Testes Audi V8 falhou em quase tudo. Mercedes e BMW eram melhores?

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Audi V8 falhou em quase tudo. Mercedes e BMW eram melhores?

O Audi V8 foi a primeira tentativa da marca dos quatro anéis em intrometer-se entre as referências Mercedes-Benz e BMW. Não correu bem.

Audi V8 com Guilherme Costa
© Razão Automóvel

O trajeto da Audi até conseguir ver “olhos nos olhos” as arquirrivais Mercedes-Benz e BMW nem sempre foi linear. Como todas as histórias de sucesso, foi um percurso feito de vitórias, mas também de «tiros ao lado». O Audi V8, lançado em 1988, é talvez o melhor exemplo disso.

Durante o Car Design Event 2023, em Munique (Alemanha), o Guilherme Costa pode conhecer de perto a primeira tentativa da Audi em intrometer-se numa classe que era dominada pelo supremo Classe S e o dinâmico Série 7.

Apesar de o Audi V8 não ter conseguido granjear a imagem ou as vendas desejadas, o Guilherme encontrou muito o que gostar a bordo desta berlina de luxo.

As razões do insucesso

Apesar da notoriedade conseguida nos ralis com o Sport Quattro na década de 80, a Audi continuava a ser percepcionada num patamar abaixo da Mercedes-Benz e BMW.

Porém, Ferdinand Piëch, o líder da marca na altura — antes de transformar a Volkswagen num dos gigantes da indústria na década seguinte —, tinha uma determinação (e punho) de ferro na sua ambição de elevar a Audi ao mesmo nível das rivais.

Ele percebeu que precisava de um novo topo de gama, capaz de ombrear com a referência Classe S e com o desafiador Série 7. O primeiro esforço da Audi, contudo, acabou por ser tímido e o mercado respondeu de acordo.

O Audi V8 tinha como ponto de partida os mais modestos Audi 100/200 e, pior, visualmente não parecia mais que um 200 com outros para-choques.

Motor 3.6 V8
© Audi O primeiro V8 da Audi.

Estreou um necessário V8, o primeiro da Audi — a importância deste momento acabou por justificar a designação do modelo —, e tinha o trunfo tecnológico da tração às quattro rodas, mas nem isso foi suficiente para colocar em causa a ordem estabelecida.

Além disso, os seus rivais mais diretos não pararam de evoluir. A BMW introduziria um V12 no Série 7 (E32) um ano antes do Audi V8 ser lançado e, em 1991, seria lançado o Panzer W 140. Aquele que é para muitos ainda o derradeiro Classe S.

A carreira do Audi V8 acabaria por ser curta — apenas cinco anos — e, comercialmente, sem glória. Já na competição, a história é outra.

Dominador nos circuitos

Por mais surpreendente que pareça, o grande e pesado Audi V8 encontraria a notoriedade e a glória no palco mais improvável de todos: os circuitos de competição.

Em 1990 a Audi entrou com o seu topo de gama no DTM, o famoso campeonato de turismos alemão. Basta referir que os seus maiores rivais eram os bem mais pequenos e ligeiros Mercedes-Benz 190 e BMW M3, mas o gigante e pesado Audi V8 simplesmente… arrasou.

Audi V8 DTM
© Audi

Tal como aconteceu nos ralis, o sistema quattro provou ser imbatível também nas pistas e o Audi V8 acabou mesmo por ser o primeiro da disciplina a conseguir dois títulos consecutivos (1990 e 1991).

Tiro certeiro

Apesar desse momento de glória, o Audi V8 é hoje um capítulo na história da marca algo esquecido. Falhou em quase tudo o resto, mas, talvez por isso, o capítulo seguinte na ascensão da Audi ao topo tenha sido um «tiro certeiro».

Em 1993 a Audi revelava ao mundo o ASF (Audi Space Frame), um protótipo que era também um manifesto tecnológico — um dos primeiros automóveis construídos totalmente em alumínio —, e que antecipava, ao milímetro, o primeiro A8, que seria lançado em 1994.

Fez esquecer o V8 que o antecedeu e fez com que a Mercedes-Benz e a BMW se levantassem e prestassem atenção. O duo premium alemão passaria a ser, daqui em diante, um trio: