Este Mercedes 190 pode valer quase meio milhão de euros. O que tem de especial?

É certo que nos últimos anos o preço dos carros usados e clássicos não tem parado de subir… Mas como é que agora há a possibilidade de um Mercedes-Benz 190 poder valer quase meio milhão de euros?

Bem, a história deste exemplar em particular é praticamente única. Este foi o Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 pilotado por Niki Lauda na “Corrida dos Campeões”, ainda com todas as modificações originais feitas para participar na prova.

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Dos 21 Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 que competiram, só dois sobrevivem na configuração de corrida: o de Niki Lauda e o de Ayrton Senna. Contudo, o de Senna está no Museu da Mercedes-Benz, em Estugarda, o que faz do carro de Lauda um exemplar único.

O que foi a Corrida dos Campeões?

A “Corrida dos Campeões” foi o evento de abertura que serviu de estreia ao novo circuito de Nürburgring de Fórmula 1.

Estávamos a 12 de maio de 1984 e a corrida, organizada pela Mercedes-Benz, colocou 21 Mercedes-Benz 190 E 2.3-16, «novinhos em folha», na mão de… 21 pilotos, alguns deles considerados os melhores do planeta.

Entre eles estavam campeões de Fórmula 1 e outros, como o já mencionado Niki Lauda, mas também Jack Brabham, Phil Hill ou Sir Stiling Moss, por exemplo. Ayrton Senna, na altura um «miúdo» não era suposto participar, mas acabou por substituir Emerson Fittipaldi à última hora.

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Ayrton Senna, o puto brasileiro que deu uma tareia aos melhores do mundo

Todos conduziam o mesmo carro, um Mercedes-Benz 190E, mas Ayrton Senna destacou-se. Um ‘caloiro’ contra 17 títulos mundiais em pista.

Manuel Mascarenhas

Se a ideia inicial era que esta fosse uma corrida de exibição, num tom leve, divertido e amigável, com 12 voltas ao novo traçado alemão, acabou por ser tudo menos isso. Todos sabemos como são a maioria dos pilotos quando entram em pista…

Ayrton Senna, na altura o «míudo», destacou-se e venceu a prova, com Niki Lauda a terminar a prova a pouco mais de um segundo de distância do piloto brasileiro.

As modificações dos 21 Mercedes-Benz 190

As 21 unidades do Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 saíram diretamente da linha de montagem para as instalações da Sport-Technik, para serem modificados.

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Receberam um novo sistema de escape e uma afinação específica da suspensão para circuito, 15 mm mais baixa. Os travões contavam com discos dianteiros de quatro pistões (em vez de dois) e as jantes eram mais largas e equipadas com pneus desportivos.

A relação final da caixa de velocidades passou de 3,08:1 para 4,08:1, muito mais curta. Por causa disso, a velocidade máxima desceu dos 230 km/h originais para um máximo de 192 km/h (registado num dos 190 durante a corrida).

Recordes

À prova de tudo. Quando o Mercedes-Benz 190 fez 50 000 km a quase 250 km/h

O Mercedes-Benz 190 é impressionante a vários níveis e este recorde batido em agosto de 1983 é a derradeira prova disso.

Miguel Dias

No habitáculo, foram adicionados bacquets da Recaro com cintos com seis pontos de fixação e aparafusada uma roll cage. Mesmo no centro do tabliê estava presente um interruptor de segurança e nem faltava um extintor.

O que aconteceu aos 190 da corrida?

Depois da corrida, o carro vencedor pilotado por Ayrton Senna recebeu um «bilhete dourado». Ou seja, passou a fazer parte da coleção do Museu da Mercedes-Benz, em Estugarda.

Manteve a configuração da “Corrida dos Campeões”, com todas as modificações efetuadas, o que também aconteceu com o 190 conduzido por Niki Lauda.

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Os restantes Mercedes-Benz 190E 2.3-16 voltaram à sua configuração de série. Depois disso, foram vendidos como carros usados nos concessionários da marca ou a personalidades relacionadas com a Mercedes-Benz.

Apenas a unidade conduzida por Niki Lauda tem «autorização» para mudar de proprietário.

O Mercedes-Benz 190 E 2.3-16 de Niki Lauda

O histórico deste 190 E está totalmente documentado, incluindo o reencontro com Niki Lauda em outubro de 2016, altura em que foi assinado pelo piloto austríaco.

Em 2017 entrou nas instalações da Mercedes-Benz Classic de Estugarda para um restauro e um ano mais tarde foi descoberto à venda. Foi nesta altura que passou a fazer parte da “The Iselli Collection”, onde passou os últimos cinco anos.

Agora vai a caminho do leilão de St. Moritz, na Suíça, que acontece no próximo dia 15 de setembro, com a leiloeira RM Sotheby’s a prever que mude de mãos por um valor entre os 360 mil e os 450 mil euros.

No entanto, dada a sua história e raridade, acreditamos que esta previsão possa ser superada. Mesmo que não o faça, promete ser o Mercedes-Benz 190 E mais caro de sempre.

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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