Ensaio Diesel ainda faz sentido? Testámos o Mercedes-Benz GLC 220 d

Desde 73 650 euros

Diesel ainda faz sentido? Testámos o Mercedes-Benz GLC 220 d

O Mercedes-Benz GLC 220 d 4MATIC mostra que em alguns modelos ainda faz sentido optar pelo Diesel, mas o preço começa a roçar o proibitivo.

Mercedes-Benz GLC 220 d 4MATIC

7.5/10
Optar por uma motorização Diesel continua a fazer sentido num SUV como o Mercedes-Benz GLC

Prós

  • Consumos
  • Conforto
  • Qualidade geral

Contras

  • Preço
  • Lista de opcionais extensa

Com híbridos plug-in (a gasolina e Diesel) que prometem mais de 100 km de autonomia elétrica a concentrar todas as atenções, quase que é fácil «esquecer» que o Mercedes-Benz GLC tem mais motorizações.

Uma dessas é a motorização Diesel de 2.0 l, quatro cilindros e 197 cv que equipa a versão mais acessível do SUV germânico, a 220 d 4MATIC.

Longe de conseguir o apelo das versões híbridas plug-in junto dos clientes empresariais, nem por isso este propulsor (e esta versão) devem ser votados ao esquecimento.

Mercedes-Benz GLC traseira 3/4
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel

Afinal, o GLC 220 d 4MATIC também já foi eletrificado com recurso a um sistema mild-hybrid e, verdade seja dita, depois de alguns dias a conduzi-lo, acabei por lamentar o aproximar do fim dos motores Diesel.

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Evoluir sem revolucionar

Antes de chegar a essa conclusão, olhemos para a recentemente lançada nova geração do Mercedes-Benz GLC. E como podemos ver, não representa um corte radical com o antecessor, porque, afinal, “em equipa que ganha não se mexe”.

O GLC é o SUV mais vendido da Mercedes-Benz e, talvez por isso, a marca alemã não queira mudar drasticamente o seu visual.

O resultado final acaba por parecer uma mistura entre o antecessor e elementos visuais do novo Classe C, das quais os faróis mais esguios na traseira são o melhor exemplo.

Resulta num modelo imponente, com um visual moderno, mas sem abdicar da sobriedade esperada das propostas premium.

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Ecrãs em alta…

Tal como no exterior, também no interior o Mercedes-Benz GLC recorre a muitas das soluções que já conhecemos do Classe C. Aliás, o design interior é praticamente o mesmo.

Assim, o maior destaque a bordo do best seller da Mercedes-Benz acaba por ser os ecrãs: um de 12,3” que cumpre as funções de painel de instrumentos digital e outro, central, com 11,9”.

Disposto verticalmente, o ecrã central apresenta um grafismo notável, mas padece de alguns problemas comuns a outros sistemas no mercado: um número algo excessivo de submenus e a integração dos comandos da climatização.

Ecrã central infoentretenimento
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel Os comandos da climatização estão agora integrados no ecrã tátil. Apesar das dimensões generosas, não conseguem igualar a facilidade de uso dos comandos físicos do antecessor.

…. e a agradabilidade também

Ao ser idêntico ao do Classe C, o habitáculo do GLC também herda deste a sua agradabilidade (ambiente e materiais) e robustez. Características que tipicamente associamos à Mercedes-Benz.

O habitáculo do GLC é como se fosse um «casulo» no qual viajamos isolados do que nos rodeia. O isolamento acústico está sempre em bom plano até mesmo quando «puxamos» pelo motor Diesel.

Já a habitabilidade e, acima de tudo, a sensação de espaço a bordo varia consoante o lugar onde nos sentamos.

Nos lugares traseiros é abundante, consequência do ganho de 60 mm em comprimento (4716 mm) e 15 mm (2888 mm) na distância entre eixos face ao antecessor.

Já à frente, o espaço acaba por parecer menor do que nos indica a fita métrica. A «culpa» é da volumosa consola central que a seu favor tem o facto de contar com diversos espaços de arrumação fechados.

saídas de ventilação traseiras
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel O conforto dos passageiros traseiros é potenciado pelo controlo individual da climatização.

Diesel para que te quero?

Com a indústria automóvel a avançar (de forma acelerada) rumo à eletrificação, modelos como o Mercedes-Benz GLC 220 d 4MATIC recordam-nos das mais-valias das soluções que até à pouco tempo reinavam.

Motor Diesel OM 654
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel

O Diesel de quatro cilindros de 2.0 l (OM 654) anuncia 197 cv, mas são, acima de tudo, os 440 Nm entre as 1800 rpm e as 2800 rpm, que conseguem disfarçar muito bem as duas toneladas do GLC.

Como é óbvio não torna o SUV da Mercedes-Benz no mais rápido do segmento, mas permite prestações bastante interessantes, principalmente no campo das recuperações.

Já no capítulo dos consumos este motor Diesel dá resposta ao subtítulo que antecipa estes parágrafos. A indústria tem «dado muitas voltas», mas os motores Diesel continuam a ser uma ótima opção para quem percorre muitos quilómetros.

Apesar das dimensões e massa do GLC, médias de 6 l/100 km não são impossíveis, principalmente em autoestrada, o «habitat natural» deste SUV germânico.

Mercedes-Benz GLC perfil
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel

Quanto à cidade, o sistema mild-hybrid acaba por contribuir para a redução dos consumos, maximizando, por exemplo, a utilização do sistema start-stop.

Terminei este teste com uma média um pouco superior (6,8 l/100 km), mas os consumos também estiveram longe de ser a minha maior prioridade durante este teste ao GLC 220 d.

Pronto para as curvas…

Com suspensão pneumática e vários modos de condução, o Mercedes-Benz GLC «ataca» as curvas com o mesmo à vontade com que «devora» quilómetros em autoestrada.

Não estou a dizer que é uma proposta especialmente divertida neste tipo de utilização, mas o seu comportamento é seguro e previsível, e apresenta níveis de aderência tão elevados que até parece curvar sobre carris.

Jante
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel Apesar de grandes, as jantes de 20″ não comprometem o conforto a bordo.

O recurso à suspensão pneumática permite ainda adaptar o amortecimento às mais diversas situações. Se no modo “Sport” esta revela-se bastante apta a reduzir os movimentos da carroçaria, no modo “Comfort” o GLC passa por cima da maioria das irregularidades sem quase darmos conta.

… e para o fora de estrada

Contudo, o que de melhor esta suspensão oferece é a possibilidade de usar efetivamente o GLC em fora de estrada. Aliás, até temos modos de condução específicos para o fazer.

Ao toque de um botão a suspensão sobe, os ângulos todo o terreno melhoram e até temos um modo “Off-Road” que nos mostra vários gráficos que nos ajudam a «navegar» por maus caminhos.

Atrevi-me a explorar as aptidões todo o terreno do GLC com a minha filha no banco de trás a dormir e o conforto a bordo é tal que depois de vários obstáculos transpostos — nada de radical, óbvio —, ela continuava a dormir como nada se tivesse passado.

Ao mesmo tempo, a resposta do motor e da caixa de velocidades é ajustada para que ultrapassar os obstáculos seja uma «brincadeira de crianças». O binário disponível logo às 1800 rpm revelou ser um bom aliado quando os caminhos se complicam.

O preço de ser premium

Se os automóveis estão, no geral, cada vez mais caros, as propostas premium começam a aproximar-se de valores proibitivos.

Longe de estar no topo da oferta SUV da Mercedes-Benz, o GLC vê a sua versão mais acessível arrancar nos 73 650 euros, um valor por si só já elevado.

Mercedes-Benz GLC traseira
© Sofia Teixeira / Razão Automóvel

Contudo, se quisermos contar com alguns equipamentos «obrigatórios» — e com outros que vão ajudar a aumentar o valor de retoma como o pack AMG —, o preço deste GLC «escala» até perto dos 100 mil euros.

A unidade ensaiada custava 97 918 euros, um valor particularmente elevado quando nos recordamos de que estamos a conduzir a motorização mais acessível da gama.

Um preço que reduz substancialmente o apelo deste GLC 220 d, para mais quando os muito mais potentes GLC híbridos plug-in estão a poucos milhares de euros de distância e não são tão penalizados pela nossa tributação.

Mercedes-Benz GLC 220 d 4MATIC

7.5/10

O Mercedes-Benz GLC continua a ser uma das referências entre os SUV premium. Mais tecnológico do que nunca, na versão 220 d 4MATIC, o GLC recorda-nos das mais valias dos motores Diesel e até onde podem chegar com uma (pequena) eletrificação. Tem contra si o preço e a política de oferta de equipamento de série, que é uma «imagem de marca» das propostas premium.

Versão base:73.650€

IUC: 235€

Classificação Euro NCAP: 5/5

97.918€

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1992 cm³
  • Posição:Dianteira longitudinal
  • Carregamento: Injeção direta common-rail + Turbo de geometria variável + Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válv./cil. (16 válv.)
  • Potência: 197 cv às 3600 rpm
  • Binário: 440 Nm entre 1800-2800 rpm

  • Tracção: Integral
  • Caixa de velocidades:  Automática de 9 velocidades

  • Largura: 4716 mm
  • Comprimento: 1890 mm
  • Altura: 1640 mm
  • Distância entre os eixos: 2888 mm
  • Bagageira: 600-1640 l
  • Jantes / Pneus: 255/45 R20
  • Peso: 2000 kg

  • Média de consumo: 5,2 l/100 km
  • Emissões CO2: 136 g/km
  • Velocidade máxima: 219 km/h
  • Aceleração máxima: >8s

    Tem:

    • Apple CarPlay e Android Auto
    • Sensores traseiros para aviso de saída
    • “Distronic Plus” com assistente de trânsito em cruzamentos
    • Sensor de chuva
    • Patilhas de selecção da caixa de velocidades integradas no volante
    • Sistema de controlo da pressão dos pneus
    • Forro do tejadilho em tecido preto
    • Assistente automático de controlo de velocidade
    • Bancos desportivos
    • Pack de Iluminação Interior
    • Portão traseiro elétrico
    • Keyless-Go Start
    • Dynamic Select
    • Assistente activo de faixa de rodagem
    • Sistema de ajuda ao arranque em situação de trânsito
    • Adaptação da velocidade com base na rota
    • Volante multifunções desportivo em pele
    • Indicador de colocação dos cintos traseiros
    • Suporte lombar de quatro vias
    • Tomada de 12V no compartimento de carga
    • Pack engineering (inclui: direcção do eixo traseiro AMG e suspensão Airmatic)

Pintura metalizada “Prata Mojave” — 1000 €
Estofos em pele preto — 2050 €
Pack de Engenharia Off-Road (inclui: protecção inferior da carroçaria) — 550 €
Consola central com look metalizado — 200 €
Sistema de Som Surround Burmester — 1250 €
Estribos laterais com look alumínio com aplicações em borracha — 600 €
Acabamento interior em madeira preta anthracite — 450 €
Pack assistência à condução (inclui: PRE-SAFE Impulse side, Sistema PRE-SAFE) — 3000 €
Versão AMG Premium Plus (inclui: serviços remotos, pré-instalação para car sharing, assistente de limite de velocidade, colete refletor para o condutor, linha de design interior AMG, tapetes AMG, tablier e portas (parcialmente) em pele ARTICO, linha de design exterior AMG, barras de tejadilho em alumínio, estética AMG, sistema de travagem com discos de maiores dimensões no eixo dianteiro) — 13 100 €
Jantes de liga leve AMG de 5 raios de 20” —950 €
Realidade aumentada para navegação MBUX — 500 €.

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