Futuro com escassez de cobre? Procura cresce mais depressa que oferta

O cobre é um excelente condutor de eletricidade e calor, e por isso não admira que seja tão amplamente utilizado em tudo o que se relaciona com eletricidade e eletrónica.

Nos automóveis elétricos é uma das matérias-primas mais importantes, estando presente em praticamente tudo: motores, baterias, inversores e cablagens.

Com a transição energética em curso e o crescimento acentuado que se verifica todos os anos na produção de automóveis eletrificados, também a procura por cobre está a crescer significativamente.

E isso significa que caminhamos para um cenário onde a procura por cobre superará a oferta num futuro próximo, segundo a McKinsey & Co. Isto depois de já ter havido alertas similares em relação ao lítio, níquel e cobalto não faz muito tempo.

A consultora estima que serão precisas 36,6 milhões de toneladas de cobre por ano em 2031, mas a oferta deverá fixar-se nas 30,1 milhões de toneladas. Ou seja, faltam 6,5 milhões de toneladas para cobrir todas as necessidades.

Parte desse défice poderá ser compensado por novas tecnologias de processamento, ainda que não seja suficiente. Vão ser precisas também mais minas.

Vamos precisar de processar muito mais minério de cobre

Nos últimos 10 anos, o volume de minério enviado para processamento aumentou cerca de 44%, que se traduziu em mais 1,1 mil milhões de toneladas.

Apesar disto, para fornecer o cobre necessário a esta transição energética através de métodos tradicionais, o feito teria de ser repetido novamente pela indústria mineira. Isto significa que até 2031 tem de haver novo aumento de 44% de minério processado.

Esse aumento traduz-se em 1,6 mil milhões de toneladas adicionais necessárias, com 0,6 mil milhões desse total a poderem ser suprimidas por minas ou expansões de minas que foram recentemente anunciadas.

Ainda assim, continuam a faltar mil milhões de toneladas de minério para acompanhar a taxa de crescimento deste novo mundo eletrificado.

Ou seja, a escassez da oferta de cobre ainda se mantém no horizonte.

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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