Smart acabou com o Fortwo mas deseja o seu regresso

A razão da existência da Smart foi mesmo o Fortwo, apresentado na sua forma original em 1998. Sempre se destacou pelo seu tamanho super-compacto e excelente manobrabilidade, e rapidamente passou a dominar as ruas e avenidas mais concorridas das grandes cidades.

Após a Mercedes-Benz ter vendido 50% da Smart à Geely em 2019, deu-se início a uma reinvenção da marca que não podia ser mais evidente no facto de, no último dia 28 de março, ter terminado a produção do pequeno citadino bilugar na fábrica francesa de Hambach.

Os mais recentes modelos da marca têm um objetivo e posicionamento diferente e continuam a crescer — bastante — em termos de dimensões, mas isso poderá mudar em breve. Afinal, o Fortwo será sempre o ícone da marca, o Smart por excelência.

Segundo Dirk Adelmann, o diretor executivo (CEO) da Smart Europe em entrevista ao Automotive News, a marca está a desenvolver uma nova plataforma para um eventual substituto, precisando «apenas» de encontrar uma parceria para suportar o investimento.

O CEO da marca contou que a Smart esteve a avaliar diversas plataformas destinadas a modelos 100% elétricos, que pudessem ser encurtadas para um modelo de dois lugares com um comprimento máximo de 2,8 m.

Além do tamanho, esta tem de cumprir todas as normas de segurança, mas também de incluir uma “percepção superior de qualidade”. No entanto, segundo Adelmann, “nenhuma foi encontrada”.

“Queremos manter a classificação de quatro ou cinco estrelas nos testes de colisão do EuroNCAP, bem como a presença dos sistemas ADAS, tal como no #1 e #3 e também ter uma autonomia decente. Ou seja, temos mesmo de desenvolver uma nova plataforma, pois esta ainda não existe.”

Dirk Adelmann, CEO da Smart Europe

“A data de lançamento de um sucessor do ForTwo — que poderá chamar-se #2 — está longe de ser conhecida”, adianta Adelmann. O trabalho nesta nova plataforma ECA (Electric Compact Architecture) iniciou-se há apenas dois meses, como o próprio revela.

Três gerações de Fortwo

A primeira geração do Smart Fortwo — lançada originalmente como City Coupe ou Cabrio, só mudando de nome em 2004 — foi apresentada em 1998, seguida de uma segunda geração em 2006 e da terceira, em 2014.

Nos seus anos de maior sucesso, ainda equipado apenas com motores de combustão, o Fortwo chegou a ser produzido a um ritmo de 140 mil unidades anuais.

No entanto, como acontece com tantos outros citadinos, a rentabilidade do projeto tem sido sempre um desafio. Por isso mesmo, vimos colaborações da Smart com outros construtores: na segunda geração com a Mitsubishi e na terceira geração, com a Renault, com a qual partilhou os custos de desenvolvimento, dando origem também à terceira geração do Twingo.

O desafio da rentabilidade dos citadinos é maior que nunca, mas, segundo Adelmann, tanto os clientes da marca como a sua rede de concessionários continuam a desejar ter um modelo de apenas dois lugares na gama da Smart.

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Fonte: Automotive News Europe

André Mendes

Jornalista automóvel desde o final dos anos 90. Assistiu às grandes transformações do setor e acredita que o melhor ainda está para vir.

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