Ensaio Testámos o renovado Citroën C3 Aircross 1.5 BlueHDI. Ainda é competitivo?

Desde 19 727 euros

Testámos o renovado Citroën C3 Aircross 1.5 BlueHDI. Ainda é competitivo?

O Citroën C3 Aircross renovou-se, ganhou argumentos e está pronto para a «guerra» dos B-SUV. Mas será que tem trunfos suficientes para vingar?

Citroen C3 Aircross
© Thomas van Esveld / Razão Automóvel

Lançado em 2017 e já com mais de 330 mil unidades vendidas, o Citroën C3 Aircross foi alvo do tradicional restyling de meia idade em 2021 e nós fomos descobrir o que mudou.

Num segmento onde a concorrência é cada vez maior, o Citroën C3 Aircross apostou num novo visual e num reforço da tecnologia, o que se traduziu num facelift bem mais pronunciado do que o habitual.

E isso são, naturalmente, boas notícias para quem olha para este crossover. Mas será que ele evoluiu o suficiente para fazer frente aos “reis” do segmento, o Peugeot 2008 e o Renault Captur? É uma compra que faz sentido?

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Citroen C3 Aircross
A Citroën propõe um total de 70 combinações possíveis para o exterior, que variam entre sete cores para a carroçaria. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

No capítulo estético, o renovado C3 Aircross adotou a nova assinatura da marca francesa, estreada em 2020 no C3 e inspirada no protótipo CXPERIENCE.

O resultado é uma dianteira com um novo para-choques, uma grelha central inferior de maiores dimensões e uns faróis redesenhados, mais rasgados, que agora surgem também eles integrados numa pequena grelha superior.

A personalização continua a ser uma das bandeiras deste modelo, que quer ser tudo menos aborrecido. E isso faz-se sentir no exterior e no habitáculo. Mas mais evidente ainda é o reforço tecnológico e a preocupação com o conforto, que já era um dos maiores trunfos deste modelo no pré-facelift.

Os bancos Advanced Comfort, que nós já conhecemos do maior C5 Aircross, são os grandes “culpados” e não há outra forma de o dizer, fazem maravilhas. Relativamente ao modelo anterior, têm mais 15 mm de espuma e contam com uma combinação de materiais de maior densidade.

Atrás, espaço para (quase) todos, até porque este continua a ser um dos modelos mais espaçosos do segmento. Quem viaja nos bancos traseiros pode deslizar o banco para a frente ou para trás e assim adotar uma postura confortável, com imenso espaço para as pernas e joelhos. Também interessante é o facto de as janelas traseiras abrirem por completo.

Contudo, em termos de largura, este modelo não se destaca face à concorrência mais direta. E tal como acontece em quase todas as propostas do segmento B, o terceiro lugar traseiro (central) é insuficiente para acomodar um terceiro adulto confortavelmente.

Segunda fila de bancos
O encosto do lugar central pode transformar-se num repousa-braços e permitir o transporte de objetos mais longos. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

E por falar em espaço, é preciso falar da bagageira, que apresenta um volume de carga que varia entre os 410 l e os 520 l, de acordo com a posição dos bancos posteriores.

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Mas em qualquer um dos casos, a capacidade de carga é sempre satisfatória. A título de exemplo, o Peugeot 2008 oferece 434 litros e o Renault Captur com motor a combustão tem 422 litros.

A motorização certa?

O C3 Aircross está disponível com motorizações Diesel e gasolina, com o exemplar que testei a contar com o quatro cilindros em linha 1.5 BlueHD, que produz 120 cv e 300 Nmi, e está associado a uma caixa automática de seis velocidades.

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Esta é a motorização Diesel mais potente da gama, que tal como a grande maioria da sua concorrência, conta apenas com tração dianteira. Porém, pode contar opcionalmente com um sistema de controlo de tração com vários programas de funcionamento e com um assistente para as descidas mais desafiantes.

Comando rotativo Grip Control
Sistema Grip Control está encarregue de gerir a tração, de acordo com cada superfície específica. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Mas voltando ao motor que equipa esta unidade, este bloco dá boa conta de si, na maioria das vezes. É relativamente cheio e tem um regime de utilização suficientemente amplo. Contudo, por vezes pareceu algo brusco, quer ao nível das sensações quer ao nível do ruído.

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Mas a maior diferença para as motorizações a gasolina está mesmo nos consumos, com a marca francesa a reivindicar um a média de 5,1 l/100 km. Durante os dias em que passei com ele andei muitas vezes na «casa» dos 5 l/100 km, mas quando o entreguei nas instalações da Citroën, o computador de bordo assinalava 6,2 l/100 km.

manípulo caixa de velocidades automática
A caixa de velocidades nem sempre é rápida, mas cumpre na maioria das vezes. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Ainda assim, importa lembrar que este foi um registo alcançado numa utilização mista, que teve alguns períodos de cidade e alguma autoestrada.

E se pensarem nesta proposta para viagens maiores e para fazer muitos quilómetros semanais, muitos deles fora da «selva urbana», então este Diesel faz ainda mais sentido.

Botões com função para-brisas aquecido e alerta de saída de faixa de rodagem
Para-brisas aquecido é um opcional de 150 euros e torna-se quase obrigatório nos dias mais frios. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Na estrada, o conforto manda

Apesar da potência, as performances estão muito longe de impressionar: o sprint dos 0 aos 100 km/h é feito em 10,1s e a velocidade máxima é de 188 km/h.

Mas se estiverem no mercado em busca de um SUV/crossover de segmento B com foco na performance, talvez seja melhor procurar noutro lado. É que este C3 Aircross é sobre espaço, conforto e versatilidade. E estes são, no fundo, os atributos a valorizar num segmento de mercado quanto este.

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E o conforto é mesmo a primeira coisa em que reparamos quando estamos ao volante deste modelo. Como qualquer bom Citroën que se preze, o C3 Aircross dá cartas nesta área, ainda que não tenham sido feitas alterações ao nível da suspensão, pelo menos que a Citroën tenha anunciado.

volante
Volante tem uma boa pega e reúne quase todos os comandos importantes. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Porém, este modelo beneficiou muito da introdução dos novos bancos que referi acima. São muito largos, de acesso fácil e têm imensas regulações. E tudo isso contribui para que a sensação de comodidade seja grande, mesmo que falte suporte lateral para nos manter no sítio quando subimos o ritmo.

Contas feitas, continua a ser um dos modelos mais confortáveis do segmento. E a sensação de serenidade só é mesmo interrompida, pontualmente, pelo ruído e por algumas vibrações que nos chegam do motor.

E nas curvas?

O C3 Aircross continua a ser uma das propostas mais altas do segmento, o que a somar ao acerto da suspensão, mais focado no conforto, deixa antever um rolamento de carroçaria pronunciado nas curvas.

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Mas curiosamente, fiquei surpreendido com o trabalho dos engenheiros da marca francesa, que conseguiram resolver relativamente bem esta questão. O rolamento existe, é certo, mas está bem controlado. E a menos que adotem uma condução mais agressiva, raramente o vão sentir.

Citroen C3 Aircross
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Quanto à direção, está longe de ser comunicativa e de nos permitir perceber com exatidão tudo o que está a acontecer. Mas felizmente, e ao contrário do que acontece com grande parte de muitos modelos rivais, não «abusa» da assistência.

Versatilidade é palavra de ordem

Os sistemas Grip Control e Hill Descent Control que mencionei antes já o denunciam: o C3 Aircross não recusa uma saída de estrada.

Não esperem incursões por terrenos lamacentos ou com desníveis muito grandes, até porque a altura ao solo é de apenas 17,8 cm, mas um estradão de terra ou mesmo pequenas subidas com pedra solta não são obstáculo para este modelo, que aqui se destaca claramente de um utilitário normal.

Citroen C3 Aircross
A pintura bicolor e a decoração colorida no pilar C são só duas das possibilidades de personalização deste C3 Aircross. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

E isto só reforça a versatilidade deste crossover do segmento B, que não esconde o caráter mais aventureiro, basta olhar para as proteções em plástico nos para-choques e nas cavas das rodas.

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A imagem divertida e aventureira pode não ser consensual, mas começa por ser o grande chamariz deste modelo, que continua a oferece uma versatilidade e um conforto ao nível do que melhor há no segmento. E depois há o espaço, que também se mostra em bom nível, quer nos bancos traseiros quer na bagageira.

Citroen C3 Aircross
A frente mudou, muito por culpa da nova grelha dianteira e da assinatura luminosa redesenhada. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Muito bem equipado, o C3 Aircross melhorou bastante com este restyling e ganhou armas que lhe dão outra confiança nesta «guerra» cada vez mais competitiva entre os SUV do segmento B.

Mas a tarefa não é fácil, longe disso. É que além de lidar com a concorrência de modelos como o Peugeot 2008 e Renault Captur, ainda tem dois rivais internos fortíssimos: o C3 e o C4.

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E depois há o motor. Para uma utilização maioritariamente em autoestrada ou vias rápidas que contemple muitos quilómetros por dia, a diferença entre as motorizações gasolina e Diesel pode justificar-se. A favor dos Diesel, claro.

Citroen C3 Aircross
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Mas mesmo assim, poderá ser até mais interessante olhar para a versão 1.5 BlueHDi de 100 cv, que é quase dois mil euros mais barata do que a que testei.

Contudo, se por outro lado a quilometragem semanal for baixa e se o raio de utilização estiver confinado a ambientes mais urbanos, então faz mais sentido escolher uma motorização a gasolina, que apesar de ser mais «gulosa», será certamente mais barata. Mas uma coisa é certa, com a motorização adequada às necessidades de cada um, este C3 Aircross continua a ser uma proposta interessante.

Testámos o renovado Citroën C3 Aircross 1.5 BlueHDI. Ainda é competitivo?

Citroën C3 Aircross 1.5 BlueHDI 120 Shine

7/10

Mesmo sem propostas eletrificadas, por ainda usar a antiga plataforma PF1 ao invés da mais recente CMP usada pelos «primos» da Peugeot ou Opel, o renovado Citroën C3 Aircross ganhou bons argumentos para continuar a ser relevante no segmento B-SUV. Não tem tarefa fácil, porque a concorrência é fortíssima, mas se pesarmos o equipamento, o espaço, o conforto e o preço (sobretudo das versões a gasolina) deste modelo francês, percebemos que tem uma palavra a dizer.

Prós

  • Equipamento
  • Conforto
  • Espaço
  • Versatilidade

Contras

  • Caixa automática
  • Motor algo ruidoso

Versão base:€19.727

IUC: €147

Classificação Euro NCAP: 5/5

€32.291

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1499 cm³ cm³
  • Posição:Dianteira transversal
  • Carregamento: Injeção direta + Turbo + Intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c., 4 válvulas/cilindro
  • Potência: 120 cv às 3750 rpm
  • Binário: 300 Nm às 1750 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Automática de seis velocidades

  • Largura: 4160 mm
  • Comprimento: 1756 mm
  • Altura: 1637 mm
  • Distância entre os eixos: 2604 mm
  • Bagageira: Entre os 410 e os 520 litros
  • Jantes / Pneus: 215/50 R17
  • Peso: 1335 kg

  • Média de consumo: 5,1 l/100 km
  • Emissões CO2: 134 g/km
  • Velocidade máxima: 188 km/h
  • Aceleração máxima: >10,1s

    Tem:

    • Cluster da instrumentação com os contornos e base da alavanca da caixa de velocidades em cromado
    • Retrovisores exteriores regulação, desembaciamento e rebatíveis electricamente
    • Rebatimento do banco dianteiro do passageiro
    • Limitador e regulador de velocidade
    • Proteção inferior dos pára-choques na cor Cinzento Anthra
    • Citroën Connect Nav DAB
    • Ajuda ao estacionamento traseiro
    • Capas dos retrovisores exteriores na cor preto brilhante
    • Faróis automáticos
    • Faróis Eco Led (com luzes de noveiro)
    • AFIL - Alerta de Transposição Involuntária de Linha
    • ABS + AFU + ESP + ASR + Ajuda ao arranque em subida
    • Climatização automática
    • Detecção Indirecta de pneu vazio
    • Reconhecimento dos sinais de velocidade e recomendação
    • Embelezadores dos faróis em preto brilhante

Banco traseiro deslizante e rebatível 2/3 - 1/3 (assento + encosto) — 140 €
Cluster de informação de 3,5" a cores com afixação analógica e contorno em cromado — 100 €
Para-brisas aquecido — 150 €
Grip Control & Hill Assist Descent — 300 €
Pack City Câmara — 250 €
Head-Up Display a cores — 300 €
Faróis de halogéneo + faróis de nevoeiro integrados + bancos aquecidos + espelhos eléctricos aquecidos — 260 €
Jantes em liga-leve de 17'' Origami Diamond Cut — 100 €
Cor exterior Branco Banquise — 300 €
Personalização pintura exterior dois tons — 400 €
Ambiente interior Metropolitan Graphite — 500 €
Sistema de vigilância do ângulo morto — 800 €
Espelho retrovisor interior antiofuscante (eletrocrômico) — 50 €
Cortinas pára-sol nos vidros laterais traseiros da 2ª fila — 190 €
Pack Safety — 450 €
Predisposição da roda sobressalente — 20 €
Acesso e arranque mãos-livres — 300 €.

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