido à gestão da transição entre a travagem regenerativa (elétrica) e hidráulica.

citroen e-c4 x na estrada, traseira
© Citroën

Gasta muito?

É sempre difícil julgar os consumos nestes primeiros contactos dinâmicos, que costumam ser breves e onde se adota uma condução nem sempre «normal».

Mas ao fim de sensivelmente uma centena de quilómetros — percurso incluiu cidade, autoestrada e estradas secundárias —, o computador de bordo registava pouco mais de 17 kWh/100 km, o que não fica muito longe dos 16 kWh/100 km oficiais em ciclo combinado WLTP.

Quanto custa?

O Citroën ë-C4 X apresenta-se no mercado nacional com quatro níveis de equipamento: Feel, Feel Pack, Shine e Shine Pack.

Todas as versões já incluem jantes de 18″, ar condicionado automático, retrovisores exteriores elétricos e aquecidos, faróis LED, consola central elevada com apoio de braço e porta-copos, volante em pele, ecrã central tátil de 10″ ou sensores de estacionamento traseiro.

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Subindo nos níveis de equipamento, podemos enriquecer o interior com bancos de ajuste elétrico, aquecidos (à frente e atrás) e até com massagens. Também podem ser revestidos a Alcantara. As ajudas à condução podem ascender a 20 no total, permitindo condução semiautómoma (nível 2).

Apesar da boa dotação de equipamento, dificilmente justifica os 40 185 euros pedidos para o mais acessível dos ë-C4 X(em média é 350 euros mais caro que o ë-C4 de cinco portas).

Está longe de ser o preço mais convidativo, para mais quando agora temos à venda uma berlina norte-americana elétrica por menos de 40 mil euros, que tem ainda mais espaço, performance e autonomia.

VERSÃOPREÇO
Feel40 185 €
Feel Pack40 545 €
Shine42 885 €
Shine Pack44 185 €

Como acontece com outras propostas como o Citroën ë-C4 X, também este elétrico deverá fazer mais sentido para empresas e frotas do que particulares, onde os benefícios fiscais são muito mais atrativos.

Dito isto, são muitos os argumentos a favor desta proposta e que o mercado parece reconhecer. Em Portugal, o C4 foi o líder entre as berlinas familiares do segmento C em 2022, com 40% do total das vendas a pertencerem ao elétrico ë-C4.

O ë-C4 X promete reforçar essa liderança e, mesmo com a chegada das versões a combustão, deverá ser esta variante a mais vendida, de acordo com as previsões dos responsáveis da marca francesa em Portugal.

Citroën ë-C4 X

Primeiras impressões

7/10
Aos atributos que já conhecíamos do ë-C4, podemos adicionar o de uma bagageira mais ampla no novo Citroën ë-C4 X. A berlina elétrica destaca-se pelo conforto e refinamento, mas o preço a começar acima dos 40 mil euros limita substancialmente o seu apelo, sobretudo para os clientes particulares.

Data de comercialização: Abril 2023

Prós

  • Conforto e refinamento
  • Bagageira ampla

Contras

  • Preço
  • Visibilidade traseira