Ensaio O bZ4X é o primeiro elétrico da Toyota. Valeu a pena esperar?

Desde 52 990 euros

O bZ4X é o primeiro elétrico da Toyota. Valeu a pena esperar?

O Toyota bZ4X podia ser «apenas» a primeira aposta 100% elétrica do maior construtor de automóveis do planeta. Mas é muito mais que isso.

Toyota bZ4X Premium

7.5/10

A Toyota parece ter chegado tarde à «festa» dos elétricos, mas o bZ4X é o início da ofensiva

Prós

  • Espaço disponível nos lugares traseiros
  • Garantia da bateria
  • Conforto
  • Equipamento

Contras

  • Autonomia
  • Alguns materiais
  • Interior demasiado «cinzento»
  • Peso elevado

Não é necessário ter uma memória em plena forma para recordar a dedicação que a Toyota tem dado ao mundo dos veículos eletrificados, mais especificamente, os híbridos. Algo que se estende por mais de 25 anos.

Desde o lançamento do Prius em 1997, que esta tem sido a sua principal missão. No entanto, o salto para os elétricos só muito recentemente foi dado. Recordo-me que, mesmo a adição de uma versão híbrida plug-in ao Prius, demorou ainda bastante tempo a acontecer.

Por tudo isto, o surgimento de uma nova família de modelos 100% elétricos “Beyond Zero” e a chegada do bZ4X, o primeiro, deixou-me a pensar: poderá esta decisão da Toyota ter sido tomada com base em “também temos de estar presentes”, ou numa espécie de “vamos a isto!”?

É que, em primeiro lugar, o grupo Toyota ainda continua a ostentar o título de maior construtor de automóveis do mundo. E em segundo, o gigante nipónico não costuma lançar novos produtos apenas para marcar presença. Quando o faz, é com o objetivo de ter uma posição dominante.

Desenho e estilo para uma nova família

O primeiro contacto visual com o Toyota bZ4X, tenho de admitir que não convenceu. E também é maior do que imaginava. São quase 4,7 m de comprimento, ainda que a altura não vá além de 1,6 m — abaixo de um RAV4, por exemplo, habitando o mesmo segmento deste.

Voltando à estética, que é aquele tema mais subjetivo e no qual gostos não se discutem, notam-se as semelhanças com os modelos mais recentes da marca.

As soluções em plástico sem pintura, admito que não me cativaram. E também achei estranha a presença de diversos componentes plásticos de menor dimensão, «espalhados» pela carroçaria. Como exemplo, temos a peça que se encontra por cima dos grupos óticos dianteiros, ou o pedaço de plástico na tampa da tomada de carregamento.

Ainda assim, quanto mais tempo passava com o Toyota bZ4X, mais me ia cativando.

Mais arrojo de linhas, mas falta cor no interior

A conceção do habitáculo é também diferente da habitual na Toyota. Quase como se neste projeto do bZ4X tivesse existido uma autorização para simplesmente experimentar.

O painel de instrumentos, por exemplo, é bastante compacto, inclui apenas informação essencial e está mais afastado do condutor.

Mais ao lado, o desenho da consola central termina num monitor tátil retangular de grandes dimensões e com uma boa resolução. Este inclui as ligações sem fios a um smartphone com Apple CarPlay ou Android Auto. Além disso, conta com páginas dedicadas ao sistema elétrico, com um histórico de utilização em termos de consumo.

Ainda na consola central, os comandos do sistema de climatização continuam a contar com comandos independentes, afastados de um «emaranhado» de menus confusos. Alguns deles contam com comandos táteis e não com os tradicionais botões, mas estão ali mesmo debaixo da vista.

Interior bz4x
© André Mendes / Razão Automóvel

O comando da caixa é rotativo, igual ao do Lexus RZ 450e que já tive oportunidade de ensaiar, mas está numa posição central.

É um dos elementos que contribui (numa pequena parte) para uma boa posição de condução, que não dispensa regulações com amplitude suficiente para satisfazerem diversas estaturas. Em contrapartida, nem sempre é fácil colocar o volante a uma altura «ideal» que permita uma boa leitura da instrumentação.

Medidas generosas a bordo

Uma vez que o tópico se aproxima dos que incluem uma fita métrica, este é também o momento ideal para referir que não há problemas de espaço a bordo do Toyota bZ4X. Especialmente quando nos sentamos na fila de assentos traseira.

O espaço disponível para as pernas é bastante generoso, mesmo que os utilizadores dos assentos da frente precisem de mais espaço e em altura também não desilude.

Para arrumar pequenos objetos são muitos os espaços disponíveis a bordo do bZ4X, até porque a Toyota não incluiu um porta-luvas neste modelo. Desta forma, há um enorme «buraco» por baixo da consola central, espaços fechados entre os assentos e generosas bolsas nas portas.

Menos positiva é uma característica que, infelizmente continua a ser comum em diversos construtores e não apenas nos nipónicos. A bordo do Toyota bZ4X quase não existe nenhuma cor além do cinzento.

A construção é sólida e todos os comandos transmitem a ideia de que vão durar mais do que nós. No entanto, os tons do habitáculo não acompanham o arrojo de algumas formas e de alguns materiais, como os acabamentos em tecido existentes no tabliê.

Fluidez de movimentos

Em movimento, o Toyota bZ4X destaca-se pela sua suavidade, sendo uma espécie de «casulo protetor» que protege os passageiros de muitas coisas do exterior, como o ruído, por exemplo.

Além disso, a boa insonorização do habitáculo faz «parelha» com um pisar de suspensão correto, mesmo quando a qualidade do piso não ajuda. E com a presença de jantes com 18” de diâmetro e pneus de perfil generoso, também há muitas irregularidades que acabam por não chegar ao habitáculo.

A afinação mais macia e confortável tem de lidar com as mais de duas toneladas de peso do conjunto, acabando por penalizar a componente mais emotiva ao volante.

Em abono da verdade, contudo, o Toyota bZ4X não foi criado para ser um devorador de curvas e sim um automóvel familiar de eficiência elevada. Daqueles que até prefere andar pela cidade, regenerando mais energia e garantindo médias de consumo mais comedidas.

Ainda assim, o posicionamento da bateria ajuda a conseguir um centro de gravidade mais baixo, o que dá uma ajuda em alguns momentos mais apressados.

Gastos de energia e autonomia do bZ4X

Para esta versão Premium do bZ4X equipada com um único motor de 150 kW (ou 204 cv), a Toyota anuncia uma média de consumo de 16,9 kWh/100 km. E com a presença da bateria com 71,4 kWh de capacidade, a autonomia anunciada anda entre os 444 km e os 512 km.

Neste ensaio, com diversos tipos de percurso incluídos entre cidade e autoestrada e (sempre) com o ar condicionado ligado, o valor final ficou nuns muito aceitáveis 18,1 kWh/100 km. Ainda assim, mesmo em estrada e a uma velocidade estabilizada, cheguei a obter valores mais em torno dos 17 kWh/100 km.

Se fiquei acima dos consumos oficiais, logicamente não iria conseguir chegar aos 442 km de autonomia que o computador de bordo indicava no início deste teste. No mundo real fiquei próximo dos 400 km.

A Toyota, contudo, tem estado a trabalhar para melhorar estes registos. A prova disso foi visível numa das atualizações de software mais recentes, que trouxe um mostrador de percentagem de carga da bateria para a instrumentação, além de uma otimização de funcionamento de todo o sistema.

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Versão intermédia da gama

O nível de equipamento Premium, como o da unidade ensaiada, é o segundo patamar de três disponíveis e o seu preço base é de 56 190 euros. Para ficar igual à unidade que vê nas imagens, é apenas necessário adicionar o valor da pintura metalizada (950 euros), elevando o total para os 57 140 euros.

Se desejar mais equipamentos, não os há na lista de opcionais. Terá de escolher pela versão Lounge, muito mais equipada do que esta Premium. Só que o preço base dessa já se «atira» para os 62 240 euros.

Por fim, mas não menos importante, não posso deixar de referir que a bateria do bZ4X vem com uma garantia de 10 anos ou um milhão de quilómetros. Um argumento de peso entre os elétricos.

Veredito

Toyota bZ4X Premium

7.5/10

Um visual mais moderno, mas pouco consensual caracteriza o primeiro modelo 100% elétrico da Toyota. Não avança com as regras do jogo, mas o sistema é eficiente q.b. e com uma utilização simples, que se poderá tornar mais económica à medida que nos vamos habituando a usá-lo. E tudo isto num SUV de tamanho familiar em que o espaço disponível a bordo é abundante.

Prós

  • Espaço disponível nos lugares traseiros
  • Garantia da bateria
  • Conforto
  • Equipamento

Contras

  • Autonomia
  • Alguns materiais
  • Interior demasiado «cinzento»
  • Peso elevado

Especificações técnicas

Versão base:56.190€

Classificação Euro NCAP: 5/5

57.140€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura: Um motor elétrico síncrono de imane permanente
  • Posição: Transversal Dianteira
  • Carregamento: Bateria: 71,4 kWh
  • Potência: 150 kw (204 cv)
  • Binário: 266 Nm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Caixa redutora (1 relação)

  • Largura: 4690 mm
  • Comprimento: 1860 mm
  • Altura: 1600 mm
  • Distância entre os eixos: 2850 mm
  • Bagageira: 452 litros
  • Jantes / Pneus: 235/60 R18
  • Peso: 2045 kg

  • Média de consumo: 16,9 kWh/100 km; Autonomia: 503 km
  • Velocidade máxima: 160 km/h
  • Aceleração máxima: >7,5s

    Tem:

    • Acabamento das portas dianteiras em tecido
    • Ar condicionado automático dual zone
    • Assistência de Condução Inteligente (LTA)
    • Assistente de voz inteligente
    • Aviso de Aproximação de Veículo
    • Bancos dianteiros aquecidos e banco do condutor com ajuste elétrico
    • Câmara auxiliar traseira
    • Carregador de bordo de 11 kWh
    • Carregador sem fios para smartphone
    • Controlo de Assistência ao Arranque em Subida (HAC)
    • Cruise Control Adaptativo Inteligente (iACC)
    • Ecrã multimédia de 12.3″
    • Entradas USB para bancos dianteiros e traseiros
    • Espelho retrovisor interior eletrocromático
    • Espelhos retrovisores exteriores aquecidos
    • Integração com Smartphone sem fios
    • Jantes em liga leve de 18″ maquinadas
    • Limitador de velocidade com Reconhecimento de Sinais de Trânsito (RSA)
    • Luzes de Máximos com Controlo Automático (AHB)
    • Painel superior interior em Tecido
    • Porta da bagageira elétrica
    • Reconhecimento de Sinais de Trânsito (RSA)
    • Sensores de estacionamento dianteiros e traseiros inteligentes (ICS)
    • Sistema de Alerta de Pré-Colisão (PCS)
    • Sistema de Aviso de Pressão dos Pneus (TPWS)
    • Sistema de bomba de calor
    • Sistema de iluminação em LED
    • Sistema Multimédia MM21
    • Toyota Safety Sense
    • Vidros traseiros escurecidos
    • Volante em pele

Pintura metalizada: 950 €

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