Ensaio Testámos e fomos “picados” pelo Abarth 595C Monster Energy Yamaha

Desde 30 284 euros

Testámos e fomos “picados” pelo Abarth 595C Monster Energy Yamaha

A vida é demasiado curta para carros aborrecidos… Felizmente ainda existem "pocket-rockets" como o Abarth 595C Monster Energy Yamaha para nos animar.

Abarth 595C Monster Energy Yamaha
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

O Abarth 595C Monster Energy Yamaha é uma das mais recentes edições especiais e limitadas (2000 unidades, neste caso) do pequeno e (muito) veterano pocket-rocket, que celebra uma parceria entre a Abarth e a Yamaha, que acontece desde 2015, à qual agora se juntou a conhecida bebida energética.

Da minha parte é o reencontro, após três anos, com o pocket rocket da marca do escorpião. Ainda hoje recordo esse momento vividamente, pois envolveu o mais radical deles todos: o marcante 695 Biposto.

Claro que este 595C Monster Energy Yamaha está longe de atingir o mesmo nível de radicalismo — esta série especial destaca-se, sobretudo, pela aparência —, mas este reencontro veio relembrar o caráter “venenoso” do pequeno escorpião que, ao fim de alguns quilómetros mais apressados, nos faz esquecer de aspetos menos conseguidos ou que necessitam de profunda revisão.

VEJAM TAMBÉM: Abarth 595. “Pocket rocket” entra em 2021 com gama renovada
Abarth 595C Monster Energy Yamaha
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Perfeito? Longe disso

Não é preciso andar com muitos rodeios. O Abarth 595C Monster Energy Yamaha está longe de ser perfeito e um rápido e objetivo escrutínio põe em evidência as suas limitações e insuficiências.

Verdade seja dita, também não era perfeito em 2008, quando foi lançado o primeiro 500 “envenenado” pela Abarth, e certamente não o é 13 anos depois, mesmo tendo recebido vários melhoramentos ao longo dos anos.

Abarth 595C Monster Energy Yamaha
Viagem ao passado. Longe dos interiores “polidos” e digitais dos nossos dias, aqui estamos rodeados de botões. Apesar do posicionamento discutível de alguns deles (foram demasiadas as vezes que fui à procura dos botões para abrir as janelas nas portas), a interação é mais fácil e imediata do que na maioria dos automóveis de hoje. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Ainda antes de arrancar dificilmente encontramos uma boa posição de condução — mais pensada para o citadino que é, do que para o pequeno desportivo que quer ser. Estamos sentados muito altos, o volante só regula em altura e, além disso, é excessivamente grande.

Ressalva seja feita ao posicionamento do manípulo da caixa manual de cinco velocidades que é a todos os níveis, excelente. Sempre “à mão de semear”, alto e próximo do volante — a fazer lembrar o do marcante Honda Civic Type R EP3 —, fica só a pecar pelo tato algo plástico, apesar de preciso e de curso correto.

Uma nota ainda para os bancos desportivos, customizados nesta versão especial com apontamentos em azul e com o logótipo da Monster Energy, que também carecem de maior amplitude na sua regulação e de apoio para as pernas, mas o lateral é bom.

Escorpião com voz grossa

Tudo fica melhor quando acordamos o pequeno 595C. O ruído grave e rouco emanado pelos escapes Record Monza – com válvula ativa, que abre quando selecionamos o modo Sport, aumentando o volume – não podia ser mais “politicamente incorreto”, não evitando um ligeiro sorriso cada vez que ligamos o motor.

Motor 1.4 T-Jet
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Um ruído alinhado com o aspeto vistoso da máquina, surpreendendo até por vir de um motor turbocomprimido, hoje em dia um tipo de motor excessivamente civilizado e sossegado que até aborrece.

VEJAM TAMBÉM: Abarth 695 Esseesse. O escorpião mais radical da atualidade

O 1.4 T-Jet que equipa este pocket-rocket não é de todo assim. Talvez seja a sua idade elevada (chegou ao mercado em 2003), com as suas origens a remontar à lendária família de motores FIRE, nascidos na década de 80 do século passado, que lhe permitem ter este caráter mais efervescente que a norma.

Escape Record Monza
Escapes? Bem que podiam ser os canos de uma arma de fogo. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

É o coração e alma deste escorpião, produzindo 165 cv e gordos 230 Nm disponíveis às 3000 rpm, não só garantindo uma performance vivaz, como a excelente disponibilidade deste motor – acorda pouco acima do ralenti e mantém um impulso forte e constante, sem hesitações, até para lá das 5500 rpm, onde atinge a sua potência máxima – permite retomas de velocidade vigorosas, com as cinco relações a revelarem-se mais que suficientes.

Brilhante, mas só em partes específicas

Em andamento, este pocket-rocket estreito, alto, com apenas 2,3 m de distância entre eixos e de amortecimento firme (pneus de baixo perfil também não ajudam) dificilmente garante a viagem mais confortável ou refinada de todas. E isto em pisos bons ou razoavelmente bons.

Abarth 595C Monster Energy Yamaha
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Nos pisos mais degradados, se possível, evitem-nos. Nunca pára quieto, parece estar constantemente a saltitar, o que acaba por ser como um “travão” para quando surge a vontade em “atacar” uma estrada de forma mais decidida.

Não ajudou que o tempo estivesse sempre “do contra” durante a minha custódia do Abarth 595C Monster Energy Yamaha — piso seco, nem vê-lo. A luzinha do controlo de tração/estabilidade (que não podemos desligar) fartou-se de piscar, sobretudo à saída de curvas feitas de forma mais contundente.

Teto de abrir
Só mesmo para a foto é que deu para abrir o teto. A chuva foi uma constante durante este teste. © Thom V. Esveld / Razão Automóvel

No entanto, houve um “momento ao sol”…  durante a noite. Uma mudança de rota durante a exploração dinâmica do pocket-rocket levou-me até uma estrada secundária mais remota, melhor asfaltada e com curvas suficientemente desafiantes para colocar questões ao 595C.

Mesmo com o piso molhado em toda a sua extensão, o pequeno escorpião brilhou. Senhor de uma elevada agilidade e de respostas imediatas, o chassis livre de ter de lidar com depressões, remendos e outras irregularidades, mostrou uma eficácia elevada, resistindo bravamente à subviragem, mas sem nunca demonstrar um caráter de “Sr. Certinho”.

Abarth 595C Monster Energy Yamaha
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

É que mesmo não sendo possível desligar o controlo de tração/estabilidade, estes eram permissivos o suficiente para provocar a traseira no ataque a algumas curvas e ajustar a atitude deste diabrete durante o curvar — deu um gozo tremendo. Hoje em dia não há tantos carros assim que os possamos acusar de serem genuinamente entusiasmantes de conduzir, sobretudo nestas faixas de mercado mais baixas.

VEJAM TAMBÉM: MC20 em estrada e circuito. Que regresso em grande da Maserati!

O que os momentos “faca nos dentes” colocaram em evidência foi o quão não faz falta o modo Sport — o 595C já é agressivo q.b. “de origem”. A única característica que desejaria que transitasse do modo Sport para o “normal” é a acutilância superior do pedal do acelerador, bem mais do meu agrado. A direção mais pesada em Sport, como acontece em tantos outros, não a torna melhor de forma alguma.

Botão Sport
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Luz de reserva, já?

Quando nos divertimos o tempo passa depressa… assim como a gasolina desaparece do depósito — é assim…  Apesar do volume diminuto deste escorpião, tem apetite de gente grande, em contraste com outros motores turbocomprimidos da concorrência com números similares.

O depósito pequeno (35 l) não ajuda e após vários quilómetros mais aguerridos e contorcidos, o acender da luz de reserva tratou de refrear os ânimos — o computador de bordo registava quase 12 l.

Em andamentos mais moderados, o apetite manteve-se algo elevado a oscilar entre os 6-7 litros em estrada aberta e autoestrada, mas adicionando condução urbana ao mix, os registos andaram no geral pelos 8,0 l/100 km.

Descubra o seu próximo automóvel:

É o pocket-rocket certo para mim?

Perfeito? Nem de perto e objetivamente e racionalmente revela limitações. Mesmo tendo um caráter exclusivo, o preço do Abarth 595C Monster Energy Yamaha coloca-o alinhado com máquinas tão ou mais rápidas, igualmente com caráter para “dar e vender” e, certamente, mais versáteis, espaçosas e usáveis.

Abarth 595C Monster Energy Yamaha
© Thom V. Esveld / Razão Automóvel

Máquinas como o Ford Fiesta ST, o novo Hyundai i20 N ou até o Mini Cooper S, são propostas mais completas e com menos compromissos do que aqueles que encontramos no pequeno escorpião. Mas a este nível, a razão e a objetividade dificilmente estão na linha da frente.

O Abarth 595C é a “prova provada” de que a falta de bom senso e a emoção podem ser um argumento tão convincente para escolhermos o próximo “brinquedo” como os custos de utilização são para escolher um carro para o dia a dia.

É impossível não apreciar o 595C pelo seu enorme caráter, performance e agilidade — é um concentrado de emoções e, como é fácil de constatar nas estradas nacionais, são muitos os que são ainda “picados” por ele, aceitando todas as suas idiossincrasias e limitações.

Testámos e fomos “picados” pelo Abarth 595C Monster Energy Yamaha

Abarth 595C Monster Energy Yamaha

6/10

NOTA: 6,5. Um pocket-rocket da velha guarda, sem dúvida. Não é confortável nem refinado e tem aversão a estradas degradadas, mas, por outro lado, dificilmente teremos um momento aborrecido ao seu volante. São muitas as limitações e insuficiências, mas algumas acabam por contribuir marcadamente para o seu forte caráter. Não faz muito sentido racionalmente, perdendo para outros pocket-rocket de preço similar, mas é impossível ficar-lhe indiferente, acabando por se "entranhar na pele".

Prós

  • Motor
  • Performance
  • Agilidade e Comportamento (bom piso)

Contras

  • Preço
  • Posição de condução
  • Comportamento (mau piso)

Versão base:€30.284

IUC: €172

Classificação Euro NCAP: 3/5

€36.848

Preço unidade ensaiada

  • Arquitectura:4 cilindros em linha
  • Capacidade: 1368 cm3 cm³
  • Posição:Dianteira Transversal
  • Carregamento: Injeção indireta, turbo, intercooler
  • Distribuição: 2 a.c.c./4 válv. por cil. (16 válv.)
  • Potência: 165 cv às 5500 rpm
  • Binário: 230 Nm às 3000 rpm

  • Tracção: Dianteira
  • Caixa de velocidades:  Manual de 5 velocidades.

  • Largura: 3660 mm
  • Comprimento: 1627 mm
  • Altura: 1485 mm
  • Distância entre os eixos: 2300 mm
  • Bagageira: 185 l
  • Jantes / Pneus: 205/40 R17
  • Peso: 1120 kg

  • Média de consumo: 6,9 l/100 km
  • Emissões CO2: 156 g/km
  • Velocidade máxima: 218 km/h
  • Aceleração máxima: >7,3s

    Tem:

    • Rádio tátil 7" Uconnect™ LIVE (USB / AUX/ Bluetooth®) com Apple Carplay™ e Android Auto™
    • Centro de Roda Preto com Escorpião Cinzento
    • Estofos em tecido preto com faixa azul e logo Monster Energy e Yamaha Racing Factory
    • Autocolante Monster no capô
    • Autocolante Yamaha Racing Factory lateral
    • Logótipo de série especial no pilar B
    • Tapetes Monster Yamaha
    • Jantes de liga leve em 17" Fórmula com tratamento preto brilhante
    • Pinças dos travões pretas
    • Placa de edição limitada "One of 2000"
    • Ar condicionado manual
    • Volante regulável em altura
    • Volante de base plana em pele Abarth com marcação às 12h e com comandos multimédia
    • Sensores de estacionamento traseiro
    • Faróis de nevoeiro
    • Escape Record Monza com válvula ativa
    • Suspensão traseira Koni FSD (Amortecimento Seletivo de Frequência)

Pintura Bicolor Preto Scorpione e Azul Podio — 1200 €
Ar Condicionado automático — 2800 €
Faróis bi-xénon — 850 €
Sensores de luz e chuva — 150 €
Sistema Audio Beats — 600 €